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A Cidade Proibida, em Pequim, e a casa dos imperadores da China

Os olhos atentos de Mao Tsé-Tung vigiam as cerca de 40 mil pessoas que cruzam, todos os dias, o Portão da Paz Celestial, também conhecido como Tian’anmen. Essa é a entrada para uma construção de seis séculos e que abrigou 24 imperadores chineses. A partir daquele ponto, basta passar por um grande pátio, comprar os ingressos (de 40 a 60 yuans, dependendo da época do ano) e cruzar mais um portão, o Meridiano, que era onde os imperadores anunciavam o calendário do ano seguinte, em cada solstício de inverno. Pronto, você está dentro da Cidade Proibida.

Nome que tem sentido. Até meados do século 20, apenas os imperadores chineses – vistos como filhos do céu -, suas famílias e funcionários mais importantes eram permitidos dentro daqueles muros. Qualquer pessoa não autorizada que tentasse entrar ali era morta de forma rápida e dolorosa. Um muralha de oito metros de altura, com torres de vigia em cada uma de suas pontas e sempre cheias de soldados, ajudava a garantir a segurança dos imperadores chineses. Um fosso de seis metros de profundidade fazia o resto do serviço.

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Construída a partir de 1406, com o envolvimento de quase um milhão de trabalhadores, a Cidade Proibida marcou a mudança de capital no Império Chinês: Nanquim foi substituída por Pequim. Duas dinastias de imperadores governaram a China a partir dali – 14 deles eram da casa Ming; os Qing contribuíram com 10 monarcas. O último deles, Pu Yi, foi forçado a abdicar em 1912, durante a revolução que transformou o país numa república. Ele e sua família continuaram vivendo na Cidade Proibida por mais uma década, quando foram expulsos. E aí vieram os japoneses, que invadiram e saquearam Pequim antes e durante a Segunda Guerra Mundial, e depois Mao Tsé-Tung e o Partido Comunista Chinês.

Transformada em museu, a Cidade Proibida foi declarada Patrimônio da Humanidade pela UNESCO, em 1987 – essa é a maior estrutura de palácios de madeira do mundo. Nos tempos de glória, a construção tinha 9.999 quartos e 980 prédios de madeira espalhados por uma área de 720 mil metros quadrados, o que dá quase o dobro do tamanho do Vaticano. Hoje, o complexo está menorzinho e tem apenas 8.707 aposentos, entre quartos, salas e palácios. Cerca de 75% das construções estão abertas ao público; o restante permanece em restauração, no mais intenso programa de reformas que a Cidade Proibida já viu.

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O mapa da cidade

Dá para dividir a Cidade Proibida em duas metades. O Pátio Exterior recebia as grandes cerimônias do Império e as reuniões de estado. É essa área que você visitará primeiro, a partir do momento em que cruzar o Portão Meridiano. Três construções se destacam ali: o Taihedian, o Zhonghedian, Baohedian, que juntos formam o que podemos chamar de a ala da Harmonia Suprema. Era ali que ficava o trono do imperador e o local no qual ele presidia reuniões e oferecia banquetes.

Ao passar pelo Portão da Pureza Celestial você entra no Pátio Interior – a parte mais proibida do complexo, digamos assim. Três estruturas se destacam ali: o primeiro é o Palácio da Pureza Celestial, ou Qianqinggong. Em seguida estão o Palácio da União e da Paz e o da Tranquilidade Terrestre. Nomes pomposos e que designam as residências do imperador, da imperatriz e do restante da família real. Templos, uma ala para as muitas concubinas da corte e jardins completam a lista de lugares que podem ser visitados.

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Como visitar a Cidade Proibida, em Pequim

As estações de metrô mais próximas são a Tian’anmen East e a Tian’anmen West, ambas na Linha 1. Embora tenha um portão em cada canto, a única entrada para a Cidade Proibida é pelo portão em frente à Praça da Paz Celestial. Como muitos dos hotéis de Pequim estão nessa região, dá para chegar até lá caminhando – fizemos isso em duas ocasiões.

Caso vá de táxi, diga para o motorista te deixar no Gugong, como é conhecido o local entre os moradores, ou mostre um papel com o nome da Cidade Proibida em chinês (故宫). Outro termo que também designa o complexo é Palácio Museu (故宫博物院). Os táxis não podem parar em frente à entrada, apenas nas ruas laterais. Um serviço de transfer naqueles carrinhos de golfe funciona a partir dos outros portões e custa dois yuans.

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Você terá que passar por pontos de checagem e segurança antes de entrar no complexo. Por isso, esteja preparado para a fila do raio-x e leve seu passaporte, que será solicitado. O documento é exigido também para a compra do ingresso, na bilheteria. Na realidade, você não recebe um ticket impresso após o pagamento do bilhete: o que vai liberar a sua entrada é o seu passaporte, usado na hora da compra. O bilhete dá direito a entrada na maior parte da Cidade Proibida, mas alguns setores, que funcionam como museus para artefatos e utensílios dos antigos imperadores, exigem um ticket extra que custa 10 yuan.

Um escritório logo após o Portão Meridiano aluga áudio-guias com a função em inglês e que custam 40 yuans. O equipamento funciona por GPS, o que acaba não sendo a melhor solução, já que várias vezes o áudio-guias começa a falar, de forma automática, sobre palácios ou lugares que você ainda não viu, por causa de algum erro no GPS. Apesar disso, foi com o áudio-guias que conheci a história da Cixi, uma concubina que conseguiu se tornar imperatriz e governou a China de fato, em nome do filho dela. Enfim, é super útil para dar algum contexto da história chinesa, que infelizmente costuma faltar para estrangeiros.

Embora seja bem melhor do que fazer o tour sem nenhuma orientação, acho que o mais indicado é contratar um guia, o que você pode fazer no mesmo escritório. Caso opte pelo áudio-guia, basta devolvê-lo num dos postos de coleta, ao sair da Cidade Proibida.

Horário de funcionamento da Cidade Proibida

O complexo funciona de terça a domingo. O horário varia ao longo do ano: de 8h30 às 17h, entre abril e outubro, e de 8h30 às 16h30, de novembro a março. Nesta época o valor é menor, apenas 40 yuans. Já nos outros meses o ingresso sobe para 60 yuans. A última entrada é uma hora antes do fechamento, mas convém chegar bem antes disso, porque a visita dura entre três e cinco horas, dependendo do seu ritmo – um tour detalhado por todos os espaços vai exigir um dia inteiro.

Há também um limite máximo de pessoas por dia, que é 80 mil. Em geral isso não é um problema, já que a média diária de visitantes é a metade disso, mas em feriados nacionais, como o Ano-Novo Chinês, que ocorre entre janeiro e fevereiro, e a Golden Week, em outubro, o lugar lota. Nessas épocas o melhor é chegar bem cedo, na hora de abertura dos portões.

Em teoria dá para comprar os ingressos online, no site oficial, mas a exigência de um número de telefone chinês e a de um cartão de crédito local dificultam a compra para estrangeiros, que acabam tendo que fazê-la por intermédio de outros sites e agências online. Se você chegar cedo não tem muito erro. Estivemos lá durante o Ano-Novo chinês, em duas ocasiões na mesma semana. Na primeira chegamos à tarde e os ingressos já estavam esgotados; na segunda chegamos cedo e nem havia fila na bilheteria.

Várias lanchonetes, restaurantes e lojas de souvenires funcionam dentro da Cidade Proibida, opções para um lanche rápido ou para comprar lembrancinhas.

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Sugestão de roteiro em Pequim

Combine a Cidade Proibida com mais duas ou três atrações. A primeira opção é a Praça da Paz Celestial, coração político da China e conhecida internacionalmente pelo protesto e massacre aos estudantes, em 1989 – esse é o local daquela famosa imagem do homem que enfrenta, sozinho, um tanque de guerra, uma das fotografias mais impactantes do século 20.

Também é na Praça da Paz Celestial, ou Tiananmen, que fica o Mausoléu onde está em exibição o corpo de Mao Tsé-Tung. Se visitar o local é o tipo de coisa que te interessaria, programe sua passagem pela Praça para bem cedo, antes da visita à Cidade Proibida. É que o Mausoléu abre só até meio-dia – guarde bolsas e mochilas num serviço de locker que funciona ao lado da entrada.

De lá, siga para o Portão da Paz Celestial, que está logo em frente e serve como primeira entrada para a Cidade Proibida – o acesso é por uma passagem subterrânea por baixo da avenida. Após a visita ao complexo dos imperadores você sairá em frente ao Parque Jingshan. Use novamente a passagem subterrânea para acessá-lo – a entrada custa dois yuans. De lá você terá uma vista incrível de Pequim, com direito a Cidade Proibida ali, pertinho e gigantesca. Se sobrar tempo, siga depois para o Parque Beihai, um jardim imperial que fica ao lado.

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Mapa para te ajudar no planejamento (mas o Google Maps não vai funcionar na China)

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Rafael Sette Câmara

Sou de Belo Horizonte e cursei Comunicação Social na UFMG. Jornalista, trabalhei em alguns dos principais veículos de comunicação do Brasil, como TV Globo e Editora Abril. Sou cofundador do site 360meridianos e aqui escrevo sobre viagem e turismo desde 2011. Pelo 360, organizei o projeto Origens BR, uma expedição por sítios arqueológicos brasileiros e que virou uma série de reportagens, vídeos no YouTube e também no Travel Box Brazil, canal de TV por assinatura. Dentro do projeto Grandes Viajantes, editei obras raras de literatura de viagem, incluindo livros de Machado de Assis, Mário de Andrade e Júlia Lopes de Almeida. Na literatura, você me encontra nas coletâneas "Micros, Uai" e "Micros-Beagá", da Editora Pangeia; "Crônicas da Quarentena", do Clube de Autores; e "Encontros", livro de crônicas do 360meridianos. Em 2023, publiquei meu primeiro romance, a obra "Dos que vão morrer, aos mortos", da Editora Urutau. Além do 360, também sou cofundador do Onde Comer e Beber, focado em gastronomia, e do Movimento BH a Pé, projeto cultural que organiza caminhadas literárias e lúdicas por Belo Horizonte.

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