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O exterior do Brasil se chama Noronha

Na minha mente, Noronha era aquele tipo de lugar que mesmo sem ir eu já tinha vontade de voltar. Há algum tempo estava planejando essa viagem e chegou aquele dia em que, ao fazer uma pesquisa de rotina, o preço se encaixou no orçamento exatamente nas datas que havia disponibilidade, tanto da minha parte quanto da minha namorada.

Liberação do chefe para as datas: ok. Liberação da namorada para as datas: ela estava de férias, poxa! OK. Grana pra trip: é… mas nada que uma economia meses antes não resolvesse. Portanto, passagens compradas, com saída de Vitória/ES dia 14/07 e retorno dia 18/07.

Estávamos no avião, atravessando o Atlântico e amontoados na janelinha do lado esquerdo para ver algum sinal de terra, ou de fumaça, ou de qualquer coisa que nos tirasse de perto daquelas balinhas de gelatina da Azul. E é anunciado o procedimento de aterrissagem. Mas uns 15 minutos descendo e nada de ilha, uma sensação de que o avião iria pousar na água e seríamos resgatados pelo primeiro cargueiro que passasse (ou não). De repente, duas pedras gigantescas surgiram rapidamente na janelinha e contive um xingamento. Eram os Dois Irmãos. Havíamos chegado.

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Já em terra (como foi boa essa sensação) e após o pagamento das taxas de proteção ambiental, fomos surpreendidos com a fala do taxista: “Aqui não tem crime, aqui não tem roubo, aqui todo mundo é da paz. Vocês estão no exterior do Brasil”. E de fato essa era a sensação. Tinha algo de diferente lá. Noronha é um local muito, mas muito simples. E eu simplesmente me amarro neste tipo de lugar!

Moradores sorridentes, que tinham prazer em responder a qualquer pergunta, nos cumprimentavam com “bom dia” e “boa tarde”. E isso foi nos envolvendo. Escolhemos uma hospedagem com a nossa cara, toda de madeira e no quintal de uma casa. Queríamos nos sentir parte daquilo tudo, moradores dali. Optamos por não contratar guias e não realizar nenhum outro passeio que nos prendesse durante horas dentro de um barco ou carro. Queríamos estar livres. Somos destes.

Já saímos correndo para pegar o pôr do sol, afinal, essa foi a prioridade n° 1 de todos os dias. Seria na Igrejinha de São Pedro, mas chegando lá ela estava em reforma, então aquilo quebrou um pouco a paz do lugar. Voltamos correndo para as ruínas no Forte Nossa Senhora dos Remédios. Aquele Atlântico e o sol se pondo, definitivamente havíamos sido fisgados pela vibe de Noronha.

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fernando noronha

No outro dia, resolvemos andar pela ilha até a Praia do Sancho. Uma boa caminhada – e estava chovendo. Pronto, bateu aquele medo de não conseguir aproveitar o dia. Descendo a trilha da praia, o céu abriu… e nos deparamos com a praia mais bonita do mundo.

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Alguns segundos a mais de caminhada e o Morro Dois Irmãos surgiu. Estávamos ali, diante daquele monumento natural. 7 segundos sem respirar.

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Descemos a praia do Sancho e ali ficamos, mergulhamos por horas e andamos até esquecer de boa parte de tudo que estava fora da ilha. Você já foi em alguma praia em que para entrar tinha que desviar dos filhotes de arraia? Nem eu. O contato com aquele mar azul-verde-esmeralda era revitalizante.

À tarde, resolvemos ir a um sunset bar. Bangalôs e mais bangalôs, sofás e mais sofás, mesas e afins. Mas lá no cantinho, havia uma rede praticamente nos chamando. Ali deitamos, demos boas gargalhadas, tomamos uma boa cerveja e fizemos bons planos para o resto de nossas vidas. E o sol foi se despedindo, envolto em cortinas das mais belas nuvens.

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Resolvemos andar de busão pela vila no dia seguinte e fomos direto para a praia Cacimba do Padre. Chegando na areia, os Dois Irmãos estavam ali nos aguardando para um bom papo. Subimos no mirante e ficamos frente a frente com eles. Vários minutos com os olhos fechados, atraindo e emanando vibrações positivas. Ao abrir os olhos, era real.

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Descemos até a Baia dos Porcos e ali mergulhamos por horas novamente. Aquele azul-verde-esmeralda era contagiante. Seguimos a pé pela areia, passamos novamente pela Cacimba, pela Praia do Bode, Praia do Americano, Praia do Boldró, algumas destas passavam uma sensação de serem selvagens, tamanha a exuberância natural e harmonia das espécies vegetais e animais. De tarde, seguimos para a Praia da Conceição. E para um pôr do sol único. Ao cair a noite, um jantar romântico em uma palhoça, a luz de velas, sentados no chão entre incontáveis almofadas.

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Alugamos uma moto para o penúltimo dia na ilha – e rodamos de uma ponta a outra incansáveis vezes. O melhor investimento da viagem, pois experimentamos uma sensação de liberdade sem fim. O mar de fora estava muito forte, o que impossibilitou um mergulho na Baia do Sueste. Subimos até o mirante da Praia do Leão, e o verde-esmeralda deu lugar apenas a tons de azul. Aquele azul de encher os pulmões.

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Voltamos até o Porto para um mergulho a reboque em um local que eles chamam de “Naufrágio”. Ali, tartarugas passavam ao nosso lado, bem como arraias chita, moreias, e os mais variados tipos de peixes. Incontáveis em espécie e em número. Nos permitimos novamente voltar ao Sancho e fizemos uma trilha até o lado oposto.

Olhamos a praia e continuamos sem palavras, sentados embaixo de uma árvore, deslumbrados com a vista. Seguimos até o Mirante dos Golfinhos até encontrar uma simpática estagiária de Biologia, cujo trabalho era ficar durante algumas horas do dia monitorando golfinhos, olhando para aquele Atlântico sem fim.

Por vezes cantarolei na minha cabeça: “Por que não eu? Ah ah… por que não eu”. O último sunset foi no Forte do Boldró. Ali estavam umas 100 pessoas, que se alternavam entre fotos, espantar mabuias ou vigiar os Dois Irmãos ao fundo. Escolhemos um cantinho bem de cara pro mar e ali vivenciamos talvez o pôr do sol mais bonito de nossas trips. Era como se pudéssemos ouvir um barulho suave ao longe, do sol encostando no mar. Paulo Noronha sabiamente descreveu: “Irmão, preste a sua atenção ao som que vem do alto mar, o rock oceânico que vem para te mostrar muito mais que se tem no atlântico…”

Forte do Boldró

Noronha mexeu com a gente. Sabíamos que seria uma viagem marcante, mas não imaginávamos que ficaríamos tão agitados com tudo aquilo. Um sensação de que queríamos aquilo pra gente, como se tivéssemos encontrado uma parte de nós ali. E muita gente disse: “Mas com o valor gasto compensava você viajar pro exterior.” Abertamente respondo: “Talvez eu só quisesse estar em uma ilha brasileira de clima tropical, de belezas naturais inigualáveis e rodeado por águas quentinhas de cor azul-verde-esmeralda”.

Logo após a decolagem, avistamos a ilha lá embaixo. Além das balinhas de gelatina que seriam servidas a seguir, tivemos apenas mais uma certeza: voltaremos em breve.

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Júlio Dalmazio

Cansado de viajar pelo Google Maps, resolvi sair por aí conhecendo os lugares com meus olhos e pés.

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30 comentários sobre o texto “O exterior do Brasil se chama Noronha

  1. Olha o orcamento nao bate mas adoro ver q vcs sempre motiva agente a ir amo esse lugar um dia eu chego la . valeu pelo post amei

  2. Parece que voltei pra Noronha agora! Planejei minha viagem em 11 meses, e sim valeu cada centavo investido, pois viajar não é gasto é investimento.

    Volto as minhas fotos sempre que bate a saudade.
    Noronha deixa qualquer um encantado.

  3. Fui em maio/2015 para lá e acabei de ir de novo (lendo o relato)!! 🙂

    Aos que acham muito caro: não desistam, façam pesquisas de preço (de passagem e de hospedagem), e digo que vale muito a pena!

    Vejam, eu sou uma pessoa que torce o nariz para viagens para praia/litoral, mas Noronha me conquistou para sempre <3

  4. Depois de conhecer Noronha pela primeira vez, a certeza é querer voltar. É um destino que todo brasileiro merecia conhecer uma vez na vida pelo menos, tipo “bolsa-ilha”. =)
    Tem boas dicas lá no MV! Convido a todos! 😉

  5. Fernando de Noronha é realmente místico!! Eu e Marcelo compartilhamos dessas mesmas sensações. E vc conseguiu descrevê-las com admirável mérito! Noronha é simplesmente assim: Magia e poesia!!! Amooooooo

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