O encantamento começa na Praça de Armas, no centro histórico de Arequipa. Construções seculares, feitas de sillar, pedra branca de origem vulcânica, formam a paisagem, completada pelos próprios vulcões, que de longe vigiam a cidade.
Apesar de ser a segunda maior cidade do Peru e de estar cheia de atrações, bons restaurantes e mirantes para os vulcões, Arequipa costuma ficar de fora do roteiro do viajante – inclusive o brasileiro – que vai ao Peru. O motivo? Machu Picchu, que domina as atenções e suspiros e acaba por eclipsar outros lugares incríveis do país.
Veja também: Um roteiro pelo Peru muito além de Machu Picchu
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Passei três noites em Arequipa, em junho de 2016. Além de conhecer a cidade, a região serviu de base estratégica para outro passeio incrível: o Vale do Colca, que guarda um dos mais profundos cânions do mundo e que fica a 160 quilômetros ao sul da cidade.
Apesar a distância ser pequena, a altitude não é, o que faz com que essa viagem exija um pernoite. Como o esquema de bate-volta para o Vale do Colca não é o mais indicado, deixarei para falar sobre esse passeio em outro texto. Neste, concentrarei as atenções em Arequipa. Começando pelo centro histórico, que foi declarado Patrimônio Mundial da Humanidade pela Unesco.
O que fazer em Arequipa: as atrações da cidade
Quase toda cidade de origem espanhola tem uma Praça de Armas, muitas vezes também chamada de Praça Maior. Eu não fazia ideia disso, mas o objetivo inicial dessas áreas, quase sempre grandes e localizadas no centro das vilas, era servir para a concentração de tropas no caso de um ataque. Assim, a cidade poderia se organizar e preparar o contra-ataque, enfrentando os invasores. Além disso, as Praças de Armas tinham funções, digamos, melhores em tempos de paz, funcionando como uma espécie de centro da cidade.
A Praça de Armas de Arequipa tem a fama de ser a mais bonita do Peru – certamente é a mais bela que conheci. Ao redor dela fica Catedral de Arequipa, que está ali desde 1540, ano de fundação da cidade, mas que já foi reconstruída algumas vezes nos últimos séculos, por conta de cinco terremotos e um grande incêndio. A catedral abre todos os dias, mas fecha entre 12h e 15h30. É cobrada uma taxa de entrada de 10 soles. Um museu funciona ao lado da Catedral.
Do outro lado da Praça de Armas fica a Iglesia de la Companhia, templo erguido pela Companhia de Jesus a partir de 1590, também com pedras do vulcão Misti, que fica nos arredores da cidade. Além da igreja, o templo guardava pátios e claustros. Algumas das áreas externas hoje têm outras funções – é possível encontrar lojinhas de suvenires por ali. A entrada na igreja é de graça, mas há pagamento de taxa (dois soles) para conhecer a Capilla de San Ignacio, apelidada de Capela Sistina de Arequipa.
Pórticos, inclusive no local onde ficava o antigo Cabildo, no período colonial, e fontes, já dentro da Praça, completam a lista de atrações. E basta caminhar alguns metros, entrando na rua La Merced, para achar o Museu dos Santuários Andinos. Eu não estive nesse museu por falta de tempo, mas a visita foi recomendada por praticamente todos os guias com quem conversei durante a viagem.
É lá que fica a múmia de Juanita, uma menina inca que, aos 12 anos, foi sacrificada aos deuses e deixada nas montanhas nevadas ao redor da cidade, há cerca de 500 anos. Preservado pelo frio, o corpo da menina foi reencontrado em 1995 e agora pode ser visto no museu. A exibição é revezada ao longo do ano com outra múmia, menos famosa, a Palomita. O museu abre de segunda a sábado, entre 9h e 18h, e aos domingos, entre 9h e 15h. A entrada custa 20 soles.
Por fim, sobre esse assunto vale dizer que Salta, cidade do norte da Argentina, guarda as três múmias incas mais bem conservadas que foram encontradas até então, no Museu de Alta Montanha, com temática parecida com a do Museu de Arequipa.
Monastério de Santa Catalina
Deixe a Praça de Armas para traz e siga pela Rua Santa Catalina. Em três quarteirões você chegará ao monastério de mesmo nome, apontado em muitas listas, como a do Tripadvisor, como a principal atração da cidade. Não vou discordar. Inaugurado em 1579, apenas 40 anos depois da fundação de Arequipa, o Monastério de Santa Catalina chegou a ser moradia para até 500 pessoas ao mesmo tempo, entre freiras enclausuradas e suas servas. Hoje, 20 religiosas vivem ali, num esquema bem menos rígido que em outros tempos, mas ainda clausura.
O Monastério, que é quase uma cidade dentro do coração de outra cidade, exige algumas horas e disposição para ser visitado, por isso reserve tempo no seu roteiro. A visitação ocorre todos os dias, a partir das 9h. Tente ir numa terça ou quinta, quando o local fecha às 20h -´é incrível ver o pôr do sol mudar as cores do convento. A entrada custa 40 soles.
Veja também: Como é a visita ao Monastério de Santa Catalina, em Arequipa
Monastério de Santa Catalina
Mirantes Carmen Alto e Yanahuara
Com formato cônico e 5822 metros, Misti é o mais famoso dos vulcões que cercam Arequipa. Além dele, a paisagem arequipenha não seria a mesma sem o Chachani, que passa dos 6 mil metros, e Pichu Pichu, um vulcão extinto. Com tantos picos nevados ao redor da cidade, é claro que não faltam mirantes por ali.
Nosso roteiro incluiu dois, o Carmen Alto, meu favorito, e o Yanahuara, que fica ao redor de uma praça histórica. O Carmen Alto está a seis quilômetros do centro da cidade e tem uma lanchonete. E a vista espetacular da foto abaixo.
Já o Mirante de Yanahuara fica num dos 29 distritos de Arequipa, sendo um dos mais antigos da cidade. Fica a apenas dois quilômetros do centro e, assim como algumas das construções da Praça de Armas, está cheio de casas feitas de sillar e uma igreja erguida em 1750, num estilo que ficou conhecido como barroco andino ou mestizo.
Outras atrações de Arequipa
A Mansão do Fundador guarda a história da ocupação da região, na época de Don Manuel Garcí de Carbajal e da criação de Arequipa. O prédio, que estava em ruínas, foi reformado e transformado em museu na década de 1980. Fica a 20 minutos do centro histórico e costuma ser visitada em tours organizados por agências locais. Eu fui, achei interessante, mas não acho que seja uma visita indispensável.
Outro passeio alternativo envolve visitar as pedreiras ao redor da cidade, onde centenas de pessoas trabalham, até os dias de hoje, na produção do sillar, a tal pedra vulcânica que foi usada na construção de Arequipa. Em 2014, a técnica de trabalho nas pedreiras de sillar, que não mudou nos últimos 400 anos, foi declarada Patrimônio Cultural Imaterial do Peru.
Veja também: A vida nas pedreiras e a Rota do Sillar, no Peru
Arequipa também tem ótimos restaurantes e uma das culinárias mais respeitadas do Peru (o rocoto relleno, espécie de pimentão recheado, é quase que onipresente por ali). Além disso, não tive tempo de visitar o Mercado de San Camilo, o mais antigo da cidade. E ainda há mais igrejas, conventos e outros prédios religiosos, como o Convento de Santa Teresa.
Algumas agências vendem passeios pelas montanhas – sua chance de fazer uma trilha e escalar um vulcão ativo! Eu não fiz esse passeio, que parece ser interessante.
*O 360meridianos viajou ao Peru a convite do Submarino Viagens e da PromPerú.
Eu também adorei Arequipa. É muito mais do que apenas o Canion del Colca e a belíssima plaza de armas. Uma cidade linda e limpa, com museus e igrejas dignas de destaque, além de ótimos restaurantes.
Amo Arequipa. Só tenho uma dica do que NÃO fazer: comer ceviche.
Aprendi sofrendo que não se come ceviche onde não se vê o mar.