Beco Haus Schwarztenberg, em Berlim

Natália Becattini, jornalista premiada, especialista em viagem, co-autora do 360meridianos
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Último refúgio na área altamente gentrificada do Hackescher Markt, a passagem Haus Schwarzenberg é um beco dedicado à arte urbana e à cultura alternativa, gerenciado por uma organização sem fins lucrativos. Despretensioso, embora um pouco hipster, é preciso dizer, o lugar exala criatividade e é um espaço onde artistas podem exibir seu trabalho longe das galerias tradicionais e comerciais.

O local é formado por um pátio que leva a galerias, estúdios, bar e um pequeno cinema que oferece sessões ao ar livre durante o verão, além do Museu de Anne Frank e outro de Otto Widt, empresário que ajudou a salvar judeus cegos e surdos que trabalhavam em sua fábrica de vassouras durante o nazismo, numa história bem parecida com a de Schindler.

haus schwarzenberg berlim

Em 1995, o espaço foi cedido a um grupo de artistas conhecido como “Dead Chickens”. Desde então, artistas locais e de diversas partes do mundo podem expor ali seus trabalhos. Alguns grafites são permanentes, outros ficam por um tempo até que sejam substituídos por novas obras.

haus schwarzenberg berlim

Grafiti de Anne Frank

O lugar conta ainda com um museu de adesivos no qual qualquer pessoa pode chegar e pregar o seu. Os adesivos são uma verdadeira mania em Berlim e podem ser encontrados em diversas paredes na cidade. É uma forma de arte de rua e expressão urbana que não pode ser multada, ao contrário do grafite. Por isso, a existência de um museu assim em um lugar como esse tem todo o sentido do mundo.

haus schwarzenberg berlim

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Outros pátios formam a região de Hackesche Höfe. Sua elegância, no entanto, em nada lembra a atmosfera provocadora e alternativa do Haus Schwarzenberg. O complexo foi construído em 1904, como um conjunto de edifícios que se comunicavam entre si através de oito passagens interiores. O projeto foi do arquiteto alemão Kurt Berndt e ali não havia apenas apartamentos residenciais, mas também lojas e oficinas.

haus schwarzenberg berlim

Depois da queda do Muro e da crescente valorização da área, no entanto, o lugar se converteu em um centro de interesse turístico, o que atraiu outro tipo de negócios para a região. Hoje é possível encontrar diversos cafés e restaurantes, além de lojas de roupa e de artigos de decoração e design, Starbucks e outras redes. Por isso, o Haus Schwarzenberg é também visto como um lugar de resistência contra a “plastificação” da cidade, que perde em autenticidade quando lugares padronizados tomam conta de espaços onde antes florescia a criatividade.

Grafiti em Berlim

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Natália Becattini, jornalista premiada, especialista em viagem, co-autora do 360meridianos
Natália Becattini

Sou jornalista, escritora e nômade há mais de 14 anos. Desde 2010, produzo conteúdo sobre turismo cultural e experiências locais ao redor do mundo, com foco em narrativas autorais, sustentabilidade, imersão e o lado B dos destinos visitados. Fundadora do blog de viagens 360meridianos, também compartilho histórias na newsletter Migraciones , no Youtube e no Instagram. Desde 2024, sou Top Voice no Linkedin por meus insights sobre jornalismo, viagens, nomadismo e produção de conteúdo. Meu trabalho já foi destaque em veículos como Viaje na Viagem, TV Brasil, Exame, Correio Brasiliense, O Tempo, JC Online e Rock Content.

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4 comments

Como chego nesse beco? Tem algum macete ou estação próxima! Aliás, adoro seus textos <3 Estou indo pra Berlin agora em Agosto 2017 e já estou levando eles comigo para leitura

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Olá, Tudo Bem ? Estou amando visitar e ler os artigos deste site, sempre tem artigos com muitas informações interessantes, e ótimas dicas, realmente um dos melhores site que existe. Muito Bom !!

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