Você já se hospedou em um hotel-muquifo?

Nós éramos jovens recém-formados com uma viagem muito longa pela frente e pouco dinheiro no bolso. Como qualquer mochileiro pelo mundo, tínhamos que cortar gastos aqui e ali. Entre atrações turísticas, locomoção entre cidades e atividades como rafting e esqui, escolhemos gastar o mínimo possível com hospedagem e alimentação. Foram meses de fast food e comida de rua, de quartos feios em hotéis ruins, de banheiros compartilhados e dormitórios com pessoas estranhas. Faz parte da vida do viajante econômico, eu acho.

No entanto, algumas vezes esses hotéis abusavam do direito de serem ruins. Nem o mais apertado dos orçamentos justifica certas situações, meus amigos. Como no dia em que ficamos presos numa vila no Himalaia porque estava nevando e, sem outra alternativa, resolvemos ficar bêbados.

Mas, como todo líquido que entra tem que sair, era preciso enfrentar a nevasca para chegar até o bendito banheiro, que não só ficava do lado de fora do quarto, como da casa. Vamos ignorar também que não tinha água na casa inteira, porque os encanamentos estavam congelados. E que os lençóis fediam a cigarro. O foco é no fato de que o lugar tinha uma vista deslumbrante e que o preço da diária era só R$1,50 (!!!) por pessoa.

Quarto de hotel em Jaisalmer. Boa parte da bagunça era nossa culpa.

Alguns meses mais tarde, também na Índia, aprendemos a incluir “hotéis com gerador de energia” na nossa lista de itens de primeira necessidade. É porque várias cidades indianas sofrem com racionamento de energia e a luz é cortada várias vezes por dia. No inverno não faz tanta diferença, já que eles não têm sistema de calefação mesmo, mas no verão seu hotel pode facilmente se tornar uma filial do inferno.

Nosso quarto em Hyderabad sequer tinha janelas, o que tornava a situação mais tensa. Toda vez que a luz acabava durante a noite, eu instantaneamente abria os olhos e começava a assar. Corria para o banheiro para tomar uma ducha gelada, mas a refrescancia só durava alguns minutos. Rapidamente acabamos com todas as garrafas d’água que tínhamos e, no desespero, pegamos uma na geladeira do hotel. Esse foi o maior erro que cometemos: passamos tão mal que achamos que tínhamos contraído cólera.

Pode não ter sido muito divertido na hora, mas vendo assim de longe, até que é engraçado. E foi rindo dessas situações que surgiu a ideia de medir o grau de espelunca dos lugares por onde nossos leitores já se hospedaram por aí. O teste foi criado tendo como base essa e outras experiências que vivemos em hotéis ao redor do mundo. Longe de querer encontrar qualquer resultado científico, espero que pelo menos seja divertido!

 Clique aqui para fazer o teste dos hotéis-muquifo!

 Varanda e vista do nosso hotel em Khajuraho, Índia

Foto destacada: Brian Kerls Photography

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Natália Becattini

Sou jornalista, escritora e nômade. Viajo o mundo contando histórias e provando cervejas locais desde 2010. Além do 360meridianos, também falo de viagens na newsletter Migraciones, no Youtube e em inglês no Yes, Summer!. Vem trocar uma ideia comigo no Instagram. Você encontra tudo isso e mais um pouco no meu Site Oficial.

Ver Comentários

  • Hahahha adorei o teste, já fiquei em um em Puerto Maldonado, Peru, que meu Deus! Eu não tive coragem de encostar mais nada no colchão a não ser as costas. Nem janela tinha. A diária? R$8 kkk

    • Nossa Rafael, eu sei bem como é essa sensação de olhar pra cama e ter vontade de ter levado um colchonete! Mas aí a gente lembra da diária e tudo fica bem, rs!

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Natália Becattini

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