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Xis-coração, o sanduíche típico do Rio Grande do Sul

O pão é maior, com quase vinte centímetros de diâmetro. O modo de fazer também é diferente e, depois de montado, o lanche é prensado na chapa, com pão e tudo. O recheio é variado – leva alface, tomate, milho, ervilha, queijo, ovo, maionese, e claro, carne. E aí pode vir o ingrediente secreto do sanduíche mais tradicional do Rio Grande do Sul: coração de frango. Ou de galinha, como diriam os gaúchos.

No RS, o churrasco é um patrimônio cultural, assim como o chimarrão, mas há espaço também para esse prato, que até parece hambúrguer, mas não é. É o xis, escrito assim, como se fala, e cujo nome obviamente vem do cheeseburger, seu gringo inspirador.  Tem xis-filé, xis-camarão, xis-picanha, xis-calabresa e xis-bacon, só para citar alguns, mas nada supera o xis-coração.

Foto: Gelson Lanches/Divulgação

Não que a parte mais gostosa da galinha seja uma exclusividade gaúcha – o espetinho de coração é comum em várias regiões do país. Nos churrascos da minha família, em Belo Horizonte, a iguaria sempre foi uma das mais requisitadas, cenário que se repete Brasil afora, para espanto de estrangeiros que resolvem passar as férias por aqui. “Como assim vocês comem coração de frango”, exclamam turistas de várias nacionalidades. Enquanto alguns fazem cara de nojo – mais ou menos como brasileiros agem quando descobrem que gafanhotos são comida de boteco no México -, outros resolvem provar nosso espetinho de coração. E muitos gostam.

Se o coração de frango é apreciado, mesmo que com polêmica, em vários estados brasileiros, em nenhum outro ele é tão importante como no Rio Grande do Sul. De refeição para amigos, em casa, ao churrasco; de comida de fim de noite à comida de porta de estádio. Prova disso é que o xis-coração não é qualquer xis. É um dos melhores e mais procurados.

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xis gaúcho

Xis (Foto: Divulgação/Cavanhas)

Na era do hambúrguer gourmet, o xis não perdeu espaço – na realidade, cruzou divisas. Na capital paulista, onde, segundo o Ipea, 45% da população é formada por imigrantes de outros estados, é fácil achar casas que vendam o xis à moda gaúcha, embora a grafia mude: pelo menos segundo a Veja, o sanduíche exportado para São Paulo se chama cheese-coração. Em BH também tem, e olha que a presença gaúcha lá é bem menor. Eu não preciso andar nem um quilômetro para encontrar dois estabelecimentos que vendem o que por lá é chamado de xis-gaúcho, com pão prensado e tudo mais. O problema é que não é xis-coração, mas no máximo um xis-filé.

Qualquer xis vendido fora do Rio Grande do Sul, por mais que em geral seja feito em estabelecimentos comandados por gaúchos, nunca vai ter o peso gastronômico de um xis em sua terra natal. Por isso, se passar por Porto Alegre, lembre-se de colocar alguns endereços no roteiro. O xis do Gelson Lanches, no bairro Tristeza, é famoso na cidade – e gigantesco. A ponto da lanchonete propor o desafio: quem comer dois lanches não paga a conta.

Embora isso varie de estabelecimento para estabelecimento, em geral o xis é maior que um sanduíche normal, o que torna uma boa ideia dividi-lo com alguém. Outro xis tradicional de PoA é o Cavanhas, que tem uma loja na Rua General Lima e Silva, na Cidade Baixa. E ainda tem o da tradicionalíssima Lancheria do Parque, que fica na Redenção e tem fama de ser generoso na quantidade de corações de galinha. Se for passar pela capital gaúcha, uma boa ideia é salvar este texto do Destemperados, que indica alguns dos melhores endereços para comer xis na cidade.

Canoas, na região metropolitana e a 20 quilômetros do centro de Porto Alegre, tem até um Dia do Xis. Aprovada pelos vereadores, em 2015, a criação da data  (28 de maio )  ajuda Canoas a lutar pelo título de capital do xis. A disputa, claro, é intensa. Mais uma prova de que o sanduíche prensado e com coração de galinha é um dos pratos mais queridos do Rio Grande do Sul.

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Rafael Sette Câmara

Sou de Belo Horizonte e cursei Comunicação Social na UFMG. Jornalista, trabalhei em alguns dos principais veículos de comunicação do Brasil, como TV Globo e Editora Abril. Sou cofundador do site 360meridianos e aqui escrevo sobre viagem e turismo desde 2011. Pelo 360, organizei o projeto Origens BR, uma expedição por sítios arqueológicos brasileiros e que virou uma série de reportagens, vídeos no YouTube e também no Travel Box Brazil, canal de TV por assinatura. Dentro do projeto Grandes Viajantes, editei obras raras de literatura de viagem, incluindo livros de Machado de Assis, Mário de Andrade e Júlia Lopes de Almeida. Na literatura, você me encontra nas coletâneas "Micros, Uai" e "Micros-Beagá", da Editora Pangeia; "Crônicas da Quarentena", do Clube de Autores; e "Encontros", livro de crônicas do 360meridianos. Em 2023, publiquei meu primeiro romance, a obra "Dos que vão morrer, aos mortos", da Editora Urutau. Além do 360, também sou cofundador do Onde Comer e Beber, focado em gastronomia, e do Movimento BH a Pé, projeto cultural que organiza caminhadas literárias e lúdicas por Belo Horizonte.

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11 comentários sobre o texto “Xis-coração, o sanduíche típico do Rio Grande do Sul

  1. Oi
    Eu moro em Santa Maria, RS, e aqui tem uma lancheria chamada Gulosão, que tem um xis que é do tamanho de uma pizza tamanho gigante!! É muuito bom!

  2. Meu caro, na próxima vinda a porto alegre dá uma passada no Speed, na cidade baixa e come este xis coração, o mais “generoso”aqui do sul!

    1. Tem dois endereços na Avenida Fleming, perto da Igrejinha da Pampulha. Uma é dentro do Vila Rica. Outro é um trailer mesmo, o Trailer da Gaúcha, que costuma ficar parado em frente ao Bebs, toda noite. E deve ter mais, tenho certeza.

      Pesquisando achei ainda esse link aqui: https://xisecia.com.br

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