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Visita guiada ao Congresso Nacional, em Brasília

A cúpula côncava, virada para baixo, transmite a ideia de ponderação. Ali está o plenário do Senado Federal. Ao lado dela fica a cúpula convexa, aquela virada para cima, num esforço para representar uma casa mais aberta, disposta a receber todas as ideias e ideologias do povo brasileiro. Ela guarda a Câmara dos Deputados. Tudo bem que na prática a coisa é bem diferente – e ponderação e mente aberta sejam raras por ali – mas o simbolismo pensado por Oscar Niemeyer é inspirador.

Em julho deste ano, durante uma viagem cujo foco principal era conhecer a Chapada dos Veadeiros, em Goiás, dediquei dois dias para perambular também pela capital federal. Localizado numa ponta do Eixo Monumental, a principal avenida de Brasília e onde está também a Esplanada dos Ministérios e a Praça dos Três Poderes, o Palácio do Congresso Nacional é o ícone máximo da capital, conhecido em todo país e também no exterior.

Visita ao Congresso Nacional

Num domingo qualquer, quando muitos dos congressistas estão bem longe de Brasília, subi a rampa do Congresso e aguardei o próximo horário da visita guiada, que é de graça. Os tours ocorrem todos os dias, inclusive feriados, entre 9h e 17h30 – sai um grupo a cada 30 minutos, normalmente a partir do Salão Negro, na entrada do Palácio.

É necessário agendar a visita caso você vá entre terça e quinta, os dias mais movimentados nas casas legislativas. Além disso, grupos grandes, com mais de 15 pessoas, sempre precisam de agendamento prévio. Para as outras situações o planejamento pode ser mínimo: basta bater na porta do congresso e pedir para entrar. Você será encaixado no próximo grupo.

Congresso nacional

O código de vestimenta também varia de acordo com o dia da semana. Nos dias úteis, quando há atividade parlamentar, não é permitido entrar com bermuda, short, camisa sem mangas, minissaia e chinelo. Nos finais de semana isso não é problema – eu fui de bermuda e camiseta. Crianças de até 12 anos não precisam seguir essas regras, não importa o dia da visita. Em ocasiões especiais pode ser exigido que homens usem terno e gravata. E, embora não seja comum, as visitas podem ser suspensas a qualquer momento e sem aviso prévio, por questões de segurança.

A entrada do Salão Negro já dá uma ideia de como é a divisão por ali. À esquerda está a portaria do Senado Federal; à direita fica a da Câmara dos Deputados. As duas casas se revezam no gerenciamento dos tours. Aproveitei que tinha tempo e fui conhecer a coleção do Museu Itamar Franco, do Senado. Aproveite também para pegar um cartão-postal de Brasília, preencher e enviar para quem você quiser – a entrega é de graça.

Congresso Nacional, Brasília

Congresso Nacional: um pouco de História

Antes de 1960, quando o edifício atual foi inaugurado, o poder legislativo brasileiro em nível federal teve várias sedes. A Casa de Câmara e Cadeia, no Rio de Janeiro, foi a primeira delas. Prédio construído no período colonial e onde Tiradentes permaneceu preso por três anos, antes do enforcamento, a Cadeia foi transformada na sede da Câmara dos Deputados após a Independência. E permaneceu assim até 1926, quando o Palácio Tiradentes foi erguido no mesmo lugar.

O Senado também ficava no Rio, mas no Palácio Conde dos Arcos, que hoje abriga a faculdade de Direito da UFRJ. Antes da transferência para Brasília, o Senado teve ainda outra sede, num prédio lindo e que infelizmente não existe mais, o Palácio Monroe. A mudança para Brasília colocou Senado e Câmara no mesmo edifício, com mais conforto para abrigar todos os congressistas e suas equipes.

Só que o Brasil cresceu e o número de deputados, que é proporcional ao número de habitantes de cada estado, também. Hoje são 513 e não há assentos no plenário da Câmara para todos eles (são apenas 396 cadeiras). É por isso que nas votações mais importantes, quando todos os deputados estão na casa, muitos ficam em pé.

visita congresso nacional

Plenário da Câmara dos Deputados

Já o Senado tem 81 membros, três para cada estado, de forma a equilibrar o peso político dos estados nas decisões. O número maior de congressistas forçou a criação de anexos e prédios para gabinetes de todos eles. Há todo um Congresso subterrâneo, ligado por túneis que passam por baixo do Eixo Monumental.

Como é a visita ao Congresso Nacional

Mas voltemos a falar da visita, que também varia de acordo com o dia da semana. Assim que deu a hora marcada para o tour, uma guia nos chamou. Começamos com um um vídeo que conta a história do Congresso Nacional e do prédio projetado por Niemeyer.

Em seguida subimos as escadas e entramos no Salão Verde, espaço que dá acesso aos plenários e que tem esse nome por conta do carpete que há em toda a área. Esse é um local que você certamente já viu na TV, já que muitas entrevistas são realizadas ali, quando os congressistas estão entre uma atividade e outra. O Salão Verde está cheio de obras de artistas como Di Cavalcanti e Alfredo Ceschiatti, entre outros.

visita guiada ao Congresso Nacional

Salão Verde

Entramos primeiro no plenário da Câmara dos Deputados, que também tem piso verde, e em seguida fomos ao Plenário do Senado, que tem piso azul. Abaixo da mesa diretora do Senado fica desenhada a já tradicional bandeira do Brasil, feita no carpete por um encarregado de serviços chamado Clodoaldo Silva.

Visita ao Congresso Nacional

Plenário do Senado

No final dos anos 90, ele usou um aspirador de pó e uma escovinha para desenhar a bandeira no carpete. Uma homenagem ao filho que tinha acabado de nascer. Os senadores, pegos de surpresa, gostaram, e manter a bandeira virou mais uma das funções do funcionário, que também desenhou a Catedral de Brasília e o Palácio do Congresso em outros pontos do carpete. O vídeo abaixo, da TV Senado, mostra um pouco da criatividade do Clodoaldo.

Dependendo do dia da semana, os Salões Nobres, a Chapelaria, o Gabinete da Presidência da Câmara e o do Senado também são visitados.  A Praça das Bandeiras, onde ficam as bandeiras dos 26 estados e do Distrito Federal, por ordem de criação, é outro ponto popular do passeio.

Terminamos a visita no Túnel do Tempo, que liga o Palácio do Congresso ao Anexo 2, onde estão mais gabinetes, algumas comissões e a TV e Rádio do Senado. Murais com fatos importantes da história do poder legislativo brasileiro decoram o túnel.

visita congresso nacional, Brasília

Túnel do Tempo

O tour dura cerca de 1h e termina onde começou, no Salão Negro. Dica extra: você também pode ir ao congresso apenas para assistir os debates, que ocorrem principalmente entre terça e quinta. Mais informações no site do Congresso Nacional.

Dica extra: Brasília – com ou sem carro?

Eu já estive na cidade com e sem carro. E não tenho a menor dúvida em dizer que o veículo ajuda e muito, principalmente se você estiver viajando em finais de semana e feriados, quando o trânsito é tranquilo e é fácil estacionar. Se estiver viajando sozinho pode não compensar – aí use e abuse do transporte público e de uber/cabify/táxi. Por outro lado, quem viaja em grupo pode fazer as contas e descobrir que alugar um carro compensa. Se for o caso, leia nosso texto sobre como garantir o melhor custo/benefício na reserva.

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Rafael Sette Câmara

Sou de Belo Horizonte e cursei Comunicação Social na UFMG. Jornalista, trabalhei em alguns dos principais veículos de comunicação do Brasil, como TV Globo e Editora Abril. Sou cofundador do site 360meridianos e aqui escrevo sobre viagem e turismo desde 2011. Pelo 360, organizei o projeto Origens BR, uma expedição por sítios arqueológicos brasileiros e que virou uma série de reportagens, vídeos no YouTube e também no Travel Box Brazil, canal de TV por assinatura. Dentro do projeto Grandes Viajantes, editei obras raras de literatura de viagem, incluindo livros de Machado de Assis, Mário de Andrade e Júlia Lopes de Almeida. Na literatura, você me encontra nas coletâneas "Micros, Uai" e "Micros-Beagá", da Editora Pangeia; "Crônicas da Quarentena", do Clube de Autores; e "Encontros", livro de crônicas do 360meridianos. Em 2023, publiquei meu primeiro romance, a obra "Dos que vão morrer, aos mortos", da Editora Urutau. Além do 360, também sou cofundador do Onde Comer e Beber, focado em gastronomia, e do Movimento BH a Pé, projeto cultural que organiza caminhadas literárias e lúdicas por Belo Horizonte.

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2 comentários sobre o texto “Visita guiada ao Congresso Nacional, em Brasília

  1. Ótimo relato! Infelizmente, vemos poucos posts sobre Brasília na Internet. Aguardo um guia “com o caminho das pedras” pra visitar nossa capital! Hehe

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