5 motivos pelos quais você deveria viajar sozinho

Todo mundo deveria viajar sozinho pelo menos uma vez na vida. Nem precisa ser para longe: passar um dia na cidade vizinha já conta. Se você puder cruzar as fronteiras nacionais, melhor ainda. Descobrir uma nova cultura enquanto lida com o fato de não ter nenhum rosto familiar por perto é uma experiência transformadora, mas muita gente tem medo de encarar a solidão. Eu confesso, eu já tive esse medo, mas enfrentei e não me arrependi. E descobri que existem boas razões para isso.

Você vai conhecer gente. Ou não.

Quando você viaja sozinho, você conhece mais gente. Pelo menos é isso o que dizem muitos dos adeptos desse estilo de viagem. Essa afirmação sempre me incomodou. Eu não sou a pessoa mais expansiva do mundo. Não chego a ser um bicho do mato que foge de gente (bom, não sempre…), mas definitivamente não sou aquela pessoa que conhece todo mundo do hostel já na primeira noite (ou na segunda, na terceira…). Não, eu não vou travar se um desconhecido vier falar comigo, mas nunca vou ser a primeira a puxar papo, só porque não me sinto à vontade em fazê-lo. E pode parar de me olhar com esse olhar de pena. Acredite, existe felicidade na introversão.

Antes de eu me aventurar sozinha mundo afora, eu me preocupava se minha personalidade iria tornar a experiência um fracasso. Eu achava que embarcar em um avião sem companhia só valia a pena pra essas pessoas que fazem amigos com a mesma facilidade com que eu faço as malas. Na semana que eu passei em Lisboa, eu não conheci ninguém. Foram sete dias de andanças solitárias, de descobertas silenciosas e de cervejas na companhia de um livro. Claro que eu troquei palavras com algumas pessoas, mas foram conversas casuais, dessas que a gente tem no ponto de ônibus até que seja sua hora de embarcar. Se eu odiei? De jeito nenhum. Acho que essa parte da viagem foi tão incrível quanto a França, onde eu quase sempre conhecia alguém para me acompanhar nas explorações diárias.

Com o pessoal que eu conheci em Biarritz

Estar em sua própria companhia por mais tempo que o normal pode dar medo, mas também é libertador. A gente não deve ter medo de ficar a sós com nossos próprios pensamentos. É claro que você vai sentir falta de ter alguém para olhar suas coisas, comentar sobre o que você viu ou tirar fotos suas em frente aos monumentos. Selfies não ficam tão boas e é meio chato ter que pedir para estranhos fazerem isso o tempo todo. Sem falar que você nunca sabe se a pessoa vai ter o mesmo perfeccionismo com o enquadramento que você – pedir pra quem tem uma DSLR pendurada no pescoço nem sempre garante boas fotos. Mas você vai ter a oportunidade de descobrir mais sobre quem você é quando está sozinho e vai ter tempo o bastante para pensar um monte sobre a vida. 

Selfie em Lyon

Então, sim, ao viajar sozinho você pode conhecer um monte de pessoas diferentes e fazer amigos para a vida inteira. Mas você não precisa fazer isso para se divertir. Sem pressão, ok? Vai ser incrível de qualquer jeito.

A única vontade que importa é a sua

 Só eu, o Mediterrâneo e um livro

Fazer tudo de acordo com suas próprias vontade, sem ter que negociar com ninguém é uma vantagem tão egoísta quanto maravilhosa na hora de viajar sozinho. Se você está acostumado a viajar com amigos, sabe  bem do que eu estou falando. Chegar e sair quando der na telha, ignorar aquele ponto turístico famoso ou passar quatro horas olhando para o seu quadro favorito. É você quem manda!

Você fica mais disposto a dizer sim para o novo

Quando estamos sozinhos somos mais flexíveis. Pelo menos comigo é assim, em parte pelo motivo acima. Se não temos que negociar ou decidir em conjunto com alguém, é mais fácil dizer sim para oportunidades que surgem no caminho e ignorar planos e roteiros prévios. Mas não é só isso. Parece que é mais fácil ser alguém diferente do que a gente costuma ser quando ninguém que te conhece está vendo e não é preciso representar nossa máscara social. Não estou chamando ninguém de falso, mas a gente representa papéis o tempo inteiro: no trabalho, na faculdade, entre nossos amigos. Essa é uma oportunidade para ser você mesmo, mas um você mesmo diferente. Explorar lugares pouco conhecidos da nossa própria personalidade. Tentar coisas que você não tentaria normalmente, só para confirmar que não gosta ou se surpreender.  Muitas memórias boas podem surgir dessas experiências.

Você vai lidar com seus medos e limitações

Quando você enfrentar um perrengue, vai desejar com todas as forças ter um amigo por perto, mas resolvê-lo sozinho vai ser especialmente gratificante. E você vai perceber que pode muito mais do que pensava.

Se a ideia de entrar em um avião sem companhia já te dá um frio na barriga, então talvez esse seja o principal motivo pelo qual você deveria fazê-lo. Enfrentar seus próprios medos é uma ótima forma de crescimento pessoal e empoderamento. Às vezes a gente tem medo de coisas bestas e duvida da nossa capacidade de lidar com elas. Ter medo é normal, mas a gente não pode deixar que ele controle nossos atos e decisões. Descobrir que somos capazes faz um bem danado pra nossa autoestima.

Você vai ter tempo para repensar…

… o que quer que precise ser repensado na sua vida. Seu trabalho, escolhas passadas, relacionamentos, rotina, a forma como você encara os problemas que você deixou em casa. Você escolhe. É difícil encarar as coisas de forma diferente quando a gente continua fazendo tudo do mesmo jeito. Novos ares podem te ajudar a arejar as ideias e fica ainda mais fácil quando você faz isso sozinho, porque você vai ter realmente tempo para dar aos seus pensamentos a devida atenção. Leve a vozinha da sua cabeça para assistir a um pôr do sol e se surpreenda com o tanto que ela tinha pra te falar.

Leia também: Mulheres devem viajar sozinhas pelo mundo?

Quer receber mais dicas de viagem?

Então curta nossa página no Facebook

Siga o @360meridianos no Twitter

Veja nossas fotos no Instagram

Receba novos posts por e-mail

Inscreva-se na nossa newsletter

Avalie este post
Natália Becattini

Sou jornalista, escritora e nômade. Viajo o mundo contando histórias e provando cervejas locais desde 2010. Além do 360meridianos, também falo de viagens na newsletter Migraciones, no Youtube e em inglês no Yes, Summer!. Vem trocar uma ideia comigo no Instagram. Você encontra tudo isso e mais um pouco no meu Site Oficial.

Ver Comentários

  • Já leio o blog há algum tempo, mas é a primeira vez que comento. Adorei o post. A primeira vez que viajei sozinha fiquei preocupada com essa questão de ter que me enturmar, fazer amigos. Sou bastante tímida e introspectiva. Mas agora fico um pouco aliviada em saber que não preciso ser pressionada a isso.

  • Esses dias tenho pensado bastante em fazer uma viagem sozinha, sinto que preciso disso. Só acho que preciso de um tempo pra amadurecer a ideia e também a minha cabeça de apenas 18 anos...mas um dia essa viagem vai acontecer!

  • Nunca pensei em viajar sozinho, mas depois desse post vou rever meus conceitos. Parece mesmo bem interessante e introspectiva uma viagem assim, tanto para curtir da forma que quiser quanto para refletir e aprender sobre si mesmo. Ótimo post, parabéns. Abraços!!

Compartilhar
Publicado por
Natália Becattini

Posts Recentes

O que eu vi do alto do campo base do Everest

*Por Silvia Paladino No dia 12 de outubro de 2023, eu cheguei ao acampamento base…

6 meses atrás

Como é a relação dos iranianos com o álcool

– Aí estão vocês, eu estava esperando! Venham!, disse, apontando para um beco que parecia…

6 meses atrás

Lençóis Maranhenses e o artesanato com fibra de Buriti

Chegar no povoado Marcelino é uma atração à parte na visita aos Lençóis Maranheses. Depois…

3 anos atrás

Como são os Cursos Domestika? Descubra como funciona a plataforma

A Domestika é uma comunidade criativa e que oferece diferentes categorias de workshops: do desenho…

3 anos atrás

Niède Guidon, a arqueóloga que mudou a Serra da Capivara

“Na Pedra Furada, abaixo de um local onde havia pinturas, escavamos tentando encontrar marcas do…

3 anos atrás

Comida saudável pra todos: comer bem e descolonizar o paladar

“Muita gente acha que comer saudável é cortar açúcar, por exemplo, entrar num mundo de…

3 anos atrás