Se os Estados Unidos tem o Monument Valley, o Brasil tem o Jalapão. E o Parque Estadual do Tocantins tem a Serra do Espírito Santo, onde dunas, rios e chapadas formam um cenário que só não é mais famoso por não ter sido locação de vários filmes, como ocorreu com Velho Oeste dos EUA.
O principal cartão-postal do Jalapão é avistado várias vezes durante a expedição da Korubo, empresa que montou um acampamento do lado do parque e leva turistas para uma espécie de safári de cinco dias. Eu estive lá em fevereiro e garanto (sem bairrismo) que a Serra do Espírito Santo é tão bonita quanto o Monument Valley. Concorda?
Serra do Espírito Santo, no Jalapão
Monument valley, Estados Unidos (Foto: Marc Averette, Creative Commons)
Além de passagens ocasionais em frente ao maior cartão-postal do Jalapão, em dois momentos paramos para conhecer de perto a região. A primeira vez, logo no segundo dia da viagem e depois de uma manhã em que fizemos canoagem no Rio Novo, foi a mais marcante. Gastamos cerca 1h30 na estrada, a partir do acampamento, até o pé da Serra do Espírito Santo. Com direito a paradas para fotos, claro.
Veja também: Como planejar uma viagem para o Parque Estadual do Jalapão
Jalapão, o Brasil que você ainda precisa conhecer
Descemos do carro e começamos a caminhar em direção à Serra. No meio do caminho há uma lagoa e dunas enormes, formadas pela erosão da Serra do Espírito Santo ao longo de milhões de anos. Uma trilha leva até as dunas – o melhor visual da região está no alto delas, de preferência na hora do pôr do sol.
E foi ali, do alto da imensidão de areia, que vimos o dia acabar. Tempo de sobra para fotografar, pensar na vida e contemplar a beleza jalaponesa.
Levamos pouco mais de meia hora, já no escuro, para fazer o caminho de volta, descendo as dunas, passando pela trilha, pelo lago e até chegar ao local onde o caminhão da Korubo estava estacionado. No caminho de volta um dos guias apontou para um mirante, numa falésia acima das dunas, e disse: “iremos lá. Mas vocês precisarão acordar cedo”.
Trilha até o Mirante da Serra do Espirito Santo
E foi cedo mesmo: 4h da matina. Os guias nos acordaram, tomamos café da manhã no acampamento e pegamos estrada, isso em nosso penúltimo dia no Jalapão. A ideia era começar a trilha até o mirante da Serra do Espírito Santo bem cedo. Caso contrário, o calor dificultaria – e muito – a subida e descida pela trilha.
O caminho até a entrada da trilha do mirante é o mesmo, com a longa estrada de terra vermelha e a Serra do Espírito Santo ao fundo. Abastecemos as garrafinhas d’água, pegamos nossos cajados e colocamos na mochila os lanchinhos fornecidos pelos guias.
O ideal é ir com roupas leves, um bom tênis de caminhada, bastante protetor solar, repelente, chapéu ou boné e não minimizar a necessidade de água – já passei um aperto enorme durante uma trilha montanha acima, na África do Sul, quando a água acabou e o calor era maior que o previsto.
São oito quilômetros de trilha. Um quilômetro morro acima e três no topo da serra, que é plano. Depois é preciso fazer o mesmo caminho de volta. A duração estimada é de quatro horas, mas é comum que as pessoas tomem mais tempo por conta do excesso de paradas – seja para fotos ou por culpa do sedentarismo. O meu caso? Os dois.
Essa não é uma trilha leve. Há cordas e marcações ao longo da subida, mas também há pedras soltas e momentos em que você tem que se arrastar para cima – ou tomar cuidado para não cair, quando o percurso é no sentido inverso. O visual compensa o esforço.
Guias da Korubo acompanham o grupo, que acaba se dividindo nos tradicionais pelotão de elite, a turma do meio e os retardatários. Desnecessário dizer que fiquei com a turma do fundão, né? Mas pouco a pouco chegamos ao topo da Serra e tudo ficou mais fácil.
Chegamos ao mirante pouco antes da saída dos apressadinhos, digo, do pelotão de elite. Deu tempo de ficar uns 30 minutos lá, para descansar e apreciar a vista, antes de começar o percurso de volta. Que foi bem mais complicado, vale dizer: o calor cobrou seu preço e a descida forçou os joelhos. Acabamos o passeio esgotados e doidos para almoçar.
Embora eu tenha feito a trilha – e toda a viagem pelo Jalapão – com uma agência, teoricamente dá para fazer tudo por conta própria. Encontramos, na parte final da trilha, um mochileiro que vagava sozinho pela montanha. É possível, mas lembre-se que não há sinal de celular e que o Jalapão é um lugar ermo. Tome cuidados e evite situações perigosas até mesmo ao viajar em grupo, mas ainda mais caso vá por sua conta.
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