Como não alagar seu banheiro no exterior

No último dia 15 de março, o Brasil se dividia em discussões políticas de vários tipos. Enquanto isso, eu, do outro lado do Oceano Atlântico, vivia uma questão de vida ou morte: meu banheiro tinha virado uma piscina.

Tudo começou mais cedo nesse mesmo dia, quando eu resolvi aproveitar meu primeiro domingo no apartamento novo para fazer uma faxina. Munida de um balde, bucha e produtos de limpeza, parti para a missão de limpar o banheiro tão bem quanto a amiga que divide a casa comigo, a Vale, tinha feito na semana anterior.

Depois de passar os produtos e o sabão para todo lado, parti para a fase dois da missão: jogar água. Esse é o método não muito ecológico para finalizar a limpeza dos banheiros que eu aprendi na vida: você passar sabão, depois joga água, escorre a água e Voilá, banheiro limpo!

Como é meu banheiro

Depois de terminar a chuva artificial na minha casa de banho portuguesa, comecei a reparar que a água não estava indo para lugar nenhum. Estava lá, ensopada no mesmo lugar. “Será que esse ralo está entupido?” Pensei, já meio desesperada. Fui tentar mexer com ele, só para descobrir que aquele círculo prateado bem no meio do meu banheiro não era ralo coisa nenhuma. Provavelmente um objeto de decoração bem do esquisito, já que ele não se movia, mas também não tinha nenhum orifício que permitisse a água passar.

Essa bola prateada não é um ralo…

Nesse momento, comecei a procurar outro ralo no banheiro, mas, Spoiler Alert: não tinha nenhum. Quer dizer, até tem o ralo do chuveiro e da pia, mas nada de ralo no chão, a la banheiros brasileiros. Nessa hora, fiz o que qualquer pessoa sensata faria: corri para o Facebook e pedi socorro publicamente…

Felizmente, as pessoas não riram de mim (ou não só riram de mim), mas vieram me dar palavras de apoio. Pelo visto, não só eu, mas todo mundo que é imigrante ou expatriado já passou por situação semelhante: banheiro no exterior, ou pelo menos, banheiro na Europa, não tem ralo:

“Quem nunca? Só quem não morou fora, rs. O próximo passo é vc insistir em lavar o banheiro a la Brasil e arrancar os azulejos por excesso de água,rs.” (disse a Liliana Stahr, do Catálogos de Viagens, criando um novo pânico na minha vida: os azulejos em queda!)

“O segredo de lavar banheiro em Portugal: um esfregão e um balde para escorrer.” (disse o Diogo, colega que já fez mestrado aqui na terrinha)

Mas gente, vocês não estão respondendo minha dúvida: como escoar a água????

Não escoa. Você usa todos os panos possíveis para secar. Mas como ninguém usa pano para isso aqui e pano de chão não existe, você usa mop ou umas roupas que já deviam ter ido para o lixo mas vc insiste em manter,rs.” – Voltou a responder a Liliana. O Diogo completou: “A água não escoa, tem que ter panos pra secar. Se não tiver pano de chão suficiente, escolha aquela toalha mais velhinha para sacrificar. Passei por essa uma vez.” (Pelo visto todo mundo acha que eu tenho roupa ou toalha velha sobrando).

Depois disso ainda vieram as sugestões para improvisar no ralo:

Já passei por isso. O jeito foi usar mil panos de chão pra ‘transportar ‘ a água do chão pra banheira. E torcer cada pano mil vezes, e começar tudo de novo rsrs … Haja braço” (sugestão da minha antiga chefe dos tempos de TV UFMG, Mônica Catta Preta).

“Usa a pá de lixo pra coletar a água para um balde e do balde pro box ou banheira.” (ideia da Cândida Silva, leitora fiel aqui do blog.)

Eu já ia iniciar a tentativa de desafogamento do banheiro, combinando todas as técnicas sugeridas acima, quando a Vale finalmente saiu do Skype e veio em meu socorro. Não teve muito jeito não: o esfregão teve que ser usado para ir secando a água aos poucos, sendo torcido de tempos em tempos no balde.

Quem salvou o dia? O esfregão!

Na próxima aula do mestrado, minha amigas portuguesas não perdoaram meu pedido de socorro público e deram início à zuera. Uma outra amiga brasileira me lembrou que ela já havia passado pela mesma situação e me contado, mas eu apaguei a informação da minha memória.

Essa semana, antes do dia da faxina, eu fui ao supermercado e comprei uma seleção variada de produtos de limpeza que prometem deixar meu banheiro brilhante e cheiroso. Fiquei uns 15 euros mais pobre, mas pelo menos me livrei da piscina indoor.

Vocês aí já moraram fora e viveram alguma situação semelhante? Ou já repararam outras coisas muito diferentes em casas no exterior?

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Luiza Antunes

Luiza Antunes é jornalista e escritora de viagens. É autora de mais de 800 artigos e reportagens sobre Viagem e Turismo. Estudou sobre Turismo Sustentável num Mestrado em Inovação Social em Portugal Atualmente mora na Inglaterra, quando não está viajando. Já teve casa nos Estados Unidos, Índia, Portugal e Alemanha, e já visitou mais de 50 países pelo mundo afora. Siga minhas viagens em @afluiza no Instagram.

Ver Comentários

  • Hahaha. E se eu te disser que o meu apê no Rio Grande do Sul também não tem ralo? Eu sou de Goiás, onde todo banheiro tem ralo, e também alaguei meu banheiro gaúcho.

  • ....Hahahaha, Luiza é isso mesmo na europa não tem ralo em banheiro como no Brasil. Eu morei muitos anos na europa, e construir uma casa aqui, não coloquei ralo no banheiro pq achei que não deveria, pq não recordava desse pequeno detalhe. Depois qdo ia fazer a faxina é que vi qto faz falta...

  • Hahaha!Recentemente,passei por situação mais ou menos parecida na Polônia mas,poderia acontecer em Berlin e Praga ou no resto da "moderna" Europa.Falo do ralo niquelado do box.Tomando banho (ducha móvel ou na posição fixa)sem querer e perceber,pisei neste "bendito ralo"que na verdade é válvula.Parei de me banhar quando água ia transbordar.Não é obvio mas,'obvio'que não consegui abrir o dito cujo.Fui registrar a "avaria" coincidentemente com próprio dono (Sr Piotr = Pedro) do Hostel,que,gentilmente
    com um leve toque em cima da válvula,que tem mola,abriu o tal de ralo.Se Ibrahim Sued vivo estivesse,diria: Sorry periferia.Comi da vergonha.A todos aqueles que visitarem a linda e verde e rica cidade Poznan,indico OPERA HOSTEL!Lugar limpíssimo,barato,no centro da cidade,ao lado da Opera e Parque com chafariz,Castelo,Filharmônica e mais ainda:fica numa rua quase sem movimento.Verdade!Agora, eu sou Polonês e vivo no Brasil há mais de 44 anos.
    Poznan,fica 230 km de Berlin.Duas horas de confortável trem Inter City.Eu aproveitei.Vi o que queria e "meus olhos"foram atendidos,por poucos Euros.Abraço cordial para Luiza e seus leitores de 360 meridianos.Saudações,Miecislau.

  • Você não vai acreditar... eu vim parar aqui procurando um jeito de escoar agua de um banheiro sem ralo.. no Brasil!!!

    é o terceiro apartamento que eu moro que nao tem ralo do lado de fora do box. No primeiro ainda dava pra jogar a agua pro box por uma frestinha que ficou na pedra que divide. No segundo, nao dava porque a paredinha era feita de concreto. Mas demos um jeito de furar o concreto e abrir uma passagem pra agua.

    Mas nesse que estou morando agora, o box é muito pequeno e a divisão é feita com uma pedra de ardósia que fecha o box completamente. ou seja... tenho que me virar. E não me conformo ainda em limpar o banheiro sem jogar agua =/

    • Wue horror Rozana.

      O jeito é se juntar a nós e caprichar no Veja (eles não me pagaram pela propaganda, qq marca similar serva hahaha)

  • ????me diverti com os comentários. Cheguei da Itália e notei a falta dos ralos e imaginando como seria a limpeza e mais, não tem lixeira nos banheiros. Pois então, economia por um lado e por outro como fica a questão ecológica?

    • Oi Leia,

      Essa questão da lixeira é engraçada, porque acho que só no Brasil mesmo (ou em prédios muito antigos) que a gte não dá descarga no papel. O pessoal acha bem nojento essa coisa de papel sujo se acumulando nos banheiros. E convenhamos, papel se dissolve.

      A questão ecológica fica assim, no meio. Por um lado, usamos bem menos água para limpar, por outro, bem mais produtos químicos.

  • Olá, Luíza! muito engraçada a sua postagem, eu sou brasileira e moro no Brasil, nunca fiz intercâmbio fora. Cresci em uma cidade do sertão do nordeste e na época da minha infância o problema no fornecimento de água era gritante o que nos fazia economizar e adaptar.

    E nesse período, pelo menos na minha casa e na casa dos meus colegas que eu frequentava, não se lavava jogando água aos litros do jeito que a maioria de nós faz hoje.Era com pano molhado e paninho úmido com alvejante para limpar o vaso e pia, não tínhamos cerâmica nos banheiro - isso era pra casa mais chique :p

    Se um dia fizer intercâmbio acho que não enfrentarei dificuldades nesse quesito.

    Um abraço.

    • Oi Wilka,

      Na verdade, todo mundo devia fazer assim, de maneira mais econômica. Vocês é que estavam certos hhehe

  • Hahahaha Bem que notei que lá fora não existia em lugar nenhum o rodo e nem pano de chão para limpeza. Ficava imaginando como conseguiam limpar direito sem usar um rodo e pano... Parece que vai ficar tudo encardido...

  • Em Londres, trabalhei com faxinas e não se limpa a casa à moda brsileira.
    Inclusive alguns banheiros tem carpete, já imaginou isso? A limpeza é "seca" como eles chamam.

  • Oi Luiza, nunca morei fora do Brasil e nunca vivi nenhuma experiência parecida com a sua. Mas, obrigada pelo relato, pois ri muito agora...
    ps. Por outro lado ouvia sempre na faculdade, meu professor, que fez doutorado em Portugal, contar suas 'aventuras', e, claro, a turma ria muito...
    abraço.

  • Quando fui morar por uns meses na Itália passei antes em Portugal para visitar uma amiga brasileira que me avisou logo. Então quando fui limpar o banheiro foi a primeira coisa que olhei. Voltei tem 4 anos e até hoje limpo o banheiro do modo europeu. Achei a economia de água muito bacana e é só limpar bem.

    • Ei Andressa,

      Certamente é mais fácil limpar do jeito deles, e gasta bem menos água. Mas também gasta muito mais com produtos químicos e plástico né? haha, a eterna dúvida do que é melhor para o meio ambiente!

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Luiza Antunes

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