Vida Nômade

7 dicas para ter mais disciplina e motivação na vida

Eu comecei a escrever este post às 15h35. Já são 16h30 e eu ainda estou na primeira linha. Preciso admitir o meu problema – que é o problema de tanta gente. Eu sou preguiçosa e não tenho a menor disciplina. Para nada. Meu quarto, que também é meu escritório, está uma bagunça. Eu não faço exercícios físicos há meses e apesar de ter tentado me comprometer a fazer umas aulas online de pilates, o projeto durou dois dias. Eu levo muito mais horas que o necessário para executar minhas tarefas do trabalho e sofro muito mais que o necessário para render na minha dissertação de mestrado.

Procrastinar não é o nome do meu problema, procrastinação é só mais uma das ferramentas que eu uso para justificar a minha falta de organização e disciplina. Minha força de vontade parece estar sempre perdendo a luta com a minha preguiça. A questão é que eu estou cansada de ser assim.

Se você se identificou com as reclamações acima, bem-vindo ao clube. A verdade é que eu decidi escrever este post porque a bagunça que impera na minha vida não está me permitindo avançar para o potencial da minha determinação. É muito bom ser nômade digital, trabalhar de casa, ser empreendedora. Mas é bem difícil manter o sucesso do seu trabalho se você não consegue se organizar – isso não tem nada a ver com a quantidade de tempo disponível, mas a qualidade desse tempo.

Eu tenho sentido cada vez mais isso. Várias vezes me sinto desmotivada e culpada por estar deixando de fazer o que deveria ser feito. As minhas próprias desculpas para ficar confortavelmente na cama (ou em sites aleatórios, ou vendo série, ou conversando com uma amiga) enquanto tarefas se acumulam ao meu redor já estão velhas e desgastadas.

Eu não quero ser assim mais e, apesar de não saber muito como mudar, resolvi ir atrás de dicas na internet! Porque uma das primeiras dicas que eu li era exatamente sobre como admitir seu problema e publicizar suas metas era um excelente mecanismo para desenvolver a força de vontade e conseguir criar hábitos mais disciplinados.

Então, este não é um post com técnicas definitivas, mas algumas dicas que eu li por aí e não achei absurdas, exageradas ou fora da realidade. Vou tentar me comprometer a fazê-las e vocês aí, bagunçados na vida, podem tentar também. E juntos podemos ver se conseguimos mudar esse nosso estilo. Vamos lá?

A importância de criar hábitos

Criar um hábito é basicamente treinar o seu cérebro e seu corpo a fazer uma coisa que antes não era comum para você. Enquanto tem muita gente por aí dizendo que bastam 21 dias para você criar um novo hábito ou transformar algum que você já tenha, a realidade é outra. Uma dessas revistas científicas de psicologia e neurociências publicou um artigo dizendo que no mínimo 3 meses são necessários para realmente incorporar um comportamento como esse na nossa vida. E, dependendo da dificuldade, pode levar até mais. (Fontes: Mente Cérebro e Revista Galileu).

A verdade, porém, é que não temos que ter medo de criar um hábito só porque a ideia parece difícil e porque vai levar tempo.

Disciplina x Motivação

Um dos sites que encontrei dizia que a disciplina é uma ilusão. Porque disciplina seria forçar a si mesmo a fazer algo que você não quer. E isso não requer uma nova habilidade, requer, na verdade, motivação. Sem motivação, você não será capaz de se forçar a nada com regularidade.

Assim, a questão seria como manter a motivação para tornar algo um hábito, mesmo que isso for levar muito tempo. A sugestão deles é que você precisa ter clareza das suas motivações, porque sem essa clareza não há no que focar nos momentos de dificuldade.

Quais são as suas?

Meditação e exercícios físicos

Muita gente sugere meditação ou exercícios físicos como uma forma de disciplinar a sua mente, por serem hábitos saudáveis, que geram prazer, aliviam o estresse e permitem treinar sua mente e corpo. Beleza, concordo 100% com o argumento. O problema é exatamente começar a fazer essas coisas. Porque, sei lá vocês, mas a quantidade de vezes que eu paguei academia e fui três vezes é vergonhosa e me falta exatamente a disciplina e a motivação para começar.

Um site sugere que para incorporar esse hábito de meditar e/ou fazer exercícios a melhor forma seria tornar isso uma coisa mais fácil: fazendo isso por apenas 5 minutos. A ideia aqui não é que o exercício tenha exatamente um efeito sei lá, no seu peso ou saúde, mas na criação do hábito, por ser fácil. Se você conseguir se forçar a fazer isso por 30 dias seguidos, a chance de conseguir manter mais dois meses e criar um hábito é grande. (Fonte).

Criar metas específicas e mecanismos de cobrança

Ok, eu tenho tempo de fazer até mais do que 5 minutos de exercício por dia. Existe até um app para que você faça uma rotina de 7 minutos por dia, que dizem ser maravilhosa. O problema é começar e manter na rotina. Assim como é um problema eu fazer todas as tarefas do meu trabalho e do meu mestrado sem gastar dias ao invés de horas.

As dicas que encontrei sobre isso são bem claras: você precisa de metas específicas e mecanismos de cobrança claros. Estabelecer objetivos diários e metas a curto e longo prazo pode ser um jeito bom de organizar sua mente e focar melhor. Há uma regrinha que parece besta, chamada SMART, que ensina como você deve estabelecer objetivos. Eles devem ser:

Specific (Específicos)
Measurable (Mensuráveis)
Attainable (Atingíveis)
Relevant (Relevantes)
Timely (Com prazos)

Vou dar um exemplo das metas que pensei para escrever este post (eu não sei exatamente se elas estão SMART, mas eu tô tentando):

  • Quero fazer exercícios 1 vez por dia, 20 minutos por dia, todos os dias, até o final de junho – para sentir menos dor da coluna, me sentir mais bem disposta e menos ansiosa – por isso o pilates.
  • Quero trabalhar 6 horas por dia no blog – para conseguir ficar livre nas outras horas e no final de semana. E também para ser mais produtiva e criativa com as minhas tarefas.
  • Quero terminar dois capítulos da dissertação até 30 de junho – para eu conseguir ter férias em agosto.

Eu sei que não tenho auto-respeito suficiente para ser meu próprio mecanismo de cobrança (#vergonha). Por enquanto, o jeito é eu focar em outras pessoas ou mecanismos. Por exemplo, ninguém vai ficar me cobrando acabar as fases da dissertação no prazo certo, nem mesmo minha orientadora. Então, eu posso focar numa coisa que quero muito – tirar férias – e se eu não conseguir me organizar e finalizar, eu não vou ter.

Esse cara do blog Feel Good Lifestyle também sugere que você tome medidas drásticas para se pressionar a conseguir: por exemplo, eu poderia comprar passagens aéreas para uma viagem, de forma que eu seria obrigada a acabar tudo, já que eu já estaria comprometida com isso. Coisas como se inscrever numa maratona para se motivar a correr ou manter um diário público dos seus objetivos também funcionariam, segundo ele.

Outra dica que eu posso dar nessa questão é algo que acabei de começar a fazer: nós, do 360, criamos um sistema de relatórios diários aqui no blog, em que no final do dia mandamos uns para os outros o que fizemos. É uma forma de entender porque varias vezes as tarefas da semana não eram cumpridas.

Eu aproveitei isso para controlar o tempo gasto com o que faço: quando inicio alguma coisa, coloco no relatório a hora, assim tenho uma noção do tempo que dedico às coisas e sou capaz de controlar melhor minhas atividades – além de poder me autocensurar se eu levar tempo demais numa coisa idiota ou não tiver trabalhado o suficiente.

Exercitar a força de vontade evitando coisas que você gosta e se obrigando a fazer o que não gosta

Força de vontade é uma coisa que precisa ser exercitada e treinada. A preguiça costuma ser muito mais forte do que é a força de vontade. Por isso que as tarefas que são chatas ou desconfortáveis são aquelas que mais procrastinamos. Por exemplo, eu odeio falar no telefone e se o que eu tenho que fazer envolve isso, eu sou capaz de enrolar por semanas antes de realizar a tarefa em questão.

A grande coisa é que, segundo esse artigo, a prática de nos obrigar a experimentar e conviver com emoções desconfortáveis aumenta a autodisciplina. A verdade é que somos capazes de tolerar coisas que não gostamos muito mais do que achamos. O problema é que cada vez que você pensa ou diz “eu não suporto” tal coisa, isso gera uma sensação de ansiedade e estresse por ter que fazer a coisa eventualmente – é uma ilusão achar que você só vai fazer o que gosta. O exercício de exercer essa tolerância e se esforçar para acabar logo com o problema ao invés de enrolar é excelente para nos provarmos capazes de controlar nossas vidas e acreditar na nossa capacidade de ter disciplina e força de vontade.

Remova as tentações e distrações

Por fim, não tem força de vontade e disciplina que sobreviva às distrações que se colocam no nosso caminho. Às vezes, eu me vejo abrindo mil e um sites que eu nem quero ler só para procrastinar, porque parece que tem uma força invisível me impedindo de terminar aquela tarefa. É uma sensação horrível. Uma boa forma de combater isso é descobrir o que te distrai mais e o que tira sua atenção em momentos chave e eliminar essas distrações – pelo menos temporariamente.

Essa é uma parte difícil para mim. Nas coisas do mestrado, eu descobri que a melhor forma de resolver o problema é ir para a biblioteca, onde o acesso à internet é limitado e eu acabo sendo obrigada a me concentrar. Mas para o trabalho com o blog é complicado, porque eu preciso estar na internet o tempo inteiro e as vezes é fácil ceder a distração – que muitas horas vem em forma de um email não urgente que eu acabo tendo que responder ou uma chamada no Facebook sobre o tema trabalho, mas que me distrai da coisa importante que eu estava fazendo na hora.

Acredito que para a maioria das pessoas realmente eliminar as distrações é complicado. As sugestões que eu li por aí que me pareceram mais razoáveis são limitar o seu acesso à internet ou certos sites com apps ou extensões de navegador. Ficar com o celular no modo avião enquanto está trabalhando e só se permitir olhar de tempos em tempos específicos também é uma boa ideia. E avisar para as pessoas ao seu redor da importância de determinados projetos.

ps. São 18h37 e consegui terminar o texto na hora prevista! Vitória! 

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Luiza Antunes

Luiza Antunes é jornalista e escritora de viagens. É autora de mais de 800 artigos e reportagens sobre Viagem e Turismo. Estudou sobre Turismo Sustentável num Mestrado em Inovação Social em Portugal Atualmente mora na Inglaterra, quando não está viajando. Já teve casa nos Estados Unidos, Índia, Portugal e Alemanha, e já visitou mais de 50 países pelo mundo afora. Siga minhas viagens em @afluiza no Instagram.

Ver Comentários

  • Luisa, sofro do mesmo mal que ti!

    Estou dois anos à frente de você na 'life run', mas o estágio de lida com o problema é praticamente igual. Nos últimos meses, tenho tido cada vez mais febres mentais de cobrança e promessas de mudança, que não se realizam ou se realizam parcialmente... no máximo 20% dela. Hahahaha!

    Também estou disposto a mudar. No momento, estou me prometendo: 1. Criar rotina de duas horas todas as noites (folgas aos domingos, vai) para estudar visando concursos; 2. Ir dormir mais cedo para poder acordar as 6h e ir para a academia e dar assim aquele up na condição física; 3. Racionalizar alguns gastos decorrentes da preguiça e assim gerar uma poupancinha todo mês que vai engordar o caixa de futuras viagens; 4. Cortar o máximo de procrastinação no trabalho para assim parar de levar trabalho para casa a noite, o que me atrapalha a estudar, que me faz dormir tarde e não ir para a academia no dia seguinte... É tudo um ciclo, né?

    Então, farei como ti e encararei de forma mais firme esse demônio que nos assombra todos os dias. Hahahaha!

    Força aí!

    P.S: Procrastinação é mal de jornalista em primeira instância, né? Tá louco. Nessas horas me odeio por ter entrado naquela faculdade de comunicação social...
    P.S.2: Outro objetivo é começar uma nova graduação (dessa vez, EaD - sim, viva a tecnologia!) para agregar uma nova profissão. Será o desafio 'so hard' na luta contra a falta de foco.

    Beijos e axé!

    • Oi Rodrigo,

      Eu não sei se procrastinar é mal de jornalista: conheço procrastinadores de quase todas as profissões. O problema da nossa é que é mais evidente hahah

      Espero que você quebre o seu ciclo da indisciplina. Eu sei como é difícil. Mas acho que mais difícil ainda é perceber o quanto desperdiçamos nossas vidas e produtividade com esses hábitos errados!

      beijos

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Publicado por
Luiza Antunes

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