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Visita ao Memorial JK, em Brasília

Se os pais fundadores dos Estados Unidos esconderam uma série de símbolos maçônicos nos monumentos daquela nação, há quem diga que Oscar Niemeyer deu um jeito de levantar uma enorme escultura comunista no coração de Brasília. E em plena Guerra Fria e ditadura militar. Ele, claro, sempre negou a intenção. E disse que a semelhança entre o Memorial JK, inaugurado em 1980, e a foice e o martelo, símbolo comunista, era uma teoria da conspiração dos militares.

“Imaginando que eu deliberadamente desenhara uma foice e que o braço de Juscelino Kubitschek seria o martelo do emblema comunista, os militares, durante muitos dias, não permitiram que a figura de JK fosse levada para o alto fuste desenhado”, disse o arquiteto, num depoimento registrado no livro Brasília em três tempos: a arquitetura de Oscar Niemeyer na capital, de Julio Katinsk. “O que fazer diante de tanta fantasia?”, perguntou Niemeyer, tentando por um fim na teoria da conspiração.

visita ao memorial JK

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Como o monumento já estava praticamente pronto, João Baptista Figueiredo, o último presidente da ditadura militar, resolveu acreditar no arquiteto, e permitiu que a estátua de JK fosse levada para o alto do pedestal de 28 metros projetado por Niemeyer. Sei lá vocês, mas eu acredito na fantasia. O Memorial JK é lindo – um dos monumentos mais bonitos da capital federal –  e a imagem imediata é simples: o ex-presidente e fundador de Brasília dando adeus e ascendendo ao céu. Mas, passada a primeira impressão e sabendo que Niemeyer era comunista de carteirinha, não dá para ignorar a semelhança que incomodou os militares. Né?

A história fica ainda mais interessante quando lemos o que o site da Fundação Niemeyer diz sobre o assunto. “Em 1980, Niemeyer elaborou o segundo projeto para o memorial, que veio a ser o executado. A alteração na forma do pedestal ocorreu devido a uma polêmica com os militares, que viam no primeiro estudo, com duas conchas, o símbolo comunista da foice. A polêmica continuou mesmo após a alteração do projeto, quando Niemeyer propõe apenas uma concha”.

Fui atrás do projeto original. Opinião cada um tem a sua e de arquitetura eu não entendo nada, mas nesse aqui a semelhança é ainda mais evidente.

memorial JK Brasília

Primeiro projeto, à esquerda, tinha duas conchas. À direita, no alto, o projeto que foi executado

Como é o Memorial JK, em Brasília

“Se acredito ou não é outra história. O certo é que, no dia 21 de abril, colocarei minha bagagem num automóvel e quem quiser que me acompanhe”. Assim Juscelino Kubitschek respondeu aos incrédulos, que duvidavam que a capital, erguida no meio do longínquo Planalto Central, ficaria pronta a tempo. Assim como Niemeyer e o urbanista Lúcio Costa, autor do Plano Piloto, JK assumiu a paternidade da capital, que poderia ser chamada de Brasília Kubitschek de Oliveira, tal qual fez Ronaldo Costa Couto, num livro publicado em 2001.

Deixando foices e fantasias de lado, visitar o Memorial JK é um ótimo programa em Brasília. Encomendado após a morte do ex-presidente, num acidente de carro na Rodovia Presidente Dutra, o prédio vai muito além de seu símbolo máximo. É um museu que reúne objetos e conta a história de JK e sua esposa, Sarah. Da faixa presidencial, passando pela Biblioteca de JK e o último carro do ex-presidente, um Ford Galaxie LTD: tudo está lá. Até os restos mortais de JK, que dorme na Câmara Mortuária do Memorial.

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Memorial JK no fundo da foto, à direita da avenida

Mas vamos por partes. Passou pela portaria? Ótimo. Um túnel, na entrada do museu, te transportará para os anos de JK, ao mostrar várias fotografias do ex-presidente e sua família em diferentes momentos de vida. No final do túnel fica o hall, que tem um enorme tapete de arraiolo feito por artesãs de Dimantina, cidade natal de JK. Ali também estão alguns totens, onde é possível pesquisar a vida do ex-presidente, e um café, além da sala da administração do Memorial.

memorial JK, em brasília

No primeiro piso, o que interessa ao visitante está à esquerda da entrada. Começando pela Sala de Metas, que guarda um conjunto de painéis com as 30 metas propostas por JK para seu período na Presidência da República. Num painel de Cândido Portinari, um Juscelino de tamanho natural vigia os visitantes.

Ao lado da Sala de Metas fica a Biblioteca de JK, com mais de três mil livros que o político e médico acumulou ao longo da vida. O guia do Memorial, que trabalha lá há décadas, chamou nossa atenção para uma coleção de Shakespeare que JK ganhou da Rainha da Inglaterra. Atrás da Biblioteca há jardins projetados Burle Marx e ao lado fica o gabinete onde Sarah Kubitschek, esposa de JK e idealizadora do memorial, costumava trabalhar.

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No segundo andar ficam um auditório para 310 pessoas e um lounge, além do museu em si, que tem condecorações, presentes, roupas, fotografias e outros objetos que contam a história de JK e de Brasília. No meio desse andar está ainda a Câmara Mortuária, onde está enterrado o ex-presidente. No túmulo é possível ler a inscrição “O Fundador”.

Serviço

O terreno foi doado pelo Governo do Distrito Federal, mas o Memorial JK é uma atração particular, gerenciada pela família Kubitschek. Por isso, é cobrada uma taxa de entrada (R$ 10). Estudantes e idosos pagam meia e o prédio conta rampa de acesso, um elevador e banheiros adaptados para pessoas com locomoção reduzida.

O prédio funciona de terça a domingo, das 9h às 18h, e fica no lado oeste do Eixo Monumental, sendo fácil combinar a visita com outros cartões-postais de Brasília. Mais informações no site oficial.

Dica extra: Brasília – com ou sem carro?

Eu já estive na cidade com e sem carro. E não tenho a menor dúvida em dizer que o veículo ajuda e muito, principalmente se você estiver viajando em finais de semana e feriados, quando o trânsito é tranquilo e é fácil estacionar. Se estiver viajando sozinho pode não compensar – aí use e abuse do transporte público e de uber/cabify/táxi. Por outro lado, quem viaja em grupo pode fazer as contas e descobrir que alugar um carro compensa. Se for o caso, leia nosso texto sobre como garantir o melhor custo/benefício na reserva.

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Rafael Sette Câmara

Sou de Belo Horizonte e cursei Comunicação Social na UFMG. Jornalista, trabalhei em alguns dos principais veículos de comunicação do Brasil, como TV Globo e Editora Abril. Sou cofundador do site 360meridianos e aqui escrevo sobre viagem e turismo desde 2011. Pelo 360, organizei o projeto Origens BR, uma expedição por sítios arqueológicos brasileiros e que virou uma série de reportagens, vídeos no YouTube e também no Travel Box Brazil, canal de TV por assinatura. Dentro do projeto Grandes Viajantes, editei obras raras de literatura de viagem, incluindo livros de Machado de Assis, Mário de Andrade e Júlia Lopes de Almeida. Na literatura, você me encontra nas coletâneas "Micros, Uai" e "Micros-Beagá", da Editora Pangeia; "Crônicas da Quarentena", do Clube de Autores; e "Encontros", livro de crônicas do 360meridianos. Em 2023, publiquei meu primeiro romance, a obra "Dos que vão morrer, aos mortos", da Editora Urutau. Além do 360, também sou cofundador do Onde Comer e Beber, focado em gastronomia, e do Movimento BH a Pé, projeto cultural que organiza caminhadas literárias e lúdicas por Belo Horizonte.

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