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Atlas: Egito

Como as pirâmides foram construídas e outros mistérios do Egito Antigo

Dos lugares mais impressionantes que podemos visitar nessa vida, as pirâmides do Egito certamente estão no topo da lista. Muita gente se pergunta: como essas pirâmides foram construídas a mais de 4 mil anos atrás?

Não é só o fato dessas serem algumas das construções mais antigas do mundo e ainda estarem num excelente estado de conservação. É também que é só quando você chega lá, pertinho, frente a frente com Queóps, que te desafio a não pensar: “mas que diabos?!”

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Foi quando eu estava ali, frente a frente com a pirâmide que pensei: “É, depois de ver assim de perto, até consigo acreditar nas teorias da conspiração”. Não faltam teorias sobre como as pirâmides foram construídas: escravos, ETs, magos, engenharia avançada, engenhosidade, etc.

Hipóteses sobre a construção das Pirâmides

Eram três milhões de blocos na época da construção, que durou 30 anos, explicou meu guia, Omar. O peso médio de cada um dos blocos é de duas toneladas.

“Então, três milhões divididos por 30 anos dariam 273 blocos de pedra por dia. Isso seria muito rápido, mesmo para as medidas de hoje, mas foi construído em 2600 a.C, e ninguém sabe como”.

Há muitas hipóteses, como a movimentação das pedras arrastadas em areia molhada, mas nenhuma conclusão.

Egiptólogos até hoje tentam desvendar como as pirâmides foram construídas, não só em relação ao peso dos blocos de pedra e seu carregamento, mas também como foi feita a precisão da construção e sua posição em relação às estrelas e nascimento do sol.

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Detalhes sobre a construção das Pirâmides

A altura da Grande Prâmide, na época da construção, era de 146,5 metros. Hoje, são 138.8. As primeiras medições sobre a precisão da construção foram feitas em 1882, pelo egiptólogo Flinders Petrie: as pedras se encaixam com extrema precisão, concluiu ele.

Os quatro lados da base têm um erro de apenas 58 milímetros de comprimento e os quatro lados da base quadrada são alinhados exatamente com os quatro pontos cardeais.

Além disso, a primeira coisa que os três guias que nos levaram pelo Egito fizeram questão de frisar é que essas não eram construções feitas por escravos, como muitos pensam.

Em Gizé, explicou Omar, foram encontrados, em escavações, indícios de residências dos trabalhadores das obras e inscrições sobre seu pagamento – que não era em dinheiro, mas em bens como cerveja.

Se você está indo para o Egito, recomendamos muito que faça uma visita guiada com um egiptólogo, que pode explicar mais detalhes como os que contamos nesse post.

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Outra guia, a Hermat, quando nos mostrava o Templo de Philae, em Aswan, explicou que, para a civilização da época, participar da construção dessas grandes obras era uma forma de celebrar e honrar os deuses.

Inclusive, ela nos mostrou a diferença na qualidade das construções quando eram feitas no período dos faraós, que os egípcios admiravam, para quando começou a dominação grega e depois romana, que só tentavam imitar o trabalho anterior, sem tantos detalhes e riqueza.

Mistérios do Egito Antigo

Quando visitávamos o Templo da Esfinge, ou Templo do Vale, Omar comentou que aquele lugar era decorado com estátuas grandiosas, hoje peças de museus, mas que nunca foram encontradas as ferramentas capazes de fazer tais estátuas.

“Só descobriram e escavaram ferramentas de cobre, material que não serviria para esculpir pedras duras como essas”. Além disso, o granito usado para fazer boa parte das construções vinha de Aswan, cidade que estava a 800 km de distância.

O que tinha dentro das pirâmides?

E o interior das pirâmides também é motivo de controvérsia. A Grande Pirâmide de Queóps pode ser visitada por dentro, o que pode ser uma experiência igualmente claustrofóbica e frustrante, se você não souber o que vai encontrar lá.

Só há uma entrada, também conhecida como a entrada dos ladrões. Uma vez lá dentro, é preciso subir praticamente de quatro por alguns metros e por uma escada precária de madeira – esse túnel foi escavado em 820 d.C. pelo califa Almamune.

Dali, subir por um corredor com paredes muito próximas, conhecida como a Grande Galeria, até chegar na Câmara do Rei, uma sala vazia, a não ser por um grande sarcófago em pedra, também vazio, que lembra uma daquelas pias batismais em igrejas medievais.

Um detalhe: o sarcófago é maior do que a passagem, então deve ter sido colocado antes de construírem o teto da câmara.

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Pesquisadores japoneses fizeram estudos de calor e raio-X e descobriram que provavelmente existem outras câmaras inexploradas dentro das pirâmides de Gizé.

A explicação para estarem vazias, disse o guia, é que foram todas furtadas ainda no mundo antigo, antes do ano de 2000 a.C.

Foi por isso que os faraós seguintes passaram a enterrar suas tumbas no Vale dos Reis, em Luxor. É de lá que vem todo o ouro e a riqueza de Tutancâmon, que viveu e morreu mais mil anos depois da construção das pirâmides de Gizé.

E, seja lá quem roubou tudo, ainda se deu ao trabalho de fechar hermeticamente e perfeitamente a entrada, como estava antes do roubo, visto que o local do arrombamento nunca foi encontrado.

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Pirâmides do Egito x Pirâmides do México

Para completar a lista de questões, nosso guia questionador ainda trouxe outra informação:

“O tabaco foi descoberto pela primeira vez pelos nativos da América Central e do Sul e depois foi introduzido na Europa e resto do mundo. No entanto, a planta foi encontrada em múmias egípcias, incluindo no tórax do grande Ramsés II”.

Isso certamente alimenta as teorias de uma conexão entre os antigos egípcios e os povos pré-colombianos. As semelhanças, e não só na ideia de construir pirâmides, mas também em algumas esculturas que são muito parecidas nas duas culturas, alimentam essa teoria sobre uma conexão, apesar de nada ser comprovado.

Eis o problema para quem estuda história antiga: a não ser que inventemos uma máquina do tempo, provavelmente nunca saberemos a verdade. E só nos resta teorizar ou admirar um trabalho tão perfeito e com mais de quatro mil anos de idade.

O Livro dos Mortos

Um guia para a vida depois da morte. Essa é uma boa explicação para o que conhecemos hoje como o Livro dos Mortos, cuja tradução mais exata seria “Saída para a Luz do Dia“. 

Foi no Império Novo que surgiu o Livro dos Mortos, como uma coleção de feitiços, orações e hinos escritos em papiros e colocados nos túmulos. Os ensinamentos do livro serviam como um passo a passo para os mortos entrarem no mundo inferior.

A palavra livro, porém, não é uma descrição correta. Era mais um conjunto de textos em diferentes papiros. Os feitiços de proteção do Livro dos Mortos também eram escritos nas bandagens das múmias. Já o caixão oferecia proteção física e mágica ao corpo.

mumia e tumba

A vida após a morte no Egito Antigo

A jornada da alma no mundo dos mortos era descrita com detalhes. Lá na terra inferior, o sol viajaria ao contrário, do oeste ao leste, quando renascia. Os egípcios queriam que sua alma seguisse a jornada do sol, passando por 12 horas de “noite” no caminho.

Tais horas eram, na verdade, regiões geográficas guardadas por criaturas assustadoras. O morto só poderia passar se demonstrasse conhecimento sobre os segredos do submundo, como os nomes desses guardiões ou dos deuses.

Por exemplo, o feitiço 145 do Livro dos Mortos diz: “Abra meu caminho! Eu sei quem é você, eu sei seu nome e eu sei o nome do deus que lhe guarda”. Com tal conhecimento, eles podiam passar para a próxima fase, a Sala das Duas Verdades, onde seriam julgados.

O morto era julgado pelo Deus Osiris, de acordo com o peso de seu coração. Se o peso fosse menor do que a Pena da Verdade, ele era uma pessoa honesta e ganharia uma vida eterna.

Se falhasse, o deus Tot anotava o veredito num papiro e o monstro Ammut, o engolidor de mortos, se encarregava de dar fim ao espírito. Ammut era representado como uma mistura de um leão, crocodilo e hipopótamo, os três maiores animais devoradores de homens que os egípcios conheciam na época.

Se tudo desse certo no julgamento, o morto entrava na terra de Osiris, Aaru. Ali, um enorme campo era considerado um paraíso da agricultura, no qual todos seriam chamados a trabalhar depois da morte.

É esse chamado para o trabalho na vida eterna que garante que, em qualquer exposição sobre o Antigo Egito que você visitar, encontrará uma centena de pequenas figurinhas. Essas esculturas são chamadas as shabti, que surgiram a partir do Império Médio, de 1975 a 1640 a.C.

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“Elas representavam os servos daquele que estava na tumba. Cada uma era um trabalhador, para cada dia do ano”, explicou Omar durante a visita ao Museu Egípcio, no Cairo.

Ainda segundo ele, nos túmulos mais antigos, ainda datados da pré-história (ou seja, antes da escrita ser criada), encontraram também as múmias de servos, o que leva a pensar que eles foram mortos para acompanhar seu amo. Mas os egípcios não eram um povo que banalizava a morte e não faziam sacrifícios, logo essa prática foi substituída pelas estátuas.

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Aliás, o túmulo era um lugar não só de proteção do corpo mumificado contra maus espíritos, também era o espaço onde deviam estar todas as informações para que a alma o reencontrasse.

Por isso que em tantos túmulos é possível encontrar não só estátuas, mas pertences e anotações em hieroglifos sobre quem foi a pessoa e qual a vida que ela levou.

Quando o Egito foi tomado por Alexandre, o Grande, e os gregos passaram a governar, os segredos de como fazer múmias não foram passados para para frente. As múmias deixaram de ser tão cuidadosamente preparadas e eles sequer faziam caixões.

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Luiza Antunes

Luiza Antunes é jornalista e escritora de viagens. É autora de mais de 800 artigos e reportagens sobre Viagem e Turismo. Estudou sobre Turismo Sustentável num Mestrado em Inovação Social em Portugal Atualmente mora na Inglaterra, quando não está viajando. Já teve casa nos Estados Unidos, Índia, Portugal e Alemanha, e já visitou mais de 50 países pelo mundo afora. Siga minhas viagens em @afluiza no Instagram.

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8 comentários sobre o texto “Como as pirâmides foram construídas e outros mistérios do Egito Antigo

  1. Oi. Voltei para falar que já visitei as pirâmides. Ameiiiiii. Tudo maravilhoso. Entrei na pirâmide de Miquerinos e foi tranquilo. Pela minha experiência, achei bem mais tranquilo do que na grande como vc em contou no post. Foi a maior experiência de nossas vidas. Fizemos um post contando nossa experiência e até citamos o 360.
    https://www.dedmundoafora.com.br/2018/07/piramides-do-egito-por-dentro-como-visitar.html

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