Um blog é um veículo de comunicação. Dar nome às coisas é importante. O momento em que eu percebi que eu não “vivia de blog”, mas que era dona de um veículo de comunicação tão válido como qualquer outro, lido por milhares de pessoas por mês, mudou muito a forma como eu encarava meu trabalho. Afinal, foi pra isso que eu estudei e fui treinada durante toda a minha vida profissional. Antes de trabalhar no 360, trabalhei para veículos de comunicação de outras pessoas. Alguns maiores, outros menores que a gente. E a verdade é que minha experiência como jornalista ajuda muito na hora de tocar esse projeto.
Ter uma linha editorial
É importante saber qual a identidade do seu blog antes de começar a postar. Definir quem é seu público, que tipo de conteúdo o interessa e quais são os valores que te orientam ajuda na hora de definir seu conteúdo e de se diferenciar dos milhares e milhares de blogs que existem no mar da internet. Um blog com uma proposta sólida demonstra muito mais seriedade e profissionalismo e gera um pacto com a audiência.
Mas, espera, você já definiu sua linha editorial? Então conte para todo mundo. Crie uma página no seu blog para explicar sua visão. A gente sempre teve uma ideia mais ou menos clara do tipo de conteúdo que queríamos publicar aqui, mas ter essas ideias por escrito em nosso manifesto nos ajuda muito na hora de decidir quais posts vamos fazer e quais convites iremos aceitar.
Correção nas informações
Pode parecer piada, mas já vi blogueiro admitir que inventou história sobre um lugar porque não tinha nada interessante para contar no post. Nesse momento, meu coração de jornalista parou de bater por um segundo. Se você tem um blog de caráter informativo, você precisa ter a mesma preocupação com a veracidade das informações que publica e a mesma ética com o público que – idealmente – teria se trabalhasse em qualquer outro veículo de comunicação.
E eu não estou falando só de não criar histórias da carochinha na hora de escrever. É preciso buscar dados em fontes oficiais e checar duas vezes antes de publicar. Errar a gente erra. Todo jornalista já deu uma barrigada (acreditar em uma mentira ou boato e soltar a nota com informação falsa) alguma vez na vida, mas a gente tem que aprender com isso e tomar todo o cuidado para que aconteça o mínimo possível. Uma vez, eu admito, usei como fonte um blog pouco confiável e depois tive que reescrever o post porque descobri que era tudo inventado. Isso me ensinou a não acreditar em tudo o que leio na internet sem verificar a história por minha própria conta antes.
Como lidar com jabás
A bronca chegou por email. No dia anterior, uma de minhas colegas de redação em uma grande empresa de mídia de São Paulo tinha postado uma foto em seu Instagram pessoal comemorando um presente que recebeu de uma assessoria de imprensa. “Temos que ser profissionais”, escreveu a editora, acrescentando que esse tipo de atitude demonstrava deslumbramento. E é isso que eu penso sempre que vejo uma publicação do tipo nas redes.
Relacionar-se com marcas, empresas e assessorias é parte do trabalho de jornalistas, blogueiros e outros profissionais de comunicação. Esse relacionamento, no entanto, não deve nunca estar acima do interesse da sua audiência. E eu me pergunto: qual a relevância de fazer com que seu público saiba que você ganhou uma necessaire ou um travesseiro de viagem? Nos tempos que trabalhei em redações, aprendi que essas ações de assessorias e marketing são mais voltadas para construir um relacionamento com os jornalistas e veículos, uma forma de fazer com que esses formadores de opinião conheçam e se lembrem dessas marcas e, quem sabe, no futuro, possam precisar delas para alguma pauta.
Um exemplo claro são os guias de viagem. Se uma editora me envia um guia, não vou correndo publicar no Insta com a legenda: “unboxing, veja o que chegou no meu correio!”. Mas é bem provável que eu utilize esse guia para planejar minha viagem e, se for útil e eu gostar, são grandes as chances de eu indicar o guia em posts futuros. Quando um assessor envia um presentinho desses – que, no meio jornalístico, chamamos de jabá – não espera que a Folha ou a Globo coloquem uma foto no Instagram. Portanto, não deveriam esperar o mesmo de nós, blogueiros.
Claro, há exceções e cada caso deve ser analisado separadamente. Aqui no 360meridianos, por exemplo, costumamos fazer resenhas de livros e, por isso, se chega um título que tem a ver com a linha editorial do blog, é provável que ganhe um post aqui. Mas publicar tudo o que nos enviam com o único objetivo de agradar assessorias para que sigam mandando presentinhos não é só deslumbramento, como disse minha editora, mas também uma falta de respeito e comprometimento com o público que temos tanto trabalho em construir.
Saber as técnicas jornalísticas pode te ajudar a escrever posts melhores
Jornalismo é, basicamente, uma modalidade de produção de conteúdo, assim como blogar. Ainda que pareça que qualquer pessoa pode sentar-se em frente ao computador e escrever uma reportagem, a profissão tem sim técnicas e processos que têm sua razão de existir. São fórmulas testadas por décadas e décadas de imprensa que ajudam a contar uma história de maneira eficaz e relevante.
Eu não acho que você precisa ter frequentado a faculdade de jornalismo para ser um bom blogueiro, mas se o que você deseja é produzir conteúdo de qualidade, ler um livro sobre o tema e entender os conceitos de lide, pirâmide invertida, espiral do silêncio, assim como as técnicas de checagem de informação, entrevistas e escrever de forma simples e objetiva pode te ajudar muito a produzir artigos que importam.
Gostei do artigo! Estou assinando para ler o conteúdo de vocês.
Acabei de me matricular em jornalismo EAD. Faz tempo estou estudando sobre blogs de conteúdo. Ainda não comecei a escrever e producir conteúdo. Estou fazendo um curso de WordPress e gostaria muito de conseguir ter um blog de conteúdo. 🙂
Oi Maira! Que bom que gostou do post! A melhor forma de aprender é começando, coloque a mão na massa e estude bastante!
Um abraço!
Amo esse blog 360, sou fan de Vcs….Obrigada pelas deliciosas dicas. Natália como encontrar lugares bem baratinhos em Madri/Lisboa/Porto! Agosto-2017 quero girar por ai! Bjsss
Florisbela, obrigada pelo comentário carinhoso! Olha, eu normalmente para pagar baratinho fico em quarto coletivo de hostel. Estou viajando pela Espanha agora e pagando uma média de 10 euros por noite para dormir. O bom é que essas cidades que você quer ir são todas baratas!
Não é a toa que o 360 é o meu blog favorito. A gente respira o profissionalismo de vocês a cada post e a cada e-mail que chega. Obrigada por além de tudo ainda inspirar a gente, Nati! Vocês são realmente incríveis!
OBS. Não lembro se já comentei sobre isso aqui, mas acabo de voltar de um ano sabático esse ano e de uma meia volta ao mundo, 11 meses viajando… e adivinha quem foi uma das maiores inspirações para isso? (sim, pode se olhar no espelho hahaha)
E agora de volta e encarando a realidade, estou seriamente considerando escrever como uma possibilidade flexível e ”livre”, e aqui estão vocês me inspirando de novo 🙂
Obrigada, obrigada e obrigada!
Cecília, obrigada!
hahah fico feliz que a gente tenha te inspirado a fazer a viagem. Como foi? Incrível não? Morro de vontade de fazer outra haha. Há muitos caminhos que te proporcionam uma vida mais livre. Você tem que buscar o seu.
Abraços!
Natália,
Gostei muito do post. Você teria algum (ou alguns) livros para indicar os temas que você mencionou para eu entender melhor os conceitos de lide, pirâmide invertida, espiral do silêncio, assim como as técnicas de checagem de informação e entrevistas?
Agradeço,
Claudia
Olá Claudia, há muitos! Na faculdade não me lembro de ter lido um livro inteiro sobre isso, mas vários capítulos de diferentes livros. Em todo caso, não acho que você precise comprar um livro para aprender esses conceitos, que não são tão complicados. Na internet já tem muita leitura disponível. Esse site, por exemplo, tem boas explicações: https://www.ferramentasfoca.com/2013/04/tecnicas-de-jornalismo-o-que-e-lide-ou.html e navegando no conteúdo deles tem muita coisa legal para quem se interessa pelo tema.
Se você quiser ler livros jornalísticos, indico mais ler coisas de jornalismo bem feito que manuais, acho que a gente aprende melhor vendo como gente excelente trabalha. Para isso, essa lista aqui tem indicações maravilhosas: https://formandofocas.com/2015/10/30/os-20-livros-que-todo-jornalista-precisa-ler/comment-page-1/
Abraços!
Parabéns pelo Post Natália!!!
Sou estudante de Jornalismo e acompanho o 360 diariamente, fã de carteirinha!!! Seu post foi uma verdadeira aula Naty!! 🙂 <3
Fico feliz em saber, Adri! O jornalismo me ensinou muito! 🙂