“Transporte público no Brasil é castigo”

Quem disse a frase do título deste post foi minha tia, que mora em Brasília, enquanto discutíamos sobre mobilidade urbana no exterior e as soluções para o Brasil. A frase faz sentido. Uma pesquisa da prefeitura de São Paulo mostrou que o índice de qualidade do transporte público oferecido pelas empresas piorou em relação à 2012. A SPTrans chegou a receber mais de 120 mil reclamações dos usuários: a lentidão, a qualidade da frota, o tempo de espera e as atitudes dos motoristas lideram o ranking de problemas.

Enquanto isso, em Belo Horizonte, há mais de 10 anos esperamos a implantação de um sistema de metrô eficiente, algo que nunca saiu do papel. Já quando nós, brasileiros, viajamos pela Europa e Estados Unidos, ocorre um fato curioso: até quem nunca sai de casa sem carro se aventura pelos metrôs de Londres, Paris e Nova York. Mas, vamos combinar, mesmo tendo linhas para todos os lados, esses serviços também são cheios e algumas vezes até sujos ou velhos.

No Brasil existe uma cultura que valoriza o carro acima de tudo, afinal, sem ele você se vê obrigado a pegar aquele ônibus apertado, quente e com um longo trajeto. Se isso não parece castigo para você, então não sei mais o que é. Só que o problema, claro, é mais grave do que isso. Porque enquanto valorizarmos tanto os carros e entendermos que ônibus, metrô e trem são uma espécie de castigo, nunca seremos incentivamos a largar esse pedaço de conforto com 4 rodas e melhorar um sistema que deveria funcionar bem para todos.

“Nenhum dos seus amigos tem carro? Que pobreza!”

Minha irmã mais nova disse tal sentença quando comentei que a maioria dos meus amigos em São Paulo não tem um carro para chamar de seu. O motivo, acredito eu, não é exatamente a pobreza (apesar de jornalista não ser o bicho mais bem pago do mundo), mas a consciência de que se trata de um gasto supérfluo para uma necessidade pequena e pontual. Muitas vezes o carro, ao invés de ser uma necessidade, é status, é o anti-castigo. “Como assim seu amigo, namorado, gato, cachorro, não tem carro? Vocês andam – ah, o horror – de ônibus?” Sim, de ônibus. E também de metrô, trem, táxi…

Crédito: Wikimedia Commons

Em São Paulo, a maioria dos meus amigos mora numa região próxima ao metrô em Pinheiros e, por sorte, trabalha não muito longe de casa. Eu só tirei carteira de motorista ano passado, aos 25 anos de idade, assim como a Natália, outra autora aqui do blog. Tenho amigas em BH que não tem habilitação. Essa, aliás, é a tendência em cidades como Nova York, sabiam? Cada vez menos jovens por lá têm se preocupado em aprender a dirigir, porque você não precisa saber dirigir numa cidade que tem metrô para todos os lados, 24 horas.

Eu não moro em NYC e São Paulo não tem um sistema de metrô tão eficiente (nem vou colocar BH na comparação, para não maltratar tanto minha cidade natal), mas o fato é que hoje não vejo necessidade de ter um carro. Em São Paulo, com seus engarrafamentos homéricos, eu só passaria raiva. O transporte público, com as milhares de ressalvas, me atende. E eu não estou disposta a arcar com os custos de um veículo próprio: IPVA, seguro, manutenção, gasolina, estacionamento… E olha, me desculpe quem tem carro, mas eu sou a favor que esses custos fiquem ainda mais caros.

 “Por que será que não fecham essa rua para trânsito de carros?”

Quem disse a frase acima fui eu mesma, durante o final de semana no Liberdade, bairro japonês que fica no centro de São Paulo. No dia em que cidade completava 460 anos eu não conseguia tirar nenhuma foto bonita, dada a fila de carros infinita que atrapalhava a paisagem. Enquanto isso, era quase impossível andar pela calçada, porque muita gente tentava achar seu espaço ali, ao entrar e sair das lojas.

Eu sou a favor de fechar o trânsito de ruas em regiões turísticas, em defesa de uma cidade mais humana e bonita. Na Europa, vários centros históricos são assim – Praga, Florença, Bolonha, só para dar alguns exemplos. Mas o Brasil também não fica para trás. Em Curitiba, a Rua das Flores está bem no centro e é toda fechada para veículos. Em BH, a Savassi, região nobre e central, recentemente teve vários quarteirões fechados para carros. Nessas horas surgem os reclamões: mas o trânsito vai piorar! Mas não vai ter onde parar os carros!

Crédito: Wikimedia Commons

Bem, esse é o problema da ideia de transporte público como castigo e carro como status. Muitas vezes, o carro é um grande vilão na história, mas esse discurso faz parecer que é o contrário. Você não tem que se preocupar onde vai parar seu carro ou com qual o valor do estacionamento, basta ir de ônibus ou metrô. É o mesmo tipo de reclamação que às vezes escuto contra as faixas de ônibus. Bem, se queremos melhorar a qualidade do transporte público, um bom começo é evitar que a pessoa dentro do ônibus fique presa num engarrafamento, certo?

Sabe lá na Suíça, aquele país que parece conseguir fazer tudo certinho? Pois é, lá também tem faixa de ônibus. E isso ajuda na pontualidade dos veículos – mais até do que os relógios: “Apesar do tráfico intenso de carros, aqui na Suíça são comuns vias exclusivas para ônibus que permitem (na grande maioria das vezes) que eles passem pontualmente. Não com 10 ou 5 minutos de atraso. Se na tabela de horários estiver escrito 8:32, ele vai passar em ponto ou até mesmo chegar um pouco antes e partir no horário previsto”, contou o Michel Zylberberg, blogueiro do Rodando pelo Mundo que mora lá no país dos Alpes. A conclusão é lógica: menos tempo de viagem e menos chance de atraso no horário marcado = melhora gradual da qualidade.

“País rico não é aquele que o pobre anda de carro. É aquele que o rico anda de transporte público.”

Essa frase é um clichê, mas é um clichê bom. Acredito muito nisso, assim como entendo que a solução para o Brasil ainda é difícil. A comparação do preço x qualidade das passagens de ônibus em São Paulo, com várias cidades do mundo, nos mostra que pagamos por um dos piores e mais caros meios de transporte públicos da Terra. Para mim, o pior é a falta de acesso. Eu não consigo ir ao Parque do Ibirapuera ou ao Parque Villa Lobos com transporte público, saindo da minha casa em Perdizes, sem ter que pegar pelo menos dois ônibus. Então, os espaços públicos da cidade deixam de ser públicos, porque não atendem à boa parte da população.

Minha antiga chefe (e vizinha) decidiu comprar um carro porque não tinha como passear com o cachorro – ônibus e metrô não aceitam animais e os táxis costumavam recusá-la também. Lá em Berlim, por outro lado, nunca entrei num vagão do metrô que não tivesse um dono e seu mascote (faço a defesa, mas olha que eu nem gosto muito de cachorro).

Eu amei Florianópolis, é uma cidade linda, que parece oferecer boa qualidade de vida, exceto pelo fato de que sem carro essa qualidade vai para o espaço. Decidimos não alugar um carro quando visitamos a cidade e acabamos descobrindo um sistema de ônibus confuso, lento e ineficiente. Demoramos 4 horas para conseguir ir de um lado para o outro. E, para piorar, na alta temporada, dada a quantidade de turistas que alugam carros, o resultado são engarrafamentos de horas.

Acho que a solução passa por duas partes. A primeira, e óbvia, é um investimento maciço em novas e mais formas de transporte público em todas as cidades brasileiras – a maioria só tem ônibus como opção. Em Kuala Lumpur, por exemplo, além de ônibus, tem metrô, monotrilho e trem.

Ao mesmo tempo, precisamos diminuir essa cultura de carros. É necessária uma mudança de mentalidade. Os carros são um problema para o meio ambiente, para a saúde das pessoas, para o trânsito, enfim, são um problemão. Eu sei que muita gente não vai abrir mão de um conforto enquanto o transporte público não for, pelo menos, mais eficiente. Mas do jeito que a nossa cultura é, muita gente não abriria mão de um carro mesmo que tivéssemos o sistema de metrô de Londres de graça. Por preguiça, por status, por achar que fora do Brasil é sempre melhor.

“Não são só 20 centavos”

O preço da passagem também é um ponto polêmico, principalmente por causa da desigualdade social que vivemos. Uma solução que parece justa na Europa é absurda no Brasil: comentando sobre os problemas do transporte público em Budapeste, Hungria, uma amiga, a Janka Csóti, reclamou que achava injusto ter que pagar o mesmo valor se fosse fazer uma viagem com uma ou vinte paradas. De fato, no contexto dela parece injusto mesmo. Várias cidades da Europa, além de gigantes asiáticas como Hong Kong e Cingapura, cobram o valor da passagem pelo tempo ou distância de deslocamento.

Crédito: Wikimedia Commons

Mas aqui no Brasil isso seria o maior absurdo. Os principais usuários de transporte público atualmente, a “gente diferenciada” – como diriam os moradores de Higienópolis, bairro de classe A, em SP – vem da periferia, que em geral, é afastada das regiões centrais, onde estão os empregos. Não dá para medir a discrepância que seria cobrar mais caro exatamente de quem já sofre para pagar o valor da passagem.

Ao mesmo tempo, soluções como o Bilhete Único, também em SP, ajudam. Para quem não sabe, o Bilhete Único permite que você faça até quatro viagens, num intervalo de três horas, pagando uma passagem só. Recentemente, uma parceria da prefeitura com o governo do estado criou um novo sistema em que você pode pagar mensalmente R$230,00 por um número ilimitado de viagens integrando não só ônibus, mas também metrô e trem.

Apesar de só ser bom para quem faz mais de 50 viagens por mês (já que se você não gastar tudo, não sobra o crédito), já mostra uma solução aparecendo. Espero que nosso bilhete único mensal possa evoluir para sistemas como o de Munique, onde o nosso host do couchsurfing, Marcel, contou que compra um bilhete anual, que sai muito mais barato e vale para todos os meios de transporte da cidade. Já em Londres, com Oyster Card, o dinheiro que você colocou no cartão não se perde nunca, dá até para pegar de volta, ao devolver o bilhete.

Nenhuma dessas soluções veio pronta. Todas as cidades do mundo têm tentado descobrir formas não só de resolver o trânsito, mas também de diminuir o número de carros e melhorar a qualidade do transporte coletivo. São muitas ideias inspiradoras que podem colaborar para políticas mais justas e efetivas na área da mobilidade urbana. Mas eu não acredito que grandes investimentos serão feitos sem uma mudança de consciência das pessoas – e essa mudança de consciência também só se prova com atitudes. Não use ônibus ou metrô só durante as suas férias na Europa. Tente usar também menos o seu carro no Brasil e aumente o coro de quem luta para cidades com mais qualidade de vida.

*Imagem destacada: Wikimedia Commons

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Luiza Antunes

Luiza Antunes é jornalista e escritora de viagens. É autora de mais de 800 artigos e reportagens sobre Viagem e Turismo. Estudou sobre Turismo Sustentável num Mestrado em Inovação Social em Portugal Atualmente mora na Inglaterra, quando não está viajando. Já teve casa nos Estados Unidos, Índia, Portugal e Alemanha, e já visitou mais de 50 países pelo mundo afora. Siga minhas viagens em @afluiza no Instagram.

Ver Comentários

  • Muito bom o texto, mas como assim voce nao gosta de cachorro? Eles são muito legais. E aqui no Brasil infelizmente tem os espertinhos que sempre tentam levar vantagem, emprestam o bihete unico para amigos e familia, pulam catraca e outras barbariddes

    • Eu gosto bastante de cachorro. Eu em geral tenho medo deles. Mas já superei bastante desde que escrevi esse texto, anos atrás.

  • Vamos la acho que voces estao um pouco desatualizados em algumas coisas ou fora da realidade : "Recentemente, uma parceria da prefeitura com o governo do estado criou um novo sistema em que você pode pagar mensalmente R$230,00 por um número ilimitado de viagens integrando não só ônibus, mas também metrô e trem. - existe o bilhete mensal sim mas voce tem que fazer opcoes so onibus, so o metro ou o dois juntos e ai o preço sobe consideravelmente, Nao vejo como devolver se nao usar no final do mes, porque voce nao compra viagens, voce compra o direito de usar todos os dias o quanto quiser, entao a prefeitura vai devolver o que? Em Sao Paulo se pode sim levar caes e gatos e outros animais pequenos no onibus e metro (trem me parece que nao) respeitando regras como evitar horario de pico, fim de semana é livre e o bichinho tem que estar em uma caixa ou gaiola.

    • Oi Sandra,

      Esse texto é de 2014. Muita coisa mudou de lá para cá e sem dúvida o texto merece uma atualização. Mas infelizmente, o transporte público não melhorou muito de lá para cá, além de ter ficado bem mais caro.

  • eu morei no Rio de Janeiro por 33 anos, quando vim morar na serra gaúcha, em 1994, numa cidade chamada Nova Bassano, na primeira semana fiz uma caminhada e acabou..., a cidade só tinha 5000 habitantes, na semana seguinte depois do desjejum fui na rodoviária (não tem trem), para ir para outra cidade Nova Prata, distante 10 km, mas o primeiro ônibus saia para lá as 15 horas, como assim? por isso sem carro aqui, não tem jeito. Viajei para Europa (Alemanha, Suíça, Itália, Espanha, Rússia) e vi como funcionam os meios de transportes coletivos, muito bem, e em qualquer lugar, menos no Brasil. Infelizmente esse artigo vale para quem mora em cidades grandes -Rio, SP, BH, Poa, etc.-. Estou de acordo com melhoras do setor de transportes coletivos, mas, sera que é possível???

    • Oi Luis,

      O texto é sim focado em grandes centros urbanos. Mas certamente vale a reflexão que você fez sobre cidades pequenas, onde a quantidade de opções cai muito mais. E acredito que isso é um problema não só no Brasil, porque muitos lugares no interior da Europa tem o mesmo problema.

  • Que bacana o pessoal viver sem carro. Ainda mais quando se mora em países e cidades com transporte público decente, como em Lisboa, por exemplo.
    Eu não troco meu carro, mas respeito e admiro quem pensa e faz diferente.

  • Oi Luiza.
    Ontem estava falando com um amigo disso. Moro em Paraguai, Ciudad del Este (fronteira com Foz Do Iguaçu). Gostaria ter um transporte publico bom pra nao precisar ter carro. Aqui na cidade nao da pra viver sem e nao e status. O onibus fica parado na rua as vezes, demora em chegar, demora pra chegar no destino, e muito sujo e tambem e perigoso. Infelizmente preciso do carro pra trabalhar e estudar mais o gasto e 4 veces mais do que usar transporte publico. Vou sempre pra SP a negocios e adoro andar de metro pois pra meu pais seu sistema de transporte ja e muito bom e da pra viver sem carro. Gosto muito do blog :)

  • Pois é, eu não vejo como sacrifício, acho até mais tranquilo me locomover de táxi do que ter carro e ficar me preocupando com manutenção e IPVA. Mas nem sempre pensei assm, pir muito tempo me senti uma loser. Em alguns paises, é ao contrário, ter carro é ser loser. Infelizmente acho que pra isso acontecer aqui, pode levar décadas. E parabéns pelo blog. Parei aqui por indicação de uma amiga e to adorando.

    • Me senti muito acolhida com o seu post. Não tenho carro e, por outras questões práticas e ideológicas, não está nos meus planos comprar um. A dificuldade com o transporte público no Brasil é algo que pesa na minha escolha de roteiros de viagem e acredito que se investissem mais na área promoveriam melhor o turismo no Brasil, especialmente no interior - o que responder quando criticam o fato dos brasileiros viajarem mais ao exterior que dentro do país? O Brasil acaba se tornando muito caro, e às vezes impossível pra quem não tem carro ou não está disposto a alugar um para viajar.

      • Oi Fernanda, realmente, acho que a falta de trens no Brasil, por exemplo, dificulta muito o turismo, limitando as viagens à passagens caras de avião ou carro.

  • Tenho 41 anos e nunca tive carro. Tirei carteira de motorista só pá pelos 30 anos e por pressão. Não gosto de dirigir e hoje estou praticamente certa de que nunca terei um carro.
    Atualmente moro no Rio, mas já morei 18 anos em São Paulo. Lá, me locomovia muito de ônibus, metrô e táxi. Já passei muito, muito sufoco e hoje, felizmente, trabalho perto de casa e vou a pé. Pego ônibus e metrô eventualmente, mas confesso que prefiro pegar um táxi na porta de casa e, principalmente nesse verão escaldante, ir no fresquinho.
    Sei que infelizmente essa não é a relaidsde da maioria da população, sou uma abençoada por poder gastar com táxi, mas mesmo assim, oprto pelo transporte público quando sei que não passarei sufoco. É realmente desgastante pegar transporte lotado, quente, e correndo riscos diveros.
    Solução, claro que há, mas exige muito esforço, tanto do poder público quanto da população, e enquanto tal esforço não for feito, a tendência é a situação piorar.

    • Oi Rafaella,

      Obrigada por comentar.
      Realmente, é um privilégio para poucos conseguir se locomover de táxi (pelo menos no Rio é muito mais barato do que em São Paulo), mas acho que o fato de você não ter carro já é uma atitude positiva.

      Eu espero que esse esforço seja feito em breve. Porque a situação está muito grave.
      abs

  • Realmente, a situação do transporte público no Brasil é caótica. Essas soluções citadas no texto são totalmente viáveis. O problema realmente é a qualidade deste nosso transporte público. Ninguém gosta de pagar caro pra andar num ônibus lotado, em um metrô que segue com mais gente do que deveria, correndo riscos e sendo "espremido" entre outras pessoas. Neste caso aí, nem sendo grátis.
    Pra quem mora no centro e trabalha perto isso é muito bom, mas pra quem precisa pegar 2/3 ônibus/metrô para chegar ao trabalho isso é torturante e desanimador. A única solução, neste caso, é a construção de novas linhas de metrô (com qualidade), porque também não adianta construir um metrô ou trem que quebra no meio dos trilhos ou antes mesmo de sair da estação. Enquanto essas mudanças não forem feitas, a situação continuará caótica.

    • Ei Rafaela,

      Eu acho que o problema da lotação é o mais difícil de resolver. Eu não conheço uma cidade no mundo que não fique com o transporte público lotado nos horários de pico: o problema é que tem gente demais morando nas cidades.

      Mas enfim, precisamos de soluções para isso, e rápido.

      abraço

  • Saudades do tempo que morei na Espanha, e levava só 5 minutos a pé até a Estação RENFE DE ALCALÁ DE HENARES, aonde podia pegar o trem, sempre limpo, no horário, com segurança e ir à MADRID, em 45 minutos. Era tão bom que até esqueci que tinha carro aqui no Brasil!
    Até mesmo em dia de greve, e peguei algumas por lá, o serviço não era descontinuado. Sofria reduções ao longo do dia, mas nos horários de pico, sempre tinha o trem. Mesmo quando enchia, não era como aqui!
    Ônibus, também era no horário (como alguém aqui citou). Me admirava ver o placar eletrônico nos pontos informando as linhas que estavam chegando e quanto tempo faltava.
    Realmente, concordo com todos que apontaram o "vício" que o brasileiro tem por carro. Isso tudo considerando que a carga tributária é alta, por que se não fosse, onde iríamos parar?
    Eu mesmo, aqui em Pirassununga, só não me livrei do carro, por causa da falta de transporte público em quantidade e qualidade. Moro a 10 km da cidade e os mesmos 10km do meu local de trabalho, aqui dentro da Academia da Força Aérea. Contudo, tenho conseguido ir de bike 2 vezes por semana, colocando o físico em dia.
    Outra coisa, Luíza, morei 8 anos em BH, de 1990 a 1998, e passei 3 meses ao final de 2012. A cidade mudou muito, cobriram o Arrudas, mas essa história de metrô já ouvia desde aquela épca. I'm so sorry!

    • Oi Sérgio,

      Que bom que você achou a alternativa da bicicleta!

      Não concordo com o que você falou sobre BH, afinal, eu morei lá minha vida inteira e ainda passo meses lá todo ano. O trânsito de BH só piora a cada dia. Tem lugares que fica pior do que São Paulo. A cobertura do Arrudas é extremamente criticada por ambientalistas e alguns engenheiros, porque cria um problema de enchentes. As cidades mais avançadas do mundo, ao invés de cobrir seus rios, os tratam e cuidam para que não fiquem tão poluídos. Os rios inclusive, viram meio de transporte - vide o Sena, em Paris , ou os canais de Amsterdam.

      Ao invés de gastar com essa obra do Arrudas, poderiam ter investido nesse metrô dos sonhos, né?

      Abraço!

      • Oi Luiza, só continuando o papo, estive aí em Bh semana passada, na verdade em Lagoa Santa, mas pude ver o caos no trânsito e os problemas do início das atividades do BRT em BH. Vergonha!!! Quero ver na época da Copa.
        Infelizmente, enquanto tivermos políticos preocupados com seu próprio umbigo, de manter seu "curral eleitoreiro" por meio da "falsas" ajudas, vamos demorar a ter um transporte público de TODOS, e não de POBRE!
        Abraços

        • Oi Sérgio,

          Vou te falar que eu não quero nem ver na Copa, porque vou morrer de vergonha por isso. Não só os políticos tem que mudar a mentalidade, mas a população tb, que pensa que transporte público é de pobre, mesmo quando o serviço é bom.

          abs

  • Eu estou com 22 e ainda não tirei carta, meus pais me pressionam um pouco, dizem que eu deveria dirigir e a maioria dos meus amigos já possuem carta e dirigem. Não sei se são minhas prioridades, mas isso nunca foi algo muito forte em mim, lá pelos 18 eu me lembro de que tirar a habilitação era "o maior objetivo de vida" de muitos dos meus colegas, eu por outro lado não dava muita importância a isso.
    Confesso que hoje, às vezes, sinto que se eu dirigisse e estivesse de carro, em algumas ocasiões seria uma mão na roda e pretendo sim tirar minha carta esse ano, mas até que me viro bem com o transporte publico, moro em Santo André no ABC paulista e acho que da região, a cidade até que conta com uma variedade boa de transportes, pelo menos das regiões do ABC é a cidade que proporciona uma maior possibilidade de acessos a cidade de SP.
    Quando eu trabalhei em SP e tinha que pegar ônibus, trem e metrô, o que mais me impressionava era o fato de como brotava gente naquela estação do Brás, parece que o Estado de SP inteiro desembarcava ali para fazer baldeação. Os metrôs nem demoram tanto assim, 2 minutos de espera no máximo (acho) entre um e outro, mas aquilo parecia não esvaziar nunca.
    Para mim, as condições dos transportes na hora do Rush é que são uma bosta (desculpa, mas é isso mesmo), são deploráveis, gosto de andar de metrô por SP e não tenho problemas de utiliza-los nos finais de semana ou lá pras 14:00/15:00, quando da até pra ir sentado, mas não vou negar, utiliza-los todos os dias para ir ao trabalho, além de cansativo é um martírio.

    • Entendo essa pressão Gabriel, porque sofri ela até os 25. E eu imagino que nesse mundo machista, a pressão de um homem não ter carteira é muito maior...

      Carro é um conforto, ajuda muito em determinados momentos, mas não devia ser visto com o maior bem que um ser humano pode ter, ser símbolo de status, essas coisas.

      O problema da hora do rush é comum em qualquer lugar do mundo. O que acontece é que em grandes cidades, provavelmente 70% das pessoas trabalham nos mesmo horários, nas regiões centrais. Com isso, o mundo inteiro vai para dentro dos ônibus e metrôs nesses períodos, é um martírio mesmo.

      Obrigada por comentar!
      abs

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Publicado por
Luiza Antunes
Tags: Reflexões

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