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Como lidar com o mal de altitude

A situação mais comum para brasileiros é em Cuzco, no Peru, mas poderia ser em qualquer cidade turística com mais de 2500 metros. Você planeja a viagem já com medo do famoso mal de altitude. Ao descer do avião, comemora ao perceber que, uê, estou normal! Algum tempo depois, começa a se sentir cansado. Pode ter dor de cabeça, seja fraca ou fortíssima. Tontura, insônia, sangramento nasal, falta de apetite e vômitos também são relatados frequentemente, embora a intensidade dos sintomas varie de pessoa para pessoa.

Você acaba de conhecer o mal de altitude. E não pense que ele só vai afetar os mais sedentários, caso contrário jogadores de futebol não teriam tanta dificuldade de jogar em cidades da Cordilheira dos Andes, por exemplo. A questão é que o ar mais rarefeito força seu corpo a trabalhar mais. Você vai respirar mais, gastar mais energia para fazer tarefas simples e se desidrata mais. Qual a saída?

Vista da Praça das Armas, em Cuzco, Peru

Cuzco, Peru

Viaje devagar

Isso é um mantra do 360meridianos, em qualquer situação: evite fazer um roteiro muito corrido. Não transforme sua viagem numa maratona. Se o conselho já vale para viagens para praia, é um erro gigante ignorá-lo para viagens onde o mal de altitude pode ocorrer.

Imagine que você passe meses programando sua viagem para Macu Picchu. Como você tem pouco tempo, resolve encaixar Cuzco e Machu Picchu num período curto, apenas três dias: dois para Cuzco e um para a cidade perdida dos incas. Mas você não contava com o mal de altitude, que te derruba na cama por dois dias. E aí? Como fica?

Por isso, ao viajar para cidades com altitudes mais elevadas, lembre-se de incluir no roteiro tempo para adaptação. O ideal é que você não faça nada no primeiro dia. Só fique tranquilo, num restaurante, tomando chá de coca e vendo a vida passar. No dia seguinte, já mais adaptado, ensaie algumas caminhadas, conheça a cidade. E depois, já se sentindo melhor, faça as atividades que exijam mais esforço.

Moray Cuzco Vale Sagrado

No Vale Sagrado, Peru

Não abuse

Ok, vou passar o primeiro dia num restaurante. Então aproveito para me esbaldar em comida e bebida local, certo?

Nada disso. Opte por comidas leves. E, por mais tentadores que os bares da cidade sejam (caso de Cuzco), não beba na primeira noite. O mal de altitude costuma lembrar uma ressaca. Das fortes. Se você juntar isso com outra ressaca, a tradicional, bem, boa sorte com a dor de cabeça.

E mais: um dos maiores problemas é a desidratação. Portanto, beba muita água. Ainda mais quando você perceber que já está adaptado e resolver tomar umas cervejinhas e encarar caminhadas e outras atividades físicas.

Montanhas do Vale Sagrado de Cuzco

Suba lentamente

Eu quase não senti o mal de altitude durante minha viagem ao Peru. Não tive dor de cabeça. Não fiquei muito cansado. Não passei mal. Sabe por quê? Bem, eu era um viajante pobre. Com isso, não fui para Cuzco de avião, como a maioria dos turistas, mas de ônibus, numa viagem que durou 26 horas. Meu corpo foi se adaptando aos poucos, enquanto o busão cortava a Cordilheira dos Andes.

Não estou dizendo para você fazer o mesmo, afinal viajar de avião é muito melhor. Mas, se possível, faça um roteiro inteligente. Visite primeiro cidades mais baixas. Vá subindo aos poucos. Deixe Cuzco (e seus 3500 metros) como a parada final da Cordilheira. Você já estará adaptado quando chegar lá.

Cuesta del Obispo

Cuesta del Obispo, Argentina

O mal de altitude e o senso comum

A primeira vez que eu masquei folhas de coca foi na parte argentina da Cordilheira dos Andes, no ano passado. Enquanto nosso ônibus subia lentamente a montanha, a guia distribuiu as folhas. Não faz essa cara: folha de coca não é cocaína. É um produto usado há séculos pelos povos andinos. O senso comum não falha – isso ajuda o corpo a absorver oxigênio. Portanto, muito chá de coca e folhas de coca para você. É possível achá-las em qualquer vendinha de cidades andinas.

As chamadas pílulas de soroche, nome do mal de altitude na região andina, também costumam ajudar e podem ser encontradas em qualquer farmácia.

Tres cruces - Quebrada das Conchas Argentina

Argentina

Estou muito mal. O que faço?

Fique no hotel. Descanse e não faça nenhum esforço físico. Tome chá de coca, se hidrate bastante e aguarde. O mais provável é seu corpo se adaptar nas primeiras 24 horas. Se  isso não ocorrer, o jeito é descer a montanha. Também é uma boa ideia conversar com seu médico sobre esse assunto, antes de embarcar.

Machu-picchu

Machu Picchu, Peru

E quando a altitude for grande mesmo?

Pretende ir além dos 3500 metros de Cuzco? Se isso ocorrer, lembre-se dos alpinistas. Eles não sobem picos nevados assim, da noite pro dia. Mais do que ninguém, eles sabem a necessidade de aclimatação.

Portanto, se a cidade que você vai visitar fica aos três mil metros, mas o passeio mais legal é aquele trekking para um lago incrível que fica 5 mil metros acima do nível do mar, é fundamental dar tempo ao tempo. Espere dias até começar a aventura. Suba devagar, sem pressa. Lembre-se que na maioria das vezes o mal de altitude é algo simples, mas pode causar um edema (em casos mais extremos e raros, que fique claro). E isso pode ser fatal.

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Rafael Sette Câmara

Sou de Belo Horizonte e cursei Comunicação Social na UFMG. Jornalista, trabalhei em alguns dos principais veículos de comunicação do Brasil, como TV Globo e Editora Abril. Sou cofundador do site 360meridianos e aqui escrevo sobre viagem e turismo desde 2011. Pelo 360, organizei o projeto Origens BR, uma expedição por sítios arqueológicos brasileiros e que virou uma série de reportagens, vídeos no YouTube e também no Travel Box Brazil, canal de TV por assinatura. Dentro do projeto Grandes Viajantes, editei obras raras de literatura de viagem, incluindo livros de Machado de Assis, Mário de Andrade e Júlia Lopes de Almeida. Na literatura, você me encontra nas coletâneas "Micros, Uai" e "Micros-Beagá", da Editora Pangeia; "Crônicas da Quarentena", do Clube de Autores; e "Encontros", livro de crônicas do 360meridianos. Em 2023, publiquei meu primeiro romance, a obra "Dos que vão morrer, aos mortos", da Editora Urutau. Além do 360, também sou cofundador do Onde Comer e Beber, focado em gastronomia, e do Movimento BH a Pé, projeto cultural que organiza caminhadas literárias e lúdicas por Belo Horizonte.

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6 comentários sobre o texto “Como lidar com o mal de altitude

  1. Gloria Maria disse:eu estive em la paz desembarquei a noite e senti senti um cansaço e dor de cabeça, depois de tomar cha de coca me senti Melhor, no dia seguinte estava me sentindo muito bém! Comp foi a viagem do menus sonhos , acho que ajudou.

  2. Meu amigo enfartou o baço, foi internado no primeiro e a sorte foi o seguro-viagem, que cobriu a cirurgia. Foi um susto daqueles para a família!

  3. Realmente o mal da altitude não é algo que se deva desprezar, mas vejo muito turista com tanto medo de passar mal que acaba passando “mais mal” eu acho rsrs. Não dá prá dizer que todo mundo vai passar mal sim ou sim. Eu que não sou nenhuma atleta, estive em La Paz já beirando os 50 e chegando a El Alto tarde da noite, tendo iniciado a viagem em SP com uma dor de cabeça daquelas! Ainda assim, consegui baixar a La Paz e ainda dar um passeio na avenida principal. Depois de uma noite de sono, acordei melhor com uma dorzinha de cabeça básica e algum cansaço ao subir alguma ladeira. No 2o. dia estava curtindo a cidade sem praticamente nenhum sinal de estar lá nas alturas. Então meu conselho é precaver-se com a medicação, mas deixar a ansiedade de lado. Agora se você é fumante…..

    1. É isso aí, Márcia.

      O conselho mais importante é dar tempo ao tempo, esperar pela aclimatação.

      Mas não é preciso ter medo e por isso deixar de viajar.

      Abraço.

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