O enigma do Egito: por que passou da hora de realizar esse sonho

De longe, parecia um enorme prédio de Lego. Um prédio de Lego com quatro mil anos de história. É que para construir a pirâmide, explicou o nosso guia, foram usados mais de dois milhões de blocos. E cada uma dessas pecinhas pesa cerca de duas toneladas. Só percebemos a dimensão da Grande Pirâmide de Gizé ao nos aproximarmos da construção, a única maravilha do mundo antigo – e a mais velha delas – que continua de pé.

Para muita gente, conhecer o Egito é um sonho. Pelo menos para mim era, desde os tempos de adolescente nerd apaixonada por história. Mas, seja por falta de planejamento ou pelo contexto sociopolítico, eu nunca tinha ido ao país. E nem pensado seriamente nisso.

Dica importante: Não deixe de contratar um bom seguro de viagem para o Egito. Saiba como escolher um seguro bom para países da África e garanta um cupom de desconto

Pirâmides de Gizé

O Egito me surpreendeu de várias formas. Não só pelo tamanho massivo das pirâmides, mas o fascínio desse povo antigo com a morte, num tempo em que faraós morriam com a idade que tenho hoje. Me encantei com a riqueza dos templos, me emocionei com detalhes como a orelha esculpida da Esfinge. Me impressionei com a quantidade enorme de artefatos, múmias, tumbas e as histórias que guardam os seus museus e os cuidados para manter tudo preservado, uma experiência de bastidores que quase me fez chorar.

Máscara funerária do faraó Psusennes I, no Museu do Cairo

Enquanto o barco navegava pelo Rio Nilo, em Aswan, no início do entardecer, tentei, em vão, esticar a mão para tocar a água. Precisava acreditar que aquilo era de verdade. Estava em transe com a paisagem, com o barqueiro que parecia ter saído de uma descrição de um bom livro, com as dunas douradas de areia do deserto, as pedras com formatos variados, as pequenas vilas de casas coloridas.

Vista do passeio de barco pelo rio Nilo em Aswan

No Cairo e em Alexandria, entendi que o Egito é um país em eterna construção. Tem orgulho de seu passado glorioso, tem uma capital enorme e até reconstruíram a biblioteca mais legendária do mundo. Ao mesmo tempo, nas ruas, o contraste das desigualdades chama a atenção. Há jardins lindos e ruas sem asfalto. Há homens de túnica, mulheres de véu, jovens de jeans e bolsas de marca. Há arranha-céus e hotéis cinco estrelas; há prédios inacabados e sem reboco, conjunto que dá às cidades uma cor que mistura o tom de areia e tijolos.

Panorama de Cairo

É seguro? Me perguntaram. Raio X, armas e cães farejadores todo o tempo tentam garantir isso. Não há, porém, medo nas ruas. As pessoas seguem suas vidas. Na praça Tahrir, onde a revolução de 2011 aconteceu, garotos jogavam futebol, jovens casais passeavam apaixonados e velhos conversavam sobre a vida. Essa foi uma das poucas vezes que eu pude perambular sem uma grande equipe me acompanhando. Ninguém olhou duas vezes para a brasileira e sua amiga.

Templo de Philae em Aswan

As pessoas seguem com seus camelos. E os vendedores de especiarias, tecelagem ou bugigangas em geral seguem insistentes. “La, shukraan” (não, obrigado) é uma boa expressão para treinar, tal como a capacidade de negociação.

Em todos momentos em que estive no Egito desejei voltar. Como se meu cérebro não mais aceitasse a ideia de não ver pirâmides e tentar decifrar hieróglifos. Ver o sol nascer e se pôr no Nilo. Explorar os outros tantos cantos desse país tão mágico. O tempo todo eu me perguntava, “Por que, oh, por que, não vim aqui antes?”. Com esse enigma, certamente a esfinge me devoraria. Mas eu volto, isso eu garanto. 

*A viagem pelo Egito foi uma presstrip feita a convite da American Chamber of Commerce in Egypt. Isso significa que foram eles que montaram o roteiro e bancaram toda a viagem. As impressões sobre o destino, temas de post e opiniões, porém, são apenas minhas.

Inscreva-se na nossa newsletter

Avalie este post
Luiza Antunes

Luiza Antunes é jornalista e escritora de viagens. É autora de mais de 800 artigos e reportagens sobre Viagem e Turismo. Estudou sobre Turismo Sustentável num Mestrado em Inovação Social em Portugal Atualmente mora na Inglaterra, quando não está viajando. Já teve casa nos Estados Unidos, Índia, Portugal e Alemanha, e já visitou mais de 50 países pelo mundo afora. Siga minhas viagens em @afluiza no Instagram.

Ver Comentários

Compartilhar
Publicado por
Luiza Antunes

Posts Recentes

O que eu vi do alto do campo base do Everest

*Por Silvia Paladino No dia 12 de outubro de 2023, eu cheguei ao acampamento base…

5 meses atrás

Como é a relação dos iranianos com o álcool

– Aí estão vocês, eu estava esperando! Venham!, disse, apontando para um beco que parecia…

5 meses atrás

Lençóis Maranhenses e o artesanato com fibra de Buriti

Chegar no povoado Marcelino é uma atração à parte na visita aos Lençóis Maranheses. Depois…

3 anos atrás

Como são os Cursos Domestika? Descubra como funciona a plataforma

A Domestika é uma comunidade criativa e que oferece diferentes categorias de workshops: do desenho…

3 anos atrás

Niède Guidon, a arqueóloga que mudou a Serra da Capivara

“Na Pedra Furada, abaixo de um local onde havia pinturas, escavamos tentando encontrar marcas do…

3 anos atrás

Comida saudável pra todos: comer bem e descolonizar o paladar

“Muita gente acha que comer saudável é cortar açúcar, por exemplo, entrar num mundo de…

3 anos atrás