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Roupas, bugigangas e quiromantes nos mercados de rua de Hong Kong

Desviando da grande quantidade de pessoas e em busca de uma mesa numa das lanchonetes do Temple Street Night Market, em Hong Kong, me deparei com uma cena inusitada. No chão da rua, por onde milhares de pessoas passeavam, estavam tanques, baldes e aquários. Neles, peixes, lagostas e caranguejos dividiam um espaço pequeno – e eram escolhidos a dedo pelos consumidores. Dali iam diretamente para a cozinha. Minutos depois, o prato estava servido. Mais fresco impossível, mais desconfortável também, afinal ter que escolher a comida assim, com o peixe ainda vivo, é o tipo de coisa que incomoda e nos deixa com uma sensação meio hipócrita, tudo ao mesmo tempo.

Acabou que não jantamos ali, mas por outro motivo – como era noite de Ano-Novo chinês, o Night Market estava lotado e foi impossível conseguir um lugar. Aquele foi o último passeio de um dia que teve como foco os mercados de rua de Hong Kong. Pode anotar: esse cantinho da Ásia pode até ter mais arranha-céus por metro quadrado do que qualquer outro lugar do planeta, pode ate ser repleto de lugares turísticos, mas poucos programas são melhores do que conhecer os vários mercados de rua da região. Até o jantar vem com doses de choque cultural.

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comida de rua em hong kong

Como toda capital asiática que se preze, Hong Kong tem uma longa tradição em mercados de rua noturnos. O mais famoso deles era o Sheung Wan Gala Point, que teve seus anos de glória na década de 40 – do século 19. Em 1840, poucos lugares de HK tinham mais movimento na vida noturna.

Fechado em 1992, foi logo superado pelo Temple Street Night Market, que fica no cruzamento das ruas Temple e Saigon, pertinho da Nathan Road e no coração do Kowloon. Se você descer na estação Jordan do metrô, então é só buscar a saída A. Outra opção é descer na estação Yau Ma Tei e procurar pela saída C, mas quem se hospeda no Kowloon, perto da Avenida das Estrelas, também consegue ir a pé.

E não seja enganado pelo nome. A feira começa às 16h e vai até meia-noite, todos os dias da semana, incluindo feriados. As barracas se espalham por cerca de 700 metros e ali tem de tudo – quinquilharias, objetos turísticos, roupas, bolsas, sapatos e eletrônicos. É bom duvidar de marcas famosas – as coisas por ali são realmente baratas, mas tenha em mente que podem ser falsificações, digo, réplicas.

O tal Templo, que dá nome ao mercado e à rua, é o Tin Hau. Passe por ali no começo da tarde e você verá artistas cantando óperas chinesas. E, caso queria saber sua sorte e seu futuro, esse também é o local, já que não faltam especialistas no assunto e por alguns dólares de Hong Kong você consegue ler mão, rosto ou tirar a sorte nas cartas.

compras em Hong Kong

Tanques dos restaurantes do Night Market

Mais mercados em Hong Kong

Se aquele dia acabou no mercado noturno, ele tinha começado em outra feira de rua famosa de Hong Kong, o Ladies Market. E outra vez o nome engana: por mais que lojas de roupas femininas sejam maioria, o setor de roupas masculinas também é grande. E não faltam itens para todo mundo. Foi ali que fizemos as poucas compras durante a passagem por Hong Kong, todas de lembrancinhas de viagem.

ladies market hong kong

Esse também é o melhor mercado para treinar a barganha, quase um esporte em muitas partes da Ásia. “Quanto é?’, perguntei por pura curiosidade, apontando para um produto. Após a resposta, seguimos em frente, mas o vendedor veio atrás, reduzindo o valor cada vez mais e pedindo por uma contraproposta.

O Ladies Market funciona o dia inteiro, inclusive à noite, na Tung Choi Street, que é fechada para o trânsito de veículos por conta da feira. As barracas começam a ser montadas por volta das 10h da manhã, então o melhor é passar por ali perto de meio-dia, quando os vendedores já estão totalmente disponíveis, ou no final do dia. Se for de metrô, basta descer na estação Mong Kok e procurar pela saída E2.

Também dá para ir a pé, seguindo pela Nathan Road, já que as distâncias não são muito grandes. Da região dos hotéis, próximo ao Kowloon Park, são menos de três quilômetros, praticamente em linha reta. Você chegará a Mong Kok, uma área no norte de Kowloon que é o centro comercial de Hong Kong, com um pouco de tudo: shoppings centers luxuosos a mercados de rua. Por conta da alta densidade populacional, Mong Kok já foi descrita no Guinness, o livro dos recordes, como o distrito mais movimentado do mundo.

Do Ladies Market para a Fa Yuen Street, também conhecida como a Sneakers Street, é outro pulo – são apenas três quarteirões. Como o nome indica, essa rua é, desde os anos 1980, o endereço dos tênis. Reza a lenda que até atletas famosos batem cartão por ali – o LeBron James, jogador de basquete dos Estados Unidos, teria visitado o local durante uma passagem por Hong Kong.

Nós encerramos a passagem por ali com uma boa comida de rua, mas o Mong Kog tem outras feiras famosas. O Yuen Po Street Bird Garden funciona de 10h às 18h e é especializado em aves – você provavelmente não vai levar uma pra casa, mas pode valer o passeio. Já a Sai Yeung Choi Street South é focada em eletrônicos e cosméticos, enquanto a Flower Market Road é o endereço dos floristas.

Também tem ruas de lojas só para peixes e aquários, mas que na realidade é um grande pet shop a céu aberto. Só não espere sofisticação: o Goldfish Market se tornou famoso pelos peixinhos coloridos vendidos aos montes dentro de sacos plásticos. Materiais de construção, DVDs, utensílios de cozinha, brinquedos e tudo mais que você imaginar – há uma rua para cada produto em Mog Kok. Basta ter tempo e paciência para procurar.

Escada (rolante) acima

Pegue a balsa ou vá de metrô, não importa. É do outro lado da baia, na Ilha de Hong Kong, que estão alguns dos melhores endereços para comprar antiguidades. E tudo lado a lado com muitos dos bares e restaurantes mais procurados de HK. Casa para mais representações diplomáticas que Nova York e um dos centros bancários do mundo, Hong Kong tem incontáveis imigrantes. Muitos deles vivem ou frequentam essa área, que é a gringolândia da cidade e tem ruas e regiões com nomes bastante ocidentais, como Soho e Hollywood. Mas o melhor jeito de chegar até lá não poderia ser mais asiático.

A partir da estação Central do metrô, siga para a saída D2. Depois, todos os caminhos levam morro acima, mas por escadas rolantes. Para ajudar os pedestres com a geografia desse bairro, que tem ladeira pra dizer chega, o governo de Hong Kong inaugurou, em 1992, um complexo de escadas rolantes no meio da rua. O Central–Mid-Levels Escalator é o maior do tipo no planeta, com 18 esteiras e percorrendo 800 metros.

mercados de hong kong

Entrada de um dos trechos da escada rolante de HK

Você entra na escada rolante e vê, rua a rua, o bairro passar. É só escolher onde descer. E, o melhor, usar as escadas é de graça, o que torna esse um dos meios de transporte favoritos dos hongkongers que passam pelo bairro. Pelo menos 80 mil pessoas usam essas escadas, todos os dias.

Desça na altura da Hollywood Road e você estará perto da muvuca. Vale a pena conhecer a vida noturna dessa área, que também tem um mercado para chamar de seu: é o Cat Street, que fica na Lascar Row, uma das mais famosas ruas da região. É um mercado de antiguidades, que funciona há pelo menos um século e ganhou esse nome por ter sido, em suas primeiras décadas, um local para venda de produtos roubados. Como esses produtos de origem, digamos, duvidosa, eram chamados de “ratos”, a rua logo ganhou o nome dos bichos que buscam os roedores: os gatos.

Depois de buscar por seu souvenir, tente passar no Man Mo Temple, na Hollywood Road, outro lugar que é um símbolo de Hong Kong, com seus incensos pendurados no teto.

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Rafael Sette Câmara

Sou de Belo Horizonte e cursei Comunicação Social na UFMG. Jornalista, trabalhei em alguns dos principais veículos de comunicação do Brasil, como TV Globo e Editora Abril. Sou cofundador do site 360meridianos e aqui escrevo sobre viagem e turismo desde 2011. Pelo 360, organizei o projeto Origens BR, uma expedição por sítios arqueológicos brasileiros e que virou uma série de reportagens, vídeos no YouTube e também no Travel Box Brazil, canal de TV por assinatura. Dentro do projeto Grandes Viajantes, editei obras raras de literatura de viagem, incluindo livros de Machado de Assis, Mário de Andrade e Júlia Lopes de Almeida. Na literatura, você me encontra nas coletâneas "Micros, Uai" e "Micros-Beagá", da Editora Pangeia; "Crônicas da Quarentena", do Clube de Autores; e "Encontros", livro de crônicas do 360meridianos. Em 2023, publiquei meu primeiro romance, a obra "Dos que vão morrer, aos mortos", da Editora Urutau. Além do 360, também sou cofundador do Onde Comer e Beber, focado em gastronomia, e do Movimento BH a Pé, projeto cultural que organiza caminhadas literárias e lúdicas por Belo Horizonte.

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