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E quando a companhia de viagem é insuportável?

Outro dia uma colega do mestrado me perguntou o que eu achava de viajar sozinha. Bem, eu cada vez mais tenho me tornado uma adepta ferrenha da ideia. Não só pelas minhas boas experiências, mas também pelos comentários muito positivos que recebemos no post sobre mulheres viajando solo.

Pegar a estrada sem companhia é libertador, empoderador e divertido. E também pode te salvar de ter que aturar companhias de viagem insuportáveis, aqueles tipos que podem até ser seus amigos, até você perceber que nem todo amigo (ou semi-conhecido) é uma boa companhia para passear.

Eu já falei isso antes e repito: Nem todo mundo é uma boa companhia de viagem, talvez você mesmo/a não seja uma boa companhia de viagem para outra pessoa. Por isso, para evitar fim de amizades, casamentos ou simplesmente para não destruir o passeio com brigas, conheça quais são os piores tipos de pentelhos que podem vir a te acompanhar e como sobreviver a eles sem fazer um barraco.

1. O folgado ou a folgada

A pessoa não faz nada por conta própria. E quer que você faça tudo. Organizar o roteiro, fazer as reservas, falar com o garçom, fazer check-in no hotel, lavar a louça do hostel. O folgado (ou a folgada), acha que você é o concierge pessoal dele e espera que esteja tudo o lindo e pronto para que ele/ela aproveite a viagem enquanto os outros fazem todo o trabalho duro. Ah, ainda existem os tipos especiais de folgados que não fazem nada, e depois ainda reclamam quando alguma coisa dá errado.

Como sobreviver: O primeiro passo é parar de resolver as coisas para a figura. Finja que não ouviu quando ele/ela te pedir ajuda. Também comece a pedir ajuda você mesmo. Do tipo: ei, será que você pode fazer isso aqui, será sua responsabilidade, ok?

2. O negativo ou a negativa

Vocês estão de frente para o cenário mais bonito do mundo, mas a querida pessoa fica com cara de bunda. Vocês comem a comida mais deliciosa de todos os tempos e a criatura tem a face de quem comeu bosta.

Essas figuras negativas sempre arrumam algum motivo para estar de mal com a vida e trazer sua nuvenzinha negra para todos os lados durante a viagem. Muitas vezes, não satisfeito em estar insatisfeito, o negativo ou a negativa vai querer que você também participe de tamanha miséria.

Como sobreviver: Olha, perguntar se está tudo bem ou tentar alegrá-los o tempo todo só vai gastar a sua energia. O jeito é se afastar, colocar fones de ouvido, respirar fundo e fingir que aquela criatura não está ali.

3. O dependente ou a dependente

Sabe aquela pessoa que não consegue fazer nada sozinha? Ao contrário dos folgados, o problema não é preguiça, mas sim a total incapacidade de independência. O dependente ou a dependente não vai querer largar do seu lado nem para ir ao banheiro. Vai sempre te pedir para esperá-lo para fazer as coisas mais esdrúxulas.

Sabe aquela coisa de “ninguém nasceu grudado”? Pois é, não vai existir nessa viagem. Se vocês quiserem fazer coisas diferentes, o dependente é daqueles que vai brigar, chorar, espernear e não aceitar de jeito nenhum os breves momentos de separação.

Como sobreviver: Ou você cede e aceita a figura na sua cola 100% do tempo, ou dá um chega pra lá logo no início, deixando bem claro que grude não é a sua praia.

4. O medroso ou a medrosa

Esse tipo é bem parecido com o dependente, mas com motivações diferentes. O problema do medroso ou da medrosa é exatamente o medo. De tudo e qualquer coisa. Tem medo de fazer caminhada, de dormir no trem, de alugar carro, de andar sozinho, e por aí vai.

A figura medrosa não só não vai querer largar do seu pé nem por um minuto, ele/ela também vai querer que você não faça várias coisas porque tem medo. Ah, que fique bem claro, tal medo não é uma fobia de verdade, como algumas pessoas têm medo do escuro ou de altura. É pura insegurança ou até mesmo preguiça de fazer coisas diferentes.

Como sobreviver: Faça as coisas mesmo assim. E insista para ele/ela a ir junto. Várias vezes você vai ver o medo desaparecer.

5. O sem noção de dinheiro

Minha regra de ouro na vida é: nunca viaje com alguém sem deixar bem claro o seu orçamento. Ou seja, se você for um viajante econômico e estiver viajando com alguém que adora esbanjar, 100% de certeza que essa viagem vai dar errado. Claro, é ainda pior se a companhia de viagem, mesmo sabendo do orçamento do outro, ficar insistindo nos restaurantes mais caros e nos passeios mais absurdos no quesito preço.

Olha, se a pessoa tem dinheiro e você não, e vocês dois concordaram em viajar juntos, então vão ter que eventualmente se separar, afinal ninguém precisa se sacrificar pelo outro. O problema é que o sem noção do dinheiro é do tipo que não entende por que você não quer ir naquele restaurante e vai ficar brigando e insistindo sempre pelas coisas mais caras.

Como sobreviver: Combine muito bem antes da viagem e explique seu orçamento. Se você já sabe que a pessoa é do tipo que não entende a situação financeira alheia, não viaje com ela. Se só descobrir isso durante a viagem, sinto muito, mas não tem outro jeito de resolver isso que não seja conversar bem francamente.

6. O mandão ou a mandona

Aqui vou fazer um mea culpa, porque eu já fui essa figura várias vezes e faz parte do meu crescimento pessoal me esforçar para não ser assim. Especialmente em viagens acompanhada. O mandão ou a mandona é aquele que quer controlar toda a viagem, decidir o que vai ser feito, os horários, os trajetos. O mandão e a mandona se incomodam quando as pessoas fazem algo “errado” e ficam mal-humorados por conta disso.

Como sobreviver: Bom, talvez seria melhor o Rafa ou a Naty responderem essa questão, já que eles estão aí sobrevivendo com minha companhia 🙂 . Mas enfim, um bom jeito de lidar com mandões é fazer planos você mesmo e avisar para o tipo que ele está de folga das responsabilidades de querer dominar o mundo naquele dia.

7. O cabeça-dura

O cabeça-dura nunca admite estar errado. O cabeça-dura jamais aceita que as coisas dão errado com ele. O cabeça-dura não aceita negociar para fazer uma coisa que ele não esteja tão a fim. O cabeça-dura tende a culpar todo mundo por tudo, ao invés de tentar lidar com a situação.

Todo mundo conhece alguém assim. As pessoas em geral tentam evitar viajar com esse tipo de pessoa. Porém, às vezes o maior dos cabeças-duras só se revela durante a viagem, quando já é tarde para pegar o avião de volta e se livrar dessa figura.

Como sobreviver: Se você tentar conversar com o cabeça-dura, vai dar briga. Tenha certeza disso. São duas as opções: respirar fundo e ignorar a situação ou se preparar para o embate, que pode durar horas ou dias, porque, afinal, o cabeça-dura não curte perder discussões.

A lição disso tudo é que, no final das contas, é tudo um grande exercício de paciência. Se não tiver jeito e a pessoa for muito insuportável, tente conversar numa boa quando você estiver mais calmo. Afinal, amiguinhos, a experiência me diz que brigar no momento pior da crise só vai fazer as coisas piorarem.

Agora, aproveitem para contar nos comentários quais foram as histórias dos piores companheiros(as) de viagem que vocês já tiveram!

*Crédito Imagem Destacada: Divulgação HBO

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Luiza Antunes

Luiza Antunes é jornalista e escritora de viagens. É autora de mais de 800 artigos e reportagens sobre Viagem e Turismo. Estudou sobre Turismo Sustentável num Mestrado em Inovação Social em Portugal Atualmente mora na Inglaterra, quando não está viajando. Já teve casa nos Estados Unidos, Índia, Portugal e Alemanha, e já visitou mais de 50 países pelo mundo afora. Siga minhas viagens em @afluiza no Instagram.

Ver Comentários

  • hahahaha esse Leonardo se encaixaria em qual tipo? O que nem conheceu a atração mas já diz que nao presta? (não pude perder a piada)

    Leonardo, Luiza fala no texto o defeito dela. O seu pelo visto é a preguiça de ler e a falta de educação.

  • Por essas e por outras que sou muito fã das viagens solo... É como prefiro viajar, só. De vez em quando abro exceções e vou com amigos, namorado, irmã ou sobrinhos. Faço minha lista de prioridades das visitas que eu quero fazer e peço ao outro fazer o mesmo. Já digo logo, as atrações coincidentes podemos fazer juntos e as outras cada um faz no seu tempo livre. Já passei um ano novo no Rio de Janeiro com uma amiga que tinha várias características dessas aí ao mesmo tempo! Era folgada, negativa, dependente, medrosa... Um dia peguei ela olhando no computador a possibilidade de conseguir voo para voltar antes da data combinada. Torci horrores pra ela consegui... Mas, fim de ano,sabe como é... Voos lotados. Tive de aturá-la até o fim. Ela continua minha amiga, mas viagens juntas, nunca mais!

  • E a figura que não se desliga da trabalho/família/amigos/etc que deixou em solo brasileiro e não sai do celular?! Na prática, viajei sozinha!

  • Viajar sozinho é demais... tu te orbigar a conhecer e se envolver com mais pessoas e não fica tão fechado no teu ciclo.

    Mas acho que a melhor dica se tu for viajar acompanhado é deixar claro desde o início que ninguem alí é gemeo siames ou casados. Que se os dois quiserem seguir caminhos diferentes, é só seguir e não tem menor problema nisso, sem levar pro lado pessoal nem nada. Acho que se consegue deixar isso claro, a viagem fica muito mais leve e legal

  • Isso é tão verdade que penso muito (mas muito mesmo) antes de decidir viajar com alguém. Até hj minhas melhores companhias foram minha mãe e pasmem,meu ex-marido. Tanto que mesmo depois de separados fizemos uma viagem juntos para a Disney e foi muito legal! Como marido e mulher não demos certo, mas como "travelmates" dá certo demais! :)

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Luiza Antunes

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