Cracóvia deixou de ser a capital da Polônia muitos e muitos anos atrás, no século 16, mas nunca perdeu o posto de polo cultural e cidade mais cool do país.
Povoada por mais de 10.000 estudantes que frequentam suas antigas universidades, intelectuais, artistas e boêmios, é em Cracóvia que a vida na Polônia acontece.
Ao contrário de Varsóvia, que foi completamente destruída, Cracóvia escapou quase ilesa dos bombardeios da Segunda Guerra e, por isso, ainda tem o privilégio de possuir um dos centros históricos mais antigos e bem preservados da Europa.
As ruelas da Cidade Velha misturam história, arte, lendas e tradições que ajudam revelar um pouco da alma polonesa sem tanto peso e as muitas cicatrizes que marcam Varsóvia. V
eja agora alguns roteiros com o que fazer em Cracóvia em dois, três ou quatro dias.
O que fazer em Cracóvia: atrações imperdíveis
1. Castelo de Wawel

A principal atração de Cracóvia é mesmo perambular pelas ruas e becos da Cidade Velha e descobrir a história e a cultura da cidade. Você pode começar sua viagem com uma visita ao Castelo de Wawel (site oficial) e arredores.
A construção é o mais importante marco do passado nobre da cidade, com seus apartamentos luxuosos e amplo jardim que só podem ser visitados em tour guiado e com horário marcado.
Quem quiser entrar deve chegar com um pouco de antecedência para conseguir um lugar no horário desejado. Os tours para estrangeiros são em inglês e custam 20 zl. Há também outro tour pelas dependências do castelo, mas focado nos Salões do Estado, e custa 15 zl no mesmo esquema de ter horário para entrar, então leve isso em consideração na hora de organizar o seu dia.

Além de toda a pompa real, Wawel também guarda uma das lendas mais antigas e queridas da Polônia: a do Dragão de Wawel. Diz a história que, muito antes dos castelos e das coroas, um dragão gigantesco vivia em uma caverna aos pés da colina, aterrorizando moradores até ser enganado por um sapateiro astuto, que recheou uma ovelha com enxofre.
O dragão comeu, ficou desesperado de sede e bebeu tanta água do Vístula que… explodiu. A caverna ainda existe, e no fim dela você encontra uma escultura do dragão cuspindo fogo (sim, literalmente. A escultura solta labaredas a cada poucos minutos).
O castelo está em uma região chamada Colina de Warwel, que engloba todo o complexo entre suas torres e muralhas de conto de fadas.
O que visitar dentro do complexo de Wawel
O complexo é grande e cheio de áreas diferentes, então vale planejar o que você quer ver:
- Caverna do Dragão (Smocza Jama)
Saída alternativa e divertida, principalmente se você estiver com crianças, mas adultos também se empolgam com o dragão cuspindo fogo lá fora. - Catedral de Wawel (Bazylika Archikatedralna)
Talvez a parte mais importante do castelo: é aqui que reis foram coroados e enterrados. O interior é lindíssimo e abriga capelas góticas, tumbas reais e obras sacras. Não deixe de subir à Torre de Sigismundo, onde fica o sino mais famoso do país. - Salões Reais (State Rooms)
Quartos suntuosos, tapeçarias flamengas, móveis históricos. O passeio mostra como viviam os monarcas poloneses. Para quem curte história e arquitetura, é uma das partes mais ricas do complexo. - Apartamentos Privados Reais
Menos cerimoniais e mais íntimos: quartos usados pelos reis no dia a dia. Uma forma de ver a vida cotidiana dentro de Wawel. - Tesouro e Arsenal da Coroa
Armas, joias e objetos que contam a história militar e simbólica da Polônia. É uma área que costuma surpreender porque é super completa. - Pátio Interno Renascença
Um dos lugares mais fotogênicos de Cracóvia. Um quadrado perfeito de arcadas brancas, luz suave e um silêncio que não combina com a quantidade de turistas impressionados ali.
2. Praça do Mercado (Rynek Główny)
Para almoçar, a pedida é seguir do castelo para a Praça do Mercado, que abriga diversas barraquinhas de comida e artesanato típico e, se você tiver sorte como eu, apresentações de danças tradicionais da Polônia.
Essa pode ser a sua chance de provar os famosos Pierogis, um pastel cozido recheado de carne moída, batata, queijo ou chucrute, e a Zapiekanka, que é tipo uma pizza em formado de pão com recheios diversos (pode ser bem picante, cuidado), além de vários outros pratos do país, sempre acompanhados de muita batata e sopas.

É ali da Praça do mercado que sai, no fim de tarde, o passeio Cracóvia Macabra, que conta as lendas, histórias bizarras e serial killers que passaram por aquelas ruas durante tantos séculos de história.
De barriga cheia, é hora de dar uma olhada nos prédios centenários que contornam a praça, entre elas a bela Basílica de Santa María, o Mercado e a Torre da antiga prefeitura. As ruas ao redor da praça também concentram construções históricas, bares e restaurantes.
3. Basílica de Santa Maria (Kościół Mariacki)

Com suas duas torres assimétricas e fachada gótica em tijolos, a Basílica de Santa Maria é, sem exagero, um dos símbolos da Polônia. Mas o verdadeiro impacto acontece lá dentro: o altar esculpido por Veit Stoss no século 15 é uma obra-prima cheia de detalhes que parecem se mexer conforme a luz muda.
Do lado de fora, preste atenção ao hejnal mariacki, a melodia de trompete tocada de hora em hora, sempre interrompida no meio, homenageando um trompetista medieval que teria sido atingido por uma flecha ao alertar a cidade de uma invasão. É uma das tradições mais lindas e melancólicas de Cracóvia.
4. Sukiennice (Cloth Hall)
Bem no meio da praça está a Sukiennice, um longo edifício renascentista que já foi o centro do comércio de tecidos no século 14. Hoje abriga lojinhas de artesanato, de âmbar e lembranças típicas. É turístico, claro, mas ainda guarda um charme irresistível, especialmente ao anoitecer, quando a iluminação deixa os arcos dourados.
No andar de cima funciona a Galeria de Arte Polonesa do Século 19, perfeita para quem quer ver pinturas históricas e entender um pouco mais sobre a estética nacional. Muita gente passa reto; você não vai ser uma delas.
5. Torre da Prefeitura (Wieża Ratuszowa)
O que restou do antigo prédio da prefeitura é uma torre solitária, ligeiramente inclinada, um dos detalhes que mais curiosamente passa despercebido. Dá para subir, e vale a pena: lá de cima, você vê a praça inteira em perspectiva e entende de verdade a grandiosidade da Rynek Główny.
A Torre também serve como lembrete de que Cracóvia é feita de camadas: o que hoje é cartão-postal já foi centro administrativo, mercado, praça pública, palco de execuções e, ao mesmo tempo, lugar de encontros mundanos.
6. Bairro Judeu de Kazimierz: história, arte e vida boêmia
Não muito longe dali está o Kazimierz, o antigo bairro judeu. No passado, um lugar pobre e negligenciado, hoje abriga centenas de bares, galerias de arte, lojas de presentes e decoração.

Esse é o bairro mais boêmio e charmoso de Cracóvia. Dá para passar uma tarde ali, perdido pelos becos ou sentado em um café relaxante.
Pra quem gosta de arte urbana, o Kazimierz virou referência em Cracóvia. Você encontra murais enormes, grafites assinados e pequenas intervenções poéticas escondidas em becos. Muitos deles tratam diretamente da herança judaica, da Segunda Guerra, do luto e da reconstrução. Outros celebram o lado contemporâneo, pop e criativo da cidade.
Nos fins de semana, a placa Nowy vira palco de feiras de antiguidades, comida de rua e barraquinhas que misturam tudo: do kitsch ao raro.
Quem gostar de história, pode fazer também um Free Walking Tour pelo bairro e conhecer mais sobre a trajetória judia na Polônia (já contamos desse tour em outro post). E não se esqueça de voltar ao Bairro Judeu no fim do dia, para terminar com uma cerveja e descobrir a vibrante vida noturna de Cracóvia.

Shuls que contam histórias
As sinagogas, por ali chamadas de shuls, são o ponto de partida para entender Kazimierz. Cada uma guarda um capítulo dessa história longa:
- Sinagoga Velha (Stara Synagoga): a mais antiga da Polônia, hoje transformada em museu sobre a vida judaica.
- Sinagoga Remuh: pequena, ativa e com um cemitério que emociona, especialmente pelo silêncio.
- Sinagoga Tempel: belíssima, com decoração neo-mourisca; muitas vezes abriga concertos.
Esses espaços são ao mesmo tempo locais de memória e de resistência cultural e fazem parte da alma do bairro.
7. Museu da Fábrica de Schindler
Você sabia que é possível fazer uma visita à antiga Fábrica de Schindler? Foi ali que um empresário, antes associado aos nazistas, arriscou sua fortuna e a própria vida ao ajudar a salvar 1750 prisioneiros que foram empregados em suas fábricas como operários.
Hoje, o local pouco lembra uma fábrica de panelas e funciona como um museu com a exposição permanente sobre a Cracóvia sob a ocupação nazista entre 1939 e 1945 (21 zl.), tudo com reconstruções, imagens, áudio e vídeos (em inglês) da época. Mais informações sobre a visita no post completo.

8. Pharmacy Under de Eagle e outros museus
Outro museu interessante que retrata a ocupação nazista na Polônia é o Pharmacy Under de Eagle. Ele funciona dentro de uma antiga farmácia que foi restaurada de acordo com a arquitetura e decoração da época e conta a história do gueto judeu durante a guerra (10 zl. / Plac Bohaterów Getta, 18).
Quem prefere um pouco de arte pode visitar o Museu Czartoryski (site oficial) e o National Museum (site oficial). O primeiro possui em se acervo a famosa obra de Leonardo da Vinci, A Dama com o Arminho.
9. Praça dos Heróis do Gueto
A Praça dos Heróis do Gueto (Plac Bohaterów Getta) é o tipo de memorial minimalista que fala muito com pouco. São dezenas de cadeiras de metal espalhadas pela praça, representando os pertences deixados para trás pelos judeus que foram deportados.
O vazio entre elas leva ao entendimento de que ali, exatamente ali, famílias inteiras esperaram o transporte que as levaria para Auschwitz e outros campos.
10. Espaços de memória espalhados em Podgórze
Podgórze é um bairro onde, antigamente, ficava o antigo gueto judaico criado pelos nazistas. Além da Fábrica de Schindler, da farmácia Under the Eagle e da Praça dos Heróis do Gueto, o lugar abriga outros pontos de memória.
- Fragmentos do muro do gueto, ainda de pé, com placas explicativas.
- Ruínas, casas preservadas e placas discretas que marcam onde ficavam escolas, prédios administrativos e residências obrigatoriamente ocupadas.
11. O subterrâneo de Cracóvia (Rynek Underground Museum)
Por mais incrível que a Praça do Mercado seja na superfície, a verdadeira surpresa está escondida lá embaixo. Debaixo do piso medieval da Rynek Główny existe um museu inteiro, moderno, multimídia e absolutamente fascinante, dedicado a revelar como Cracóvia era há mais de 700 anos.
O Rynek Underground Museum te leva a uma viagem no tempo. Você desce alguns degraus e, de repente, está caminhando entre fundações medievais preservadas, fragmentos de ruas antigas, fogueiras reconstruídas, cemitérios escavados, objetos do cotidiano e até sistemas de comércio que existiam antes da Rynek ganhar sua forma atual.
Tudo isso acompanhado de projeções, hologramas, mapas animados e sons que ajudam a reconstruir a vida na Cracóvia do século 8 ao 15.
12. Collegium Maius e a tradição universitária
O Collegium Maius é parte da Universidade Jaguelônica, uma das mais antigas do continente. O edifício foi construído em 1400 e serviu como coração acadêmico de Cracóvia por séculos. Aqui se estudou astronomia, filosofia, medicina, matemática… tudo aquilo que moldou o pensamento científico antes mesmo do Renascimento ganhar corpo.
O mais célebre estudante da Universidade Jaguelônica — e, portanto, visitante frequente do Collegium Maius — é Nicolau Copérnico, aquele astrônomo que mudou a forma como entendemos o universo ao defender que a Terra gira ao redor do Sol.
O pátio interno, rodeado por arcadas góticas elegantes é um dos lugares mais fotogênicos da cidade, mas também um dos mais simbólicos por todo o peso dos debates, descobertas, manuscritos e mentes inquietas que começaram ali.
História e curiosidades
O Collegium Maius funcionava como residência de professores e dormitórios de estudantes. Naquela época, a vida acadêmica era quase monástica. O mais legal é que as salas onde eles estudavam e guardavam instrumentos científicos foram preservadas com extremo cuidado.
Ao visitar o museu, você encontra:
- Globos, astrolábios e ferramentas astronômicas usadas nos séculos 15 e 16;
- Livros raros e manuscritos originais, alguns iluminados à mão;
- Objetos curiosos, como relógios mecânicos, instrumentos de navegação e dispositivos científicos que parecem saídos de um laboratório alquímico.
E tem mais: todos os dias, no pátio central, acontece um pequeno espetáculo mecânico no relógio, em que figuras históricas surgem para um desfile.
Bairros e experiências além do óbvio (Cracóvia alternativa)
1. Zabłocie: galerias, cafés modernos e o MOCAK
Zabłocie é o bairro que prova que Cracóvia não vive só de passado. Antiga zona industrial do outro lado do Vístula, ele passou por um processo de transformação que lembra outras cidades europeias criativas: fábricas abandonadas viraram ateliês, galpões se converteram em galerias e cafeterias com estética minimalista surgiram entre prédios de tijolo vermelho.
O grande destaque de Zabłocie é o MOCAK – Museu de Arte Contemporânea de Cracóvia, um dos museus mais importantes do gênero na Europa Central. Instalado numa antiga área fabril e com arquitetura de linhas limpas, ele abriga exposições que tratam de política, memória, sociedade e estética de um jeito direto e acessível.
As coleções permanentes são ótimas, mas as temporárias costumam ser o que mais chama atenção: instalações imersivas, obras multimídia, fotografia, vídeo-arte e projetos que dialogam com debates atuais.
Além do MOCAK, o bairro tem pequenas galerias independentes, coletivos de artistas e espaços experimentais que funcionam dentro de antigas fábricas.
2. Nowa Huta: o bairro socialista que virou atração
Nowa Huta é, sem exagero, um dos lugares mais surpreendentes de Cracóvia, justamente porque é tudo aquilo que você não espera encontrar numa cidade famosa por castelos, mercados medievais e igrejas góticas.
Construído nos anos 1950 como um bairro-modelo socialista, ele foi planejado para ser a utopia urbana da Polônia comunista. Diferente do emaranhado medieval do centro, Nowa Huta é puro planejamento. As avenidas são largas, as praças são imensas e os blocos residenciais seguem um padrão que lembra cartaz de propaganda da era socialista.
O resultado? Um enorme laboratório urbano que hoje virou atração turística.
O coração do bairro é a Praça Central (Plac Centralny), construída como símbolo da nova sociedade operária: grandiosa, rígida e, de certo modo, fascinante.
Para quem gosta de urbanismo, história política ou simplesmente de lugares com personalidade forte, é uma aula ao ar livre.
Tours guiados em carros clássicos. Sim, de Trabant!
Uma das maneiras mais divertidas de explorar Nowa Huta é através de tours feitos em carros comunistas clássicos, como o Trabant, aquele modelo quadrado, barulhento e icônico do leste europeu.
O passeio te leva por:
- antigos abrigos subterrâneos;
- centros comunitários da era socialista;
- blocos residenciais históricos;
- pontos de resistência política;
- e histórias que só quem vive na região costuma contar.
É meio kitsch, meio educativo, totalmente inesquecível.
3. Arte urbana em Cracóvia: muralismo, grafite e coletivos
A cena de arte urbana de Cracóvia é forte, politizada, poética e profundamente ligada às transformações culturais dos últimos 20 anos. Em bairros como Kazimierz, Podgórze e Zabłocie, a arte de rua virou ferramenta de expressão e memória, um jeito visual de contar histórias que muitas vezes não estão nos museus.
Alguns murais já viraram destino turístico por mérito próprio. Entre os mais marcantes, vale procurar por:
- “Judah” (Kazimierz)
Um dos murais mais fotografados do bairro judaico, criado pelo artista israelense Pilpeled. É um tributo moderno à identidade judaica da região, e resume perfeitamente a estética de Kazimierz: memória + renascimento. - “Ding Dong Dumb” (Podgórze)
Assinado pela dupla Etam Cru, mistura surrealismo, crítica social e humor, três elementos recorrentes na street art polonesa. - Os murais de Zabłocie
Perto do MOCAK e da antiga Fábrica de Schindler, você encontra trabalhos gigantes que misturam política, fragmentos históricos e estética contemporânea. - “The Kiss” (Kazimierz)
Inspirado na fotografia icônica de dois homens se beijando, é um mural poderoso sobre amor, liberdade e visibilidade. - Murais ligados ao judaísmo e à memória do gueto
Pequenas intervenções que dialogam com a história local, muitas delas discretas, mas extremamente tocantes.
4. Hala Targowa: o mercado onde tudo acontece
A Hala Targowa é um clássico cracoviano. Durante a semana, funciona como mercado tradicional, com bancas de frutas, legumes, carnes, utensílios domésticos e produtos locais. É ótimo para ver a cidade funcionando “fora da bolha turística”.
Mas o grande charme da Hala Targowa aparece de madrugada. Nas noites de sábado para domingo, o pátio externo se transforma em um ponto lendário para quem procura comida local barata, especialmente o famoso zapiekanka (uma espécie de baguete gigante assada com queijo, cogumelos e toppings variados). É uma tradição pós-balada tão conhecida que virou destino por si só.
5. Feira dominical de antiguidades: o templo do garimpo
Se você gosta de antiguidades, prepare-se: a feira de domingo da Hala Targowa é um dos melhores mercados de pulgas da Polônia. É nesse dia que a área externa do mercado fica lotada de barracas vendendo absolutamente tudo:
- utensílios do período comunista,
- porcelanas antigas,
- câmeras e lentes analógicas,
- medalhas e pins históricos,
- vinis, livros e mapas,
- móveis pequenos e objetos improváveis que parecem ter saído do fundo de um sótão esquecido.
A graça é ir sem pressa e sem expectativas e deixar o acaso te surpreender. Muita gente volta com lembranças baratíssimas e cheias de história.
Passeios e bate-voltas a partir de Cracóvia
1. Auschwitz-Birkenau

Inaugurado em maio de 1940 e imortalizado em filmes como a Lista de Schindler, A Vida é Bela e O Pianista, o campo de concentração de Auschwitz fica há 70 km de Cracóvia e pode ser visitado em um bate-volta desde a cidade.
Também conhecido como Auschwitz-Birkenau por causa de um segundo campo anexo que foi construído para abrigar câmaras de gás, foi o primeiro a fazer parte da “solução final” nazista, ou, em outras palavras, a exterminação sistemática de judeus com o objetivo de eliminá-los da Europa.
Hoje um memorial e museu dedicado às vítimas do Holocausto, o passeio é um dos mais fortes e marcantes da Polônia. A experiência é dura e silenciosa, mas também transformadora. E justamente por isso, é importante ir com preparo emocional e respeito.
Como ir de Cracóvia para Auschwitz-Birkenau
A partir de Cracóvia, você pode chegar a Auschwitz-Birkenau de três formas principais:
- Ônibus: saem da estação rodoviária (MDA) com frequência e deixam você praticamente na porta do Museu de Auschwitz I. É a opção mais barata e direta.
- Trem: vai até a estação Oświęcim, a cerca de 20 minutos de caminhada do museu.
- Tours organizados: incluem transporte de ida e volta e, geralmente, entrada com guia. É a forma mais prática se você quer evitar filas e resolver tudo antecipadamente.
O complexo é dividido em dois locais: Auschwitz I (o museu principal) e Birkenau (Auschwitz II), a área de extermínio. As visitas completas incluem ambos, e há ônibus gratuito ligando os dois setores a cada poucos minutos.
Importância histórica (e como se preparar)
Auschwitz-Birkenau foi o maior campo de concentração e extermínio do regime nazista. Entre 1940 e 1945, mais de 1,1 milhão de pessoas foram assassinadas ali — principalmente judeus, mas também poloneses, romani, prisioneiros políticos, pessoas LGBTQIA+ e outras minorias perseguidas.
O memorial preserva barracões, câmaras de gás, trilhos de trem, arquivos, objetos pessoais e áreas de trabalho forçado. É um lugar onde o silêncio pesa.
Por isso, algumas orientações ajudam muito:
- Evite fotografias em excesso, especialmente em áreas sensíveis.
- Não faça vídeos falando, rindo ou caminhadas “vlogadas”. É inadequado.
- Vista-se de forma discreta e, se possível, leve água e casaco — o passeio é longo e grande parte é ao ar livre.
- Prepare-se emocionalmente: é comum sentir tristeza, angústia ou exaustão.
A visita não é sobre “ver” coisas — é sobre testemunhar.
Opções de tours e dicas de agendamento
A entrada em Auschwitz-Birkenau é gratuita, mas a visita guiada é recomendada e costuma esgotar rápido, especialmente na alta temporada.
Você pode escolher entre:
- Visita guiada oficial (em vários idiomas): dura cerca de 3,5 horas e cobre Auschwitz I + Birkenau.
- Visita individual com entrada marcada: você pode caminhar por conta própria, mas ainda precisa reservar horário no site oficial.
- Tours privados ou em grupos pequenos, que geralmente saem de Cracóvia e incluem transporte + guia credenciado.
Reserve com antecedência — idealmente 2 a 4 semanas antes, dependendo da época.
Dica importante: escolha o primeiro horário da manhã ou o fim da tarde. Os grupos são menores e o ambiente tende a ser mais silencioso, permitindo uma experiência mais introspectiva.
A forma mais fácil de chegar lá é contratando uma empresa que faz o traslado e o tour guiado, saindo de Cracóvia. Eles te pegam na porta do hotel e te deixam lá no final do dia, por volta das 17h (entre 120 e 200 zl, vendidos em qualquer hotel ou agência de Cracóvia). Mas dá para fazer o trajeto sozinho, de trem, e se unir a um dos grupos guiados oferecidos pelo próprio campo (60 zl) ou ir sem guia mesmo. A gente conta com detalhes como é a visita no post sobre completo.
2. Minas de Sal
As minas de sal de Wieliczka ficam a 13 km do centro de Cracóvia. É dali que o sal utilizado no país foi retirado durante séculos. Quando a fonte secou, o lugar se transformou em uma atração turística. Ali há uma Catedral toda feita de sal e consagrada ao patronos dos mineradores poloneses. Além, é claro, de quase 300 km de túneis que podem ser percorridos. Quem tem alergias respiratórias vai gostar do passeio: dizem que a qualidade do ar ali é uma benção aos nossos pulmões.
Nowa Huta
40.000 operários foram alojados nessa vizinhança durante o período comunista. A arquitetura soviética do bairro é um contraste imenso com a área medieval da cidade. A região foi pensada para ser uma cidade ideal, com avenidas largas, parques e espaços para a vida comunitária. Como muitas outras cidades perfeitas, o projeto, no entanto, nunca foi terminado e os trabalhadores acabaram vivendo em condições precárias. Há um free walking tour que conta a história do bairro. Entre as maiores atrações está a Ark of the Lord, uma igreja que de bonita não tem nada, mas tem uma curiosidade interessante: foi o Papa João Paulo II quem colocou a primeira pedra de sua construção.
Onde ficar em Cracóvia
Procurando hotéis para sua estadia? Temos um post bem completinho sobre os melhores bairros e regiões para ficar em Cracóvia.
Vai viajar? O Seguro de Viagem é obrigatório em dezenas de países da Europa e pode ser exigido na hora da imigração. Além disso, é importante em qualquer viagem. Veja como conseguir o seguro com o melhor custo/benefício e garanta promoções.
Obrigada por informacoes muito ultis deixadas aqui.
espero que vc viaje o mundo todo.
Paz e saude para as proximas viagens
Boa tarde Natália. Valeu pelas dicas. Estou indo para Cracóvia em setembro e gostaria de saber sua opinião se dá pra fazer com calma uma manhã em Auschwitz e uma tarde nas minas de sal ou se seria melhor deixar um dia só para o campo de concentração. Obrigado. Sucessos.
OI Natalia, tudo bem?
Como ir as Minas de Sal a partit do centro? Ou a partir da fabric de Schindler?
Obrigada. Cecilia
Oi Natalia! Adorei o seu site.
Terei 5 dias de ferias em novembro.
Na sua opiniao, vc acha melhor ficar 4 dias em Cracovia (desconsiderando um dia por causa do horario do aviao), ou 3 dias em Cracovia e 1 dia em Varsovia?
brigadao!
Muito legal suas dicas, gostaria de visitar Auschwitz com guia em português,será que é fácil contratar esse serviço?
Olá!
Planejo uma viagem por ano para a Europa com marido e dois casais de amigos. Fizemos escandinávia neste ano, e a de 2018 já está planejada. Para 2019 estava decidida pela linda Croacia e arredores, contudo, depois q vi este seu post mudei de ideia, pois me encantei por Cracóvia. Parabéns pelo seu trabalho, relato e fotos. Virei fã.
Sensacional!
Estou ficando louca com este blog! Cheguei aqui pelo Google querendo saber mais sobre a Bulgária e.. olha onde vim parar!
Ficou mais difícil fazer meu roteiro pelo leste europeu porque agora quero conhecer tudo! (Estou partindo por 22 dias em outubro/17 com uma amiga)
Parabéns galera, admirada com estilo de vida e a escrita gostosa de vocês!
Continuem assim!
Beeeijos