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Visita ao Palácio do Itamaraty, em Brasília

Quando Francisco Rocha Leão, conde de Itamaraty, mandou construir seu palácio, ele não fazia ideia que seu título de nobreza se tornaria sinônimo da diplomacia brasileira. Não que ele tenha sido diplomata ou algo do tipo: a questão é que o Palácio do Conde de Itamaraty era tão grandioso que acabou, anos mais tarde, se tornando sede do Governo Republicano, logo após a queda do Império.

Com a mudança dos presidentes para o Palácio do Catete, também no Rio de Janeiro, o Palácio do Itamaraty acabou virando a casa do Ministério das Relações Exteriores. E justo num momento em que o MRE vivia dias de importância máxima. Chefiada por José Maria da Silva Paranhos Júnior – o Barão do Rio Branco -, a diplomacia brasileira negociou as fronteiras que hoje temos no Brasil, tudo sem guerra. Assim o Acre, o Amapá e partes de Santa Catarina, Paraná, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, entre outros estados, passaram a fazer parte do território nacional.

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Como o prédio construído no século 19 seguiu sendo a sede do MRE por sete décadas, a mudança da capital federal para Brasília não alterou o nome – Brasília também ganhou seu Palácio do Itamaraty, a nova sede do Ministério. Mas o novo Palácio, inaugurado em 1970, era bem mais moderno. Projetado por Oscar Niemeyer e cuidadosamente colocado no Plano Piloto da nova capital federal por Lúcio Costa, o prédio se destaca na Esplanada dos Ministérios.

Fica colado com o Congresso Nacional, sendo vizinho também do Ministério da Saúde e estando relativamente perto da Praça dos Três Poderes. Oposto ao Itamaraty de Niemeyer, do outro lado do Eixo Monumental, está o Palácio da Justiça, sede do ministério de mesmo nome.

Tudo isso foi só para te localizar no Plano Piloto de Brasilia, mas o que importa mesmo é outra coisa: o Palácio do Itamaraty (o atual) é uma obra de arte e um dos melhores projetos do Niemeyer. Além disso, o prédio guarda obras de arte de importantes artistas brasileiros, o que torna a visita guiada à sede do Ministério das Relações Exteriores um dos melhores programas de Brasília: coloque na listinha de tarefas também as visitas ao Congresso, ao Palácio do Planalto, à Catedral e ao Palácio da Alvorada.

itamaraty, em Brasília

“As colunas internas sustentam as lajes de piso e as externas, a cobertura”, explica a Fundação Oscar Niemeyer. Mas o conceito fica ainda mais claro nas palavras do próprio arquiteto, no Poema da Curva:

“Não é o angulo reto que me atrai.

Nem a linha reta, dura, inflexível,

criada pelo homem.

O que me atrai é a curva livre e

sensual. A curva que encontro nas

montanhas do meu país, no curso sinuoso

dos seus rios, nas nuvens do céu, no corpo

da mulher amada.

De curvas é feito todo o Universo.

O Universo curvo de Einstein”.

As curvas de Niemeyer explicam o outro apelido do prédio: Palácio dos Arcos, que é quadrado e tem arcos iguais em todas as suas quatro fachadas. A vista a partir do jardim suspenso do Itamaraty é surpreendente – seria uma metáfora com a necessidade do Ministério estar sempre aberto para o que é exterior?

visita ao palácio do Itamaraty

Congresso Nacional visto do Itamaraty 

jardins do palácio do Itamaraty

Jardim Suspenso do Itamaraty

Por falar em jardins, eles são projetados por Burle Marx estão repletos de plantas da Amazônia e de elementos do Cerrado. Para entrar no Itamaraty é necessário passar por uma rampa que cruza o lago, que tem peixes e até algumas tartarugas (enormes). A limpeza do espelho d’água é feita de barquinho – tá aí um passeio de barco que turistas não podem fazer em Brasília. Um fato curioso é que itamaraty é uma palavra indígena que significa “rio das pedras pequenas”.

visita ao palácio do itamaraty

Além dos jardins externos e do suspenso, dentro do prédio há mais espaços verdes projetados por Burle Marx. E não estranhe ao encontrar um prédio de grandes espaços vazios. Apesar de sediar o gabinete do ministro e do segundo nome no escalão do Ministério, que é sempre um diplomata de carreira, a principal função do Palácio do Itamaraty é cerimonial. Ali são recebidos chefes de estado e celebrados jantares e coquetéis presidenciais, além da assinatura de tratados internacionais. A parte administrativa do MRE está nos prédios anexos.

Por isso que o ambiente é amplo, dando ainda mais destaque para o vão livre projetado por Niemeyer e com cálculo estrutural do engenheiro Joaquim Cardoso, que também trabalhou em outros prédios da capital federal. O Palácio do Itamaraty é capaz de receber até cinco mil pessoas, em festas importantes, como os coquetéis de posse presidenciais. Os ambientes amplos e com comunicação entre si facilitam a circulação de pessoas ao mesmo tempo em que permitem a recepção de grupos menores, que são os mais comuns, sem que o prédio pareça estar vazio.

vista do itamaraty

Palácio da Justiça visto dos jardins do Itamaraty

Boa parte do mobiliário e das obras de arte veio do antigo Palácio do Itamaraty, o do Rio de Janeiro – antes que você me pergunte, o prédio carioca existe e ainda funciona como escritório local do MRE. No acervo encontram-se trabalhos de artistas brasileiros consagrados, como Portinari, Pedro Américo, Sérgio Camargo, Maria Martins, Tomie Ohtake, Francisco Brennand, e Alfredo Volpi, entre outros. Além do prédio em si e dos jardins, é pelas obras de arte guardadas ali que a visita ao Itamaraty vale a pena. Por questões de segurança, fotos só são permitidas em duas partes do palácio, mas já dá para ter uma ideia do que você encontrará lá.

Itamaraty Brasília

Visita ao Palácio do Itamaraty: informações úteis

As visitas ocorrem todos os dias e são gratuitas. É recomendável agendar sua participação, já que os lugares são limitados e esse é um dos passeios mais concorridos do Plano Piloto. Para isso, mande um email para visita@itamaraty.gov.br ou ligue para (61) 2030-8051.

Você precisará informar o nome das pessoas que vão participar do tour e um telefone para contato. Não agendou? Vale a pena passar no Ministério das Relações Exteriores mesmo assim. Se houver vagas você será encaixado em algum tour. A entrada é pela lateral do prédio, passando pelos jardins e entre o Itamaraty e o Ministério da Saúde.

Durante a semana as visitas ocorrem às 9h, 10h, 11h, 14h, 15h, 16h e 17h, enquanto nos finais de semana e feriados há visitação às 9h, 11h, 14h, 15h e 17h. Mas essa programação pode mudar a qualquer momento, por conta de eventos no Itamaraty, por isso sempre confira o que diz o site oficial.

Se for durante a semana, saiba que não é permitida a entrada trajando bermudas, regatas, shorts e minissaias. Essa regra vale para outros prédios administrativos, como o Congresso Nacional.

Dica extra: Brasília – com ou sem carro?

Eu já estive na cidade com e sem carro. E não tenho a menor dúvida em dizer que o veículo ajuda e muito, principalmente se você estiver viajando em finais de semana e feriados, quando o trânsito é tranquilo e é fácil estacionar. Se estiver viajando sozinho pode não compensar – aí use e abuse do transporte público e de uber/cabify/táxi. Por outro lado, quem viaja em grupo pode fazer as contas e descobrir que alugar um carro compensa. Se for o caso, leia nosso texto sobre como garantir o melhor custo/benefício na reserva.

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Rafael Sette Câmara

Sou de Belo Horizonte e cursei Comunicação Social na UFMG. Jornalista, trabalhei em alguns dos principais veículos de comunicação do Brasil, como TV Globo e Editora Abril. Sou cofundador do site 360meridianos e aqui escrevo sobre viagem e turismo desde 2011. Pelo 360, organizei o projeto Origens BR, uma expedição por sítios arqueológicos brasileiros e que virou uma série de reportagens, vídeos no YouTube e também no Travel Box Brazil, canal de TV por assinatura. Dentro do projeto Grandes Viajantes, editei obras raras de literatura de viagem, incluindo livros de Machado de Assis, Mário de Andrade e Júlia Lopes de Almeida. Na literatura, você me encontra nas coletâneas "Micros, Uai" e "Micros-Beagá", da Editora Pangeia; "Crônicas da Quarentena", do Clube de Autores; e "Encontros", livro de crônicas do 360meridianos. Em 2023, publiquei meu primeiro romance, a obra "Dos que vão morrer, aos mortos", da Editora Urutau. Além do 360, também sou cofundador do Onde Comer e Beber, focado em gastronomia, e do Movimento BH a Pé, projeto cultural que organiza caminhadas literárias e lúdicas por Belo Horizonte.

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