Com quatro camadas de roupas e debaixo de neve, entrei num bar com cara de Velho Oeste. As portas, típicas de um legítimo saloon, deslizaram para frente com facilidade. Tirei o casaco e, sem pensar duas vezes, pedi uma cerveja. Eu estava em Jackson Hole, cidade de 10 mil habitantes que fica no Wyoming, nos Estados Unidos. A principal atração do lugar, como já contamos aqui no 360, é a estação de esqui que atrai gente de várias partes do mundo. Mas Jackson Hole tem mais. Começando pelo clima de faroeste.
Eu cheguei num voo da American Airlines – fui a partir de Dallas, cidade do Texas que funciona como hub da empresa e de onde partem voos diários para o Brasil. Eu já sabia que essa seria uma viagem especial, mas foi difícil não me impressionar com o que vi pela janela do avião.
Veja também: Como é voar na American Airlines para os Estados Unidos
Desembarcamos, pegamos nossa bagagem e 20 minutos depois estávamos no centro da cidade. Fiz o check-in, deixei as malas no quarto e imediatamente fui dar uma volta pela vila. Praticamente de frente para o Hotel Jackson, onde me hospedei, estava mais uma referência ao tempo das diligências: um museu inteiro para contar um pouco da história da região. O Jackson Hole Museum fala da vida nessa parte do país, dos povos nativos americanos, da marcha para o oeste e dos animais que habitam essa área dos Estados Unidos.
A cidade também está repleta de bons restaurantes e lojas de artesanato, além de praças simpáticas – e, no inverno, cobertas de neve. É possível percorrer tudo a pé. Mas já que as montanhas são as principais atrações de Jackson, comecemos falando da principal estação de esqui da região.
Jackson Hole Mountain Resort
Sim, esquiar foi o ponto alto dessa viagem. Eleito cinco vezes seguidas o melhor resort de esqui do país, pela revista Forbes, o Jackson Hole Mountain Resort fica na Teton Village, a 20 quilômetros do centro da cidade e a apenas 35 km do aeroporto. Pode receber até 17,833 esquiadores na montanha por hora. Por falar nela, essa cadeia faz parte das Montanhas Rochosas, cordilheira de quase 5 mil quilômetros de extensão e que vai do Velho Oeste americano até o Canadá.
São 133 pistas de esqui. 50% para o nível avançado, 40% para esquiadores de nível intermediário e 10% para iniciantes. Eu, que tive minhas primeiras aulas de esqui lá, aproveitei algumas das pistas para inciantes durante dois dias. O snowboarding também é permitido em toda montanha – ficou para a próxima.
Além disso, no resort há vários bares, restaurantes, mirantes, locais para tomar um bom chocolate quente e até algumas opções para a vida noturna, já que muita gente acaba se hospedando na própria montanha. O Four Seasons é uma das opções.
Veja também: Como é aprender a esquiar nos Estados Unidos
O que fazer em Jackson Hole além do esqui
Onde comer: restaurantes e cervejaria
Foram apenas cinco dias na região. E confesso que me impressionei com as opções de alimentação que encontrei por lá, ainda mais levando em consideração que se trata de uma cidade com apenas 10 mil habitantes. Mas o turismo levou chefs e restaurantes de vários estilos e gostos para Jackson Hole.
Minha primeira refeição foi no Lotus, que mistura elementos das culinárias indiana, tailandesa, vietnamita e asiática em geral, Pedi um frango com massala, à moda indiana, e acho que acertei no pedido. A refeição era bem servida. Para acompanhar pedi uma IPA da Snake River, cervejaria artesanal que garante ser a mais antiga do Wyoming. Fica na 140 N. Cache Street, no centro de Jackson. O restaurante funciona para café da manhã, almoço e jantar. Detalhes no site oficial.
Outra opção é o the Kitchen. Eles servem pratos diversos, com mistura de elementos de culinárias de várias partes do mundo e com destaque para os frutos do mar. Pedimos porções para dividir, mas eles servem também refeições completas. O endereço é 155 N Glenwood Street. Menu e mais informações no site oficial.
Também visitei o Snake River Brewpub, bar da cervejaria artesanal mais conhecida do estado. O interessante é que a cerveja é feita ali, no meio do pub e enquanto os clientes se espalham pelas mesas. Funcionam para almoço e, claro, à noite. Fica na 265 S Millward Street. Site oficial.
Ainda sobre a vida noturna, também estive no Silver Dollar Bar, que fica dentro do Wort Hotel. Cerveja, drinks, decoração estilo cowboy e música típica são as atrações por ali. O endereço é 50 Glenwood St. Site oficial.
Subindo a montanha e já na Teton Village, entre uma esquiada e outra, almoçamos no Piste Mountain Bistro, que fica dentro do Jackson Hole Resort e funciona como uma das opções mais fáceis para os esquiadores de plantão. O acesso é pela gôndola e a vista é um dos atrativos desse restaurante, que foi inaugurado recentemente. Detalhes aqui. Outra opção na montanha é o italiano Il Villagio Osteria, que também funciona para café da manhã, almoço e jantar. Mais informações e menu no site oficial.
Outras duas alternativas para quem não quer sair do resort são o The Handle Bar, que fica de frente para a pista de esqui e serve, entre outras coisas, ótimos hambúrgueres (site), e o Mangy Moose, outro pub no estilo saloon e que costuma ter música ao vivo – fica na entrada do resort. Site oficial.
The Handle Bar
Yellowstone
Se esquiar é a primeira atração para quase todo mundo que passa por Jackson Hole no inverno, a segunda atende pelo nome de Yellowstone. Criado em 1872, o mais antigo parque nacional do mundo é refúgio dos mais variados animais: alces, ursos, raposas e lobos são alguns dos habitantes mais famosos do parque, que fica na área de um supervulcão que entrou em erupção pela última vez há 640 mil anos.
É esse terreno que cria o principal cartão-postal do Yellowstone, com suas lagoas com coloração inacreditável e geysers de todos os tipos. Além disso, cachoeiras, canyons, montanhas e florestas completam a lista de atrações do parque, que é o maior em área contínua dos Estados Unidos – a maior parte do parque está no Wyoming.
Yellowstone (Foto: Shutterstock)
No inverno, o tour mais interessante parte de Jackson. Fomos com a Scenic Safaris, que tem um passeio de um dia inteiro para explorar as cores do Yellowstone e que inclui uma aventura de quase 180 quilômetros de snowmobile pelo interior do parque – são aquelas motos para neve, muito parecidas com um jet ski.
Acordamos cedo para o tour – uma van da Scenic Safaris nos pegou no hotel. Levamos roupa de frio (várias camadas), protetor de pescoço, balaclava, aquecedores de dedos e, claro, a câmera. Para dirigir o snowmobile é preciso ser maior de idade e ter carteira de motorista. A do Brasil vale.
Demoramos 1h30 no percurso entre Jackson Hole e a entrada do Yellowstone. Tomamos café na base da empresa (está incluído, assim como o almoço) e pegamos roupas impermeáveis, também já inclusas no valor, e que serviriam como última camada de proteção (jaquetas, calças e botas). A má notícia chegou quando acabávamos de nos vestir e nos preparávamos para pegar os snowmobiles: o parque tinha sido fechado por conta de uma nevasca, algo que tinha acontecido outra vez no inverno de 2017, que foi bem rigoroso, mas que antes disso só tinha ocorrido há seis anos.
O passeio foi abortado, mas deixo a recomendação mesmo assim. Custa entre 275 e 395 dólares pra quem for dirigir e 175 e 250 para quem for de passageiro, dependendo da época do ano e da idade da pessoa. Detalhes no site da Scenic Safaris.
Parque Nacional Grand Teton
Se Jackson é a cidade, Jackson Hole engloba todo o vale que se forma nessa parte das Montanhas Rochosas. E esse vale também é uma área protegida, o Parque Nacional Grand Teton, que fica a apenas 16 quilômetros do Yellowstone. O nome vem da maior montanha da região, que atinge 4200 metros.
Picos nevados, rios e lagos formam a paisagem, que pode ser conhecida por meio de caminhadas. Há áreas de acampamento na região, que é bastante procurada no verão e na primavera, mas também é possível conhecê-la no inverno. Mais informações no site oficial.
Foto: Shutterstock
National Elk Refuge
Nós tínhamos acabado de sair do aeroporto. Ainda impressionados pelo cenário que víamos ao redor, tomado pelo branco da neve onipresente, nos surpreendemos novamente quando o motorista apontou pequenos pontos pretos espalhados pelo horizonte. Eram alces. Milhares deles.
Criado em 1912, o National Elk Refuge visa proteger esse animais, que há milhares de anos passam pela área onde hoje está Jackson. O crescimento urbano, a presença de caçadores e outras ameaças diminuíram a quantidade de alces – no final do século 19 eram 50 mil, 10 anos depois a estimativa é que apenas 10 mil alces passavam por Jackson Hole durante suas migrações.
É possível fazer safáris para observar os alces, que todo inverno migram para essa área. Informações aqui.
E no verão?
Sai a neve, os alces seguem seu caminho, mas as paisagens continuam lindas. No verão a região de Jackson Hole vira ponto de peregrinação para quem deseja fazer caminhadas pelos parques nacionais, conhecer a vida animal ou mesmo praticar esportes diferentes, como o rafiting. É outra estação e uma viagem completamente diferente.
Atenção: Não é uma boa ideia viajar para os Estados Unidos sem um seguro de saúde internacional, já que os custos hospitalares lá são altíssimos. Leia aqui como achar um seguro com bom custo/benefício.
*A viagem do 360meridianos para Jackson Hole foi patrocinada pela American Airlines.
Inscreva-se na nossa newsletter
Oi Rafael, gostaria de saber o preço para entrar no resort da pista de esqui, com as roupas e tudo mais. 🙂
Oi, Vitoria. A entrada é de graça, o cobrado é o lift, o elevador pro topo da montanha. E sem ele você não consegue fazer muita coisa. Aqui você consegue verificar o preço para a data que você vai: https://www.jacksonhole.com/lift-tickets.html
Sobre o aluguel dos equipamentos, veja aqui: https://www.jacksonhole.com/jh-sports.html
Abraço.