Trapani e Erice ficam na ponta oeste da Sicília, uma região que combina história, mar e um ritmo de vida mais tranquilo do que o das cidades maiores da ilha. Nesse texto você descobre o que fazer em Trapani e Erice, num roteiro fácil de adaptar para a sua viagem.
Trapani é uma cidade portuária antiga, conhecida desde os tempos dos fenícios pelo comércio de sal e atum. Já Erice, no alto de uma montanha a 750 metros de altitude, é uma vila medieval cercada por muralhas, de onde se tem uma das vistas mais bonitas da Sicília.
As duas cidades são vizinhas: dá até para subir de Trapani a Erice em menos de 20 minutos num teleférico. Elas formam uma base excelente para explorar essa parte oeste da ilha, incluindo Marsala, as ilhas Egadi, Segesta e San Vito lo Capo.

Principais Atrações de Trapani e Erice
- Centro Histórico de Trapani – O coração da cidade é compacto e fácil de explorar a pé. As ruas estreitas de pedra e os prédios de fachada clara refletem o período em que Trapani era um porto importante sob domínios diferentes, de fenícios a espanhóis.
- Corso Vittorio Emanuele, Via Garibaldi e Palazzo Cavarretta – As duas principais ruas do centro concentram boa parte do movimento, com bares, sorveterias e restaurantes. No meio delas fica o Palazzo Cavarretta, antiga sede do senado da cidade, com fachada barroca e relógio, que já serviu como símbolo do poder local.
- Catedral de San Lorenzo – Igreja do século XVII que mistura elementos barrocos e neoclássicos. Ela marca o centro religioso da cidade e lembra a época em que Trapani prosperava com o comércio de sal e atum.
- Via Mura di Tramontana Ovest – A antiga muralha voltada para o mar virou um calçadão elevado que acompanha a costa norte da cidade. É um dos melhores lugares para caminhar no fim da tarde e ver o sol se pôr atrás das ilhas Egadi, com as muralhas de um lado e o mar do outro. Em alguns trechos há acesso à pequena praia de pedras conhecida como Spiaggia delle Mura di Tramontana.
- Torre di Ligny – Torre de vigia do século XVII construída para defender a cidade de ataques de corsários vindos do norte da África. Hoje abriga um pequeno museu arqueológico e oferece uma vista aberta para o mar, bem na ponta da península de Trapani.
- Chiesa del Purgatorio e os “Misteri” – Igreja do século XVII que guarda os famosos grupos escultóricos da Procissão dos Misteri, realizada na Semana Santa há mais de 400 anos. As esculturas representam cenas da Paixão de Cristo e são levadas pelas ruas em uma das celebrações religiosas mais fortes da Sicília.

- Salinas de Trapani e Paceco – Área de proteção ambiental onde ainda se produz sal marinho de forma tradicional. Os tanques rasos, os montes de sal e os moinhos de vento formam uma paisagem muito característica do oeste da Sicília. A região é importante também como área de descanso para aves migratórias, como os flamingos.
- Museu do Sal (Museo del Sale, em Nubia) – Instalado em um antigo moinho de vento, dentro de um baglio do século XVII, o museu explica o processo de extração do sal e a história das salinas. Lá dentro estão ferramentas antigas usadas pelos salinari e fotografias que mostram como o trabalho mudou (ou quase não mudou) ao longo dos séculos. Fica dentro da mesma área das Saline de Trapani e Paceco.

- Erice – uma das vilas mais preservadas da Sicília. Foi fundada pelos elímios, conquistada por cartagineses, gregos, romanos e depois normandos. A vila fica a 750 metros de altitude e, em dias claros, oferece uma das vistas mais amplas da ilha, alcançando até o mar das ilhas Egadi e o Monte Cofano.
- Porta Trapani e muralhas medievais – A entrada principal da cidade, com suas muralhas de origem púnico-romana reformadas na Idade Média. Dali parte a rua principal, a Via Vittorio Emanuele, que atravessa toda a vila.
- Chiesa Madre (Maria Santissima Assunta) – Construída no século XIV pelos normandos com pedras reaproveitadas do antigo templo de Vênus. A fachada lembra uma fortaleza, e o interior impressiona pelo contraste entre simplicidade e luz filtrada. Ao lado, uma torre separada funciona como campanário e mirante.
- Chiesa di San Giovanni Battista – Uma das igrejas mais antigas de Erice, com interior austero e atmosfera silenciosa. Fica em uma das partes mais altas do vilarejo e tem um pequeno adro com vista para o mar.
- Chiesa di San Giuliano – Construída no século XVII, tem um interior decorado com mármores e esculturas de artistas locais. Segundo a tradição, era o local de oração dos cavaleiros que protegiam a cidade.
- Castello di Venere – Construído pelos normandos sobre as ruínas de um templo dedicado à deusa Vênus Ericina. O local era um antigo centro de peregrinação, onde sacerdotisas cuidavam do culto à deusa ligada ao amor e à fertilidade. Do castelo se avista toda a planície de Trapani e, em dias de céu limpo, o contorno das ilhas Egadi.
- Jardins do Balio – Logo ao lado do castelo, formam um dos lugares mais agradáveis da vila. Os jardins foram criados no século XIX sobre antigas fortificações e têm bancos de pedra, pequenas torres e vistas abertas para o mar.
- Museo Comunale “Antonio Cordici” – Pequeno, mas interessante, esse museu reúne achados arqueológicos de Erice e da região, incluindo uma cabeça grega de Afrodite encontrada no antigo templo de Vênus.
- Mirantes e vielas – A graça de Erice está também em se perder. Cada ruazinha de pedra leva a uma vista diferente: o Belvedere Balio, o Mirante da Porta Spada e o Terrazza del Carmine são alguns dos pontos de onde se vê o mar e as colinas abaixo.
O Que Fazer em Trapani em 1 Dia
Trapani tem uma história longa e marcada pelo mar. Foi fundada pelos elímios, o mesmo povo que construiu Segesta, e mais tarde se tornou um porto fenício.
O nome vem do grego Drepanon, que significa “foice” — uma referência à forma curvada da península onde a cidade se espalhou. Durante séculos, o porto foi um ponto estratégico para o comércio de sal, coral e atum, o que explica a influência árabe, normanda e espanhola visível até hoje nas ruas e na comida local.
Manhã no Centro Histórico de Trapani
Dá para visitar Trapani facilmente em apenas um dia. O centro histórico é compacto, não tem tantas atrações e não é tão bem cuidado como de outras cidades da Sicília.
A partir do Parque Villa Regina Marguerita, comece o dia caminhando pela Via Garibaldi, uma das principais ruas do centro antigo. A adorável rua termina no Mercato del Pesce, um mercado de peixe que funciona desde a Idade Média, embora hoje seja mais tranquilo. A estrutura circular e a localização junto ao porto mostram a ligação histórica da cidade com o mar.

Dali, siga pela Via Torrearsa até o Palazzo Cavarretta, antiga sede do senado local, com sua fachada barroca e relógio (Porta Oscura – Torre dell’Orologio), um dos símbolos de Trapani.
Caminhe pelo Corso Vittorio Emanuele, outra das ruas principais da cidade antiga. O caminho passa por palácios barrocos, pequenas igrejas, como a Chiesa del Collegio dei Gesuiti – que tem um presépio incrível – e pela Catedral de San Lorenzo, construída no século XVII.

De lá, caminhe pela Via Mura di Tramontana Ovest, a muralha voltada para o norte da cidade. Esse trecho, que antes protegia Trapani, virou um calçadão à beira-mar: um dos melhores lugares para caminhar sem pressa.

Em alguns pontos é possível descer até o nível das pedras e ver os moradores tomando banho de mar. No fim da tarde, o pôr do sol daqui é um dos mais bonitos da região, com o céu refletindo nas águas e as ilhas Egadi ao fundo.
Depois, siga em direção à Torre di Ligny, na ponta da península. Construída em 1671 durante o domínio espanhol, ela fazia parte da linha de torres de defesa costeira contra os piratas que vinham do norte da África. Hoje abriga um pequeno museu arqueológico com achados submarinos, e do terraço se tem uma vista aberta para o mar e para as ilhas Egadi.

Se quiser incluir um ponto cultural, visite o Museo Regionale Agostino Pepoli, que reúne esculturas religiosas, cerâmicas e objetos feitos com coral vermelho: o material que deu fama à cidade entre os séculos XVI e XVIII. O museu fica um pouco fora do centro, mas é fácil chegar de táxi ou ônibus.
Para o almoço, Trapani tem uma culinária fortemente marcada pela herança árabe: o couscous de peixe é o prato mais típico. Também vale provar os doces com amêndoas e pistache, servidos em confeitarias antigas que parecem não ter mudado em décadas.
Tarde nas Salinas de Trapani
Para a tarde, dá pra seguir até a área das Salinas de Trapani e Paceco, a cerca de 20 minutos de carro do centro. Para quem não quer dirigir, aqui tem um tour que te leva até as salinas bem na hora do pôr-do-sol.
As salinas funcionam há séculos e ainda produzem sal de modo artesanal, com tanques rasos e moinhos de vento. No local está o Museu do Sal, instalado em um antigo moinho do século XVII. A visita é rápida, mas ajuda a entender como o sal moldou a economia e a paisagem da cidade. Para entender melhor toda a história e ainda poder provar uma flor de sal, aqui tem uma visita guiada às salinas e o museu (com as entradas incluídas).
No fim do dia, o reflexo do pôr do sol nas lagoas rosadas é um espetáculo simples e imperdível. De volta ao centro, encerre o dia jantando em um dos restaurantes locais.
O Que Fazer em Erice em 1 Dia
Erice pode ser visitada facilmente em um bate-volta a partir de Trapani. Dá para subir de carro e o estacionamento fora dos muros é bem fácil (apesar de pago). Outra opção é fazer o trajeto pelo bondinho (funivia), que liga a cidade ao alto da montanha em cerca de 10 minutos. A vista do caminho já vale o passeio, especialmente em dias claros, quando se vê todo o litoral oeste da Sicília.
Manhã em Erice
Ao chegar em Erice, comece pelo Porta Trapani, o portão principal da vila. Dali, as ruelas de pedra levam até a Chiesa Madre, uma igreja fortificada do século XIV com uma torre de observação ao lado. O interior é simples, mas o conjunto arquitetônico impressiona.


Continue seguindo pelas ruelas históricas, usando a Via Vittorio Emanuele como guia para ver vários palácios, pracetas e igrejas. Aproveite para entrar em algumas das inúmeras igrejas de Erice: são mais de dez, e muitas ficam escondidas em ruelas. A Chiesa di San Giuliano e a Chiesa di San Giovanni Battista são duas paradas interessantes para quem gosta de história religiosa e arquitetura simples, mas bem preservada.

Depois de circular por ali, siga até o Castello di Venere, construído sobre um antigo templo dedicado à deusa Vênus, cultuada aqui desde os tempos fenícios. Diz a lenda que os marinheiros acendiam fogueiras no alto do monte para que a fumaça servisse de guia aos navios.

A vista dessa região é incrível. Aproveite para descansar nos Jardins do Balio, um dos lugares mais tranquilos da cidade.

Os doces conventuais de amêndoas são bastante tradicionais na cidade, em especial os da Pasticceria Maria Grammatico. Aqui eu preciso de confessar que comprei vários e não gostei de nenhum. Então, recomendo parcimônia na compra para você ter certeza que vai agradar seu paladar.
Tarde em Marsala
No meio da tarde, desça de volta de bondinho até Trapani e siga de carro em direção a Marsala, a cerca de 40 minutos de estrada. A cidade ficou conhecida pelo vinho fortificado que leva seu nome, criado no século XVIII e exportado principalmente para a Inglaterra. Hoje, várias cantinas históricas oferecem visitas guiadas e degustações — entre elas, Florio e Pellegrino.
Depois da visita às vinícolas, dê uma volta pelo centro histórico de Marsala, com suas ruas de pedra claras, a catedral na praça principal e fachadas que refletem a reconstrução pós-terremotos. Se tiver disposição, termine o dia no lungomare, olhando o sol se pôr atrás das ilhas da Laguna dello Stagnone, uma área de mar raso pontilhada por pequenas ilhas e, em alguns trechos, antigas salinas. É um encerramento calmo depois de um dia de vila medieval, história antiga e vinho.
3 Dias em Trapani: Melhores Ideias de Bate-volta
Com três dias, dá para explorar o entorno de Trapani com calma. A cidade é uma boa base para conhecer alguns dos lugares mais bonitos do oeste da Sicília.
1. Ilhas Egadi / Favignana
O arquipélago das Egadi fica a apenas 30 minutos de barco de Trapani. Favignana é a maior e mais visitada das ilhas, com praias de águas transparentes e um clima de vila de pescadores. Dá para fazer o passeio em um dia, alugando uma bicicleta para circular pela ilha.

- Como chegar: Saindo de Trapani, dirija-se ao porto e embarque em uma balsa ou catamarã direto para Favignana. Aqui tem um tour de um dia pelas ilhas, incluindo o almoço.
- Tempo/Distância: A travessia dura cerca de 30 a 40 minutos.
- Destaque: Excelente opção para um dia inteiro, com ritmo tranquilo e praias ou vila de pescadores.
- 👉 Leia mais: O que fazer em Favignana
2. Templos de Segesta
A cerca de 40 minutos de Trapani, o Templo de Segesta é um dos templos gregos mais bem preservados da Sicília. Foi construído no século V a.C., nunca chegou a ser concluído, mas suas colunas dóricas continuam de pé em meio às colinas. No alto do parque arqueológico há também um teatro grego com vista para o vale.

- Como chegar: De carro ou ônibus partindo de Trapani, seguir pela estrada até o parque arqueológico de Segesta.
- Tempo/Distância: Aproximadamente 30 minutos de carro (~32-33 km) desde Trapani.
- Destaque: Uma das ruínas gregas mais bem preservadas da Sicília — ideal para combinar história antiga e paisagem.
3. Praia de San Vito lo Capo
San Vito lo Capo é uma das praias mais conhecidas da Sicília, com areia clara e mar azul intenso. Fica a cerca de uma hora de Trapani e vale o passeio em um dia de calor. A cidade é pequena e tem boa estrutura, com restaurantes e bares próximos à praia.

- Como chegar: De carro desde Trapani; também há ônibus, embora o trajeto seja mais lento.
- Tempo/Distância: Cerca de 45 minutos de carro (~36-37 km) desde Trapani.
- Destaque: Um dia de tranquilo à beira-mar, com praia ampla, areia clara e opção de fugir do ritmo urbano.
Onde Ficar em Trapani
Trapani tem uma estrutura boa de hotéis e apartamentos de temporada para alugar. A minha maior preocupação quando estava escolhendo onde ficar nas cidades da Sicília era onde estacionar o carro, uma vez que a fama do trânsito caótico não é infundada.
Toda cidade com centro histórico tem zonas de circulação e estacionamento proibido em determinados dias da semana, onde você pode tomar multas salgadas se entrar desavisado.
Tendo isso em vista, se você estiver visitando a cidade com carro alugado recomendo que escolha uma acomodação em Trapani fora do centro histórico, onde você (após algumas voltas), consegue estacionar o carro de maneira gratuita (só tem que ficar atento às placas que indicam os dias da semana que pode parar lá).

Nós alugamos um apartamento novinho e bem confortável que fica na rua principal do centro “novo”, o B&B Il Sole Blue (nota 8.7 – €). Tem um excelente custo-benefício e fácil acesso ao centro a pé.
Se fizer questão de ficar dentro do centro histórico, então converse direitinho com o seu hotel ou apê para saber como pode parar o carro sem ter problemas.
Abaixo, listamos as melhores opções de hospedagem em Trapani, segundo as reviews: