Cemitério da Recoleta, em Buenos Aires: história e dicas para a visitar

Bares, restaurantes, centros culturais e sorveterias fazem da Recoleta o mais charmoso e agradável dos bairros de Buenos Aires. Só que a principal atração do bairro passa longe de ser tão descolado: é o célebre cemitério da Recoleta, que atrai multidões de turistas todos os dias.

Não que o turismo tumular seja um privilégio da capital da Argentina – o cemitério de Père Lachaise, em Paris, recebe turistas há décadas e, até no Brasil, esse tipo de atividade tem se tornado cada vez mais popular entre os viajantes. Mas o cemitério da Recoleta é diferente. Ele não é apenas mais uma atração turística de um bairro qualquer. É o coração daquela parte da cidade, o local ao redor do qual tudo acontece.

Mesmo que você não seja fã desse tipo de passeio, vale a pena conhecer o bairro e observar o cemitério pelo lado de fora, enquanto você almoça ou toma uma cerveja num dos restaurantes ao redor. Por outro lado, se você não tem problemas em assumir o gótico que há em cada um de nós, visitar o Cemitério da Recoleta pode ser uma experiência interessante. A começar pela arte tumular, que é linda.

Também é possível visitar o Cemitério da Recoleta como parte de diversos tours guiados em Buenos Aires. Aqui há diversas opções de passeios para você escolher o que mais te interessar e reservar com antecedência. Não deixe de conferir também nossa seleção abaixo:

Dá para passar pelo menos uma hora perambulando pelas ruelas e becos do mundo dos mortos. Só isso, somado aos prédios dos vivos, que estão tão próximos dos muros do cemitério, já vale a visita. Mas o passeio pelo Cemitério da Recoleta fica mais interessante quando é possível se debruçar na história, nos mitos e nas curiosidades do local.

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Cemitério da Recoleta: um pouco de história

Buenos Aires já tinha séculos de vida quando o Cemitério da Recoleta foi fundado, em 1822. A Argentina, que acabara de se tornar independente, começava uma era de mudanças. O cemitério foi erguido nos fundos da Igreja Nuestra Señora del Pilar, que até hoje está ali e definitivamente merece uma visita.

Não demorou para que o Cemitério da Recoleta passasse a ser o destino dos mortos da alta sociedade portenha. Atualmente descansam lá 19 presidentes argentinos, dois vencedores do Prêmio Nobel, 10 escritores, vários artistas e atletas. Além, é claro, de Eva Duarte de Péron, primeira mulher de Juan Domingo Perón e até hoje um dos grandes símbolos da Argentina.

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O túmulo dela é de longe o mais visitado. Mas, não fosse a multidão que costuma se reunir na frente do mausoléu, passaria facilmente despercebido. O corpo de Evita, que morreu de câncer em 1952, já rodou o mundo. Foi embalsamado e exposto ao público por ordem do marido, roubado pelos militares que derrubaram Juan Perón do poder e enviado para a Itália, onde causaria menos tumulto.

Com a volta da democracia, o corpo foi novamente levado para Buenos Aires. Evita descansou por dois anos numa sala da Quinta dos Olivos, a Residência Oficial da Presidência da Argentina, até que finalmente foi transportado para o túmulo da família Duarte, em 1976. Como nessa época a Argentina vivia outra ditadura militar, o último descanso de Evita acabou sendo simples, afinal de contas tudo que os militares não queriam era criar um grande mausoléu peronista.

A poucos metros do túmulo de Evita está o de Pedro Eugenio Aramburu, um general argentino que foi inimigo do peronismo e um dos responsáveis pelo sequestro do corpo de Evita, durante a década de 1950. Se eles não se deram bem em vida, na morte viraram vizinhos. 

Outros curiosidades do Cemitério da Recoleta

Se a Recoleta está cheia de tumbas de quem foi famoso em vida, outras, de argentinos que se tornaram famosos na morte, também se destacam.  Liliana Crociati é uma delas.

Em 1970, a moça viajava em lua de mel pela Europa quando uma avalanche atingiu o hotel onde ela estava hospedada. O corpo foi levado para Buenos Aires e ganhou uma tumba em estilo gótico com direito a uma estátua a moça e um cachorro. É a representação de Sabú, o fiel amigo de Liliana.

Outro túmulo que chama atenção é o de Rufina Cambaceres, que caiu morta no meio da rua, em 1903. Quer dizer, os médicos disseram que ela estava morta, os familiares acreditaram e a moça foi enterrada. Viva.

Túmulo de Rufina Cambaceres (Foto: Elemaki, Wikimedia Commons)

Dias depois, após notarem coisas estranhas acontecerem no mausoléu, funcionários do cemitério resolveram abrir o caixão. O corpo de Rufina – naquela hora realmente morta – estava fora do lugar. No caixão, marcas de unhas.

Informações úteis para a visita

O Cemitério da Recoleta está aberto para visitação todos os dias da semana, de 7h às 17h45. A visita é de graça e a própria administração do cemitério costuma oferecer tours guiados, que também são gratuitos. Eu não fiz, mas parecem ser interessantes. As visitas ocorrem em espanhol e inglês, com horários de manhã e de tarde.

(site oficial)

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Onde ficar em Buenos Aires

Os principais bairros para se hospedar em Buenos Aires são:

  • Centro
  • San Telmo
  • Recoleta
  • Palermo

Os dois primeiros são para quem quer economizar, ficar perto de tudo e não se incomoda com bagunça. Já Recoleta e Palermo tem hospedagens mais caras, mas são bairros mais nobres e bonitos. Você pode saber mais sobre as regiões no nosso post Onde ficar em Buenos Aires.

Acomodações recomendadas em Buenos Aires:

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Rafael Sette Câmara

Sou de Belo Horizonte e cursei Comunicação Social na UFMG. Jornalista, trabalhei em alguns dos principais veículos de comunicação do Brasil, como TV Globo e Editora Abril. Sou cofundador do site 360meridianos e aqui escrevo sobre viagem e turismo desde 2011. Pelo 360, organizei o projeto Origens BR, uma expedição por sítios arqueológicos brasileiros e que virou uma série de reportagens, vídeos no YouTube e também no Travel Box Brazil, canal de TV por assinatura. Dentro do projeto Grandes Viajantes, editei obras raras de literatura de viagem, incluindo livros de Machado de Assis, Mário de Andrade e Júlia Lopes de Almeida. Na literatura, você me encontra nas coletâneas "Micros, Uai" e "Micros-Beagá", da Editora Pangeia; "Crônicas da Quarentena", do Clube de Autores; e "Encontros", livro de crônicas do 360meridianos. Em 2023, publiquei meu primeiro romance, a obra "Dos que vão morrer, aos mortos", da Editora Urutau. Além do 360, também sou cofundador do Onde Comer e Beber, focado em gastronomia, e do Movimento BH a Pé, projeto cultural que organiza caminhadas literárias e lúdicas por Belo Horizonte.

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  • Diz a lenda que aquele que passa no tumulo da menina com o cachorro deve passar a mão no nariz do cachorro para ter sorte na vida. Notem que o nariz do cachorro está desgastado. Claro que quando visitei passei a mão no nariz do cachorro afinal, neste caso, não custa nada arriscar a sorte.

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Rafael Sette Câmara

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