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Viajar me deixou milionário

Viajar me deixou milionário. Literalmente. Foi só quando coloquei uma mochila nas costas e resolvi rodar o mundo que carreguei mais de dois milhões no bolso. Isso aconteceu numa cidade de praia, bem parecida com essas que todo mundo conhece: surfistas cariocas por todos os lados, restaurantes especializados em PF – o tradicional Prato Feito – na beira da praia e diferentes sotaques do nosso português compartilhando cervejinhas de frente para o mar. No dia em que cheguei lá, fui até o caixa eletrônico e saquei a quantia máxima permitida: dois milhões e 500 mil. Dois milhões e 500 mil rúpias da Indonésia, o equivalente a uns R$ 500 no câmbio atual.

As praias da península Bukit, em Bali, na Indonésia, tem uma gigantesca população de brasileiros. Já te contamos aqui no blog que o nosso português PT-BR é quase o segundo idioma dessa região. Conhecido pelo mar bom para surfe, a região atrai brasileiros de todos os tipos. Até os que nunca pegaram uma onda sequer, tipo a gente. A Indonésia tem cerca de 18 mil ilhas, uma das maiores populações do planeta e, claro, uma moeda absurdamente desvalorizada. Um real vale cerca de 5 mil rúpias da Indonésia.

Bali - Uluwatu praia

O custo de vida por lá é baixíssimo. Com pouco mais de R$ 7 por pessoa, pagávamos a diária do melhor hotel em que nos hospedamos durante toda nossa viagem de volta ao mundo. Um chalé, com uma piscina na frente, internet wi-fi e pertinho da praia. Na época o hotel estava abrindo as portas, o que justificava o preço tão baixo. Hoje, os valores para ficar lá subiram um pouco, mas ainda é possível achar vários estabelecimentos do mesmo nível na mesma região sem gastar muito. E há hotéis mais simples e baratos também. Com R$ 25 por dia (e por pessoa) vivíamos bem, comendo em bons restaurantes, bebendo em bons bares e sem nenhuma preocupação em economizar demais.

Foto de piscina hotel em Bali

O ponto aqui é simples, algo que sempre defendemos no 360meridianos: viajar não precisa ser caro. É possível viajar o mundo, com um bom nível de conforto, gastando menos do que é preciso para levar uma vida “normal”, em qualquer grande cidade do Brasil. E para isso não basta ir para um país mais barato que o nosso. É preciso saber quando e como economizar. Na mesma Bali dos hotéis de R$ 7, encontramos um brasileiro que estava pagando R$ 150 pela diária de um resort – que cobrava pela wi-fi – , tudo porque ele reservou sem pesquisar.

Mesmo que um planejamento eficiente seja capaz de baratear qualquer viagem, até para países onde o custo de vida é mais elevado que o do Brasil, é evidente que existem lugares que são praticamente um paraíso para mochileiros: extremamente baratos e, o melhor, muito interessantes. No começo deste ano o site Price of Travel fez uma lista com 116 cidades, mostrando quais são os destinos mais atraentes para mochileiros e viajantes que não têm nem escorpiões no bolso (porque não teriam recursos para alimentar os bichos e a eles próprios ao mesmo tempo).

O top 10 de cidades mais baratas é dominado pela Ásia: Pokhara (Nepal), Hanoi (Vietnã), Katmandu (Nepal), Phnom Penh (Camboja), Chiang Mai (Tailândia), Nova Delhi e Goa (Índia) ocupam as primeiras colocações, todas com gasto de menos de US$ 20 por dia.

Viajo ou compro uma bicicleta

Goa, na Índia

Das cidades citadas pelo site gringo, estivemos em algumas. Em Pokhara, no Nepal, também ficamos milionários. Gastávamos ridículos R$ 8 por quarto num hotel bacana e comíamos em ótimos restaurantes somente com aquela nota de R$ 2 que fica perdida (e toda esmagada) no bolso da calça. Tudo isso num dos lugares mais incríveis do mundo: Pokhara é uma pequena cidade, às margens de um lago e cercada por três picos nevados com mais de oito mil metros de altura. Viu que dá para chamar de paraíso?

Nepal - Pokhara

Katmandu, capital do país, também não fica atrás – lá é até complicado achar um hotel razoável com diárias a mais de R$ 10, café da manhã incluso. Também estivemos nas representantes indianas da lista: Delhi e Goa são baratas se comparamos com o Brasil, mas existem inúmeras cidades turísticas mais econômicas que elas na Índia. Já Chiang Mai, na Tailândia, também nos ofereceu preços extremamente convidativos, mas o resto do país, principalmente as praias, não são muito baratas não.

Inspirados pela lista do Price of Travel, resolvemos fazer um ranking com os lugares mais baratos para mochileiros, contando apenas os lugares onde estivemos. Neles, fomos milionários, muitas vezes literalmente. Nosso ranking pensa na questão do custo/benefício, claro. Afinal, não adianta ser barato se não for um lugar interessante.

Lugares mais baratos do mundo, segundo 360meridianos

1 – Uluwatu (Bali), Indonésia

É tão barato que frequentemente pensamos em ficar alguns meses por lá.

2 – Pokhara, Nepal

Cidade linda e comida boa por menos de US$ 20 por dia. Quem tiver mais pode até esbanjar no conforto.

3 – Rishikesh, Índia

A Índia tem até cidades mais baratas, mas poucas são mais legais que Rishikesh. Passe uma temporada por lá!

4 – Udaipur, Índia

Outra cidade indiana que é barata e muito, muito agradável.

5 – Langkawi, Malásia

Hotéis de frente para o mar a menos de R$ 10. E o melhor: em Langkawi a cerveja não tem imposto.

Estátua de Shiva no Ganges em Rishikesh, Índia

Rishikesh, Índia

Vale sempre lembrar que viajar não te deixa rico de verdade, afinal milhões de rúpias da Indonésia podem até ser muito dinheiro para o país (e talvez seja mais do que a fortuna atual do Eike), mas não garantem a entrada de ninguém na lista da Forbes. Por outro lado, viajar enriquece também de forma simbólica: acumular experiências, conhecer novas culturas e aprender a conviver com o novo e a entender a vida por outro ponto de vista são riquezas sim, embora não envolvam acúmulo de dinheiro. Ainda bem.

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Rafael Sette Câmara

Sou de Belo Horizonte e cursei Comunicação Social na UFMG. Jornalista, trabalhei em alguns dos principais veículos de comunicação do Brasil, como TV Globo e Editora Abril. Sou cofundador do site 360meridianos e aqui escrevo sobre viagem e turismo desde 2011. Pelo 360, organizei o projeto Origens BR, uma expedição por sítios arqueológicos brasileiros e que virou uma série de reportagens, vídeos no YouTube e também no Travel Box Brazil, canal de TV por assinatura. Dentro do projeto Grandes Viajantes, editei obras raras de literatura de viagem, incluindo livros de Machado de Assis, Mário de Andrade e Júlia Lopes de Almeida. Na literatura, você me encontra nas coletâneas "Micros, Uai" e "Micros-Beagá", da Editora Pangeia; "Crônicas da Quarentena", do Clube de Autores; e "Encontros", livro de crônicas do 360meridianos. Em 2023, publiquei meu primeiro romance, a obra "Dos que vão morrer, aos mortos", da Editora Urutau. Além do 360, também sou cofundador do Onde Comer e Beber, focado em gastronomia, e do Movimento BH a Pé, projeto cultural que organiza caminhadas literárias e lúdicas por Belo Horizonte.

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73 comentários sobre o texto “Viajar me deixou milionário

  1. Oi, Rafael! Eu de novo! Hehe estou devorando o blog, e cada vez fico mais motivada! E impressionada o quanto eu estava equivocada e que é bem possível fazer a volta ao mundo!

    Estou deixando questões em seu respectivos posts! Espero que consigas responder! Ficaria imensamente feliz! Vou comprar os 3 e-books também!

    Uma pergunta: para iniciar a volta ao mundo, qual o continente (ou pais) com passagens mais baratas saindo do Brasil? É a Ásia??

    Muito obrigada!!!

    1. Oi, Cristina. Desculpa a demora. 🙂

      Olha, se você comprar a passagem de volta ao mundo, isso (qual continente) não faz tanta diferença. Eu comecei pela Europa, de lá fui para a Ásia, de lá para Oceania e então América do Sul, mas conheço quem fez o inverso e gastou mais ou menos a mesma coisa.

      Abraço.

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