A primeira vez que eu voei de balão

É difícil saber quando a luzinha do desejo acendeu-se pela primeira vez. Eu sei que foi há muitos anos, talvez quando eu acompanhava ávida os capítulos da novela Vovô e Eu; ou quando eu escutei sobre Volta ao Mundo em 80 dias pela primeira vez. Sempre teve algo de mágico em um voo de balão. Acho que pelas formas coloridas que eles desenham no céu quando sobem. Arrisco a dizer que, de todas as formas que o homem inventou de voar, o balão é a mais bonita.

E parte dessa beleza está nas cores, mas também na leveza. No balão a gente não sente o peso da gravidade ou a velocidade do vento chicoteando nosso rosto. A gente flutua no momento em que nos tornamos mais leves que o ar ao nosso redor, e vai baixando aos pouquinhos, quase sem se dar conta.

A primeira vez que eu voei de balão foi em Orlando, depois de muitos anos com o sonho anotado em uma lista de vontades. Mas quando o despertador tocou às 4h30, eu me perguntei se realmente valia a pena. A gente vê muitos pores do sol, mas são poucas vezes na vida que a gente vê o dia nascer sóbrio. E quando os balões começaram a se encher e colorir ainda mais o céu que se enchia de tons de aquarela com os primeiros minutos de manhã, eu entendi por que os passeios sempre começam tão cedo.

Essa foi a minha razão, mas qualquer profissional do ramo vai te dizer que é por causa do vento da manhã, por motivos atmosféricos que eu não domino, mas que tornam o voo mais fácil. “A chance das condições serem boas logo no começo do dia são maiores. Se de manhã eu consigo levantar voo 9 de 10 vezes, de tarde esse índice seria de 1”, contou o nosso piloto da Orlando Baloon Rides.

E logo, um a um, os grandes balões tomaram o céu. De pé, dentro do cesto, enquanto o chão se afastava alguns centímetros de mim, bateu um medo e aquela sensação de que é antinatural desafiar a gravidade. Passou logo. A gente não estava fazendo nada mais além de tirar vantagem das leis da física. E levitar. Os subúrbios americanos, suas casas com piscina e gramado verde no jardim, ficaram minúsculos lá embaixo. As pessoas passando de carro na estrada, apressadas para o trabalho. Os ônibus amarelos que levavam as crianças para a escola. Os parques e campos de golfe. Tudo pequeno.

O balão baixou um pouco para roçar a copa das árvores: “É para reduzir a velocidade e preparar o pouso”, explicou o piloto. E assim, com a mesma naturalidade com a qual a gente subiu, a gente descia outra vez para aterrizar em um descampado a quilômetros do local da decolagem. Aí já era manhã firme e os Estados Unidos já tinham acordado.

Serviço – O passeio com a Orlando Baloon Rides custa a partir de US$195 para adultos e US$99 para crianças e sai todos os dias, a menos que as condições climáticas impeçam o voo (é preciso ligar para confirmar a partida na manhã do passeio).

A viagem à Florida foi um convite da Experience Kissimmee

Inscreva-se na nossa newsletter

Avalie este post
Natália Becattini

Sou jornalista, escritora e nômade. Viajo o mundo contando histórias e provando cervejas locais desde 2010. Além do 360meridianos, também falo de viagens na newsletter Migraciones, no Youtube e em inglês no Yes, Summer!. Vem trocar uma ideia comigo no Instagram. Você encontra tudo isso e mais um pouco no meu Site Oficial.

Ver Comentários

  • gostei do seu site muito interessante o conteúdo, queria te dar os parabéns e dizer que vou acompanhar mais vezes para saber sempre as novidades. Bjus

    • Ei Monique, fico feliz que tenha gostado! Espero que volte por aqui mais vezes! :)

      Abraços

  • Deve ser uma experiência realmente incrível, tenho vontade mas ainda não tive oportunidade e falta um pouco de coragem também

Compartilhar
Publicado por
Natália Becattini

Posts Recentes

O que eu vi do alto do campo base do Everest

*Por Silvia Paladino No dia 12 de outubro de 2023, eu cheguei ao acampamento base…

5 meses atrás

Como é a relação dos iranianos com o álcool

– Aí estão vocês, eu estava esperando! Venham!, disse, apontando para um beco que parecia…

5 meses atrás

Lençóis Maranhenses e o artesanato com fibra de Buriti

Chegar no povoado Marcelino é uma atração à parte na visita aos Lençóis Maranheses. Depois…

3 anos atrás

Como são os Cursos Domestika? Descubra como funciona a plataforma

A Domestika é uma comunidade criativa e que oferece diferentes categorias de workshops: do desenho…

3 anos atrás

Niède Guidon, a arqueóloga que mudou a Serra da Capivara

“Na Pedra Furada, abaixo de um local onde havia pinturas, escavamos tentando encontrar marcas do…

3 anos atrás

Comida saudável pra todos: comer bem e descolonizar o paladar

“Muita gente acha que comer saudável é cortar açúcar, por exemplo, entrar num mundo de…

3 anos atrás