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San Cristóbal de las Casas, comida boa e natureza no sul do México

O nome é San Cristóbal de las Casas, mas pode chamar de San Cris, muito prazer. Capital cultural e turística do Chiapas, estado no sul do México que faz fronteira com a Guatemala, essa cidade histórica está repleta de igrejas, bons restaurantes e casarões coloniais. Acrescente também a forte cultura indígena da região – parte da população nem fala espanhol -, o clima tranquilo e as belezas dos arredores. Pronto, você vai entender por que San Cristóbal de las Casas é o tipo de lugar que transforma turistas em moradores.

Com apenas 180 mil habitantes, a parte turística de San Cris é pequena e pode ser percorrida em um dia ou dois. Deixe suas malas no hotel e dedique seu tempo a fazer o segundo melhor passeio da cidade – caminhar sem rumo. O primeiro, bem, depois eu te conto qual é.

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Andador Eclesiástico

Como é tradição no México, tudo começa no Zócalo, a praça central, que já teve oito nomes oficiais, mas acaba mesmo sendo conhecida pelo apelido. É ali que está a Catedral de San Cristóbal, assim como o Palácio de Governo, onde funciona o MUSAC, um dos mais importantes museus da cidade e que conta a história de San Cris e do estado de Chiapas. Ali, na praça e nos arcos do museu, costumam ocorrer eventos e uma feirinha de comidas e doces. Atrás do museu está o Parque de los Arcos. E também na mesma área e em frente à Catedral está a Praça da Paz, onde há um cruzeiro e que fica cheia de gente, dia e noite.

Esse é o centro de San Cris. E dali e para ali que tudo acontece – e é perto dessa região que você deve se hospedar. Eu fiquei a três quadras do Zócalo, no Hotel Mansion Del Valle, e paguei cerca de R$ 150 no quarto duplo. Outras opções bem localizadas são o Las Escaleras by Inmense e o  Plaza Gallery Hotel & Boutique.

Veja também: Onde ficar em San Cristóbal de las Casas, México

Uma fábrica de papéis e sonhos em San Cristóbal de las Casas

San Cristóbal de las Casas

Voltando ao turismo, uma das partes mais legais de San Cristóbal são ruas só para pedestres, também chamados de andadores turísticos. Um dos mais movimentados é o da Calle Real de Guadalupe, que fica na rua de mesmo nome e onde estão bares e restaurantes ótimos.

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Calle Real de Guadalupe

Siga por sete quadras, até o ponto em que a rua volta a receber trânsito de veículos, e você chegará ao pé da escadaria que leva até a Igreja de Guadalupe. Vale subir para observar a vista, sobretudo perto do pôr do sol.

San Cristóbal de las Casas

Igreja de Guadalupe

O outro andador é o Eclesiástico, que corta o Zócalo e a Praça da Paz e envolve as ruas Miguel Hidalgo e 20 de Novembro, por oito quadras. É nesta rua que estão alguns dos pontos turísticos mais importantes de San Cristóbal de las Casas, começando pela própria Catedral e pelo Palácio de Governo, já que a rua passa em frente aos dois. E também a Igreja e Convento de Santo Domingo, provavelmente o templo mais bonito da cidade, que tem a fachada num estilo barroco que é típico dessa parte do México.

Na frente dessa igreja funciona uma feira de artesanato ótima – achamos lá almofadas em formato de caveiras coloridas que tivemos que trazer para casa, mesmo que as compras fossem meio grandinhas e complicadas de colocar na bagagem. Desse ponto, seguindo em frente pela rua General M. Utrilla, você chegará ao antigo mercado de San Cris, outra parada interessante. Você vai perceber que chegou pela grande movimentação de pessoas e pela feira de rua que funciona em frente. A 10 minutos de caminhada dali, na mesma direção, está o Museu da Medicina Maya, uma lugar que me foi recomendadíssimo. Até fomos lá, mas o local estava fechado.

Por fim, é dos arredores do Mercado Velho de San Cris que partem as vans que levam até San Juan de Chamula, uma comunidade que merece ser visitada e onde ocorrem cerimônias religiosas que são um misto da antiga cultura maia com a dos conquistadores espanhóis. Espere gastar a metade de um dia nesse passeio.

Veja também: San Juan Chamula: rituais maias no sul do México

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Igreja de San Juan de Chamula

De volta ao Zócalo, pegue o Andador Eclesiástico no sentido oposto, na parte sul. O primeiro monumento que você verá é a Igreja e Arco Torre del Carmen, construído no século 17, para servir como uma das portas de entrada da cidade e como campanário da igreja e parte de um convento. Dali, siga pela rua Hermanos Domínguez. Logo você avistará uma escadaria com outra igreja no topo, a de San Cristobalito. Vale subir para admirar a vista. 

Ainda desse lado da cidade está o Mercado de Dulces y Artesanias, outro ponto interessante para compras. E a lista de atrações não acaba por aí, claro. San Cris tem outras igrejas, para Ouro Preto nenhuma botar defeito: são mais de duas dezenas de templos, e isso só contando os com séculos de existência. Se visitar igrejas é uma coisa que você gosta, vale fazer uma checklist. 

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Arco Torre del Carmen

San Cris também tem alguns museus. Confesso que só fui em um, o do Ambar, que fica ao lado da Igreja de la Merced e de uma praça bonita, de mesmo nome. O museu valeu porque o dia estava chuvoso e não dava para fazer muita coisa ao ar livre. Se esse não for o caso, o melhor é curtir a cidade fora de quatro paredes. Outros museus da cidade são o de Culturas Populares de Chiapas, o de Jade e o Na-Bolom.

Passeios nos arredores

Quase todo mundo que passa por San Cris aproveita para fazer alguns passeios de bate-volta. O mais tradicional é pelo Cañion del Sumidero, que está a uma hora da cidade e é um baita cartão-postal: paredões de até mil metros emolduram o Rio Grijalva. A região é um parque nacional e os passeios para lá partem de San Cris e incluem duas ou três horas de navegação. Nossa ideia, quando colocamos essa parte do México no roteiro, era conhecer o Cânion, mas o tempo ruim nos forçou a alterar os planos. Uns meses mais tarde, a Naty fez o passeio em boas condições de clima e escreveu sobre ele.

o que fazer em san cristóbal de las casas

Cañion del Sumidero (Foto: Jan Harenburg, Wikimedia Commons)

Outros passeios nos arredores envolvem as Cascatas El Chiflón ou uma visita às ruínas de Palenque. Mas neste caso o bate-volta é puxado, já que são mais de 400 km de estrada, ida e volta. Esse passeio também é oferecido por diversas agências em San Cristóbal e custa a partir de 50 dólares. Como era distante e envolvia acordar muito cedo e voltar no fim da noite, optei por não ir e deixei para a próxima ocasião.

Palenque, México

Palenque (Foto: Diego Grandi, shutterstock.com)

Uma visita a um acampamento Zapatista, movimento revolucionário que marcou os anos 90, tendo tomado San Cristóbal e chamando assim a atenção mundial, é outro programa possível. E tem, claro, o passeio até Chamula, que é imperdível.

Leia também: Como é a visita a uma comunidade zapatista perto de San Cristóbal de las Casas

Quando ir

O período de chuvas começa em maio e vai até setembro, sendo que os meses mais chuvosos são junho e setembro. Eu fui em junho e comprovei isso, com dias quase sempre nublados e chuvas ocasionais. Não chegou a atrapalhar a viagem, mas com isso optamos por não fazer o passeio de barco pelo cânion. Entre novembro e abril praticamente não chove. Como San Cristóbal está a mais de dois mil metros de altitude, em geral as temperaturas são amenas. Fique pelo menos três noites e três dias para ver tudo com calma.

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Praça da Paz

Onde Comer em San Cristóbal de las Casas

Comer bem é o melhor programa que você pode fazer em San Cris – mais até do que perambular sem rumo pela cidade. E não tenha dúvidas: corra para o La Lupe Cocina de Maíz y de Agave. Esse  foi, sem exagero, um dos melhores restaurantes em que estivemos no México. O destaque fica por conta de uma mesa cheia de temperos, de coentro a pimentas diversas, disponível para os fregueses. Uma boa refeição por ali, com bebida, custa entre 200 e 250 pesos. O restaurante fica na Calle Real de Guadalupe, no trecho só para pedestres, nº 23.

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Na mesma rua estão o La Viña del Bacco (n°13), que tem taças de vinhos por preços ótimos e serve tapas de pipoca de cortesia; e La Artesanal (n°7), uma boa opção para quem quer provar cervejas mexicanas. Para o café da manhã, que no México nem sempre está incluído na diária dos hotéis, uma boa alternativa é o Namandi, que fica na Av. Diego de Mazariegos, 16. Eles também servem almoço e jantar, mas o café da manhã foi de longe a melhor refeição do estabelecimento.

Já o El Caldero é um restaurante pequeno e que está quase sempre lotado. No menu estão alguns dos pratos mais típicos do México, tudo por preços justíssimos. Fica na Calle Insurgentes, 5A.

Veja também: Comida mexicana: pratos típicos do país

Como chegar em San Cristóbal de las Casas

O aeroporto mais próximo fica em Tuxtla Gutiérrez, a capital de Chiapas. Por isso, quem chega de avião precisa percorrer um trecho de quase 80 quilômetros até San Cristóbal de las Casas. A Ado, mais importante empresa de transporte do México, oferece o transfer entre o aeroporto e a rodoviária de San Cris, que está pertinho do centro da cidade. Reserve com antecedência, pois as passagens costumam se esgotar – aconteceu comigo. A viagem custa 242 pesos cada trecho. É possível reservar online, mas também dá para comprar na loja da empresa, na Calle Real de Guadalupe.

Um táxi entre San Cristóbal de las Casas e o Aeroporto de Tuxtla Gutiérrez custa entre 600 e 800 pesos. É bom negociar com o taxista. Por fim, não vale a pena pegar o ônibus até Tuxtla, a cidade. Mesmo sendo mais barato, você precisará pegar outro transporte de lá, já que o aeroporto está a 30 quilômetros do centro. Quando eu estive em San Cristóbal de las Casas, em junho de 2017, não havia Uber ou outros aplicativos de transporte.

Também é possível chegar em San Cris de ônibus, a partir de várias cidades mexicanas.

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Rafael Sette Câmara

Sou de Belo Horizonte e cursei Comunicação Social na UFMG. Jornalista, trabalhei em alguns dos principais veículos de comunicação do Brasil, como TV Globo e Editora Abril. Sou cofundador do site 360meridianos e aqui escrevo sobre viagem e turismo desde 2011. Pelo 360, organizei o projeto Origens BR, uma expedição por sítios arqueológicos brasileiros e que virou uma série de reportagens, vídeos no YouTube e também no Travel Box Brazil, canal de TV por assinatura. Dentro do projeto Grandes Viajantes, editei obras raras de literatura de viagem, incluindo livros de Machado de Assis, Mário de Andrade e Júlia Lopes de Almeida. Na literatura, você me encontra nas coletâneas "Micros, Uai" e "Micros-Beagá", da Editora Pangeia; "Crônicas da Quarentena", do Clube de Autores; e "Encontros", livro de crônicas do 360meridianos. Em 2023, publiquei meu primeiro romance, a obra "Dos que vão morrer, aos mortos", da Editora Urutau. Além do 360, também sou cofundador do Onde Comer e Beber, focado em gastronomia, e do Movimento BH a Pé, projeto cultural que organiza caminhadas literárias e lúdicas por Belo Horizonte.

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