O que fazer na Ilha de Itamaracá e no litoral norte de Pernambuco

Nem só de Porto de Galinhas vive Pernambuco. Pertinho de Recife, com lindas praias, menos hype e um tantinho de história, as praias do litoral norte do estado também são um excelente destino para curtir o sol e o mar. A Ilha de Itamaracá é o destino mais conhecido da região, mas os municípios de Igarassu e Itapissuma também tem muito a oferecer e ajudam a deixar esse roteiro pelas praias do norte de Pernambuco bem redondinho.

Na Ilha de Itamaracá, você vai conhecer um pouco mais da história da colonização portuguesa e holandesa na região, relaxar em praias lindíssimas e entrar em contato com a rica cultura local.

Igarassu tem um centro histórico preservadíssimo, ótimo praqueles dias que você quer escapar um pouquinho da areia, e é também onde fica a Ilha da Coroa do Avião – que, embora esteja mais perto da Ilha de Itamaracá, pertence a Igarassu -, outro importante destino praiano do litoral norte de Pernambuco. Já Itapissuma tem muita riqueza gastronômica e humana para oferecer, com sua caldeirada de frutos do mar famosa em todo o país e manifestações culturais que só existem por ali.

Para facilitar sua vida e deixar o planejamento dessa viagem mais fácil, preparamos esse roteiro com o que fazer na Ilha de Itamaracá e no litoral norte de Pernambuco. A viagem pode ser adaptada tanto para um bate-volta de Recife quanto para uma estadia mais prolongada, de um final de semana ou feriado. Vamos lá?

Leia também:
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Ilha de Itamaracá: como ir

Ilha de Itamaracá fica a 40 quilômetros ao norte de Recife. A forma mais fácil de chegar lá é de carro, seguindo pela PE-015 até a entrada da BR-101. De lá, basta seguir até Igarassu. Aproveite para fazer uma parada por ali e conhecer o belo centro histórico do município antes de seguir pela PE-035 até a Ilha de Itamaracá.

Quem preferir pode seguir por via aquática, pegando um barco na Marina de Igarassu em um trajeto que dura 25 minutos. Se você decidir alugar um carro, sugerimos que você pesquise e reserve antes numa comparadora de locadoras, a fim de garantir o melhor custo/benefício. Para isso, indicamos a Rentcars, parceira do blog que oferece descontos e vantagens no aluguel.

Para quem não dirige, a viagem pode ser um pouquinho mais complicada, mas não é impossível chegar a Ilha de Itamaracá usando o transporte público. Para isso, é preciso pegar um ônibus com destino “Igarassu: Centro Histórico” ou “Igarassu BR 101” no  Cais de Santa Rita, no bairro do Recife, em frente ao Fórum Thomas de Aquino. Depois, basta desembarcar na integração de Igarassu e pegar outro ônibus com destino a “Igarassu Ilha de Itamaracá”.

Há ainda outras opções mais caras para quem está sem carro. Uma delas é combinar um transporte privado (pergunte no seu hotel em Recife por indicações), que deve custar em torno de R$ 100, ou arriscar um Uber. Para economizar, a melhor maneira é tentando a sorte num desses aplicativos de carona, estilo BlaBlaCar. Como a Ilha de Itamaracá fica bem próxima a Recife, não é difícil encontrar gente oferecendo lugares no carro para essa viagem.

Melhor época para visitar a Ilha de Itamaracá

A Ilha de Itamaracá pode ser visitada o ano inteiro, sem restrições. Há, no entanto, a possibilidade de pegar chuvas finas durante o inverno. Eu, por exemplo, peguei o tempo fechado em setembro. O verão é considerado a alta temporada, mas faz calor durante os 12 meses.

O que fazer na Ilha de Itamaracá, Igarassu e Itapissuma

Centro Histórico de Igarassu

Em tempos coloniais, Igarassu era a segunda cidade mais importante da capitania de Pernambuco. Hoje, os casarões antigos e bem preservados do centro garantem à cidade um lugar no hall das cidades históricas mais bonitas do estado. A maior parte das construções ali foi construída até o século 18, pelos portugueses que chegaram na região.

O destaque é para a Igreja de São Cosme e São Damião, cuja construção começou em 1535 e é considerada pelo Iphan o templo católico mais antigo do Brasil. Esse título, no entanto, é disputado pela igreja Igreja de Nossa Senhora do Rosário, no Espírito Santo, também construída em 1535.

Mas a coisa mais interessante sobre a Igreja é que ela tem a fama de ser milagreira. É que em 1635, uma forte epidemia de febre amarela assolou as cidades vizinhas de Recife, Olinda, Itamaracá e Goiana. Milhares de pessoas morreram vítimas da doenças, mas nenhuma delas em Igarassu, a única cidade da região a escapar completamente ilesa. A sorte inexplicável foi atribuída à proteção da Igreja.

Logo ao lado fica o Convento do Sagrado Coração de Jesus, uma construção jesuíta de 1742, usado para clausura de mulheres em atividade religiosa. Já o Convento de Santo Antônio, no fim da rua, é uma construção franciscana de 1588 que também vale a visita. O prédio da Câmara Municipal de Igarassu era a antiga Casa da Câmara e Cadeia Pública e o Museu Histórico dá uma ideia de como era a vida na cidade há alguns séculos.

O centro histórico de Igarassu conta ainda com outras igrejas e com um belo conjunto de casas tombadas pelo patrimônio, mas que ainda servem de moradia para os habitantes dali.

Fort Orange e Praia do Forte

Marca da ocupação holandesa em Pernambuco e maior fortificação do nordeste do Brasil, o Fort Orange começou a ser construído em 1631, um ano após a chegada dos holandeses e foi batizado assim em homenagem à dinastia que governava os Países Baixos nessa época. Chegou a ser destruído ainda no século 17, e depois reerguido novamente pelos portugueses, que até mudaram oficialmente o nome da fortaleza para Forte de Santa Cruz, mas o novo batismo não colou.

O forte é tombado pelo Iphan desde 1938 e está muito bem preservado, em especial depois de passar por uma reforma e ser reaberto em 2018. No topo da fortificação, os canhões que protegiam o lugar de invasores ficam apontados para uma vista espetacular da Ilha de Itamaracá.

Não deixe de conferir a exposição com itens encontrados durante o processo de revitalização e a sala que ainda preserva ruínas das paredes originais do período em que o forte estava sob o domínio de holandeses. Outra atração é o local dedicado às esculturas de Zé Amaro, o “o guardião do forte”, um antigo morador e artesão da ilha.

Ali embaixo fica a praia de Fort Orange, a mais famosa da Ilha.

O Fort Orange abre todos os dias, das 9h às 17h. A entrada é gratuita.

Vila Velha

O ponto mais alto da Ilha de Itamaracá é uma pequena vila fundada pelos portugueses em 1540. Vila Velha ainda preserva o jeitinho colonial e pra lá de bucólico, com ares de que ficou com um pé no passado e outro no presente. Por sua posição privilegiada, tem, junto com o Fort Orange, uma das melhores vistas da região.

Em seus dias de glória, Vila Velha desempenhou um importante papel regional. Era considerada a capital da capitania de Itamacará e, disputada pelos franceses e, após a chegada dos holandeses, foi cotada para ser capital do território conquistado por eles. Depois, acabou perdendo importância e foi substituída como “capital” da Ilha por Jaguaribe. Por isso, passou a ser conehcida como Vila Velha. Hoje, cerca de 500 pessoas vivem ali.

Não deixe de se perder pelas charmosas ruas da vila e de visitar o antigo cemitério da cidade e as ruínas igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos. Ainda hoje os moradores da vila deixam fotos e imagens de santos no local. É dali de perto que sai a famosa “Trilha dos Holandeses“, uma caminhada de três quilômetros em meio à Mata Atlântica que leva até a Praia do Forte, passando pelo Fort Orange e outras construções históricas importantes.

O caminho era de fato usada pelos holandeses durante a ocupação deles na ilha. Existiam diversas outras trilhas assim, mas a maior parte delas já foi coberta pela vegetação e se perdeu. Essa é a única que ainda podemos percorrer, porém o trajeto precisa ser feito com guia (você pode contratar um em Vila Velha).

Na pracinha principal, ou pelourinho, fica a igrejinha dedicada a Nossa Sra. da Conceição, outra das mais antigas do país. Logo atrás da igreja estão os mirantes que permitem admirar a Coroa do Avião e o Canal de Santa Cruz.

Mas imperdível mesmo em Vila Velha é provar a comida típica de Itamaracá preparada pelas Mestras Cozinheiras da Ilha. Para isso, é preciso ligar para a Clarice (81) 98743.0735 ou Neta (81) 98476.5374 e combinar a refeição com uma delas, ou dar sorte de estar na Ilha durante alguns dos muitos eventos culturais e gastronômicos que elas participam.

Nós tomamos um farto café da manhã regional preparado por elas no Espaço Cultural Casa Uaná. A casa também se dedica à preservação da cultura, conhecimentos tradicionais e manifestações populares da Ilha de Itamaracá. Para isso, promove, junto à comunidade de Vila Velha diversos eventos durante o ano, em especial nas datas festivas, como São João e Carnaval, sempre ao som dos ritmos típicos da região, como a ciranda, maracatu, forró, frevo e coco.

Praia do Forno de Cal

A trilha que sai dos mirantes de Vila Velha em direção à praia leva, em poucos minutos a uma charmosa cabana de sapé. O local funciona como uma oficina de artesanato de um artesão local. Em sua estrutura, a construção preserva um dois últimos fornos de cal que restaram na ilha, construídos nos séculos 18 e 19 e muito utilizados até o início do século 20.

A pequena praia próxima a casa recebeu o nome em homenagem a esse resquício da história da cidade e é bastante procurada pelos turistas por causa da água super transparente.

Praias da Ilha de Itamaracá

Além das praias já citadas, outras praias importantes na Ilha de Itamaracá são:

  • Praia de Jaguaribe
  • Praia do Pontal de Jaguaribe
  • Praia de Itamaracá
  • Praia do Pilar

Cultura e gastronomia da Ilha de Itamaracá: a Caldeirada e Piaxaxá em Itapissuma

Uma ponte separa a Ilha de Itamaracá do município de Itapissuma, parada obrigatória no roteiro pelo litoral norte de Pernambuco. E o motivo é um só: a famosa caldeirada preparada com frutos do mar pescados na região. Na “praça de alimentação” construída com vista para o encontro do do rio com o mar há vários restaurantes que servem o carro chefe da cidade por cerca de R$ 35 para duas pessoas. Ao lado, há uma feira de artesanato com objetos diversos feitos pelos artesãos da cidade.

Para quem vai de catamarã, cruzando o canal de Santa Cruz, o desembarque é na vila de pescadores de Itapissuma, um lugar repleto de casinhas coloridas caiçaras construídas de frente para o mar. A pesca artesanal ainda é a principal atividade econômica de Itapissuma e ali nas casinhas ainda vivem muitos pescadores.

Cada casa é pintada de acordo com o gosto dos moradores e trazem algumas mensagens e grafites, mas a pintura foi uma iniciativa da prefeitura para colocar um pouco mais de cor na vila e torná-la mais atrativa para o turismo: tradicionalmente, os visitantes só passam por Itapissuma para provar a caldeirada e vão embora, mas eles esperam que isso comece a mudar.

Se você tiver a oportunidade, não deixe de assistir uma apresentação de piaxaxá, uma dança tradicional de influência portuguesa que hoje só é praticada ali em Itapissuma. Um grupo cultural criado pelos moradores da cidade se dedica a preservar a dança e as canções típicas do estilo e eles não perdem a oportunidade de convidar os visitantes para a roda de piaxaxá.

Roda de Piaxaxá em Itapissuma

Onde ficar na Ilha de Itamaracá: pousadas e hotéis recomendados

A Ilha de Itamaracá tem uma pequena infraestrutura de hotéis, hostels e pousadas para quem quer dar uma esticadinha e aproveitar melhor a Ilha. A maior parte delas fica em Jaguaribe, “capital” da Ilha, mas também há opções em Vila Velha e nas praias.

Bom custo/benefício:

Luxuoso:

  • Pousada Luar: Aceita animais de estimação, tem instalações para esportes aquáticos e parquinho para as crianças.
A viagem ao Recife foi parte do projeto CreatorsPE, idealizado pela Luísa Ferreira, do blog Janelas Abertas, junto à Secretaria de Turismo do Recife, e se propunha a mostrar a capital pernambucana através do turismo criativo e da cultura popular.

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Natália Becattini

Sou jornalista, escritora e nômade. Viajo o mundo contando histórias e provando cervejas locais desde 2010. Além do 360meridianos, também falo de viagens na newsletter Migraciones, no Youtube e em inglês no Yes, Summer!. Vem trocar uma ideia comigo no Instagram. Você encontra tudo isso e mais um pouco no meu Site Oficial.

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