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Vulcões, neve e trilhas na Reserva Nacional Malalcahuello, no Chile

“Não dá para prosseguir. É tudo gelo.” O alerta do guia Ricardo nos forçou a dar meia volta e descer a montanha de neve que, em zigue-zague, tínhamos tentado vencer durante uma hora. Embora estivéssemos usando raquetes, calçados para caminhar na neve, não estávamos preparados para enfrentar um trecho da subida completamente congelado. Aquele trekking tinha começado algumas horas antes e sem objetivo definido – a ideia era chegar até onde desse, de preferência em algum ponto com vista para os muitos vulcões da Reserva Nacional Malalcahuello.

Localizada a 870 km ao sul de Santiago e a cerca de 130 km de Temuco, cidade onde fica o aeroporto mais próximo, essa reserva ambiental é mais conhecida fora do Chile pelo esporte. São as quase 30 pistas de esqui de Corralco, uma das mais novas estações chilenas, que atraem, ano a ano, visitantes de várias nacionalidades. E embora esquiar vulcão abaixo, com o nem tão adormecido Lonquimay de testemunha, seja mesmo um programa e tanto, a região também tem atrativos para quem não se sente confortável com esquis nos pés.

Neve no Chile

As caminhadas – na neve ou não, dependendo da estação do ano – são algumas delas. Uma das menores trilhas começa justamente dos arredores da estação de esqui e leva até a Araucária Milenar, uma árvore que, segundo nosso guia, tem 15 séculos.

Árvore símbolo do Chile e considerada sagrada pelo povo mapuche, que vive no centro-sul do país e também na Argentina, a araucária consegue viver por milênios e resiste bem a temperaturas negativas. São elas que tornam essa parte do Chile diferente: a neve toma conta dos galhos das araucárias, formando um cenário invernal lindo. O Chile é dividido em 15 regiões, ou estados, e toda essa área foi batizada justamente em homenagem à árvore: é a região de La Araucanía.

Corralco no Chile

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Mais trilhas

A ida até o topo do Lonquimay, principal vulcão da área, com 2865 metros e que entrou em erupção pela última vez no final dos anos 1980, é outro passeio para um dia inteiro. Em geral essa trilha passa também pela Cratera da Navidad, um ponto abaixo do pico e que entrou em erupção na última vez que o vulcão acordou, quando o material vulcânico não conseguiu sair pelo topo e acabou formando essa cratera satélite. O nome lembra que isso ocorreu no Natal de 1988.

Os mais sedentários podem tentar alcançar o Mirador de los Volcanes, de onde se vê outros picos da região. Algumas dessas caminhadas só são possíveis na primavera e no verão, quando o cenário muda completamente. Outras ficam mais interessantes com a paisagem nevada do inverno. Há ainda trilhas para Piedra Colorada, Sierra Nevada (um vulcão extinto) e Laguna Pehuenco.

Chile no inverno

Termas

Termas a cada curva. Depois da neve, essa é a grande atração da região – as termas atraem turistas do mundo todo e são muito procuradas pelos chilenos no mês de julho. A estrutura e o preço variam de acordo com o local – há termas para todos os gostos (e bolsos).No site do turismo de Malalcahuello você encontra uma lista com as principais termas da área.

Combina com…

Uma zona próxima e que pode ser combinada com a Reserva Nacional Malalcahuello é a cidade de Pucón e seus arredores, onde também há termas, vulcões, uma estação de esqui e fica a Reserva Biológica de Huilo Huilo. É mais um destino interessante para quem gosta de caminhadas e esportes de aventura. Pucón está a 210 km de Malalcahuello e a menos de 100 de Temuco, cidade do aeroporto.

Reserva Nacional Malalcahuello

Como chegar na Reserva Nacional Malalcahuello

O aeroporto mais próximo é o de Temuco, que tem quatro voos diários para Santiago, da LATAM e da Sky Airline. De lá, dá para contratar um transfer, pegar um táxi ou mesmo alugar um carro. Se escolher a última opção, leia o texto de como alugar veículos no exterior.

No mais, é bom ter em mente que dirigir no inverno envolve certas técnicas – em vários momentos é preciso colocar correntes nas rodas para conseguir seguir em frente, por estradas congeladas. Se não tiver experiência, o melhor pode ser evitar o volante e só curtir a paisagem, que é lindíssima. inverno no chile

Já os tranfers privados têm a vantagem do conforto, mas por outro lado são caros – espere gastar em torno de 100 dólares por pessoa. Em geral, dá pra combinar o serviço diretamente com o seu hotel, na hora da reserva. Se quiser pagar menos, uma alternativa é seguir para o centro de Temuco e de lá pegar um ônibus rodoviário para Malalcahuello. Por falar em ônibus, outra opção para viajantes econômicos é fazer o trecho entre Santiago e a Reserva Nacional Malalcahuello por terra. Detalhes aqui.

Onde ficar em Malalcahuello

As opções de hospedagem mais populares sãos as cabanas – espécies de chalés. Existem cabanas dos mais variados tipos, das luxuosas até outras mais simples e com jeitão de hospedagem domiciliar. Muitas delas funcionam nos fundos de cafés ou restaurantes. O Booking lista algumas opções assim, mas certifique-se de ficar perto da entrada da reserva.

Outra alternativa é procurar por pousadas das muitas termas da região, como o Malalcahuello Thermal Hotel & Spa. A opção mais confortável – e obviamente mais cara – é ficar dentro da estação de esqui, no Valle Corralco Hotel & Spa, que trabalha com esquemas de pensão completa (mas sem bebidas) e de meia pensão. Alguns pacotes já incluem o passe da montanha, uma boa para quem pretende esquiar.

*O 360meridianos viajou a convite do Servicio Nacional de Turismo do Chile.

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Rafael Sette Câmara

Sou de Belo Horizonte e cursei Comunicação Social na UFMG. Jornalista, trabalhei em alguns dos principais veículos de comunicação do Brasil, como TV Globo e Editora Abril. Sou cofundador do site 360meridianos e aqui escrevo sobre viagem e turismo desde 2011. Pelo 360, organizei o projeto Origens BR, uma expedição por sítios arqueológicos brasileiros e que virou uma série de reportagens, vídeos no YouTube e também no Travel Box Brazil, canal de TV por assinatura. Dentro do projeto Grandes Viajantes, editei obras raras de literatura de viagem, incluindo livros de Machado de Assis, Mário de Andrade e Júlia Lopes de Almeida. Na literatura, você me encontra nas coletâneas "Micros, Uai" e "Micros-Beagá", da Editora Pangeia; "Crônicas da Quarentena", do Clube de Autores; e "Encontros", livro de crônicas do 360meridianos. Em 2023, publiquei meu primeiro romance, a obra "Dos que vão morrer, aos mortos", da Editora Urutau. Além do 360, também sou cofundador do Onde Comer e Beber, focado em gastronomia, e do Movimento BH a Pé, projeto cultural que organiza caminhadas literárias e lúdicas por Belo Horizonte.

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