Sabe quando em uma discussão dizem “Tá com pena? Leva para casa?”. Então, foi exatamente isso que o jornalista Iran Giusti fez. Não por pena, mas por empatia, Iran decidiu começar a acolher em seu apartamento pessoas LGBTQI+ que eram expulsas pela família. Não é uma realidade tão incomum quanto parece e a casa foi ficando cheia.
“Pensei em alugar uma casa maior com um quarto extra e uma garagem pra fazer umas oficinas, foi crescendo, veio o financiamento coletivo e em um mês abrimos”, conta Iran, lembrando que a urgência da situação não permitiu muito planejamento, não. No sobrado de esquina, de tijolinhos e calçadas pintadas com carinho, nascia a Casa 1.
O projeto não só parou de pé como mostra músculo para ir mais longe. Mais de 20 mil curtidas no Instagram e 60 mil fãs no Facebook provam que, para muita gente LGBTQI+, este virou um lugar de acolhimento físico e simbólico. E todo mês sai um calendário recheado de eventos interessantes, como o último, que discutia o Pink Washing do governo de Israel (ainda vou escrever uma coluna sobre isso).
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5 lugares de memória e resistência homoafetiva
Um rolê pelo Museu da Diversidade, em São Paulo
Pouco mais de um ano depois, agora já formou uma biblioteca comunitária e abriu um galpão para comportar mais pessoas nos encontros, mesas de discussão e palestras. Tem aula de canto, costura, yoga, forró e diversas turmas de idiomas. Iran faz as contas da estrutura de hoje: “São 20 acolhidos e acolhidas por vez, que podem permanecer por até 4 meses. Em 2017 foram 84 pessoas. Em termos de programação e atividades, estimamos 600 pessoas por mês”.
Para fazer tudo isso funcionar, contam com quatro funcionários fixos e quase 180 voluntários. “Parcerias com marcas financiam 52% do projeto. O restante segue com contribuições de pessoas físicas, e os trabalhos como freelancer que eu e o Bruno Oliveira [coordenador do Centro Cultural] fazemos”, diz.
Para preservar as identidades das pessoas que moram lá, Iran não conta nenhuma história de moradores. “Entendemos que as violências institucionais, em especial as familiares, são muito complexas. Ter um único relato não dá conta de falar sobre essa complexidade”. Quem quiser conhecer as histórias das pessoas, se envolver com as atividades culturais e ajudar como for possível, pode visitar o casarão no bairro da Bela Vista, em São Paulo. A Casa 1 é a casa de todxs.
- Condessa de São Joaquim, 277 – Bela Vista, São Paulo – SP, 01317-000
Para ajudar no financiamento recorrente, acesse: https://benfeitoria.com/casa1
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