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Por que embarcar no avião é tão detestável?

Gosto muito de aviões, mesmo com os problemas eventuais de falta de espaço. Acho o melhor método para viajar, o mais seguro e também o que fico menos incomodada, já que não me enjoa e tem entretenimento de bordo. Mas se tem uma coisa que me irrita no processo todo, essa coisa é a hora do embarque.

Você sabia que brasileiros e italianos têm fama de serem os mais confusos do mundo na hora de entrar no avião? Além da fama, a minha experiência empírica prova que os principais casos de completo caos de embarque são no Brasil e na Itália. Fica um monte de gente em pé, na fila, eventualmente se empurrando, tentando entrar no avião e ignorando qualquer ordem que os atendentes tentam dar aos grupos de embarque. É a institucionalização da furação de fila.

Aliás, a fila que se forma antes do embarque é algo que foge completamente à minha compreensão: o pessoal da empresa nem começou a chamar o voo ainda e já tem gente fazendo fila no portão. Me dá uma vontade imensa de gritar: GALERAAAA, os assentos são marcados, ninguém vai roubar seu lugar!

Depois, tem outro problema, que é a entrada no avião, com todo mundo, ao mesmo tempo e no mesmo espaço, tentando colocar as bagagens de mão no compartimento superior ou cruzar até o seu lugar num corredor minúsculo. Enfim, essa segunda parte é mais culpa da empresa aérea que dos passageiros confusos. Afinal, já foi comprovado cientificamente que esse método de embarque, do fundo para o início do avião, é a maior furada.

Para começar, o MythBusters, aquele programada do Discovery, fez um teste comparando várias técnicas para entrar no avião. O resultado é claro: a forma que usamos, em grupos de assentos, é a mais ineficiente:

Mas o Mythbusters não está contando nenhuma grande novidade, já que, em 2011, um astrofísico que ficou tão incomodado com a confusão da entrada no avião (tá vendo, não sou só eu!) resolveu gastar parte dos seus neurônios geniais pensando numa forma mais prática e rápida de embarque.

O Dr. Jason Steffen criou um método e deu seu nome a ele. O problema do método de Steffen, na minha opinião, é que se as pessoas já têm uma dificuldade inexplicável em entender de qual grupo de embarque elas fazem parte, imagina num sistema que é complicado até de explicar aqui no blog!

Ele usou um computador para simular cinco formas comuns e possíveis de entrar no avião e concluiu que o método mais rápido e que gera menos empurra-empurra é embarcar primeiro os passageiros da janela, nas fileiras pares primeiro e depois nas ímpares e ir enchendo o avião nessa ordem.

Assim, nunca haveria a absurda necessidade de duas pessoas disputarem o mesmo espaço ao mesmo tempo, seja para passar no corredor ou para guardar a bagagem de mão. Com a ajuda de um outro programa de TV, o This vs That, ele provou sua teoria com imagens:

O outro jeito de fazer isso – de uma forma menos caótica e sem dar chance para o pessoal fingir que não está entendendo – é pedir que as pessoas da janela entrem primeiro, depois as do meio e por fim o corredor. Segundo a experiência do Dr. Jason Steffen, e também do pessoal do Mythbusters, essa forma de organização, chamada de WilMA (Window, Middle, Aisle), é a segunda mais rápida.

Eu também acho que seria a mais eficiente e realmente não entendi por qual motivo não estamos fazendo isso! Afinal, como os passageiros já reservam o lugar na hora da compra da passagem, era só montar três filas (além das prioridades – como idosos e famílias com crianças, que continuariam entrando primeiro e sem regra, claro).

Vale reforçar que de todos os métodos de embarque testados, o claramente mais lento e confuso é o método de grupos de embarque do final para o início.  Esse sistema leva mais que o dobro do tempo em relação ao método Steffen, por exemplo. É pior até mesmo que a distribuição aleatória de assentos, uma regra de algumas cias aéreas low costs, que não permitem a reserva prévia de lugares e funcionam no método sente-se onde quiser.

Eu vivi essa experiência num voo da Wizz Air e garanto que embarquei mais rápido do que nos procedimentos comuns. Porém, os testes do Mythbusters mostram que mesmo sendo mais rápido, não poder escolher previamente seu assento frustra os passageiros.

Embarque no Avião

O embarque de trás para frente e o embarque em grupos são os métodos mais ineficientes, gastando 6:11 e 6:57 minutos respectivamente, segundo a pesquisa do Dr. Jason Steffen.

embarque avião

O embarque aleatório gasta 4:44 min, o Método WilMA 4:13 e o Método Steffen 3:36

A verdade é que mesmo com pesquisas científicas sobre o tema e programas de TV falando sobre isso, as empresas aéreas parecem ignorar que existem outros métodos viáveis de embarque, já que poucas adotam o WilMA, por exemplo. Já as empresas de aviação brasileiras só começaram a usar um método mais organizado (que não funciona muito) em 2013. Talvez isso explique a dificuldade nacional nessa hora.

O mais estranho é que isso não só é ruim para os passageiros, que têm que esperar mais tempo na fila e lidar com uma confusão de malas e congestionamento no corredor do avião. Também é ruim para as próprias companhias aéreas, já que cada minuto que elas perdem com o avião parado em solo custa cerca de 30 dólares.

Multiplique isso pela quantidade de aviões e trajetos feitos por dia e você terá uma enorme quantidade de dinheiro desperdiçada. Pois é, da próxima vez que você ficar irritado com a bagunça do embarque, lembre-se que já foi inventada uma solução para isso, mas misteriosamente ainda não a utilizamos.

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Luiza Antunes

Luiza Antunes é jornalista e escritora de viagens. É autora de mais de 800 artigos e reportagens sobre Viagem e Turismo. Estudou sobre Turismo Sustentável num Mestrado em Inovação Social em Portugal Atualmente mora na Inglaterra, quando não está viajando. Já teve casa nos Estados Unidos, Índia, Portugal e Alemanha, e já visitou mais de 50 países pelo mundo afora. Siga minhas viagens em @afluiza no Instagram.

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12 comentários sobre o texto “Por que embarcar no avião é tão detestável?

  1. Acho que a questão de pessoas que compram assentos um ao lado do outro não é apenas não querer se separar. Muitas vezes um dá assistência ao outro.
    E concordo em relação ao desembarque. Entendo relativamente na hora do embarque a preocupação em escolher um lugar pra bagagem de mão, mas para o desembarque não existe explicação plausível.

  2. Realmente, há poucos dias embarquei para Recife via gol e a empresa já estava usando o método de separar janela, meio e corredor. Mas a confusão continua e, vi, por exemplo, prioridade que por ventura comprou assento no corredor, acabou tendo que levantar e tal! Confusão igual no corredor de malas e pessoas.

  3. Sabe que eu até entendo o povo que faz fila para entrar? Eu odeio deixar para entrar por ultimo e não ter espaço para colocar minha bagagem de mão. Como ela costuma ser minha única bagagem, costuma ser também maior que a dos demais.

    E outra, se estou na janela, em solidariedade com a galera do corredor e do meio, procuro embarcar logo pra depois não ficar incomodando ninguém.

    Mas mesmo assim, nunca fico plantado na fila. hahaha

    1. Ei Marcelo,

      Se sua mala de mão for muito grande, você provavelmente já foi alvo do meu ódio, hahahah, desculpa!
      Mas concordo muito com a sua técnica de entrar primeiro se estiver na janela, realmente facilita muito a vida de todos.

      bjs

  4. O método Steffen parece eficiente, mas precisa ser combinado antes! Porque aquele que entra primeiro, o da janela, muitas vezes não quer ou não consegue ficar lá sentadinho a espera dos outros lugares serem ocupados. Além daqueles casais ou amigos que não querem se separar nem por 5 minutos, enquanto o embarque é efetuado, versão siamesa de embarque! Os mais apressados a formarem a fila do embarque, normalmente estão com muita bagagem de mão e precisam garantir o espaço delas dentro da cabine. Agora, se tem uma coisa que eu não compreendo, talvez por ser menos dependente das tralhas tecnológicas, é a pressa absurda que as pessoas tem em ligar os aparelhos,assim que o avião pousa.

    1. Pois é Cândida, o método Steffen me parece complicado de combinar. Agora, sobre os casais ou amigos que não conseguem se separar, numa boa, que se danem. Acho que o único motivo para não se separarem no embarque é se forem famílias grandes, ou com bebê, ou idosos, ou deficientes físicos. Mas, em geral esses casos já são considerados prioridades.No mais, que aprendam a ter educação de embarque, afinal, é em parte por culpa dessa galera que o processo é tão detestável, hehe.

      Sobre a mala de mão, sou a favor da política da low cost! Uma mala só, dos tamanhos e peso especificado. Assim cabe a bagagem de todo mundo sem precisar de correria para ver quem tem mais espaço primeiro. Já os eletrônicos, não me incomoda, já que isso não afeta em nada a mim, nem atrasa a saída do avião (aliás, na Europa agora é permitido deixar os eletrônicos ligados durante o voo).

  5. Voei com a Gol e eles estao usando esse metodo de 3 grupos – primeiro os da janela, depois os do meio e entao os do corredor. Acontece que isso separa as pessoas que irao sentar juntas e acaba que ou quem é do grupo 2 entra na fila com o do grupo 1, por exemplo, ou esperam chegar no ultimo grupo para entrar na fila. Nao sei em relaçao a tempo, mas a bagunça continuou a mesma, hehe.

  6. Quando eu tava vindo de Montes Claros para BH, em um voo da Gol, eles usaram o método de embarcar primeiro os da janela, depois do meio e depois do corredor. Talvez já estejam testando essa ideia maravilhosa…

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