*Por Leonardo Motta
Eu não falo japonês. O máximo que eu já sabia antes de viajar eram os básicos “Arigatô”, “Sayonara” e “Ohayô”. Mesmo vendo animes pela internet, dublados em japonês com legendas, nunca consegui captar nada. Daí um certo temor me dominou durante toda a minha longa ida, de três voos e simpáticas 26 horas de avião, para o Japão. Afinal, estava sozinho e sem nenhum guia.
Como na minha infância o Japão era a segunda maior potência do planeta, depois do boom econômico dos anos 80 que o país viveu, eu pensei: “O inglês resolve”. Ajudar, ajudou. Mas resolver mesmo que é bom, não. Apesar de ser primoroso na educação e ainda ocupar posição invejável na economia, no Japão não se fala muito inglês. Ouvi comentários de que o motivo é que a língua do Tio Sam realmente é mais difícil para as mentes nipônicas e que os japoneses ficaram fechados por tempo demais, etc. Porém, para mim o que importava é que eu não tinha um meio de comunicação direta com meus futuros-novos-amigos.
A solução possível? Mímica. Isso mesmo, mímica. E dá certo, porque diferente de outros lugares, os japoneses têm paciência com você, são solícitos, gentis, te indicam o local que você quer visitar (se conseguirem captar qual é) e , se bobear, te levam até ele. Inclusive, a maioria da população pode não falar inglês, mas está disposta a aprender. Aulas de línguas dominam a televisão local em horários de menor audiência, como de madrugada. E nos Centros de Informação ao Turista é sempre possível encontrar alguém que te entenda – o problema mesmo é fora deles.
Metrô
Enfim, munido do seu poder de gesticular, primeira tarefa: pegar o metrô. Em Tóquio, dá para se ter uma ideia de como será nas outras cidades, pois seguem o mesmo modelo, então tudo citado aqui se refere à capital. Mas antes, informações básicas 1) o metrô fica fechado de 1 da manhã até as 6h. 2) não se deve jogar fora o bilhete após passar na catraca – o motivo vem daqui a pouco.
Metrô do Tóquio (Foto: Ihateanarchists, Wikimedia Commons)
O sistema de metrô da cidade tem muitas linhas que se cortam, operadas por empresas particulares, além de uma linha circular de trem de superfície, operada pelo governo – a famosa JR Line. Se você tiver o cartão JR para turistas (o JR Rail Pass) terá uso ilimitado das linhas de trem da Japan Railway em todo país, incluindo a JR line, e provavelmente vai querer usá-la para cima e para baixo.
Mas um detalhe: enquanto os bilhetes individuais das linhas de metrô ou da JR line são compradas nas estações normalmente, o JR Rail Pass é vendido para turistas somente fora do Japão. E não adianta comprar em cima da hora, pois ele demora uma semana para chegar. No Brasil, a compra é feita em agências autorizadas pelo governo japonês (todas são em São Paulo. Cheque as opções aqui).
No momento da compra do bilhete, um pouco de tensão. As máquinas de venda parecem videogames. Mas o importante é saber que no Japão não se paga por viagem, e sim pela distância do trecho percorrido. Então, ao comprar é preciso saber a distância (ou o número de estações entre seu destino inicial e final) para se saber quanto pagar. Geralmente viagens até quatro estações ficam em 300 ienes, trechos um pouco maiores em 500 e assim por diante.
Mas vem a pergunta: “E se eu quiser mudar esse trajeto dentro do trem? Não pode?”. Claro que sim. Toda estação tem o balcão de ajuste de tarifa (Adjustment Fare), uma máquina parecida com a máquina de venda, em que você insere o bilhete e que calcula a diferença do que você pagou para o que você andou (seja para mais ou para menos). Daí não jogar fora o bilhete. Você para a diferença ou recebe parte do dinheiro de volta na máquina mesmo.
Agora, um detalhe extra que é interessante: Ficar confuso com os próprios mapas é comum e mapas de um mesmo lugar podem parecer diferentes. Isso porque os japoneses geralmente mudam a posição do Norte, fazendo com que a posição geográfica das coisas varie de mapa para mapa.
Táxis
Os táxis no Japão parecem bem atrativos. Geralmente são pretos, mas na dúvida basta olhar do lado de dentro, pois os bancos são cobertos por um pano de renda branca. Além disso, os motoristas geralmente usam um quepe, como um choffer. Porém, o charme mesmo fica pra hora de entrar no carro: a porta abre sozinha para você – o motorista aperta um botão para o cliente não ter esse trabalho. A Globo fez uma matéria recente sobre o assunto. Confere aqui.
Foto: Parag.naik, Wikimédia Commons
Mas o que os táxis atraem em conforto, espantam no preço, já que a bandeirada começa em 800 ienes (mais de R$ 17 !), e a tarifa corre rápido. Pensando que uma cidade como Tóquio é grande e que um trajeto de carro pode, fácil fácil, demorar 1 hora, é só fazer as contas. Em cada andança de táxi gastei uns bons 100 reais. E os motoristas (como todo mundo) não costumam falar inglês, então é preciso deixar claro, do jeito que for possível, onde você vai.
Endereços
De qualquer forma, seja de táxi ou de metrô, não planeje seus passeios com tempo cronometrado. Se for com hora marcada, saia bem cedo, para ficar esperando na porta se for o caso, porque as cidades japonesas, além de grandes, tem um sistema próprio de endereço.
Lá não existe o nosso esquema de nome da rua/avenida + nº do prédio/casa. Aliás somente grandes avenidas tem nome próprio, Em linhas gerais, as cidades são divididas em distritos, que são divididos em várias regiões, que são divididas em blocos, e, dentro de cada bloco, existe o número do prédio… E em Tóquio isso é um pouco pior, porque a cidade não é dividida somente em distritos e sim, antes disso, em subprefeituras, incluindo as 23 prefeituras especiais (special wards). Isso é ainda mais detalhado (Wikipedia aqui ó: https://en.wikipedia.org/wiki/
Foto: Nalilord, Wikimedia Commons
Eu me hospedei no endereço “1-31-11 Asakusa, Taito, Tokyo”. Começando de cima para baixo, em Tóquio, fui para a prefeitura de Taito. Nela fui para o distrito (ou bairro) de Asakusa. Em Asakusa, fui para a primeira região. Daí, fui ao bloco 31 e procurei o número 11. Infelizmente lá, os números dos prédios não ficam dispostos em ordem crescente na rua. Então a melhor solução é olhar no mapa, ver a localização do prédio dentro do bloco (se fica mais na esquina, se fica mais à direita…) e procurar até achar.
Tudo muito organizado, mas ao mesmo tempo bem confuso quando não se está acostumado. O que resume bem o espírito dos japoneses, organização e precisão desde que você tenha tempo planejado para se perder (e se achar).
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*Este texto foi escrito por Leonardo Motta. Jornalista, ele está sempre de olho no cinema e no mapa da próxima cidade que vai conhecer. Agradecemos ao Leo pelo relato.
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Visitar o japao é um sonho pra mim a ser conquistado. Eu nao gosto de ingles entao para mim ta sendo mais facil aprender japones, ja falo algumas coisas como “arigatou gozaimaso” “abayo” etc. e tambem ja sei fazer alguns ideogramas.
Pessoal, eu e a minha mulher estamos dando uma volta ao mundo e, no próximo dia 9 de janeiro, chegaremos ao Japão. Vamos ficar uns 15 dias por lá, e gostaríamos de saber se o Japan Rail Pass é mesmo a opção mais barata para conhecer várias cidades japonesas neste periodo. Podem me ajudar? Abração!
Oi, Rafael.
Como esse texto foi feito por um convidado e eu nunca estive ao Japão, não tenho como te ajudar nesse sentido. Dá uma olhada nesse blog aqui:
https://www.mikix.com/jr-rail-pass/
Espero que seja útil!
Abraço.
Morei perto de Tokio e todo fim de semana ia la passear,balada,etc…Realmente sao poucos os japoneses que dominam o idioma e muitos falam o japlish …A cidade ė cosmopolita ė facil encontrar um executivo americano ou indiano morador da cidade e q fale ingles…achei Roma bem pior ja q a cidade e muito antiga e a numeracao extremamente confusa.
Oi, Sergei. Obrigado pelo seu relato. Deve ser incrível morar no Japão. Depois conta pra gente um pouco mais sobre sua vida por lá, que tal?
Abraço!
Ah, não.. muito complicado pra mim! hahaha
Ainda bem que não tenho planos pra conhecer o Japão tão cedo.
haha! O Japão merece uma visita, Bethânia. Nunca estive lá, mas é um destino dos sonhos pra mim. =)
Abraço e obrigado pelo comentário.