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Atlas: Berlim, Alemanha

Curiosidades sobre o Muro de Berlim

Imagine um dia acordar em casa e descobrir que o governo construiu um muro dividindo sua cidade ao meio. Se o seu emprego fosse do outro lado, você perderia o emprego. Se o seu namorado(a) morasse do outro lado, você ia ter que arranjar outro(a). Essa foi a realidade de milhares de berlinenses na manhã do dia 13 de agosto de 1961. Durante a madrugada, o Governo Soviético mandou fechar todas as fronteiras do “seu lado” da cidade. E assim foi construído o Muro de Berlim.

Hoje, milhares de turistas visitam lugares onde o muro ficava. Mas, claro, a história começa muito antes disso.

A história por trás do Muro de Berlim

No final da Segunda Guerra, em 1945, as nações vencedoras decidiram dividir a Alemanha em quatro partes: norte-americana, francesa, inglesa e soviética. Berlim, que era a capital, ficou na parte soviética. Mas como era uma cidade muito importante politicamente, também foi divida em quatro. Com isso, a parte capitalista de Berlim era uma ilha no meio da região ocupada pelos socialistas. Para entender melhor, veja o mapa:

Curiosidades do Muro de Berlim

Berlim é esse ponto colorido na parte vermelha. Crédito: Wikimedia Commons

Apesar dos estresses, as crises entre as duas potências e a megalomania de Stalin de querer dominar a Alemanha inteira, o país foi divido logo nos primeiros anos do pós-guerra. Nos anos 50, o lado capitalista vivia um período de desenvolvimento econômico e melhora da qualidade de vida, o que fez com que muita gente quisesse se mudar. Em 1953, 331 mil pessoas deixaram a Alemanha Soviética. Foi aí que o lado do tio Stalin veio com a ideia de levantar fronteiras.

Em 1952, as fronteiras entre as Alemanhas Ocidental e Oriental foram levantadas, mas em Berlim ainda era possível circular entre os dois lados. Três anos mais tarde, o governo da Berlim Vermelha passou a fazer exigências de visto para quem quisesse cruzar para o lado capitalista. Isso gerou um aumento inesperado de pessoas indo para a Alemanha do Tio Sam. Em 1961, quando as fronteiras foram finalmente fechadas, 3.5 milhões de pessoas tinham fugido da Alemanha Oriental, ou seja, 20% da população do lado soviético.

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Curiosidades do Muro de Berlim

Apesar de planejado há algum tempo, os soviéticos conseguiram manter em segredo o plano de construir o muro. As agências de espionagem americanas até conseguiram interceptar algumas mensagens, mas o presidente Kennedy só ficou sabendo do muro junto com os moradores de Berlim, no dia 13 de agosto de 1961.

A vida entre paredes

No começo o Muro de Berlim não era muito mais do que uma grande cerca de arame farpado que foi sendo reforçada nos 15 anos seguintes. Já em 1975, a barreira se tornou mais sofisticada. Ao invés de um, eram dois muros de 3,6 metros, com o topo arredondado, para impedir que alguém tentasse escalá-lo.

Entre os dois muros, uma larga faixa de areia, torres de vigilância, cachorros e arame farpado. Essa área, chamada “Faixa da Morte”, era praticamente impossível de ser cruzada, uma vez que ainda havia a ordem de atirar para matar em qualquer pessoa que pisasse ali. As estações de metrô que estavam no lado comunista, mas serviam de trânsito para o lado capitalista, foram transformadas em estações fantasmas.

História do Muro de Berlim

Durante os 28 anos que o muro de Berlim existiu, cerca de 5000 pessoas tentaram fugir para o lado ocidental. No começo, simplesmente pular o muro era tarefa até fácil. Muitas pessoas também pulavam dos prédios próximos ao muro, o que fez com que o governo oriental proibisse construções na área e fechasse com tijolos as janelas e portas dos prédios que já existiam.

Em uma tentativa espetacular de fuga, um homem usou um balão de ar quente para cruzar a barreira com a sua família. Algumas pessoas construíram túneis passando por baixo do muro. Teve ainda um cara que escondeu a família inteira no banheiro do escritório e, depois do expediente, escapou com uma tirolesa improvisada. Esses escaparam, mas a estimativa é que de 100 a 200 pessoas tenham morrido na tentativa de fugir de Berlim Oriental.

Com a construção do muro de Berlim, a economia do lado comunista melhorou, já que a população com idade para trabalhar não podia mais fugir e problemas como a moeda dupla e o mercado negro de produtos de um lado para outro foram resolvidos. Ao mesmo tempo, no quesito relações públicas a construção do muro foi um desastre, porque se tornou um símbolo da tirania dos comunistas. Com isso, as pessoas que queriam fugir passaram a ter motivos mais políticos, como a falta de liberdades individuais, do que econômicos.

Memorial do Muro de Berlim

Mas e as famílias separadas? Bem, junto com o muro foram abertas algumas fronteiras para controlar a passagens de pessoas específicas – os Checkpoints. Eram 9 pontos e cada um permitia a passagem de diferentes grupos, como diplomatas, turistas e oficiais. Depois de dois anos, as pessoas da Berlim Capitalista passaram a poder visitar os parentes presos pelo muro no natal, mas só  depois de um processo complicado de pedido de visto.

O ponto por onde os visitantes entravam e saiam era a estação Friedrichstraße, que passou a ser conhecida como Palácio de Lágrimas, onde as despedidas emocionadas das famílias aconteciam. No início da década de 1970, as visitas ao lado soviético foram liberadas para qualquer época.

A queda do Muro de Berlim

No final dos anos 80, a pressão para a queda do muro era grande. Para começar, países dominados pelos soviéticos, como Hungria e Checoslováquia, abriram suas fronteiras para o mundo ocidental. Com isso, alguns milhares de alemães conseguiram fugir. Em Berlim, manifestações ganhavam cada vez mais adeptos pedindo pela liberdade para viajar para o lado capitalista. A economia da Alemanha Oriental também estava completamente quebrada.

check point charlie

Em 9 de novembro de 1989, ficou decidido que pessoas com o passaporte e permissões poderiam cruzar a fronteira. Acontece que essas informações não foram passadas para o porta-voz do governo, Günter Schabowski. Ao ser questionado se a fronteira seria aberta, o cara se enrolou, leu o papel que tinha acabado de receber mais ou menos, e acabou dizendo que sim, sem restrições. Depois, quando questionado quando isso aconteceria, o cara respondeu:

“Das tritt nach meiner Kenntnis… ist das sofort, unverzüglich.”

Basicamente, “Até onde eu sei … imediatamente, sem demora.”

Trecho da confusão de Schabowski, em alemão. Mas dá para ver como ele está agoniado.

Ou seja, o cara inventou a resposta. Foi graças a esse sujeito confuso e pouco informado que o muro de Berlim caiu.

Assim que as redes de TV começaram a noticiar a coletiva de imprensa, os berlinenses correram para os checkpoints, falando que o Sr. Schabowski havia anunciado que eles poderiam passar. Os guardas não sabiam de nada, afinal as mudanças só deveriam valer para o dia seguinte. Eles tentaram conter a multidão carimbando seus passaportes (uma ordem que veio de cima, fazendo com que quem teve o passaporte carimbado não pudesse retornar), mas logo foi impossível controlar a passagem.

Do lado Ocidental, os berlinenses também correram para a fronteira, a fim de receber o pessoal que vinha com festa. Nessa data o muro começou a ser destruído, mas a barreira só começou a ser oficialmente desmantelada em 1990, ano da reunificação da Alemanha.

Relato do jornalista brasileiro que cobriu a queda do muro

Como conhecer o Muro de Berlim

Segue aqui também um guia completo com os lugares e endereços para ver a história do muro com seus próprios olhos. Fique atento ao chão. Em várias partes da cidade, marcas indicam onde o muro passava.

Leia também: O que fazer em Berlim

A Berlim da Segunda Guerra Mundial

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A East Side Gallery é a maior parte do muro que permaneceu intacta, com 1,3 km. Alem de ver o muro de perto, dá para apreciar os graffites e fotografias que hoje decoram a construção. Para chegar, desça na estação S+U Warschauer Str.

muro east side gallery

Muro de berlim

O Berlim Wall Memorial, na Bernauer Strasse, conta praticamente toda a história do muro. Ali você também pode ver como era a “Faixa da Morte”, a torre de vigilância, etc. O memorial marca no chão os locais das fugas, dos antigos túneis, além de contar em texto, áudio e vídeo histórias sobre o Muro de Berlim  – tudo a céu aberto e gratuito. O memorial se estende por toda a rua. Vale a pena começar a visita pela estação Nordbahnhoof, que era uma das estações fantasmas do metrô e estava fechada nessa época.

Muro de Berlim

Depois de caminhar pelo memorial na Bernauer Strasse, siga até o número 63-64, da mesma rua, para chegar ao Mauerpark, que foi construído em cima de uma área da Faixa da Morte. Aos domingos, funciona ali uma feira de pulgas, além de um karaokê.

Próximo à estação Friedrichstraße fica a exposição permanente Tränenpalast, ou Palácio das Lágrimas, na rua Reichstagufer 17. A exposição é gratuita e tem vídeos da época, dos dois lados, além de outros artefatos.

A Bornholmer Strasse/Bösebrücke era uma ponte que foi transformada em um dos Checkpoints entre Berlim Ocidental e Oriental. Foi ali que as pessoas se agruparam e deram início à queda do muro. Hoje você encontra alguns pedaços do muro, além de uma exposição à céu aberto de como tudo aconteceu. O nome da estação de metrô é Bornholmer Str.

Muro de Berlim East side galery

O Checkpoint Charlie era uma fronteira que somente estrangeiros e diplomatas podiam cruzar. Apesar de ter sido destruído, a força do turismo reconstruiu o posto de fronteira como era. Além de tirar uma foto do local, você encontra o museu chamado “Berlim Wall”, que não foi bem recomendado pela nossa guia. Uma exposição aberta sobre as fugas de Berlim Oriental, chamada Wall Panorama, e um museu chamado “Blackbox”, que conta histórias sobre a Guerra Fria, também ficam por ali. A estação é a U Kochstr./Checkpoint Charlie.

checkpoint Charlie

A ironia de ter um McDonalds num dos antigos postos de fronteira entre Berlim Oriental e Ocidental

Na entrada da Topografia do Terror, exposição que conta a história da Gestapo Nazista, também fica uma boa parte do muro de Berlim. Esse lugar fica muito próximo, a pé, do Checkpoint Charlie. Rua Niederkirchnerstraße, 8, próximo a estação S Anhalter Bahnhof.

Muro de Berlim

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Luiza Antunes

Luiza Antunes é jornalista e escritora de viagens. É autora de mais de 800 artigos e reportagens sobre Viagem e Turismo. Estudou sobre Turismo Sustentável num Mestrado em Inovação Social em Portugal Atualmente mora na Inglaterra, quando não está viajando. Já teve casa nos Estados Unidos, Índia, Portugal e Alemanha, e já visitou mais de 50 países pelo mundo afora. Siga minhas viagens em @afluiza no Instagram.

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19 comentários sobre o texto “Curiosidades sobre o Muro de Berlim

  1. Adorei o texto. É pura história! Já estive em Berlim mas gostaria de retornar e conhecer também Bonn. Vcs poderiam fazer uma matéria comparando a realidade nas duas cidades antes da queda de Berlim.

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