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Saúde do viajante: doenças para ficar de olho

Quando viajamos, colocamos nosso corpo em uma situação complicada: saímos da rotina, exigimos mais dele que o que estamos acostumados, comemos em lugares que não conhecemos e entramos em contato com micro-organismos e riscos que não existem na nossa casa. Por isso, é preciso tomar alguns cuidados para que a viagem não termine no hospital. Veja agora as principais doenças que ameaçam à saúde do viajante e as formas de contágio e prevenção.

E claro, seja lá para onde você for, não se esqueça de contratar um seguro de viagem.

Malária

Você com certeza já ouviu falar dessa. Causada por um protozoário e transmitida por um mosquito, a malária é um problema em mais de 100 países ao redor do mundo.

Prevenção e tratamento: Existem medicamentos que podem ser tomados a partir de uma semana antes da viagem e até quatro semanas após o retorno. No entanto, em algumas regiões os micro-organismos já são resistentes a alguns tipos desses remédios.

Se você vai a algum país onde a Malária é endêmica, consulte um médico para que ele possa te indicar o melhor medicamento. Outra forma de prevenção é reduzir as chances de contato com o mosquito, por meio do uso de mosqueteiras, redes de proteção e repelentes. O diagnóstico é feito via exame de sangue.

Doenças dos Viajantes

Sintomas: Febre, dor nas articulações, dores de cabeça, vômito e convulsões que podem evoluir para um coma. Nos estágios iniciais, a Malária se parece com uma gripe comum. Os sintomas começam a aparecer entre 9 e 14 dias após a infecção.

Regiões mais afetadas: África Subsaariana, região amazônica (Brasil, Bolívia, Peru, Equador, Colômbia, Venezuela, Guiana, Suriname e Guiana Francesa), América Central, México, centro, sul e sudeste da Ásia, China e partes do Oriente Médio.

Hepatite A

A hepatite A é uma inflamação no fígado causada pela ingestão de água ou alimentos contaminados com material fecal.

Sintomas: Febre, cansaço, perda de apetite, náuseas, vômito, dores abdominais, urina escura e dores nas articulações. A doença se manifesta entre duas e quatro semanas após a infecção.

Prevenção e tratamento: Evite ou tenha cuidado com alimentos crus, frutos do mar crus e água, além de observar as condições de higiene dos lugares onde você come. Existe uma vacina para hepatite A, mas ela só está disponível na rede privada de saúde. Em 90% dos casos, a doença evolui para a cura espontânea, que pode demorar entre dois e seis meses para acontecer.

Regiões mais afetadas: Em qualquer lugar, menos no Canadá, Estados Unidos, Austrália, Nova Zelândia, Japão e Europa Ocidental.

Alimentos frescos: cuidados para tomar

Cólera

Infecção intestinal causada por bactérias que provocam uma diarreia aguda e, consequentemente, desidratação, podendo levar à morte. É transmitida a partir da água contaminada ou de alimentos que tenham sido lavados com essa água.

Sintomas: Diarreia e vômito. Uma pessoa contaminada pode perder até meio litro de água por hora. Não causa febres e dores abdominais. O período de incubação da doença é de doze horas a cinco dias.

Prevenção e tratamento: Cuidado com os alimentos e água ingeridos. Em caso de suspeita de contaminação, procure um médico imediatamente. Quando tratada rapidamente, através de reposição de líquidos e antibióticos, o risco de morte é reduzido.

Regiões mais afetadas: Partes da Ásia, em especial Índia, Paquistão e Bangladesh, e também na África, América do Sul e América Central.

Diarreia do Viajante

É causada pelo contato com micro-organismos que ainda são desconhecidos pelo nosso sistema imunológico. Até 70% dos turistas enfrentam desconfortos intestinais quando se aventuram por outras terras, em especial em lugares onde as condições de saneamento básico e higiene deixam a desejar.

Sintomas: Diarreia, febre, vômitos e cólicas.

Prevenção e tratamento: Tomar cuidado com a água, os alimentos e higiene dos lugares onde você come. Em caso de contaminação, beba bastante água mineral e repouse por alguns dias. Em 90% dos casos, a duração da doença vai de dois a três dias. Caso os sintomas não desapareçam, considere consultar um médico.

Regiões mais afetadas: Em qualquer lugar, porém as áreas endêmicas são Ásia, Oriente Médio, África, México, América Central e do Sul.

Ghat no rio Ganges, em Varanasi

Índia, um dos países onde a diarreia do viajante é endêmica

Algumas dicas para evitar a diarreia do viajante

  • Beba apenas água mineral, em especial quando o país não possui sistemas de tratamento adequados. Faça uma busca na internet sobre a qualidade da água do seu destino.
  • Confira os lacres das garrafas de água mineral ao comprar. Não leve se estiverem violados.
  • Evite gelo nas bebidas, a menos que você esteja seguro da procedência da água.
  • Evite alimentos crus, prefira pratos quentes e preparados na hora.
  • Caso for consumir frutas e vegetais crus, faça a higiene e descasque-os você mesmo.
  • Quando você não encontrar nada seguro para comer, procure por pães e bolos. Mas evite os recheados ou com cobertura cremosa, ainda mais se as condições de armazenamento foram duvidosas.
  • Outra alternativa para quando você não confiar na comida é optar por enlatados e outros produtos industrializados, mas confira as datas de validade antes!

Encefalite Japonesa

Infecção no sistema nervoso central causada por vírus e transmitida por mosquito. É assintomática em 90% dos casos.

Sintomas: Quando se manifestam, os  sintomas são febre, congestão nasal, mialgias generalizadas, diarreia, calafrios, dor de cabeça, vômitos e até mesmo convulsões. Leva à morte em cerca de 15% a 40% dos casos.

Prevenção e tratamento: Não existe tratamento específico, o que se pode fazer é aliviar os sintomas. A prevenção se dá por meio de vacina, mas também com o uso de repelentes com DEET, IR3535 ou icaridina na pele e roupa, aplicados diversas vezes por dia, além  de mosqueteiros. O uso de ar-condicionado também ajuda a manter os mosquitos longe.

Regiões mais afetadas: Japão, China, Taiwan, Coreia, Filipinas, todos os países do Sudeste Asiático e Índia

Raiva

Doença viral transmitida pela saliva de animais contaminados.

Sintomas: Febre baixa, baba em excesso, convulsões, sensibilidade exagerada no local da mordida, perda de sensibilidade em áreas do corpo, perda de função muscular, espasmos, entorpecimento, formigamento, dor no local da mordida, agitação, ansiedade e dificuldade de engolir.

O vírus pode ficar incubado por um período que varia entre dez dias e sete anos, mas o comum é que a doença demore 12 semanas para se manifestar. Após o aparecimento dos sintomas, a doença é, quase sempre, fatal.

Prevenção e tratamento: A prevenção é feita por meio de vacina, que é distribuída pela rede pública de saúde. Não deixe de tomar se você pretende se envolver em atividades com risco de contato com animais transmissores (cachorros, gatos, morcegos, vacas, furões, cavalos, cabras, castores, coiotes, raposas, macacos, guaxinins, gambás e marmotas, entre outros).

Viajantes que passarão por cavernas, regiões rurais e outros ambientes naturais devem colocar a vacinação contra raiva no check list de viagem. Se você for mordido por algum animal, procure um médico imediatamente.

Animais Selvagens

Regiões mais afetadas: Diversos países, mas em especial Bangladesh, Bolívia, China, Equador, Etiópia, México, Índia, Filipinas e Tailândia

Febre Amarela

Velha conhecida dos brasileiros, a febre amarela é transmitida pelo mosquito aedes aegypti (sempre ele!). Com duração de 10 dias, tem diferentes níveis de gravidade, dependendo de cada caso.

Sintomas: Febre, dor de cabeça, calafrios, náuseas, vômito, dores no corpo, icterícia e hemorragias.

Prevenção e tratamento: Vacina, oferecida gratuitamente pelo SUS. Além de prevenir a doença, brasileiros e  outros cidadãos sul-americanos precisam apresentar um comprovante internacional de vacinação na imigração em diversos países. Uma única dose da vacina vale para a vida toda, mas a imunização precisa ser feita até 10 dias antes da viagem. Leia mais neste post.

Regiões mais afetadas: América Central, América do Sul e África

Insolação

Ocorre quando ficamos expostos a um ambiente quente e seco por longos períodos. Durante as viagens, é comum que ocorra após horas de sol forte, em praias, caminhadas ou trekking.

Sintomas: Dor de cabeça, tontura e náuseas, mas pode evoluir para aceleração dos batimentos cardíacos, febre, vista embaralhada, dificuldade para respirar e até perda da consciência. Também é comum que ocorra desidratação e queimaduras da pele.

Prevenção e tratamento: Beba muita água, use roupas adequadas e óculos escuros, além do filtro solar, sabonetes glicerinados e creme hidratante. Caso você comece a sentir os sintomas, tome um banho gelado ou cubra o corpo com toalhas molhadas em água fria, em especial a testa, pescoço, virilha e axilas.

Vá para um lugar fresco e arejado, retire o máximo de peças de roupa que puder e beba bastante água e outros líquidos. Em casos mais intensos, umedeça os lábios com algodão ou um pedaço de pano e dilua uma colher de chá de sal em um litro de água para beber em pequenos goles.

Caminhadas e trekking

Desidratação

Ocorre quando o corpo perde líquido mais rápido que você repõe. Quando isso acontece, seu organismo passa a ter dificuldade para desempenhar as funções normais.

Sintomas: Boca seca, fadiga, diminuição da urina, pele seca, dor de cabeça, prisão de ventre e tontura. A desidratacão em seu estado severo produz uma sede extrema, irritabilidade e confusão mental, mucosas muito secas, pouca ou nenhuma urina (que costuma apresentar uma cor escura), olhos fundos, pressão arterial baixa, delírios e até perda da consciência.

Prevenção e tratamento: Beba muita água, soros caseiros e bebidas isotônicas. Caso os sintomas não passem ou se agravem, procure um médico. Em caso de desidratação grave, procure um médico com urgência.

Trombose

Ocorre quando é formado um coágulo sanguíneo, normalmente na perna, que  pode atingir órgãos vitais e causar a morte. Quando estamos em ambientes de grande altitude, em especial dentro de aviões em voos longos, o risco de trombose aumenta. É um problema comum entre mulheres, agravado pelo uso de anticoncepcional, mas também afeta homens.

Prevenção: Evite ficar longas horas na mesma posição durante um voo – faça exercícios com as pernas e caminhadas pelo avião. Não abuse de bebidas alcoólicas e de cafeína durante o voo. Mulheres que fumam também devem ter cuidado redobrado. Em caso de dúvidas, converse com seu médico sobre isso antes de viajar.

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Natália Becattini

Sou jornalista, escritora e nômade. Viajo o mundo contando histórias e provando cervejas locais desde 2010. Além do 360meridianos, também falo de viagens na newsletter Migraciones, no Youtube e em inglês no Yes, Summer!. Vem trocar uma ideia comigo no Instagram. Você encontra tudo isso e mais um pouco no meu Site Oficial.

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12 comentários sobre o texto “Saúde do viajante: doenças para ficar de olho

  1. Vou para Mumbai, na Índia. Soube que, por causa da alimentação muito condimentada, principalmente com pimenta, é quase certo ter diarréia. O que fazer para evitar ou minimizar? Imose + Floratril resolvem?

  2. Adendo: a febre amarela é transmitida por Aedes aegypti em áreas urbanas (coisa que já não ocorre mais no Brasil), nas áreas rurais é transmitida por outro mosquito, pertencente ao geralmente ao gênero Haemagogus.

  3. Super legal o texto, Natália!
    O SUS tem um serviço preventivo chamado Medicina do Viajante que atende e orienta os viajantes antes de caírem na estrada para uma viagem para lugares mais distantes. Os médicos são super atenciosos e você já toma as vacinas e pega os comprimidos que eles receitam na própria farmácia do SUS, tudo super rápido e eficiente.
    Eu escrevi um texto sobre esse serviço aqui: https://naonde.com/medicina-do-viajante/

  4. Tem que ter cuidado com desidratação! É facil esquecer de beber agua aqui sentada no emprego, imagina circulando e turistando! Viajando,movimentando,perdendo liquido e repor que é bom,nada!
    Ano passado quando voltei de viagem , eu tive leves dores na perna(uma só).
    Eu conheço quatro mulheres que tiveram embolia pulmonar.Mulheres são mais propensas a problemas vasculares e o anticoncepcional aumenta ainda mais esse risco.Difícil né!

    *Me desculpe por fugir ao tema e agradeço a postagem excelente de grande utilidade!

    1. Realmente, Natália! Eu sempre esqueço da água, às vezes passo o dia inteiro sem beber. Nessas situações isso é mais perigoso.

      Abraços!

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