Que tal conhecer o Tamil Nadu, na Índia?

Os turistas estrangeiros que se aventuram pela Índia costumam procurar o mesmo roteiro basicão, afinal não dá pra negar que os locais mais interessantes estão na região norte, perto de Nova Délhi. Vez ou outra aparece um mochileiro nível master disposto a desbravar também o sul do país, onde muitas vezes você é o único estrangeiro num raio de centenas de milhões de pessoas. Foi com esse pensamento que chegamos ao estado de Tâmil Nadu.

“Tamil Nadu? Onde fica isso?” Uma rápida pesquisa na Wikipédia ensina que esse é o sétimo estado mais populoso e um dos mais importantes da Índia. E um local para peregrinação hindu também, já que mais de 100 milhões de indianos visitam o Tamil anualmente, a maior parte deles em busca dos enormes templos de Madurai e Trichy.

Isso significa que os hotéis, restaurantes e afins não estão preparados para receber ocidentais. Então nada de banheiro com vaso sanitário, ônibus de qualidade melhor para turistas ou restaurantes com comida continental. O Tamil é a Índia como ela é: caótica, lotada, suja e fedorenta. E muito interessante, claro. Vá somente se você achar que aguenta a Índia sem versão para turistas.

Leia também: Ideias de Roteiro pelo Sul da Índia

Chennai

Antigamente chamada Madras, Chennai é a maior cidade do sul da Índia. Apesar disso, até o Lonely Planet – que dedica umas 30 páginas para Calcutá e seu grande nada – deixa claro que é preciso muita criatividade para achar alguma coisa para fazer em Chennai. O único lugar que realmente vale a pena ver em Chennai é a Basílica de São Tomé, uma das três únicas igrejas do mundo que foram construídas em cima do túmulo de um Apóstolo de Cristo, pelo menos segundo a versão dos católicos.

Tomé, o apóstolo do “só acredito vendo”, teria sido enviado para pregar as boas novas na Índia, onde teria morrido há quase 2 mil anos. Se a história dessa relíquia é verdade ou não é outra coisa, mas fato é que a pequena comunidade cristã de Chennai garante que a Basílica é abençoada pelo santo, que teria inclusive evitado a destruição da igreja pelo tsunami de 2004. Saiba mais sobre Chennai neste post.

Mamallapuram

Duas horas dentro de um ônibus e você estará em Mamallapuram, certamente o destino mais ocidental do Tamil Nadu. Essa cidadezinha tem pouco mais de 10 mil habitantes, ruas de terra batida e restaurantes prontos para receber turistas estrangeiros. E que o ar bucólico não engane: Mamallapuram foi uma importante cidade portuária durante o século VII, quando a dinastia dos Pallavas reinava na região. Isso significa que não faltam templos, estátuas e monumentos de 1500 anos.

Tiruchirappali

Se o nome for complicado demais para você chame-a de Trichy e pronto. Com cerca de 800 mil habitantes, Trichy é uma das estrelas do turismo religioso no Tamil Nadu – a maioria absoluta dos visitantes é hindu e raros são os estrangeiros que se aventuram por lá. Barulhenta, suja e feia como poucos lugares da Índia, Trichy exige muita paciência dos ocidentais.

Veja também: Trichy, A Índia que quase não conhece estrangeiros

Os bravos que chegam nessas bandas são recompensados com dois lugares inesquecíveis: o Rockfort, um templo hindu que fica cravado no alto de um morro, e o Sri Ranganathaswamy, simplesmente um dos maiores e mais bonitos templos da Índia.

 Sri Raganathaswamy Temple

Madurai

A viagem entre Tiruchirappali e Madurai foi uma das mais, digamos, exóticas que fizemos na Índia. E olha que isso significa muito. Passamos 4 horas dentro de um típico ônibus indiano: sujo, caindo as pedaços e lotado de baratas (e pessoas). Com mais de 1 milhão de habitantes, Madurai é uma das cidades continuamente habitadas mais antigas do mundo – há relatos de historiadores romanos e até mesmo gregos sobre a cidade. E o grande destaque de Madurai é, adivinhem? Um templo. O Meenakshi Amman, dedicado à deusa Parvati e que recebe cerca de 20 mil visitantes todos os dias.

Puducherry

Tecnicamente Puducherry é um território especial da união e não faz parte do Tamil Nadu. Mas como fica no meio do estado, Pondi normalmente entra na rota de quem viaja pelo Tamil.  Se Goa era a parte da Índia colonizada por portugueses, Puducherry é a Índia Francesa. Dividida em ruas retas e setores, a cidade é simpática e ainda conserva os nomes franceses em alguns lugares. Hoje pouca gente fala francês por lá, mas não estranhe se alguma indiana vestindo um sari colorido se aproximar de você com um Bonjour. Aconteceu comigo.

Informações turísticas sobre o Tamil Nadu

Como chegar

A melhor forma de explorar o Tamil Nadu envolve chegar pelo aeroporto de Chennai, destino para onde é fácil achar passagens aéreas em promoção.

Quanto tempo ficar

Um dia é o suficiente para ver tudo de interessante em cada cidade. Mamallapuram e Puducherry, com um clima mais relaxado e organizado, permitem uma parada maior, para descanso. Evite a qualquer custo ficar mais tempo do que o necessário em Madurai e Tiruchirappali.

Aonde ir

Do Tamil pegamos um trem para o Kerala, outro estado do sul da Índia. Essa pode ser uma boa alternativa se você já conhece todo o norte do país.

Vai viajar? O seguro de viagem é obrigatório em dezenas de países e indispensável nas férias. Não fique desprotegido na Índia. Veja como conseguir o seguro com o melhor custo/benefício para o país – e com cupom de desconto.

Inscreva-se na nossa newsletter

Avalie este post
Rafael Sette Câmara

Sou de Belo Horizonte e cursei Comunicação Social na UFMG. Jornalista, trabalhei em alguns dos principais veículos de comunicação do Brasil, como TV Globo e Editora Abril. Sou cofundador do site 360meridianos e aqui escrevo sobre viagem e turismo desde 2011. Pelo 360, organizei o projeto Origens BR, uma expedição por sítios arqueológicos brasileiros e que virou uma série de reportagens, vídeos no YouTube e também no Travel Box Brazil, canal de TV por assinatura. Dentro do projeto Grandes Viajantes, editei obras raras de literatura de viagem, incluindo livros de Machado de Assis, Mário de Andrade e Júlia Lopes de Almeida. Na literatura, você me encontra nas coletâneas "Micros, Uai" e "Micros-Beagá", da Editora Pangeia; "Crônicas da Quarentena", do Clube de Autores; e "Encontros", livro de crônicas do 360meridianos. Em 2023, publiquei meu primeiro romance, a obra "Dos que vão morrer, aos mortos", da Editora Urutau. Além do 360, também sou cofundador do Onde Comer e Beber, focado em gastronomia, e do Movimento BH a Pé, projeto cultural que organiza caminhadas literárias e lúdicas por Belo Horizonte.

Ver Comentários

Compartilhar
Publicado por
Rafael Sette Câmara

Posts Recentes

Quanto custa uma viagem para a Disney? Dicas para economizar!

Tem o sonho de viajar para Orlando, mas não faz ideia de quanto custa uma…

1 semana atrás

Onde ficar em Arraial d’Ajuda: pousadas baratas na vila e na praia

Onde ficar em Arraial d'Ajuda, Bahia? Essa vila é parte de Porto Seguro e acessível…

1 semana atrás

Onde ficar em Mendoza: Bons Hotéis nas Vinícolas e no Centro

Escolher bem onde ficar em Mendoza é essencial para apreciar o que a cidade tem…

1 semana atrás

Onde ficar em Amsterdam: melhores bairros e hotéis baratos

Escolher onde ficar em Amsterdam não é tarefa complicada. Bonita e bem cuidada, a cidade…

1 semana atrás

Onde ficar em Roma: 7 Melhores Bairros e Hotéis Bem Localizados

Na hora de decidir onde ficar em Roma, é fundamental fazer escolhas inteligentes. Isso porque…

1 semana atrás

Onde Ficar em Oslo: Melhores Bairros e Dicas de Hotéis

Nesse texto você descobre onde ficar em Oslo, garantindo acomodação bem localizada e com valores…

2 semanas atrás