A rotina é polêmica. Tem quem odeie até o som dessa palavra, tem quem jure não aguentar ficar fora dela por muito tempo. É acusada de terminar relacionamentos, de tornar a vida chata, de matar a criatividade e as descobertas. Mas também carrega o mérito de organizar a vida, deixar as coisas mais simples e automatizar tarefas, tornando-nos mais ágeis nas coisas do dia a dia.
Eu não acredito que seja possível viver de forma produtiva sem uma rotina minimamente estabelecida. Saber o que você tem que fazer e quando deve ser feito torna nosso dia mais eficiente. Caso contrário, perderíamos um tempão tentado descobrir o que fazer a seguir. Mesmo quando a gente está de férias, acaba estabelecendo uma rotina: a gente acorda, toma café no hotel, sai para passear, almoça por volta de tal hora, passeia mais, janta lá pelas tantas, faz hora num bar legal e depois vai dormir.
Para o mal ou para o bem, ela é cômoda e segura. No entanto, quando ficamos muito acomodados nela, a ponto de encarnar o mantra “sempre foi assim e assim será”, a rotina pode ter um efeito tóxico nas nossas vidas. Veja algumas das consequências de viver afogado na rotina.
A gente se torna passivo
E preguiçoso. Isso acontece por causa dessa mania do ser humano de querer o conforto. Se você já encontrou um lugar cômodo na sua rotina, onde as coisas dão certo, então pra que fazer qualquer coisa que possa desequilibrar essa ordem? Pra que procurar outro emprego, aprender coisas novas, conhecer coisas diferentes? O acomodamento pode rapidamente levar ao comodismo. E você passa a viver no piloto automático.
Deixamos de aproveitar ótimas oportunidades
A rotina cômoda também é muito conhecida por um outro nome: zona de conforto. E se você está bem instalado dentro dela, pode ter medo de aceitar convites e oportunidades que o façam sair de lá. Afinal, por que vamos deixar uma coisa que tem conforto no nome? Isso não deveria ser algo bom? Pessoas muito apegadas à rotina têm pavor de quebrar a barreira dessa zona, tudo para não destruir o frágil equilíbrio da própria vida. Sei lá vocês, mas eu acho isso um pouco triste.
Nosso cérebro envelhece
Você se lembra de quando era criança e tinha a sensação de que o tempo demorava horrores para passar e que ia se passar uma eternidade até que você tivesse a idade dos seus pais? Isso acontecia porque nessa época da vida tudo é novo e o nosso cérebro enfrenta um milhão de desafios diários: são coisas para memorizar, conceitos para aprender, sensações desconhecidas para se familiarizar. Quando crescemos e nos acomodamos em uma rotina, os desafios se tornam escassos, o cérebro cai na mesmice e a vida passa correndo.
O oposto acontece quando a gente enfrenta uma situação totalmente nova. Isso porque a percepção de tempo é controlada por várias áreas diferentes e quanto mais coisas novas fazemos, mais tempo demora para que o cérebro processe isso, dando a impressão que o tempo passou mais devagar. O cérebro volta a operar em modo infância. E não é puxando sardinha pro nosso lado, não, mas viajar para um lugar exótico e desconhecido é a melhor forma de fazer isso. Duvida? Dá uma olhada nessa matéria da Superinteressante.
A rotina mata a criatividade
Criatividade é, por definição, pensar diferente. Para ativar essa capacidade, é preciso se expor a estímulos, aprender coisas diferentes e ter contato com o novo. Afinal, se a gente só vive mais do mesmo – e pior, sem questionar essa mesmice -, como vamos ter ideias novas? Vygostky, um psicólogo e educador alemão que estudou a criatividade humana, afirma que a criatividade é uma condição básica da existência e que tudo que ultrapassa os limites da rotina teve origem no processo criativo. Quem sou eu para discordar, né?
A vida se torna uma sucessão de dias iguais
Esse mês passou voando! Essa é a sensação que temos quando um dia copia o outro nos mínimos detalhes. E, quando olhamos para trás, nem conseguimos distinguir um dia do outro direito. Parece que é tudo uma massa amorfa de horas que se repetiam uma atrás da outra. Já quando buscamos fazer coisas diferentes, seja viajando, provando um prato novo, buscando atividades em nossa própria cidade, cada dia se torna único e especial. E assim a gente para de sentir que a vida está passando sem a gente ver.
Passamos a viver no mundinho
Mundinho é o contrário de “mundão-velho-sem-porteira”. É aquele pedaço da realidade formado só pelas coisas com as quais estamos confortáveis, só pelas pessoas que escolhemos ter por perto, só pelo que a gente conhece. Cada um tem seu mundinho particular e você pode até achar o seu muito divertido (eu adoro o meu), mas ele não é, de jeito nenhum, a única realidade possível.
Viver a vida toda no mundinho é tipo assistir sempre ao mesmo filme ou ler sempre o mesmo livro. É incompleto, superficial e pode nos tornar perfeitos babacas sem visão do mundão. Sabe aquela pessoa que acha que todo mundo tem que ser/pensar/se comportar/viver igual a ele, porque é a única forma correta? Essa pessoa provavelmente vive no mundinho da própria rotina.
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