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Atlas: Jalapão, Brasil, Tocantins

Como é a viagem pelo Jalapão com a Korubo

Até tem quem encare uma aventura pelo Jalapão por conta própria, mas a verdade é que esse é um destino turístico que funciona melhor dentro dos pacotes vendidos por agências. É que o Jalapão, além de lindo, é ermo: essa região do Tocantins tem uma das menores densidades populacionais do Brasil. A maior cidade ao redor do Jalapão não alcança oito mil habitantes, não há internet ou sinal de celular, as estradas são de terra e carros atolados são comuns.

KoruboNortetur e Venturas são três empresas turísticas especializadas em levar viajantes para o Jalapão. Eu viajei com a primeira, em fevereiro deste ano, no maior roteiro disponível, o de sete dias. Cinco deles são no Parque Estadual do Jalapão e dois são dias livres em Palmas, capital do Tocantins. As refeições e a estadia no Jalapão estão inclusas no preço, assim como as duas diárias de hotel em Palmas. A parte aérea da viagem é por sua conta.

Viagem pelo Jalapçao

Nosso grupo e o caminhão da Korubo no Jalapão

Neste texto, contarei como foi minha viagem. A Korubo tem também dois roteiros menores, em que o grupo de turistas passa três ou quatro dias no Jalapão. Pode acreditar: a viagem é tão incrível que o mais indicado é pegar o roteiro maior de uma vez. E você vai para casa desejando voltar.

Veja também: Como planejar uma viagem para o Jalapão

Jalapão, Tocantins, o Brasil que você ainda precisa conhecer

Jalapão, Tocantins

Dunas e Serra do Espírito Santo

Primeiro dia: Chegada em Palmas

O pacote da Korubo inclui duas noites em Palmas, num hotel no centro da cidade, e quatro noites num acampamento montado de frente para um rio do Jalapão. Muitos viajantes aproveitam esse primeiro dia em Palmas para conhecer a capital do Tocantins. Para isso, basta chegar cedo na cidade. Guias e um ônibus da Korubo aguardam os turistas no aeroporto, passam as primeiras informações e levam o grupo ao hotel. A partir daí você fica por sua conta até o dia seguinte.

Eu cheguei em Palmas perto de meia-noite, então não pude conhecer a cidade. Cheguei num voo da TAM, junto com outros viajantes, e esperamos por cerca de 20 minutos até que um voo da AZUL descesse. Assim que o outro voo pousou, fomos para o hotel.

Fiz o check-in e fui correndo para o quarto. Cerca de 15 minutos depois tive uma surpresa, no que talvez tenha sido o único ponto negativo da viagem: é que viajantes individuais são avisados que dividirão dormitório com outra pessoa. Só que eu pensei que isso valeria apenas para o acampamento, já que a estrutura lá é limitada, e não estava esperando ter companhia também no hotel em Palmas. Conversando com outras pessoas do nosso grupo descobri que não fui o único que se surpreendeu – e teve gente que preferiu pagar um adicional para ficar sozinho no quarto do hotel.

Embora exista a opção para quem viaja sozinho pagar uma tarifa a mais e garantir uma barraca sem companhia, acho que pelo menos as duas noites em Palmas deveriam ser em quartos individuais, mesmo para quem optar por dividir uma barraca no acampamento.

Segundo dia: Ida para o Jalapão, Cânion Sussuapara e acampamento

No dia seguinte acordamos cedo, tomamos café da manhã e pegamos estrada. São 180 quilômetros até Ponte Alta do Tocantins, onde almoçamos. Comida simples, mas gostosa e caseira, num restaurante da cidade. Trocamos o ônibus por dois caminhões adaptados para as estradas de terra que teríamos dali para frente. E a primeira parada no Jalapão veio logo: o Cânion Sussuapara.

Viajar para o Jalapão

Cânion Sussuapara

Uma trilha pela mata leva até o Cânion, que tem paredões de 20 metros e esconde um pequeno riacho e uma cachoeira. A temperatura é mais amena e o banho é um cartão de visitas do que os próximos dias guardam para os visitantes.

Em seguida pegamos estrada novamente. Chegamos ao acampamento quase no fim da tarde, em condições de assistir o pôr do sol na praia do Rio Novo, onde a Korubo montou base. As barracas são grandes, quase casinhas. Cada uma delas têm duas camas de solteiro, que podem ser unidas para casais. Além disso, a barraca tem um banheiro, com vaso sanitário, pia, espelho e um armário. Atrás da barraca há um varal e na varanda ficam duas cadeiras.

Acampamento Korubo no Jalapão

Barraca do acampamento da Korubo. Foto: Divulgação

O banho é num banheiro coletivo, que tem água quente, e de noite pequenas luminárias de led ajudam a vencer a escuridão, mas uma lanterna, mesmo que do celular, é uma ajuda e tanto. A energia elétrica do acampamento é fornecida por um gerador, que é ligado algumas vezes ao dia. Na tenda onde são as refeições há tomadas em que é possível deixar as câmeras carregando. A estrutura é ótima e uma das melhores partes da viagem. É o tipo de acampamento que quase todo mundo gosta de fazer, já que não é muito roots.

Viagem pelo Jalapão

Barraca do acampamento da Korubo. Foto: Divulgação

A comida no acampamento é farta e boa, incluindo a sobremesa e os sucos. Bebidas alcoólicas são vendidas separadamente (leve dinheiro). No primeiro dia os visitantes são recebidos com um drink de boas-vindas. Não exagere, porque no dia seguinte é preciso remar.

Jalapão, Tocantins

Rio Novo, Jalapão

Terceiro dia: Canoagem no Rio Novo e Serra do Espírito Santo

O dia seguinte foi cheio de atividades. Tomamos café e fomos para a praia ao lado da tenda de refeições, onde ouvimos as explicações do guia sobre a primeira atividade da manhã, que era descer o rio novo de caiaque. Passe protetor solar, use o colete salvavidas e cuidado com equipamentos eletrônicos, pois o caiaque sempre pode virar. A descida é leve e tem poucos pontos que lembram um rafiting. O passeio termina quase na hora do almoço, que é no acampamento.

Planejar viagem Jalapão

Depois da refeição, pegamos estrada. Os dois veículos da Korubo seguiram para a Serra do Espírito Santo, o cartão-postal mais bonito do Jalapão. Descemos perto da serra, passamos por um lago, subimos pelas dunas e assistimos, daquela imensidão de areia, o dia o acabar.

Jalapão, Tocantins

Jalapão, Tocantins

Depois do jantar, muitos viajantes aproveitavam para descansar nas redes do acampamento ou para tomar uma cerveja de frente para o Rio Novo.

Quarto dia: Fervedouros e cachoeiras

Todas as manhãs, os guias da Korubo passam de barraca e barraca e dão bom dia. Essa é a senha de que chegou a hora de se levantar, jogar uma água no rosto, tomar café e estar pronto para as atividades do dia. Entramos no caminhão e encaramos a estrada. Dessa vez, até a Serra do Espírito Santo ficou para trás – fomos mais longe ainda.

Bananeiras cercam um pequeno lago com fundo de areia branca. Admito que minha primeira impressão, assim que cheguei ao Poço do Fervedouro, não foi das melhores: “Passamos duas horas na estrada para isso?”, pensei. Mas é só entrar na água para entender a graça do passeio. Por conta da ressurgência da água, é impossível afundar nos fervedouros, que estão por todos os lados do Jalapão.

fervedouro no Jalapão

Passamos algumas horas relaxando lá e em seguida paramos para o almoço, que foi num espaço perto do fervedouro e que é usado pela Korubo. Em seguida fomos para um lugar lindo, a Cachoeira da Formiga. A cor da água lá é impressionante. Passamos a tarde na cachoeira e seguimos de volta para o acampamento depois de algumas horas, com direito a parada na estrada para mais um pôr do Sol com a Serra do Espírito Santo compondo o cenário. O jantar foi no acampamento.

Jalapão o que fazer

Cachoeira da Formiga

Quinto dia: Trilha para o mirante e despedida do acampamento

A parte ruim é que você terá que acordar antes do sol nascer. Quando o guia dá o sinal de que é preciso pular da cama, a vontade é abraçar a preguiça. Mas vale a pena encarar o passeio, que é uma trilha de oito quilômetros (ida e volta) até o mirante da Serra do Espírito Santo. Seis quilômetros são no topo da chapada, mas os outros dois são na subida e na descida da serra. E exigem esforço.

Viagem para o Jalapão

Acordamos cedo para evitar as temperaturas mais quentes do meio-dia, mas mesmo assim o calor chegou antes de terminarmos o percurso. No meio do caminho, pausa para fotos, muita água e contemplação. Voltamos para o acampamento já no começo da tarde – e mortos de fome. Depois do almoço pudemos relaxar na praia do Rio Novo e tivemos o resto da tarde livre. Foi o último jantar no acampamento e teve até uma fogueira e roda de causos, contados pelos guias, que são moradores do Jalapão.

Veja também: As belezas da Serra do Espírito Santo, no Jalapão

Parque Estadual do Jalapão

Sexto dia: Cachoeira da Velha e volta para Palmas

Depois do café é hora de fazer as malas e pegar a estrada de volta para Palmas. No meio do caminho há mais duas paradas, na Cachoeira da Velha, que é enorme e tem até um mirante de observação, e na prainha, alguns quilômetros abaixo e onde é possível nadar.

Cachoeira da Velha, Jalapão

Cachoeira da Velha

O almoço foi num ponto de apoio da Korubo, nessa região. E depois seguimos até Ponte Alta do Tocantins, onde trocamos o caminhão pelo ônibus e voltamos, finalmente, para o asfalto. Mais duas horas e chegamos em Palmas. Tive a noite livre lá, com direito a piscina no hotel e jantar num restaurante da cidade (aí a refeição já é por conta do viajante).

A Korubo faz o transfer de volta para o aeroporto. Tente não comprar um voo marcado para muito cedo, para você poder descansar, tomar café no hotel e quem sabe aproveitar o sétimo dia em Palmas. O meu voo era de madrugada, então não tive tempo na cidade.

O que levar na mala

Dinheiro em espécie, capa de chuva (se você viajar entre dezembro e março), repelente, lanterna, boné e protetor solar. Roupas leves, calçados para caminhada e rafting e um bom livro. Coloque músicas com jeito de road trip no celular. Ele só vai servir para isso.

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Rafael Sette Câmara

Sou de Belo Horizonte e cursei Comunicação Social na UFMG. Jornalista, trabalhei em alguns dos principais veículos de comunicação do Brasil, como TV Globo e Editora Abril. Sou cofundador do site 360meridianos e aqui escrevo sobre viagem e turismo desde 2011. Pelo 360, organizei o projeto Origens BR, uma expedição por sítios arqueológicos brasileiros e que virou uma série de reportagens, vídeos no YouTube e também no Travel Box Brazil, canal de TV por assinatura. Dentro do projeto Grandes Viajantes, editei obras raras de literatura de viagem, incluindo livros de Machado de Assis, Mário de Andrade e Júlia Lopes de Almeida. Na literatura, você me encontra nas coletâneas "Micros, Uai" e "Micros-Beagá", da Editora Pangeia; "Crônicas da Quarentena", do Clube de Autores; e "Encontros", livro de crônicas do 360meridianos. Em 2023, publiquei meu primeiro romance, a obra "Dos que vão morrer, aos mortos", da Editora Urutau. Além do 360, também sou cofundador do Onde Comer e Beber, focado em gastronomia, e do Movimento BH a Pé, projeto cultural que organiza caminhadas literárias e lúdicas por Belo Horizonte.

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5 comentários sobre o texto “Como é a viagem pelo Jalapão com a Korubo

  1. Boa tarde,

    Gostaria de saber qo que você oferencem, para um passeio de 4 dias para 5 pessoas, próximo dos dias 03/01/2018 á 07/01/2018?

    obrigada
    francielly

    1. Oi, Francielly

      Eu só relatei como foi minha viagem, como turista mesmo. Para conseguir o orçamento você precisa entrar no site da Korubo. 🙂

      Abraço.

  2. Estou programando a viagem para meados de março. Queria saber se você recomenda uma quantia de dinheiro para gastar em Palmas e se tem com o que gastar no camping?

    Minha expectativa está alta. Acho que será uma viagem incrível.

  3. Muito interessante e bom relato! Só não vi o porque reclamar do quarto dividido, sendo que ainda foi avisado. E que camping chique hein! Gosto muito de camping selvagem e roots, mas fique intrigado a conhecer uma estrutura dessa.

    1. Esse é o ponto, Rômulo. Eu achei que seria apenas no acampamento, o que estava tranquilo pra mim, não em Palmas. E não fui o único que se confundiu nisso.

      Enfim, fica mais é a sugestão: acho que muita gente optaria por ficar num quarto sozinho em Palmas, para “descansar” do novo amigo. 🙂

      Abraço.

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