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Mochilão com mochilinhas: como é viajar o mundo com duas crianças

“O que eu espero que eles guardem desse ano é a abertura ao diferente. Que eles cresçam assim. Isso é o que a gente queria proporcionar. O tempo em família também é muito precioso. Você nunca na vida vai se arrepender de ter passado muito tempo com os seus filhos”, explica Luciana, de 37 anos, casada com o Danton e mãe da Liz (5) e do Danilo (3). Esses são nossos personagens desta edição da Vozes, que estão rodando o planeta e permitindo que seus filhos descubram, desde pequenos, que o mundo é imensamente maior que a sala de casa. Com vocês, o Blog Mochilão com Mochilinhas.

“A gente achava que viajar assim pelo mundo, por um longo período de tempo, fosse coisa de milionário, e não é. Claro que é algo que exige um planejamento financeiro, principalmente para quem tem filhos, mas dá para fazer de várias formas. Quanto custa vai depender de como você quer fazer a viagem”.

praça familia dia mochilao com mochilinhas

Luciana e Danton se conhecem desde os 15 anos, quando estudaram juntos no colégio técnico, mas o relacionamento só começou 12 anos depois. Eles sempre gostaram de viajar e a necessidade de se deslocarem já é rotina há tempos. É que, durante o namoro, Luciana morava em Porto Alegre e Danton em Santa Rita do Sapucaí, em Minas Gerais. Muito se engana quem pensou que, com o casamento, a distância ia acabar. Mesmo um ano depois de casados, eles continuavam longe um do outro. Ela estava em São Paulo, já ele vivia em Minas Gerais. O jeito foi fazer da rodovia Fernão Dias o caminho de casa. E não é que isso era só o preparativo para o que ainda estava por vir?

A ideia de parar tudo e viajar o mundo por um ano eles tinham desde que eram namorados, mas efetivamente só começaram a planejar há dois anos. Para colocar no papel (ou numa planilha de Excel, como bons engenheiros que são), eles sentaram em um café para desenhar, fazer rascunhos. Como já eram quatro, eles queriam achar um tema que tivesse a ver com as crianças. Afinal, eles já sabiam que iria ser uma viagem diferente. “A gente pensou: é um mochilão, com mochilinhas”, conta Luciana.

Luciana disse que quando contaram a novidade para os amigos e familiares, as reações das pessoas foram bem divididas. “Alguns amigos falaram que era incrível, compartilharam uma energia boa. E teve um outro grupo que dizia: ‘nossa, que malucos, e o futuro das crianças?’. No fim, esse pessoal começou a entender. Esse susto foi muito mais uma preocupação. É uma coisa fora do comum, não é o que todo mundo faz, e não era uma loucura. Os que ficaram mais receosos são os que hoje em dia mais curtem os nossos posts”.

mochilao com mochilinhas familia dia rua

“Vão atrás dos teus sonhos! Bons ventos!”

Mesmo com a ideia na cabeça, parecia que Luciana e Danton a deixavam ali, na velha planilha do Excel. Para ajudar a dar aquele empurrãozinho, o sábio conselho, que deu um prazo pro sonho começar a virar realidade, veio de quem eles admiravam, a Família Schurmann, que viaja o mundo a bordo de um veleiro.

“Luciana, vocês já têm data? Porque é assim: se vocês não colocarem data, essa planilha nunca vai virar realidade. Coloquem lá “2030, 2050”, mas marquem. Pois assim vocês colocarão o sonho dentro do horizonte de vocês e aumentarão as chances dele se realizar.”

Esse foi o conselho que o Vilfredo Schurmann deu pra Luciana, numa sessão de autógrafos de seu livro. Foram as histórias da família que incentivaram o Danton e a Luciana a encararem a estrada. Você pode imaginar a alegria deles ao receberem esse conselho e um autógrafo pra lá especial, em um dos livros escritos pelos Schurmann. O autógrafo vem com os seguintes dizeres: “Vão atrás dos teus sonhos! Bons ventos!”. E eles foram.

folha livro autografo mochilao com mochilinhas

Fazer um mochilão com mochilinhas: os preparativos para a viagem

Para Luciana e Danton, o planejamento para o mochilão com mochilinhas não foi somente para a viagem. Eles também tiveram que pensar na volta. Questões como “como se manteriam até acharem um novo emprego?” e a saúde de todos eram as que mais preocupavam. Por isso, continuam com o plano de saúde no Brasil: “O meu principal medo de sair de casa com as crianças antes da viagem era com relação à saúde deles. A gente já vai completar oito meses de estrada e eles ainda não tiveram nada. Não tirei o termômetro da bolsa. A gente tem uma caixinha de primeiros socorros que só abriu para ajudar os outros”.

Antes de partir, eles tentaram se precaver ao máximo. Além do seguro saúde, ainda no Brasil, fizeram uma visita ao Hospital Emílio Ribas, em SP, no Centro de Medicina do Viajante. Esse é um serviço gratuito que fornece informação, orientação e avalia o risco de adoecimento de acordo os locais para onde a pessoa vai viajar. No caso deles, o médico indicou duas vacinas, que eles tomaram no ali mesmo.

Além disso, a pediatra montou pra eles uma caixinha com vários remédios que poderiam precisar, com antibiótico, anti-inflamatório, antitérmico e remédio pra gripe. Na farmácia, eles tomaram cuidado para comprarem remédios com validade até 2020.

crianças dia veneza

Um roteiro com 14 experiências imperdíveis

“A gente não tem essa coisa de querer ticar destinos turísticos, buscamos as experiências. A gente pensa: onde no mundo tá tendo uma coisa que a gente queira ver, que nos interessa? Aí vamos pra esse lugar. E se nesse lugar tem uma super maravilha do mundo, a gente vai visitar”, conta Luciana.

E para isso dar certo, o roteiro do mochilão com mochilinhas foi dividido em 14 experiências. A primeira delas, a Escola Inkiri, em Piracanga, na Bahia. Lá, a Liz teve a oportunidade passar um tempo estudando com as crianças em uma escola diferente e premiada. Eles usam o conceito de Escola Livre e estão entre as “178 organizações inovadoras e criativas do Brasil”, segundo o MEC. Se quiser saber mais sobre isso, eles já contaram como foi.

Já passaram pela Índia, onde viveram na comunidade Auroville, que “quer ser uma cidade universal onde homens e mulheres de todos os países possam viver em paz e harmonia progressiva acima de todos os credos, toda a política e todas as nacionalidades. O objetivo de Auroville é realizar a unidade humana.”

mae filha lama

Aproveitando que ficaram por lá por quase dois meses, turistaram nas principais cidades do entorno. Na saída, foram visitar o Taj Mahal. O pensamento deles foi: “A gente tá aqui na Índia, então vamos lá. A gente não vai por conta do Taj Mahal, vai por conta da experiência que quer viver naquele lugar”.

O mochilão com mochilinhas já está na metade do caminho. E como tudo na vida está em constante mudança, no roteiro não é diferente. No começo eram 11 experiências em 14 meses, mas agora são mais. Eles querem viver um tempo num motorhome e descobrir como é essa vida de casa que muda de endereço a cada dia. Outra ideia é conhecer uma comunidade na Austrália onde pais se juntam para criar suas famílias juntos. Na França, eles pretendem passar um tempo com uns amigos que cultivam uvas. O roteiro ainda inclui Dinamarca, Indonésia, Itália, Estados Unidos e mais alguns lugares.

Entre as experiências que vão ficar na memória do casal, uma veio em uma data especial. “A gente comemorou nossas bodas num centro budista, meio que de surpresa. Foi como se fosse outro casamento para gente”.

Essas vivências são enriquecedoras não somente para os adultos. As crianças também se divertem. “Elas já foram duas vezes em escolas fora do Brasil. Para elas, isso foi uma “puta” experiência. Dividir sala com crianças que não falavam a mesma língua”.

familia junta

Mochilão com mochilinhas: o que a gente leva pra vida

“O que eu espero pros nossos filhos, não somente dessa vivência, mas da criação, é que eles cresçam com a cabeça bem aberta. Você pode viajar pro outro lado do mundo e voltar pra casa exatamente a mesma pessoa. Para você efetivamente mudar, precisa buscar um lugar novo, você precisa buscar experiências novas. As crianças conseguem perceber rápido as diferenças entre os lugares. Um país fala de um jeito, no outro fala de outro, se vestem diferente”.

Luciana disse que, certo dia, ela estava falando com alguém sobre as diferenças entre os países e a Liz a interrompeu pra dizer que ela estava se esquecendo de que em cada país as pessoas acreditam em um tipo diferente de Deus. Ela achou super bonitinha essa observação de que a religião é algo totalmente subjetivo e de que a crença varia. De que não existe uma religião verdadeira e absoluta. Essa percepção que a filha teve era exatamente aquilo que queria dar pra eles. A ideia de como o mundo é grande e diferente.

E essas experiências abrem muitas portas. Pois eles estão juntos. É um modo diferente de ver o mundo. Eles se vêem pelos olhos da Liz e do Danilo. A viagem seria outra se eles estivessem somente como casal. E ela garante que o trabalho que as crianças dão é o mesmo, no Brasil ou na estrada.

pai filha caminham ponte

Gostou do projeto Janelas Abertas e já está querendo botar o pé na estrada? Que tal então conhecer um pouco mais do trabalho da Luísa Ferreira pra se inspirar ainda mais? Bora lá acompanhar o trabalho dela:

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Se quiser acompanhar o que nós já fizemos:

Antropologia Visual: olhar para o diferente e enxergar o semelhante
Oficina Shanti: Os tecidos que mudaram uma vida
Guia do cadeirante viajante: as duas rodas que rodam o mundo
Plan International Brasil- Um basta ao turismo sexual
Favelados pelo mundo: Descendo o morro pra descobrir o planeta
Janelas Abertas: Viajar sozinha é, sim, coisa de menina!

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Fernanda Pádua

Tenho BH como meu ponto de partida e o meu porto seguro. Entrei pela primeira vez em um estádio de futebol aos 10 anos e ali descobri que queria ser jornalista. 20 anos depois, me tornei repórter esportiva e viajante nas horas vagas. Fiz intercâmbio na Irlanda em 2016/2017, pra estudar inglês. Tenho um objetivo de visitar todos os estados brasileiros e metade dos países do mundo e já percorri boa parte do trajeto, mas várias histórias e paisagens legais ainda estão por vir.

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