Visita a um leilão de peixe no Alentejo, Portugal

“Eu tenho que parar a entrevista agora porque vou perder a hora para comprar os peixes” – disse o Sr. José Ramos Cardoso, apressado. “Você pode vir comigo se quiser”.

Eu perguntei se não atrapalharia e ele me garantiu que não. E foi assim que entramos numa “carrinha” dele, uma minivan, e seguimos até o tal mercado. Eu me perguntei por que tinha horário para a coisa, ou por que “os outros” não iriam esperar por ele. Mas estava prestes a vivenciar uma das coisas mais curiosas que já vi sobre a realidade de se ter um restaurante.

Voltando um pouco a história. Eu estava em Vila Nova de Mil Fontes, litoral do Alentejo (foto acima), em Portugal, uma região pacata e muito linda. Estava fazendo uma série de entrevistas para a minha dissertação e uma delas era com sr. José, dono do incrível Tasca do Celso.

Digo incrível porque, além da decoração maravilhosa, eu almocei lá uma açorda alentejana de camarão que só de pensar me dá água na boca. É um restaurante típico regional, com comida de muita qualidade. É o sr. José quem vai pessoalmente, duas vezes por semana, buscar todos os produtos como verduras, legumes, frutas, carnes e peixes dos produtores locais, na carrinha térmica que comprou especialmente para isso e que me deu a carona naquele dia.

Voltando aos peixes, chegamos ao pequeno porto de Vila Nova e algumas pessoas já estavam reunidas. O sr. José me apresentou a elas: eram donos e donas de restaurantes da região. Com a chegada do último deles, poderiam começar o leilão. Eu fiquei muito surpresa com essa história de leilão. E mais ainda com a organização da coisa.

Todos estavam munidos de uma espécie de controle remoto e uma tela mostrava preços de cada peixe apresentado, que iam descendo a partir do lance inicial, até alguém comprar. Uma moça, do porto, era a responsável por apresentar os peixes que haviam sido pescados naquele dia e por abrir a venda.

Enquanto compravam, eles riam e brincavam uns com os outros. E no final, cada um saiu com sua cota de peixes e frutos do mar. O sr. José me explicou que preparava o cardápio do dia de acordo com a disponibilidade dos peixes. No caso, no dia da minha visita, tinham muitos peixes sem escamas e caracóis. Segundo ele, há muito tempo não preparava pratos com caracóis, então seria uma boa pedida. “E quando tem pouco peixe ou não dê o suficiente para preparar os pratos?” – Perguntei. Ele me explicou, que, nesses casos, ia até o porto de Sines, uma cidade ali perto, que tem um porto grande e bem mais opções.

É muito interessante saber os bastidores de como um peixe fresquinho chega em sua mesa num restaurante. Por isso, gostei muito da experiência não só porque eu nunca tinha visto um leilão de peixes na vida, mas também porque é legal saber mais sobre a sustentabilidade e toda uma cadeia de produtores e serviços que está mobilizada em torno da pesca. Talvez você não saiba, mas o peixe no seu prato pode estar ali por conta de um lance de leilão.

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Luiza Antunes

Luiza Antunes é jornalista e escritora de viagens. É autora de mais de 800 artigos e reportagens sobre Viagem e Turismo. Estudou sobre Turismo Sustentável num Mestrado em Inovação Social em Portugal Atualmente mora na Inglaterra, quando não está viajando. Já teve casa nos Estados Unidos, Índia, Portugal e Alemanha, e já visitou mais de 50 países pelo mundo afora. Siga minhas viagens em @afluiza no Instagram.

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