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Atlas: Xangai, China

O que fazer em Xangai, na China: roteiro de três dias

Quando o século 21 começava e o bug do milênio era o assunto da moda, Xangai erguia arranha-céus numa velocidade assustadora e se transformava de vez num dos centros do mundo. Com 24 milhões de habitantes, Xangai é hoje a maior cidade do planeta, isso sem contar a região metropolitana. Lógico que um lugar tão gigantesco e cosmopolita tem atrações até dizer chega. Neste texto, darei dicas sobre o que fazer em Xangai, mas tentarei responder também outras perguntas importantes para quem está planejando uma viagem para lá. Vamos montar seu roteiro?

Roteiro de três dias em Xangai

Dia 1 – Conheça a Xangai moderna

Se seu voo for intercontinental, é provável que você chegue em Xangai perto da hora do almoço. Deixe o aeroporto e siga para o hotel – falarei disso em outro tópico, mas minha sugestão é que você se hospede numa região chamada The Bund.

Embora dê para se deslocar de metrô e mesmo o táxi não seja caro, pode ser interessante fazer o trajeto do aeroporto ao centro de Maglev, trem de levitação magnética que alcança 400 km/h e te deixa na região central de Xangai em oito minutos – tá aí uma boa forma de ter o primeiro contato com a China moderna. De lá, basta pegar o metrô, já que você descerá na estação Longyang, que tem conexão com as linhas 2, 7 e 16. O bilhete do Maglev custa 50 yuans (7,5 USD).

Largue as malas no hotel e aproveite para explorar o The Bund, nome que significa algo como “aterro” ou “dique”. Essa é uma das áreas mais antigas de Xangai e está repleta de prédios em estilo europeu, tudo misturado com construções, letreiros e pontos turísticos totalmente chineses. Como bônus você terá dali a melhor vista da China do século 21, a de Pudong, região que fica do outro lado do rio Huangpu.

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The Bund, em Xangai

O melhor programa por ali é de graça: caminhar. A região tem cerca de 1,5 km, com prédios de bancos, consulados, hotéis, parques, monumentos, igrejas e a icônica Waibaidu, uma ponte de aço construída no século 19. Faça o percurso durante o dia e à noite, para notar as diferenças. Espere gastar pouco mais de uma hora por ali, com direito a pausa para fotos.

Se for a sua, reserve espaço no orçamento para fazer um passeio de barco pelo rio, o que te dará a mesma vista, mas a partir da água. Há vários cruzeiros, mas o que parece ser mais interessante ocorre no fim do dia. O cruzeiro tradicional custa 120 yuans (cerca de 18 USD), sai do cais de Shiliupu, numa das pontas do The Bund, e dura 50 minutos. Eu não fiz o passeio, mas parece ser interessante.

Toda essa região foi revitalizada para a Exposição Universal de 2010, que ocorreu em Xangai. Para a ocasião, áreas públicas foram criadas, como a Chen Yi, uma praça de frente para o rio e que funciona como mirante do The Bund. Dali é possível entrar num túnel que liga o Puxi, nome que indica toda a margem oeste do rio Huangpu e onde o The Bund está, a Pudong que é a margem leste. A passagem por esse túnel de cerca de 700 metros dura cinco minutos, é feita num trenzinho de levitação e tem como ponto alto vários efeitos visuais, nas paredes do túnel. Custa 50 yuans (7,5 USD), ida e volta. Quem preferir pode fazer o percurso de metrô – foi o que eu fiz. Fica bem mais barato.

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Pudong (vista a partir do The Bund)

Não importa o transporte que você escolher para cruzar o rio, o melhor é continuar seu roteiro pelo Puxi e Pudong ficar para o dia seguinte. Por isso, deixe a margem do Huangpu e entre na Nanjing road, a rua de Nanquim. Essa é a principal rua comercial da China, uma espécie de Times Square do país. Sempre movimentada, dia e noite, o coração de Xangai tem cerca de seis quilômetros e começa no The Bund e segue até a Praça do Povo, onde estão os prédios do governo.

Incontáveis placas de neon, letreiros em mandarim e muitas, muitas lojas e shoppings. Esse é um bom lugar para ter sua primeira refeição chinesa – escolha uma comida de rua qualquer e siga em frente. Ahh, importante dizer que grande parte da Nanjing road é apenas para pedestres, mas trenzinhos levam turistas cansados de uma ponta à outra por alguns yuans.

Além de lojas, outra coisa que não falta na Nanjing road é história. Essa rua fazia parte da Concessão Britânica, reduto que foi comandado pelo Reino Unido após a derrota chinesa nas Guerras do Ópio. E por falar em conflito, uma bomba fez estrago por ali durante a Segunda Guerra Sino-Japonesa (1937 a 1945), deixando 600 mortos e um número ainda maior de feridos.

Percorreu toda a Nanjing road? Então você chegou à Praça do Povo, uma enorme área pública construída em meados do século 20. Ali estão a Prefeitura da cidade, o Grande Teatro, um prédio de exibições e o Museu de Xangai, que vale a pena visitar – se já estiver tarde, como é provável caso você tenha seguido a ordem desse roteiro – deixe para outro dia. Confira o horário de funcionamento no site oficial.

Para jantar, busque por um bom restaurante na French Concession, que foi território da França por quase 100 anos, entre as Guerras do Ópio e a Segunda Guerra Mundial, quando as potências estrangeiras finalmente devolveram seus territórios coloniais para a China. Situada entre a Praça do Povo e a Cidade Velha, essa região é hoje uma das mais bonitas de Xangai: tem prédios em estilo colonial, ruas arborizadas e boulevards. Algumas áreas da French Concession estão repletas de bares e boates, que ocupam antigos casarões coloniais.

Dia 2 – Visita à Xangai Milenar

Se o primeiro dia teve a Xangai moderna, o segundo começa pela cidade milenar, que nasceu no século 11 d.C., protegida por uma muralha em círculo e com 10 metros de altura. Os muros foram retirados no começo do século 20, mas muitos casarões históricos seguem preservados numa área que hoje é conhecida como Cidade Velha. Dá para ir de metrô – basta descer na Yuyuan Station, da linha 10, mas também é possível ir a pé, uma caminhada de 40 minutos do The Bund.

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Cidade Velha de Xangai

Na Cidade Velha, perambule por ruelas e becos, entre em lojas, prove de tudo um pouco, nas barraquinhas de comida de rua e restaurantes típicos, mas não perca alguns lugares importantes, como a Huxinting, uma casa de chá que funciona no meio de um lago artificial há mais de um século, e o City God, um dos templos mais importantes de Xangai, dedicado aos protetores da cidade.

Veja também: Pelas ruelas de um labirinto chinês e a cidade velha de Xangai

Depois vá para a principal atração da Cidade Velha, o jardim Yu (ou Yuyuan), que foi construído a partir de 1559, durante a dinastia Ming. Espere gastar pelo menos duas horas dentro do jardim, que é lindão e enorme. A entrada custa entre 30 e 40 yuans, dependendo da época do ano, e o jardim abre até perto da hora do pôr do sol.

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Jardim Yu

Sobrou tempo? Então há três programas possíveis, dependendo da hora. Se não tiver passado muito do começo da tarde, pegue um táxi e desça no Museu de Xangai (mas não faça esse passeio se você não tiver pelo menos umas duas horas disponíveis antes do fechamento do local). Outra opção é percorrer, agora durante o dia, as ruas da French Concession, que está ao lado da Cidade Velha. Por fim, há a terceira alternativa, que envolve pegar o metrô e descer do outro lado do rio, em Pudong.

Por ali, um programa legal para a hora do pôr do sol é subir o mirante do Shanghai World Financial Center. Sétimo maior prédio do mundo e segundo da China, esse aranha-céu tem 492 metros, 101 andares e uma vista incrível. A visita inclui a entrada no mirante, numa sala que conta a história do prédio e o acesso a um café, no topo do edifício. Vale a pena comprar o ticket com café incluso. Os bilhetes custam 200 yuans (cerca de 30 USD). Detalhes no site oficial.

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Vista do Shanghai World Financial Center, com destaque para a Torre Pérola Oriental

Para terminar o dia, uma dica é investir uns yuans a mais e tomar umas e outras num bar-mirante. Estive e recomendo o do topo do hotel Hyatt, que fica no the Bund, cruzando a ponte de Waibaidu. A cerveja é cara, mas a vista compensa (e muito). Outro estabelecimento nada baratinho, mas com vista incrível, é o Bar Rouge – eu não fui, mas parece interessante.

Dia 3 – Templos em Xangai e Pudong

O terceiro dia da sua viagem por Xangai pode ser dedicado a um dos vários templos da cidade e às outras atrações de Pudong. Como é provável que você já tenha ido ao City God, na Cidade Velha, eu escolheria apenas mais um espaço religioso – mas acrescente outros endereços caso esse seja um tipo de programa que te agrada.

Um dos mais conhecidos é o Jade Buddha, templo que foi construído no século 19 e pode ser acessado pela linha 13 do metrô. A entrada custa 20 yuans (3 USD). Por praticidade, já que tivemos que passar pela estação de trem naquela mesma manhã, para recolher os tickets da viagem que seria no dia seguinte, optamos por conhecer o Longhua, um templo erguido pela primeira vez há 1700 anos e que foi reconstruído várias vezes nesse período. Há uma pagoda no complexo, o que é um ponto a favor, e outra coisa que gostei foi a pequena quantidade de turistas e o grande número de chineses por ali, todos utilizando o templo como um local  de fé, não apenas em visitas rápidas de turismo. A entrada custa 10 yuans e a estação Longhua, das linhas 11 e 12, está na porta.

Já em Pudong, ainda cabem no roteiro o Museu de Ciência e Tecnologia, a Century Square e a Torre Pérola Oriental, a terceira maior do mundo, com 468 metros, – também há um mirante no topo da estrutura, mas que não visitei.

pontos turísticos de xangai

Pudong, com o Shanghai World Financial Center no centro

Quando ir

Xangai pode ser visitada o ano inteiro. Os meses mais frios são dezembro, janeiro e fevereiro, quando as temperaturas ficam entre 1°C e 8°C. Já o verão vai de junho a agosto. Eu fui em fevereiro, durante o Ano Novo chinês. Levei alguns agasalhos e um pouco de paciência para lidar com o feriado e deu tudo certo.

Quantos dias ficar em Xangai

Nós ficamos três dias inteiros. Deu tempo de conhecer as principais atrações, mas alguns lugares ficaram de fora. Também não fizemos nenhum dos bate-voltas possíveis. Caso sua viagem envolva outras cidades da China e o tempo seja limitado, então três dias em Xangai são suficientes e seu tempo extra vai ser melhor gasto em outro lugar – e se tiver só dois dias também dá conhecer muita coisa.

Por outro lado, quem tem mais dias não vai se arrepender de gastá-los em Xangai. É depois que todos os pontos turísticos já foram conhecidos que grandes metrópoles revelam o que têm de melhor: a experiência de como é a vida na cidade, mas sem a pressa típica dos viajantes.

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Como se locomover em Xangai, China

Assim como a cidade, o metrô de Xangai cresceu bastante nas últimas décadas e hoje é o mais extenso do mundo: são 644 quilômetros e 16 linhas – e contando. Ou seja, você consegue ir a praticamente qualquer lugar usando os trilhos que cortam a metrópole. E não precisa ter medo de ficar perdido, já que o sistema é idêntico ao usado mundo afora. Se você já pegou o metrô em qualquer cidade brasileira, conseguirá se virar em Xangai.

Há placas indicativas em inglês e as máquinas que vendem os tickets também têm atendimento no idioma. O preço da passagem varia de acordo com a distância percorrida. Para sair da estação é preciso inserir na catraca o mesmo bilhete que você vai apresentar na entrada. Apenas fique atento ao horário de funcionamento, já que a vida em Xangai morre relativamente cedo e as estações fecham até às 23h.

pontos turísticos de xangai

Além dos deslocamentos de metrô, dá para fazer muita coisa a pé. E não evite os táxis quando a distância for grande. Para isso, tenha o endereço do seu destino anotado num papel, em mandarim – peça para seu hotel um cartão com essas indicações e não se esqueça de ter um com o endereço do próprio estabelecimento, para saber como voltar. Os táxis só aceitam dinheiro e funcionam com base no taxímetro. O motorista precisa ligar o equipamento no começo da corrida e os valores serão atualizados à medida que a distância por percorrida, da mesma forma que um táxi no Brasil. Em geral, táxis não são caros em Xangai. Dá para fazer uma estimativa de quanto custaria a tarifa usando o Taxi Calculator, que costuma dar resultados muito precisos.

O que fazer em Xangai: bate-voltas

A antiga cidade de Zhujiajiao, Suzhou, Jiaxing e Hangzhou são alguns dos bate-voltas possíveis. Caso você esteja em Xangai durante uma conexão internacional, usando o programa de isenção de visto por até 72 horas, lembre-se das regras que impõem um limite de circulação.

E, não custa dizer, a Disney tem uma filial em Xangai, que foi inaugurada em 2016. Não é exatamente um bate-volta, já que o parque está em Pudong, mas é certamente um programa de dia inteiro.

Onde se hospedar em Xangai

Acho que o melhor é ficar em The Bund. Se o orçamento permitir, invista numa hospedagem com vista para o rio Huangpu e para Pudong, na margem oposta – você vai dormir de frente para um dos Skylines mais bonitos do mundo.

Eu fiquei no Hyatt on the Bund, que tem uma vista espetacular da cidade. Por ali, o Fairmont Peace Hotel é um dos mais tradicionais e outro do mesmo nível é o The Peninsula Shanghai. A melhor opção mochileira no The Bund é o Captain Hostel, que tem quartos confortáveis e vista para o rio a partir do terraço.

Veja também: Onde ficar em Xangai, dicas de hotéis e bairros (post completo)

Seguro de Viagem

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Rafael Sette Câmara

Sou de Belo Horizonte e cursei Comunicação Social na UFMG. Jornalista, trabalhei em alguns dos principais veículos de comunicação do Brasil, como TV Globo e Editora Abril. Sou cofundador do site 360meridianos e aqui escrevo sobre viagem e turismo desde 2011. Pelo 360, organizei o projeto Origens BR, uma expedição por sítios arqueológicos brasileiros e que virou uma série de reportagens, vídeos no YouTube e também no Travel Box Brazil, canal de TV por assinatura. Dentro do projeto Grandes Viajantes, editei obras raras de literatura de viagem, incluindo livros de Machado de Assis, Mário de Andrade e Júlia Lopes de Almeida. Na literatura, você me encontra nas coletâneas "Micros, Uai" e "Micros-Beagá", da Editora Pangeia; "Crônicas da Quarentena", do Clube de Autores; e "Encontros", livro de crônicas do 360meridianos. Em 2023, publiquei meu primeiro romance, a obra "Dos que vão morrer, aos mortos", da Editora Urutau. Além do 360, também sou cofundador do Onde Comer e Beber, focado em gastronomia, e do Movimento BH a Pé, projeto cultural que organiza caminhadas literárias e lúdicas por Belo Horizonte.

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