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Um intercâmbio que arrecadou 12 mil reais para mudar a vida de mulheres

Enquanto atravessava Londres de metrô na hora do rush, Helô riu da própria situação. Ela e a amiga Renata corriam para chegar a tempo na casa de uma das entrevistadas do projeto que tocavam naquela semana de julho. Nas mãos, duas sacolas gigantes com um conteúdo inusitado: dezenas de absorventes arrecadados por meio de doações, que seriam repassados para mulheres refugiadas que vivem na capital inglesa. Hoje, a lembrança engraçada de passar pela muvuca do maior metrô da Europa com aquelas sacolas enormes divide espaço com a sensação de dever cumprido. Cruzar Londres de transporte público também fazia parte do projeto Intercâmbio Feminista.

imagem de frida kahlo em tons de terra

O plano de Helô Righetto e Renata Senlle era o seguinte: entrevistar dez mulheres que estão à frente de iniciativas feministas e, com esses depoimentos, inspirar mulheres brasileiras. Gabby Edlin, a entrevistada no dia da correria com as sacolas, é uma delas. Ela toca o Bloody Good Period, que oferece produtos de higiene pessoal e íntima a mulheres refugiadas para, assim, garantir que elas tenham o mínimo de dignidade e saúde. Já Florence Schechter quer criar um museu dedicado à vagina, com espaços de discussão científica, histórica, cultural e social sobre a anatomia feminina. O objetivo de Ruth Taylor é dar suporte financeiro a mulheres irlandesas que vão fazer aborto na Inglaterra, onde as leis são mais progressistas nesse aspecto. E assim por diante.

As entrevistas foram feitas em diversos endereços da capital inglesa: escritórios, casas das convidadas, lugares como o Royal Festival Hall. O papo com Bee Rowlatt, a jornalista que lidera campanha pela construção de uma estátua da ícone feminista Mary Wollstonecraft, foi no jardim da Velha Igreja de St. Pancras, onde a figura histórica foi enterrada.

Nos dias em que estavam juntas no Reino Unido, Helô e Renata aproveitaram para visitar Oxford, onde rolava uma exposição sobre grandes mulheres da história. Nesse período, também aconteceu uma edição do tour guiado Mulheres Incríveis e seus legados, em que Helô e outra amiga, a historiadora Juliana Fleig, levam pessoas a pé por quinze lugares de Londres pelos quais passaram mulheres anônimas e famosas que contribuíram para a luta feminista.

ilustração do we can do it com uma mulher segurando uma criança

A origem do Intercâmbio Feminista

O Intercâmbio Feminista nasceu a partir de outro projeto online, o Conexão Feminista. Desde 2015, Helô e Renata já publicaram mais de 100 vídeos no Youtube, em que discutem questões relacionadas à luta das mulheres pela igualdade entre os gêneros do ponto de vista do Brasil, onde outras questões como raça e distribuição de renda dão um recorte bem particular ao feminismo.

conexão feminista

Com o Intercâmbio Feminista, a ideia era ir além das fronteiras do Brasil, e trazer para a conversa vozes de mulheres de outros cantos do mundo. Na primeira fase do projeto, a decisão de entrevistar ativistas britânicas foi prática: Helô vive na Inglaterra há cerca de uma década. Foi lá que ela, que trabalhava no Brasil como designer, se envolveu mais com o feminismo e com a produção de conteúdo.

Ao buscar um emprego formal que lhe sustentasse enquanto escrevia sobre viagem e turismo em Londres para sites brasileiros, Helô teve a oportunidade de conhecer cada canto da cidade – e as pessoas que vivem nela, em seu melhor e pior estado. Na terra da Rainha, ela compreendeu que, por mais que as questões locais precisem ser discutidas, a luta contra a misoginia e o machismo é global.

frase em escrito preto, na parede branca, com dizeres de empoderamento feminino

A campanha de financiamento coletivo que viabilizou o Intercâmbio Feminista tinha uma meta de R$ 9 mil para pagar as passagens de Renata – que vive no Brasil – e outras despesas de deslocamento da dupla, além da criação do site, produção dos vídeos e doações para as ONGs que aparecem no projeto. Elas conseguiram mais de R$ 12,3 mil, sinal de que há potencial em projetos de empoderamento feminino.

Aliás, está aí um termo que Helô gostaria de ver sendo usada de uma maneira mais adequada. Para ela, o empoderamento feminino só interessa quando acontece no campo coletivo. Pouco importariam as conquistas individuais de Florence, Gabby, Ruth, Bee – ou mesmo o perrengues de Helô e Renata pelo metrô de Londres lotado com sacolas de absorventes -, se suas iniciativas não criassem um impacto positivo na vida de tantas outras mulheres. Conheça mais sobre o projeto!

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Otávio Cohen

Cresci lendo muitos livros e assistindo a muitos filmes. Deu nisso: hoje vivo de contar histórias. Por coincidência, algumas das melhores acontecem longe de casa. Por isso, de vez em quando, supero o medo de avião e a saudade do meu cachorro para ir em busca de uma nova história.

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