O que fazer em Sarajevo, Bósnia: guia de viagem completo

Neste texto, fizemos um guia de viagem para quem quer conhecer a Sarajevo, capital Bósnia e Herzegovina. Listamos o que fazer em Sarajevo, com os principais pontos turísticos e dicas de onde comer, onde se hospedar, como chegar e como se locomover.

É difícil narrar os acontecimentos do século 20 sem mencionar Sarajevo, capital da Bósnia e Herzegovina. Porém, um convite para visitar a cidade ainda causa estranhamento. Sarajevo foi palco de eventos como o estopim da Primeira Guerra e do pior conflito europeu depois das duas guerras mundiais.

Mas, para além disso, tem uma vibrante diversidade cultural e religiosa e é cercada por montanhas e cortada por um rio, o que só contribui para o charme da cidade.

Ainda, pouca gente sabe que Sarajevo é muito segura, tem uma taxa de crime baixíssima e também é um lugar tranquilo para viajantes solo. E, para completar, é uma cidade barata: um viajante consegue, com conforto, gastar menos de 40 euros por dia.

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O que fazer em Sarajevo, Bósnia: pontos turísticos e tours

Recomedamos que você fique 3 ou 4 dias em Sarajevo (dependendo do seu ritmo de viagem) para conseguir fazer a maior parte das atrações da cidade, incluindo os arredores.

Para fazer esses passeios nos arredores de Sarajevo, que envolvem as montanhas que circundam a cidade e o Túnel da Esperança, que fica perto do aeroporto, na maioria das vezes vale mais a pena contratar um tour de uma tarde inteira – foi o que eu fiz.

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Centro Velho: Stari Grad

Sarajevo foi fundada pelo Império Otomano, em 1450, e o centro velho, chamado Stari Grad, foi construído para ser um bazar e centro cultural no século 15. Por muitos anos, Sarajevo foi a segunda principal cidade do Império, depois de Istambul. Essa importância cultural e história se manteve até os dias de hoje: as ruelas cheias de lojinhas, cafés e restaurante em estilo turco, apesar de atualmente ter metade do tamanho que costumava ser.

A praça Baščaršija, também conhecida como praça dos pombos, é o cartão-postal da cidade e um bom ponto inicial para começar a explorar o centro velho. Andar pelas ruelas sem muito rumo é uma atividade que pode levar horas, sem ser cansativo, visto que é impossível andar um metro sem se deparar com alguma construção antiga ou objeto diferente que chame a atenção.

Ali ficam igrejas católicas e ortodoxas, uma sinagoga antiga (a Stari Hram) e outra nova, e várias mesquitas de diferentes períodos históricos – a mais importante delas é a Gazi Husrev-bey Mosque, de 1532. Essa é a única cidade europeia com templos das quatro religiões num mesmo quarteirão.

Também vale a pena visitar a Biblioteca (Vjecnica), enorme e colorida, que fica bem na beira do rio, ao lado de Stari Grad. O prédio, de 1894, foi completamente destruído durante a guerra e muitos livros e antigos documentos foram perdidos.

Ponte Latina e o Império Austro-Húngaro

Em 1878, o Império Austro-Húngaro ocupou a cidade e decidiu torná-la um modelo de modernização: construíram novos prédios elegantes – um contraste interessante com o centro antigo turco; fizeram o primeiro sistema de tram elétrico da Europa e promoveram uma remodelação geral da cara da cidade, aproveitando que um incêndio havia destruído muita coisa. Esses prédios novos podem ser vistos na beira do rio, saindo do centro.

Esse domínio, porém, durou pouco tempo. Tudo por conta de um acontecimento numa ponte, em Sarajevo.

Em 28 de junho de 1914, o herdeiro do trono austríaco, o Arquiduque Francisco Ferdinando, e sua esposa, Sophie, foram assassinados a tiros quando a comitiva passava pela Ponte Latina. O autor dos disparos foi Gavrilo Princip, um sérvio que era membro de um grupo revolucionário que lutava pela união dos países da Iugoslávia. O assassinato fez com que a Áustria declarasse guerra contra a Sérvia. E o sistema de alianças e de interesses europeu fez com que o conflito tomasse proporções mundiais.

A Ponte Latina está ali até hoje e ao cruzá-la há marcas de onde ocorreram os disparos, uma placa e um pequeno museu que conta a história e guarda as roupas, a arma do crime e fotos e vídeos da época.

Há também, na parte nova da cidade, o memorial da Chama Eterna (Vječna vatra) para as vítimas da Segunda Guerra Mundial em Saravejo, que foi ocupada pelos alemães.

Memórias da Guerra da Bósnia

Durante a Guerra da Bósnia, Sarajevo ficou sitiada pelas forças sérvias por 1425 dias e mais de 11 mil pessoas morreram ali. Assim, qualquer vista da cidade sempre tem um cemitério no panorama. As cruzes brancas são uma lembrança desse triste período, mas não só isso. Há vários memoriais para as vítimas, prédios e monumentos mantidos com marcas de bala para que as pessoas não esqueçam a história.

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Dentre os lugares que foram completamente reconstruídos depois da guerra, vale visitar o Markale Market Place, o mercado municipal, na parte nova da cidade. Esse mercado foi bombardeado duas vezes, em 1994 e 1995. Na segunda vez, em agosto de 95, as mortes de civis fizeram com que a OTAN intervisse na guerra e começasse a bombardear as forças sérvias, o que levou ao fim do conflito.

Outro lugar importante a ser visitado para entender melhor o conflito é o Túnel da Esperança. Esse túnel foi construído durante o cerco, em 1993, e era a única forma de comunicação da cidade com o exterior, além do aeroporto internacional, que só podia ser utilizado pelas forças da ONU. A entrada do túnel era escondida pela casa de uma família, que passou os anos da guerra ajudando os militares e civis que cruzavam os 800 metros subterrâneos em busca de armas, comida e mantimentos. Hoje, um museu mostra memórias desse período e também é possível caminhar por 25 metros do antigo túnel.

As montanhas nos arredores de Sarajevo foram o local onde as forças sérvias se instalaram – e era dali que eles atiravam na população indefesa. O mais triste é que as montanhas antes eram fonte de lazer para os moradores: inclusive foi ali que a pista de Bobslead, para as Olimpíadas de Inverno de 1984, foi construída.

As ruínas dessa pista, que passa pela floresta, hoje foram tomadas por grafites coloridos – é um passeio muito agradável caminhar pelos antigos trilhos. Na época da guerra, esse era um ponto de trincheira.

É possível fazer um passeio assim por conta própria, mas como tanto o túnel quanto a pista ficam fora do centro, eu acho melhor contratar um tour que conte a história da guerra e leve até esses lugares.

Eu contratei o passeio com o pessoal do Sarajevo Funk Tours, baseada em bons reviews na internet. Foi uma experiência excelente, visto que a agência e os guias são moradores que viveram na cidade durante a guerra. O tour que eu fiz chamava-se “Sarajevo Total Siege Tour” e custou 20 euros.

Museus

Há vários museus em Sarajevo, muitos sobre a história da guerra, como a Gallery 11/07/95, que tem uma coleção de fotos, direcionadas principalmente ao massacre em Srebrenica, e o Bosnian Historical Museum, que foca em relatar os horrores do cerco. Mas também há exposições e coleções para além disso: o National Museum e o Sarajevo City Museum tratam de história geral, como a fundação do país e da cidade, o passado otomano, a formação da Iugoslávia, os traços culturais, etc.

Fortaleza Amarela (Zuta Tabija)

Uma caminhada agradável pela cidade leva até os poucos vestígios da antiga muralha do período otomano. E mais acima estão as ruínas de uma fortaleza da época, conhecida como Fortaleza Amarela. O objetivo de chegar ali é ter uma bela vista da cidade, especialmente bonita no pôr do sol.

Onde comer em Sarajevo: dicas de restaurantes

Barhana

Gostamos tanto do Barhana que fomos lá duas noites. O ambiente é uma delicia, numa rua pequena do centro velho, com cadeiras estofadas e luz de velas. Ali você encontra pratos típicos, como o Bosnian Pot (carne ensopada), e também pratos continentais, como lasanha e pizza. Tudo é muito gostoso e bem feito. Tem várias opções de bebida local. Os preços são justos: uma refeição com sopa de entrada, um prato principal e uma cerveja sai por 13 BAM (6,50 euros).

Apetit Restaurant

Esse é o restaurante número um do TripAdvisor, mas não tem nada de metido ou coisa assim. São poucas mesas, um atendimento muito simpático e uma premissa controversa: não tem menu! O garçom te fala várias opções de ingredientes e pratos e o chef prepara algo que você quiser. Não precisa de ter medo de uma conta salgada no final: você pode perguntar para o garçom sobre os preços e escolher ingredientes que não saiam do seu orçamento.

Eu comi um risotto de frango, bebi uma taça de vinho e dividi uma sobremesa deliciosa. No total, pagamos 18 BAM (€9) cada.

Endereço: Gazi Husrev-begova 61

Site: apetit.ba

Dicas de Hospedagem em Sarajevo

A hospedagem na capital da Bósnia é muito barata e é possível encontrar boas opções para todos os tipos de viajantes. Eu recomendo que você leia o post que eu fiz com as indicações de bairros para se hospedar em Sarajevo e ficar bem localizado.

Eu fiquei no alojamento local Ljubicica, uma casa de madeira com quatro quartos, que a cozinha e o banheiro eram compartilhados com outros hóspedes. Meu quarto, no segundo andar, tinha uma varanda e uma excelente vista da cidade. A localização era ótima, ao lado da praça Baščaršija, mas o banheiro era muito ruim.

Como chegar e como se locomover em Sarajevo

Se você estiver viajando pelos Balcãs, a forma mais fácil de chegar e sair de Sarajevo é de ônibus. Da rodoviária principal da cidade chegam e partem ônibus de outras regiões da Bósnia, como Mostar (três horas de viagem), e também das principais cidades, como Belgrado, na Sérvia; Dubrovnik e Split, na Croácia; Budapeste, na Hungria; Viena, na Áustria, entre outras.

Ainda, Sarajevo conta com um aeroporto internacional que recebe voos de várias cidades da Europa.

Dentro da cidade, é possível se locomover com facilidade utilizando o sistema de trams e ônibus. No Google Maps os trajetos de transporte público são facilmente informados.

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