Não adianta. Você pode montar planilha no Excel, comprar todas as passagens com antecedência e pagar um motorista de táxi para te levar de um lado para o outro. É preciso aceitar algumas verdades na vida: mais cedo ou mais tarde você vai enfrentar um perrengue de viagem.
É inevitável. Você está em um lugar em que nunca esteve, sujeito a regras que não conhece e mal mal consegue apontar o rumo do seu hotel. Só esses fatores já criam a condição perfeita para qualquer turista fazer a sua turistisse: ficar perdido, ser enganado por vendedores, cometer gafes culturais. Acrescente a essa mistura uma pitada de imprevisto que a vida sempre nos traz e você tem um perrengue.
O Rafa já ficou perdido e sem dinheiro na maior e mais caótica cidade da Índia, acredite.
Muita gente tem pesadelos com eles, mas os perrengues são normalmente muito menores do que o nosso medo. E são muitas as chances desse enorme monstro no armário se tornar um caso engraçado, uma história para contar num happy hour com os amigos ou uma recordação que te arranca gargalhadas mesmo anos depois.
Tem quem diga que quer planejar a viagem perfeita. Eu entendo: muitas vezes, uma viagem é um sonho de uma vida, algo intensamente desejado por meses ou anos. No ímpeto de garantir que tudo saia exatamente como querem, essas pessoas acabam criando cronogramas detalhados, planejando tudo nos mínimos detalhes e se prevenindo ao máximo. Mas nem toda a precaução pode ser suficiente para evitar um perrengue.
Nós chegamos ao Nepal bem na semana em que estourou uma grande greve geral. E aí?
Um viagem é exatamente como tudo na vida: é impossível prever todas as variáveis. E sempre surgem desvios de percurso, desafios e situações chatas com as quais precisamos lidar. Um sonho que vira realidade vai ter seus problemas, mas ele ainda é melhor do que aquele que nunca sai do plano das ideias. Mas se você souber aproveitar, mesmo com todos os defeitos ele vai continuar sendo inesquecível.
É claro que ninguém sai por aí caçando perrengues como souvenirs, mas quando ele aparece, não é preciso se desesperar e chorar sentado no meio fio. Na maioria dos casos, basta respirar um pouco, pensar com calma, analisar bem a situação e encontrar a melhor saída. Nem sempre ela vai ser a ideal, nem sempre você vai ficar satisfeito, é bem provável que ela te faça gastar um pouco mais que o esperado, mas o mais importante é que ela vai te tirar da situação do perrengue.
Em vez de curtir praia, curtimos foi uma bela enchente na Tailândia
A melhor saída também é, na maioria das vezes, a mais simples e óbvia. Afinal, se você já está no meio de uma situação chata, tudo o que você não quer é complicar mais sua vida, não é mesmo? Então jogue-se na saída assim que ela aparecer, mas ao mesmo tempo procure não fazer nada desesperado ou por impulso, ou você corre o risco de se atolar ainda mais no perrengue. Por isso é importante manter a calma e o bom humor. Não importa o que aconteça, encarne o mochileiro das galáxias e NÃO ENTRE EM PÅNICO. Assim mesmo, em maiúscula. Encare o perrengue nos olhos e atinja-o em seus pontos fracos.
Quando a crise passar, guarde a memória como troféu de batalha, para rir um pouco da cara dele depois e lembrar de uma boa lição aprendida. Não estrague o resto dia remoendo as mágoas de um momento que deu errado. Engula o choro, a raiva ou qualquer outra emoção desagradável que ele te cause. Para isso, vale extravasar: vá dar um mergulho naquela praia maravilhosa, devore um prato gigante de uma guloseima local, dê um grito no meio do nada só para escutar o seu eco. Qualquer coisa quer for te fazer melhor. O que não pode é estragar suas férias porque a vida foi da forma como ela sempre é: torta e imprevisível.
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Perrengue foi pouco na minha última viagem ao Peru! No meio da viagem de 16 dias, quando chegamos em Cusco, o dinheiro tinha acabado. Era uma sexta à noite, véspera do Inti Raymi, ou seja, a cidade estava igual ao carnaval de Ouro Preto. Fomos logo ao banco sacar dinheiro e eis que a máquina engoliu o cartão da minha amiga e não devolveu. Desespero tomou conta de nós, ficamos loucas, morrendo de medo do que aconteceria… Esperamos uma eternidade para ver se o dinheiro ou o cartão iam sair e nada. Resolvemos voltar para o hostel, onde tinha internet e vê o que resolveríamos. Sorte a nossa que temos amigos em Lima e eles tinham nos emprestado um celular pré pago, com ele conseguimos ligar para uma central internacional que transfere para todos os bancos no Brasil (santo google nos ajudou. Minha amiga então conseguiu bloquear o cartão e teve a informação que o caixa eletrônico destroi o cartão quando dá erro na operação.
Sorte nossa também que o cartão de crédito era separado do débito e conseguimos sacar do crédito (foi muito prejuízo) mas, faltavam 7 dias de viagem, era a salvação. Depois disso um dia antes de retornar a Lima, fomos assaltadas e levaram nossos celulares (menos o do Peru que era emprestado) e ainda tivemos problema com a passagem de volta (Cusco – Lima) e tivemos que pagar diferença e comprar novas passagens. Perrengue foi muito pouco nessa viagem!
Amo o blog e super me identifico quando leio posts assim!
Parabéns!
Nossa Luiza, parece que tudo que podia dar errado com vcs no Peru deu, hein? Que fase! Mas tem viagem que é assim mesmo! haha
Abraços e obrigada por comentar
Adorei o texto e sou daqueles que nunca fez viagem sem um perrengue básico. Só para citar resolvi passar natal e ano novo na Bolivia, sem a menor noção de que todo o país estava migrando internamente de um ponto para outro por conta das festas com a família. Não conseguia onibus para lugar nenhum e quase passei natal na rodoviaria de Sta Cruz de la Sierra.
Também perdi uma van em Punta del Este no Uruguai, onde quase fui assaltado por uma gangue de ciganas de rua kkk
Olá pessoal,
Por vezes penso que perrrengue é o meu nome do meio pois em cada viagem eu tenho um…
Numa das vezes descobrimos à chegada do hotel em Petra que o mesmo tinha sido fechado pelas autoridades, estavam 5 policias Jordanos a jogar às cartas e apenas nos disseram que estava fechado e que tínhamos que procurar outro… então em plena hora de almoço com sol a escaldar tivemos que andar 3 kms a arrastar malas até conseguir encontrar um hotel que tinha vaga e que com sorte até era mais perto dos parques de Petra, no final acabou por correr bem mas já começava a ver a minha vida a andar para trás.
Numa outra situação para ir entre delhi e Varanasi o trem em vez de demorar 11 horas, demorou quase 19… o que foi uma experiência para lá de infernal 😉
Mas como já disseram depois ficam histórias para recordar e contar.
Beijinhos para todos
Nossa Andreia, que desespero essa situação de Petra! E ficar 19 horas em um trem na Índia também não é a coisa mais legal do mundo, hein! Pelo menos viram casos divertidos!
Abraços!
Esse post me fez lembrar de muita coisa que já tive que encarar… Mas acho que a mais hilária de todas foi ter visitado uma cidade espanhola bem no dia daquelas festas que eles “soltam” o touro (sem saber de nada, claro) na praça pra correr atrás do povo. Naquele dia descobri o que era sentir medo, rs. Assim que chegamos na cidade, já fomos avisados que teria essa festa e que se não quiséssemos participar, tínhamos que evitar a região da Praça Maior por volta das 17h. Acabou que não deu tempo de sair de lá antes das 17h e não tinha como ir embora sem passar por essa praça. Quando chegamos na praça, o guarda nos disse: “Podem atravessar que o touro acabou de subir”… Pus o pé e lá se vem umas vinte pessoas correndo feito loucas ladeira abaixo, se pendurando nas grades das janelas das casas. Sabe o pirepaque do Chaves? Então, tive um… fiquei paralisada… daí me puxaram pro canto… Quando dei por mim, o touro na verdade era uma vaca magrela, segurada por corda por três homens. Depois, óbvio que virou piada e eu que fui a que mais demonstrou medo sou o principal alvo até hoje, rs.
hahahah mto boa essa história, Dalila! Qual cidade foi?
abraços?
Cuenca!
Meu perrengue era até previsível: uma viagem de 17 horas pelas ótimas (não) estradas da Bolívia entre La Paz e Santa Cruz de La Sierra de madrugada. Claro que o ônibus quebrou no meio da madrugada, no meio do nada, no meio do meu sono de Dramin, e o socorro demorou 4 horas pra chegar.
Sem contar as inescapáveis diarreias.
Veja pelo lado bom: pelo menos você chegou lá. =)
Fazia um tempinho que eu nao visitava o blog.
Já não é novidade que sempre que eu venho no 360 encontro um post maravilhoso
melhor se for com um pitada de bom humor como foi este.
Me divirto muito com os posts do blog, como sempre estão de parabéns
Ei Matheus! Pois é, sentimos sua falta por aqui! Obrigada pelo comentário (e elogios) e volte sempre.
Abraços!
Perrengues de viagem de me fizeram ter que voltar ao Chile para acabar com a má impressão de lá. Já fiquei sem dinheiro, sem cartão, sem hotel e sem rumo em Florença e fui parar em Lucca, uma das melhores partes do meu tour pela Itália. Perrengues acontecem, a gente chora, tem vontade de voltar pra casa. Mas no final, a gente ri, conta para os amigos e leva mais um aprendizado para a nossa próxima aventura…
Adorei ver você aqui! Seus perrengues são os melhores! Não me canso de rir deles. E Lucca é uma gracinha! =)
Abraços!