O que fazer em Estrasburgo, França: Roteiro de 1 ou 2 dias

Nesse texto você descobre o que fazer em Estrasburgo, cidade francesa, bem na fronteira com a Alemanha. Te damos todas as dicas de atrações e passeios, hospedagem, restaurantes e dicas de viagem. Num mundo onde lugares e pessoas organizam as coisas para torná-las “instagramáveis”, Estrasburgo, França, certamente é dessas cidades que compõem um feed perfeitamente.

Essa pequena cidade quase na fronteira entre Alemanha e França fica na região da Alsácia, que se você se lembrar um pouco das aulas na escola, foi muito disputada ao longo dos anos com a vizinha, Lorena. Não estranhe nada ao observar que Estrasburgo é francesa, mas também um tanto quanto alemã.

Para começar, é mais fácil encontrar ali lugares para tomar uma boa cerveja artesanal do que um vinho, e veja bem, essa é a região da Rota do Vinho na Alsácia. Além disso, os pratos típicos lembram e muito comidas alemãs com toque francês: joelho de porco, chucrute, salsichões e até pretzels.

Apesar de tais rivalidades, Estrasburgo é hoje uma das capitais europeias, ou seja, tem ali uma das sedes do Parlamento e comissões da União Europeia. 

Principais Passeios e Pontos Turísticos de Estrasburgo

• Catedral de Notre-Dame de Strasbourg (Cathédrale Notre-Dame): Um dos maiores exemplos do gótico europeu, com vitrais impressionantes e uma torre panorâmica de onde se tem uma das melhores vistas da cidade.
• Relógio Astronômico: Dentro da catedral, o relógio astronômico do século XVI é uma das joias de Estrasburgo. Todos os dias, às 12h30, há uma pequena apresentação com figuras mecânicas em movimento.
• La Petite France: O bairro mais famoso e fotogênico da cidade. Suas ruas de paralelepípedo, canais e casas em enxaimel parecem saídas de um conto de fadas. Ideal para caminhar sem pressa.
• Ponts Couverts e Barrage Vauban: Antigas pontes fortificadas que protegiam a cidade na Idade Média. Suba ao terraço do Barrage Vauban para ter uma vista panorâmica de La Petite France e das torres das pontes cobertas.
• Place Kléber: A praça principal de Estrasburgo, cercada por lojas, cafés e o imponente edifício Aubette. No Natal, abriga o principal mercado da cidade e uma das maiores árvores da Europa.
• Place Gutenberg: Uma das praças mais antigas, com uma estátua do inventor da imprensa e rodeada por restaurantes e livrarias históricas.
• Palais Rohan: Antigo palácio episcopal e uma das construções mais elegantes da cidade. Hoje abriga três museus: o de Belas Artes, o Arqueológico e o de Artes Decorativas.
• Museu de Arte Moderna e Contemporânea (MAMCS): Um dos principais museus do gênero na França, com obras de Picasso, Kandinsky e Monet, além de exposições temporárias.

• Museu Alsaciano (Musée Alsacien): Dedicado à cultura da Alsácia, mostra como era a vida tradicional na região com objetos, móveis e trajes típicos.
• Parlamento Europeu: Sede oficial do Parlamento da União Europeia. É possível fazer visitas guiadas gratuitas que explicam o funcionamento das instituições europeias.
• Jardim Botânico de Estrasburgo: Fundado no século XIX e mantido pela Universidade de Estrasburgo, é um ótimo lugar para uma caminhada tranquila entre árvores centenárias e estufas históricas.
• Parc de l’Orangerie: O parque mais bonito da cidade, com lagos, pistas de caminhada, jardins e até um pequeno zoológico.
• Passeio de barco pelos canais (Batorama): Os barcos saem da região da catedral e percorrem os canais de La Petite France e a zona das instituições europeias, com áudio-guia em vários idiomas.
• Mercados de Natal de Estrasburgo (Christkindelsmärik) – Um dos mais antigos e tradicionais da Europa, realizado entre o fim de novembro e o Natal, espalhado por várias praças do centro histórico.
• Tour gastronômico ou de vinhos da Alsácia: Passeios saindo de Estrasburgo que visitam vilarejos como Colmar, Ribeauvillé e Riquewihr, com degustação dos famosos vinhos brancos da região (como o Riesling e o Gewürztraminer).
• Igreja de São Tomás (Église Saint-Thomas): Importante templo protestante com um impressionante órgão do século XVIII e o mausoléu do Marechal de Saxe.
• Rua das Grandes Arcades e Rue du Vieux-Marché-aux-Poissons: As principais ruas comerciais, ideais para caminhar, fazer compras e provar especialidades locais como o bretzel e o flammekueche.

O Que Fazer em Estrasburgo em 1 dia: Centro Histórico

Catedral de Estrasburgo e Arredores

Comece seu passeio na Praça da Catedral de Estrasburgo, concluída em 1439 e que por muitos anos – – de 1625 a 1880 – foi a igreja mais alta do mundo.

Mas não estranhe o fato de a igreja só ter uma torre. Não foi derrubada por bomba nenhuma; é que, na época da construção, o estilo gótico da igreja saiu de moda e a população local, que financiava a obra, deixou de dar dinheiro. Logo, ficou uma torre só.

É possível visitar a catedral gratuitamente, mas é preciso pagar caso você queira estar lá por volta de 11h30 para ver o famoso relógio astronômico badalar os sinos de meio-dia e meia — o ingresso custa €4.

Também é preciso pagar 8 euros para subir os 332 degraus até a torre e ter uma vista panorâmica da cidade. A entrada é pela lateral.

Se visitar Estrasburgo entre junho e setembro, vale assistir ao espetáculo imersivo de luz e som “Luminiscence”, que acontece dentro da Catedral à noite. As projeções transformam o interior do templo em um show de cores e história — uma experiência linda e diferente (disponível aqui).

Também é da porta da catedral que sai o free walking tour que eu fiz. Se você fala inglês bem, vale muito a pena porque o guia é excelente e conta várias curiosidades sobre a história da cidade. Não é cansativo e nem chato. Lembre-se que mesmo sendo “free”, é necessário dar uma gorjeta no final.

Se preferir um passeio mais guiado, há também um tour a pé oficial com degustações de produtos locais, como vinhos, queijos e doces típicos, conduzido por guias certificados (veja aqui).

Num prédio ao lado da praça da catedral fica o Palácio Rohan, que hoje abriga três museus: o Arqueológico, o de Belas Artes e o de Artes Decorativas. Há outros museus na cidade, você pode conferir a lista completa no site oficial do turismo de Estrasburgo.

Petit France

A partir dali, siga caminhando até La Petite France, o bairro mais charmoso de Estrasburgo. É um quarteirão histórico no centro da cidade, onde o rio Ill se divide em uma série de canais. Ali você encontra casinhas coloridas em abundância e pontes com uma vista excelente.

Antes que você se pergunte o porquê do nome, eu respondo: no século XV foi construído naquela ilhota um hospital para tratar pessoas com sífilis. E os alemães chamavam essa doença de “a doença dos franceses” — daí o nome Petit France.

Se quiser entender melhor a história dessa região, há um passeio guiado de duas horas por La Petite France e pela Cidade Velha, com um guia local explicando as origens e curiosidades de cada canto (disponível aqui).

Pontes de Estrasburgo

Com a cidade cortada pelo rio e seus diversos canais, as pontes são uma parte importante da paisagem. Uma dica: à beira do rio há banquinhos e é um espaço muito agradável para fazer um piquenique ou se sentar para descansar. Você vai reparar que os franceses fazem exatamente isso em dias com bom tempo.

Entre as pontes mais famosas estão as Ponts Couverts e o Barrage Vauban, de onde se tem uma vista linda de todo o bairro.

Casinhas de Madeira e Praças

Estrasburgo também é famosa pelas casinhas de madeira e argamassa — uma técnica antiga comum em boa parte da Europa. As casas de madeira lisa eram mais simples, enquanto as mais trabalhadas indicavam famílias abastadas. O que significava que as casas podiam ser movidas, era só desmontar a estrutura e reconstruí-la em outro lugar.

Graças a essas construções, a cidade tem um estilo que muito me agrada: a principal atração é andar pelas ruas, praças e parques. Sem regra, sem ponto turístico específico.

Uma forma interessante de explorar a cidade também pode ser fazer como os locais e alugar uma bicicleta: o aluguel para um hora sai por €1 e para um dia inteiro por €6.

No fim do dia, caminhe sem pressa por ruas e praças como a Place du Marché Gayot, a Place Gutenberg e a Place Kléber, onde ficam vários cafés e restaurantes.

O Que Fazer em Estrasburgo em 2 Dias

No segundo dia, aproveite para conhecer o lado mais cultural, novo e verde da cidade.

Comece pela Praça da República e siga até o Parc de l’Orangerie, o parque mais bonito de Estrasburgo, com lagos, pistas de caminhada e até um pequeno zoológico. É um ótimo lugar para ver a vida local acontecer, especialmente em dias ensolarados.

Também aproveite para ver as pontes do lado mais novo da cidade, que tem uma vista linda para os arredores.

Perto dali estão os prédios modernos das instituições europeias, como o Parlamento Europeu, o Conselho da Europa e o Tribunal Europeu dos Direitos Humanos. É possível fazer visitas guiadas gratuitas ao Parlamento, que explicam o funcionamento da União Europeia.

De volta ao centro, vale a pena visitar o Museu Alsaciano, que mostra como era a vida tradicional na região, ou o Museu de Arte Moderna e Contemporânea, que reúne obras de Picasso, Monet e Kandinsky.

Outra forma gostosa de ver a cidade é fazer um passeio de bicicleta pelo centro histórico, que passa por Petite France, catedrais e parques, sempre com um guia local (veja detalhes aqui).

E se quiser ver a cidade de outro ângulo, faça o passeio de barco pelos canais, que custa em torno de €15. Os barcos saem perto da catedral e passam por La Petite France, as pontes fortificadas e a área das instituições europeias. É um passeio calmo, cheio de vistas bonitas e boas oportunidades de foto.

Dias 3 e 4: Bate-voltas de Estrasburgo para cidades da Alsácia

Com mais tempo, aproveite para conhecer os arredores de Estrasburgo, uma das regiões mais bonitas da França. Esses bate-voltas podem ser feitos de carro, trem ou em excursões organizadas saindo de Estrasburgo.

A cerca de 1h de carro ou trem está Colmar, famosa pelas casas coloridas e pelos canais que renderam o apelido de “Pequena Veneza”. É uma cidade menor e encantadora, com ruas floridas e restaurantes típicos alsacianos. Nós temos aqui um guia completo de o que visitar em Colmar.

Outra vila próxima a Estrasburgo que visitamos em cerca de 2 horas foi Obernai. Ela fica no meio do caminho do trem entre a cidade e o aeroporto, o que facilitou o nosso passeio.

Uma ótima opção para quem não tem carro é percorrer um trecho da Rota dos Vinhos da Alsácia, passando por vilarejos como Ribeauvillé, Eguisheim e Riquewihr — todos com arquitetura de contos de fadas e vinhedos que produzem alguns dos melhores vinhos brancos da França. (veja aqui uma excursão de 1 dia, com audio guia em português).

Também dá para visitar os prédios mais modernos do Conselho Europeu, Parlamento da Europa e prédio da Comissão de Direitos Humanos. E, para quem vai no final do ano, Estrasburgo é uma cidade que tem um mercado de natal super tradicional. Vale a pena conferir, sem dúvida. 

Mercado de Natal de Estrasburgo

Estrasburgo é conhecida como “a Capital do Natal da França”. O Christkindelsmärik, ou Mercado de Jesus Cristo, é o mercado de Natal mais antigo da França e um dos mais tradicionais da Europa. Ele começou em 1570, quando a cidade ainda fazia parte do Sacro Império Romano-Germânico, substituindo uma antiga feira religiosa que acontecia antes do Natal.

Leia também: Natal na Europa: quais Mercados de Natal conhecer?

Com o passar dos séculos, o mercado cresceu e se espalhou por toda a cidade. Hoje, Estrasburgo recebe mais de 2 milhões de visitantes durante o mês de dezembro, com centenas de chalés de madeira vendendo produtos locais, artesanato, vinhos quentes e comidas típicas da Alsácia. A atmosfera é mágica: as ruas do centro histórico ganham luzes, música e decorações que transformam completamente a cidade.

Além das lojinhas, há concertos natalinos, pistas de patinação, árvores gigantes e corais em várias praças. E o cheiro de vin chaud, o vinho quente com especiarias, domina o ar, acompanhado dos tradicionais bretzels, pain d’épices e tartes flambées.

Para quem visita a cidade nesse período, há também tours guiados pelos mercados de Natal, que ajudam a conhecer a história e os detalhes de cada um, ou opções gratuitas como o Free Tour Natalino da Civitatis, que passa pelos principais pontos iluminados da cidade (confira aqui).

Principais Mercados de Natal de Estrasburgo

• Christkindelsmärik – Place Broglie: O mais antigo e tradicional de todos. É o coração histórico dos mercados de Natal da cidade, com barracas de artesanato, brinquedos, enfeites e comidas típicas.

• Place de la Cathédrale: O cenário mais bonito, com a catedral gótica iluminada como pano de fundo. As lojinhas daqui vendem velas, decorações em vidro e lembranças feitas à mão.

• Place Kléber: Onde fica a grande árvore de Natal de Estrasburgo, com mais de 30 metros de altura. É aqui também que se concentram as barracas de solidariedade e produtos locais.

• Place du Château: Um dos mercados mais charmosos, voltado a produtos artesanais da Alsácia e comidas típicas, com várias opções de vinhos e queijos.

• Place Gutenberg: A cada ano, recebe o país convidado de honra, que monta suas próprias barracas e traz especialidades típicas. É uma forma de celebrar o espírito europeu da cidade.

• Place des Meuniers: Um mercado menor e mais tranquilo, com produtores locais e pequenas vinícolas vendendo vinhos e delícias regionais.

Onde comer e beber em Estrasburgo?

A Tarte Flambé ou Flammekueche é um dos pratos rápidos e baratos mais comuns nessa região: uma massa que parece de pizza, bem fininha, coberta com creme, cebolas e bacon.

Nós experimentamos a tarte na microcervejaria Brasserie de La Lanterne, que também produz sua própria cerveja. É um ambiente muito agradável e a conta não sai cara.

Experimentamos, ainda, o Caupona, uma brasserie que abriu recentemente e vende carnes, hambúrguer, quichés, saladas e claro, tarte flambé.

Quantos dias ficar em Estrasburgo?

Na minha opinião, Estrasburgo é uma excelente base para explorar o resto da Rota do Vinho na Alsácia. Principalmente se você estiver sem carro, como eu já expliquei no post que fiz com um roteiro de quatro dias pela região da Alsácia.

Eu fiquei lá três noites e passei pela cidade mesmo por um dia inteiro e um final de tarde. Foi mais do que o suficiente para ver tudo.

Recomendo fortemente o passeio depois do entardecer. Muitos turistas não ficam até mais tarde, com isso a região no entorno da Catedral fica sem uma multidão de pessoas em volta, as casinhas coloridas têm outro charme com o céu negro e as várias pontes do rio Ill, um dos afluentes do Reno, ganham iluminação colorida.

Onde se hospedar em Estrasburgo?

Temos um guia completo de onde ficar em Estrasburgo e Colmar, recomendo a leitura. Mas listamos abaixo alguns dos melhores opções de hospedagem na cidade.

• Econômico: Hotel des Arts – Centre Cathédrale (2 estrelas, nota 8) – €€
• Custo-Benefício: Hôtel Suisse (3 estrelas, nota 8.7) – €€€
• Apartamento Custo-Benefício: Le Cocon Petite France (3 estrelas, nota 9) – €€€
• Conforto: Hôtel & Spa Le Bouclier D’or (4 estrelas, nota 8.9) – €€€€
• Luxo: Maison Rouge Strasbourg Hotel & Spa, Autograph Collection (5 estrelas, nota 8.8) – €€€€€
• Apartamento de Luxo: Life Renaissance Place Kléber (nota 9.2) – €€€€€

Como chegar em Estrasburgo e se locomover por lá?

Nós chegamos pelo Aeroporto Internacional da Estrasburgo, chamado Entzheim. Apesar de pequeno, várias empresas voam ali, incluindo as low costs como a Ryanair.

Em Estrasburgo também fica uma grande estação ferroviária, com conexões de trens de alta velocidade (TGV e ICE) que vão para as cidades maiores. E os regionais, menos rápidos, que conectam Estrasburgo às vilas menores da Alsácia.

História e Curiosidades de Estrasburgo

Estrasburgo foi alemã e francesa como quem troca de roupas: foi uma cidade livre do Sacro Império Romano-Germânico, em 1681 foi anexada por Luis XIV à França.

Em 1871, depois da Guerra Franco-Prussiana, voltou para Alemanha. Depois da Primeira Guerra Mundial voltou ao domínio francês; durante a Segunda Guerra foi dominada mais uma vez pelos germânicos e depois da guerra voltou a ser francesa.

Muitas vezes, quem assumia o poder proibia a população de falar a língua contrária. Além disso, estavam sempre querendo provar um para o outro sua superioridade. Por isso construíam palácios e prédios públicos grandiosos, que iam mudando de dono.

É curioso reparar, por exemplo, que o prédio da Biblioteca Nacional, que fica na Praça da República, e é a segunda maior biblioteca da França, tem esculturas e placas de autores como Goethe, porque foi construída durante o domínio da Alemanha.

Outra curiosidade é que Johannes Guttemberg estudou em Estrasburgo – e dizem que foi na cidade que, por volta de 1430, ele inventou a imprensa. Há uma praça na cidade com uma escultura em homenagem ao inventor.

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