O assunto de hoje é polêmico. Acredito que envolve devotos fiéis e brigas ferrenhas tal como usuários de Android x iPhone. Quando você vai viajar, escolhe mala ou mochila?
Eu escolho mala, ao contrário dos meus dois companheiros de blog. Mas nem por isso me considero menos “mochileira”. Este post é em defesa daqueles que preferem as malas e se entendem como viajantes, mesmo não carregando um mochilão nas costas.
Motivo 1: as dores
Começo a explicar minha preferência por um motivo simples: carregar a mochila faz a minha coluna doer. Se você reparar nas fotos deste blog, vai perceber que eu sou uma pessoa com problemas de coluna (minha luta diária atualmente com a academia é para tentar melhorar isso), não tenho muitas forças e o fato de carregar a mochila para mim é motivo de incômodo. A Natália Becattini, autora aqui do blog e mochileira de carteirinha, interviria agora, dizendo: – “Mas você também nunca carregou uma mochila certa!”
Bom, é a mais pura verdade, nunca viajei com um mochilão e a minha mala que podia ser transportada também como mochila definitivamente não era apropriada para esse segundo uso. Porém, em minha defesa, digo que até aquelas mochilas mais leves, de passeio, me incomodam depois de um tempo. Doem os ombros e a lombar. Agora, imagina carregar um trambolho três vezes mais pesado?
A minha mala que virava mochila nas horas críticas
Veja bem, não estou dizendo que puxar o trambolho ao invés de de carregá-lo faça menos mal à coluna. Estou dizendo que incomoda menos a MINHA coluna. Além disso, não há como negar que, num caminho longo, é melhor empurrar a mala do que circular com a mochila pesada nas costas – ainda mais se você for um feliz dono daquelas malas de quatro rodas (te invejo, colega).
Rodinhas sujas
Isso levaria à segunda intervenção da Naty (a minha voz imaginária a favor das mochilas), que seria: – “Lembra quando a gente teve de circular aquele labirinto de cocô em Varanasi e sua mala e as rodinhas ficaram rodando nos dejetos das vacas?”
É verdade que circular pela Índia de mala pode ser uma tarefa bem complicada. Me lembro que assim que chegamos ao país da vaca, pensamos em queimar tudo o que tocava o chão, de tão sujo que estava – o trauma passou, claro. Mas a minha mala sempre esteve mais perto do chão do que as mochilas nas costas dos meninos. E, claro, ela ficou bem mais suja. Mas, sinceramente, paciência – eventualmente, eu a limpava. Confesso que tentei andar os quilômetros do labirinto de cocô usando a mala como se fosse mochila, mas não deu certo e eu puxei ela pelo resto do caminho. Minha mala ficou suja, mas minhas costas ficaram inteiras.
O ponto crítico
Para esse caso, nem vou precisar dos argumentos da Naty. Se tem um momento que a mochila ganha disparado das malas, é aquele em que você encara uma escadaria na sua frente. Nada é mais triste que carregar mala escada acima, principalmente se você tiver a infelicidade de não ter sido econômico na hora de escolher as roupas e estiver carregando duas malas. Só entende o que eu estou dizendo quem já teve que subir uma mala escada acima, largá-la no topo e descer para buscar a outra. Escadas rolantes são a maior alegria no coração de um viajante com mala de rodinhas. A não ser que você seja econômico e leve só uma mala de cabine.
Nesses momentos eu invejava muito o mochilão dos coleguinhas. Felizmente, a minha mala que se transformava em mochila era útil para isso, apesar de dar um trabalho chato para abrir o compartimento da transformação e de ela ser desconfortável demais para usar nas costas por mais de alguns minutos.
A organização
Teve um momento que eu quase desisti da minha querida mala de rodinhas. Foi logo depois da Índia, no Nepal. Depois de passar vários perrengues, ruas de cocô e esburacadas, escadarias, entradas e saídas de trem, eu pensei que era hora de me render à mochila, com ou sem dor na coluna. E foi então que as próprias mochilas me impediram de fazê-lo.
Katmandu é uma cidade que tem lojas de equipamentos para pessoal de trilha a cada cinco metros, mas ali eu não consegui encontrar nenhuma – eu repito: nenhuma – opção de mochila que não fosse um saco grande. Toda mochila deveria ter pelo menos duas aberturas, uma superior e uma inferior. Caso contrário fica quase impossível pegar as coisas no fundo. Esse tipo de mochila não é difícil de encontrar, em geral. Quase todas as marcas têm modelos assim e não sei porque não achamos em Katmandu. Um tipo um pouco mais raro de mochila, mas que supre muito bem essa deficiência, são aquelas que têm abertura em quase todo o comprimento. As que a Naty e o Rafa usam são assim, mas confesso não ter visto muitas delas por aí.
E, na minha humilde opinião, é mais fácil organizar as coisas dentro da mala, sem contar que como a mala tem “paredes”, tem menos chances de quebrar ou estourar coisas lá dentro. Já a Naty argumenta que os bolsos da mochila ajudam na organização e que basta dividir os itens que vão no compartimento principal em bolsas, sacos e necessaires para que tudo fique protegido e organizado. Mas no fim das contas, tanto faz.
A conclusão
A conclusão está ali no parágrafo de cima. Tanto faz colega. Se você, como eu, não curte carregar peso nas costas, prefira malas. Também escolha malas se você gosta de carregar mais coisas, ou é um comprador, ou gosta de manter suas coisas mais organizadas. Se você for para destinos que terá que andar muito, trocar muito de cidades e usar vários tipos de transporte, considere a mochila. Se seu destino for menos asfaltado, ou caótico, ou envolver ruas imundas, prefira a mochila. Mas nada disso é regra.
Eu, Rafa e Naty fizemos a mesma viagem por 10 meses e 14 países, dos mais limpinhos e organizados, como Inglaterra, França e Hong Kong, aos caóticos, tipo Índia e Indonésia. Tivemos que andar muito, pegamos muito transporte público e, sim, carregamos muita bagagem. Eu com minha mala, eles com a mochila. Cada um com seus pontos positivos e negativos.
Moral da história, ninguém é melhor ou pior viajante porque sai por aí com mochila nas costas – ou puxa a mala. Afinal, o que importa é onde você vai, e não o que você leva.
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Eu tenho uma mochila conversível da Nature et Découvertes que podia resolver seus problemas. Ela é 50 litros, impermeável, com acabamentos em couro, muito boa mesmo. Quando você passa por uma escadaria ou um caminho sujo, é só abrir um zíper atrás, o pano já fica no lugar certo para cobrir as rodinhas (e não sujar a sua roupa) e você usa as alças.
Acho até bom ter essa opção de esconder as alças com um zíper por causa de esteira de aeroporto, que de vez em quando destroi umas mochilas.
Procurei um link no site mas não achei porque é uma coleção de dois anos atrás, mas já vi parecidas de outras marcas, inclusive da Samsonite.
Oi Jula,
Obrigada pela dica.
Atualmente eu só viajo com uma mala de cabine, então não tenho mais problema nem em subir escadas!
Mas acho que para os caminhos do cocô de vaca, vale a pena investir numa dessas conversíveis
E agora? Fiquei com curiosidade pra saber da mochila da Naty e do Rafa! 😀
PS: Eu também ainda sou adepta das rodinhas, mas gostaria muito de poder ter uma mochila legal, prática e que não desse dor nas costas… *rs
Oi Denise,
Atualmente eles tem uma Quechua 55L. A Naty considera que foi o melhor custo benefício que encontrou!
Eu continuo usando a mala de rodinhas, só que hoje em dia carrego uma mala de cabine, com rodas 360º
Mala de mão e mochila para coisas mais delicadas =)
Legal,gosto de mochilas seilá, pegar, colocar nas costas e sair 🙂 ….
tem alguma publicação sobre viagens de trem?
Ei Fiama,
A gente tem alguns textos sobre viajar de trem na Índia, mas nenhum post específico sobre trens. É um bom tema, vai para a lista de posts, =)
bjs
Mochila ou mala, eu analizo o destino e tipo de viagem antes de fazer a escolha entre uma ou outra.
Acho que cada um tem suas vantagens e desvantagens e o tipo de viagem defini o modelo, pelo menos pra mim.
Esse é a conclusão que eu quis chegar no post Atsu!
Obrigada por comentar, bjs