fbpx
Tags:
Atlas: Parma, Itália

Tipos de queijo europeus: como encontrar produtos originais

Tem poucas coisas no mundo melhores do que queijo. Com exceção de quem tem intolerância a lactose, é possível achar pelo menos um dos vários tipos de queijo que agrade ao paladar. Existem registros desse alimento desde antes dos Romanos. Ele pode ter surgido entre 8 a 3 mil anos antes de Cristo, provavelmente no Oriente Médio ou na Ásia Central.

Antigamente, as pessoas utilizavam órgãos internos de animais para armazenar leite. E são grandes as chances do leite ter virado coalhada após ficar um tempo guardado dessa forma. Essa coalhada prensada e com a adição de sal é a receita de um processo que os humanos foram aprimorando ao longos dos anos, em diferentes lugares do mundo.

Leia também: 5 comidas portuguesas para experimentar

Os principais pratos da comida grega

Quando estivemos na Região da Emília Romana, na Itália, tivemos a oportunidade de visitar uma fábrica em Parma, que produz um dos queijos mais conhecidos do mundo: o parmesão. Mas lá ele tem um nome especial, é o Parmigiano-Reggiano. O parmesão produzido em Parma e arredores é o único no mundo que pode levar esse nome pomposo. Mas isso não é frescura – os produtores locais têm muito cuidado com a qualidade de seus queijos, que merecem ter renome num mundo cheio de cópias do parmesão.

Tipos de queijo europeu Parmesão

O Parmigiano-Reggiano tem uma série de padrões: é feito com o leite de um tipo de vaca específica, tem como ingredientes apenas leite e sal, tem uma inscrição em toda lateral, indicando a marca, número de série, ano e mês da produção. Depois de pronto e enformado, o queijo fica guardado em galpões de envelhecimento por 12 meses. Após esse tempo, o Consorzio Parmigiano-Reggiano inspeciona toda a produção com um martelinho. Só de bater no queijo, o inspetor consegue saber, pelo som, se aquele produto é de qualidade ou não. Os que passam no teste ganham um selo especial e os que não passam recebem uma marca para você saber que está comprando um queijo de pior qualidade. O Parmigiano-Reggiano pode vir envelhecido de 12 a 48 meses.

Tipos de queijo europeu Parma

Esse nome específico para os queijos da região é uma lei. Na União Européia, os governos decidiram proteger os nomes de seus produtos artesanais, ajudando os produtores locais a conseguirem um preço especial por produtos autênticos e eliminando a competição injusta com produtos industriais. O nome dessa regra é algo como “Denominação de Origem Protegida” ou Protected Designation of Origin (DOP). Também há outras certificações semelhantes com as siglas IGP (Indicação Geográfica Protegida) ou DOC (Denominação de Origem Controlada).

Tipos de queijo europeu queijos franceses

Vários tipos de queijo em Paris

Sendo assim, um queijo, por exemplo, só pode receber essa regulamentação se: 1. for um produto com características especificas, principalmente se vier de áreas rurais ou menos favorecidas; 2. melhorar a renda de fazendeiros, que genuinamente se esforçam pela qualidade do produto; 3. ajuda a manter a população nas áreas rurais; 4. deixa bem claro para os consumidores a origem do produto.

Tipos de queijo europeu queijos italianos

O Pecorino Toscano, na Itália também é protegido

Vários tipos de queijo europeus famosos têm seu nome protegido por essas certificações. Ou seja, quando você estiver visitando alguns lugares, pode fazer como nós, que fomos a Parma e comemos o parmesão original. Ainda na Itália, o Gorgonzola oficial vem da cidade de Gorgonzola, perto de Milão; a Mozzarella di Bufala, de Campana, no sul da Itália; ou o Provolone, de Valpadana ou Mônaco. Aqui tem uma lista completa de todos os queijos DOP na Itália.

Além disso, os produtos DOP também estão na França (Camembert, Roquefort, Brie, etc) e Holanda (Gouda, Edammer…), só para citar os mais conhecidos. O mais legal é que em qualquer parte da Europa que você for, só vai encontrar no supermercado tipos de queijo europeus, ou quaisquer outros produtos dos países da União com esses certificados.

Tipos de queijo europeu queijos holandeses

Queijo Gouda em Amsterdam

Mas talvez você esteja se perguntando: se esses queijos têm nome protegido, então por que encontro vários deles no supermercado no Brasil, sem nenhuma certificação, de diferentes marcas industriais? Veja bem, porque a DOP é uma regulamentação da União Européia, ou seja, no Brasil a regra teoricamente não vale, a não ser que exista um acordo bilateral. Outro problema pode ser se o nome do queijo já caiu em uso comum: encontramos várias opções de parmesão nas prateleiras, mas Parmiggiano Reggiano não é um tipo de queijo fácil de achar. Isso fica ainda mais difícil com queijos tipo o Cheddar, dos ingleses. Ele tem o DOP incluindo o nome da região que é produzido, para garantir a originalidade do produto e o diferenciar dos 1001 tipos de cheddar diferentes que encontramos por aí – não, ele não é laranja radioativo como o McDonalds insiste.

Tipos de queijo europeu queijos holandes

No Brasil, ainda não temos nenhuma regulamentação que proteja os nosso queijos tradicionais. Minas Gerais é o estado produtor de quase 50% dos queijos consumidos no país, e entre eles têm os tradicionais queijo Canastra e do Serro, por exemplo. Esses queijos antes não podiam sequer ser vendidos fora da região em que são produzidos, porque são feitos de leite cru (não pasteurizado). Com isso, acabavam desvalorizados e confundidos com outros de menor qualidade. Em agosto de 2013, o governo de Minas, em parceria com o Ministério da Agricultura, criou Centros de Qualidade do Queijo Minas Tradicional nas cidades onde o queijo é produzido. Por isso, agora é permitindo que esses produtores locais usem tal certificado para vender o produto em todo o Brasil, mas isso ainda não funciona para valorizar os melhores produtos, apesar de ser o primeiro passo para que nosso país também tenha queijos artesanais internacionalmente reconhecidos.

O 360meridianos esteve em Parma a convite do projeto BlogVille Emiglia Romana, que reúne blogueiros do mundo todo para comer, sentir e viver como um local na Itália.

Inscreva-se na nossa newsletter

Avalie este post

Compartilhe!







Eu quero

Clique e saiba como.

 




Luiza Antunes

Luiza Antunes é jornalista e escritora de viagens. É autora de mais de 800 artigos e reportagens sobre Viagem e Turismo. Estudou sobre Turismo Sustentável num Mestrado em Inovação Social em Portugal Atualmente mora na Inglaterra, quando não está viajando. Já teve casa nos Estados Unidos, Índia, Portugal e Alemanha, e já visitou mais de 50 países pelo mundo afora. Siga minhas viagens em @afluiza no Instagram.

  • 360 nas redes
  • Facebook
  • YouTube
  • Instagram
  • Twitter

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.

9 comentários sobre o texto “Tipos de queijo europeus: como encontrar produtos originais

  1. Fiz intercâmbio na Alemanha a um tempo atrás e realmente achei interessante só encontrar o permesao italiano lá. Todas as vezes que eu pedia “parmesan”, vinha o parmegiano reggiano e as vezes o grana padano. No Brasil gosto muito do parmesão uruguaio e argentino, mas tem muito parmesão de má qualidade aqui (principalmente os ralados empacotados). Outra coisa, não achei barato o preço do Parmesão na Europa: alguns queijos franceses como o Saint agur ou o roquefort Societé custam menos da metade do preço do Brasil, mas o Parmesão (inclusive o parmesão italiano no Brasil) achei que custa a mesma coisa (convertendo Euro pra Real).

  2. Oi, Luiza, acabei de ler a matéria sobre os queijos. Adorei, estive na Itália nas férias de junho, agora em 2015( aqui na Bahia, as férias são em junho), sou professora e tinha o grande sonho de conhecer a Itália e resolvi deixar a preguiça de lado e me mandei pra lá. Comi muito o Parmigiano-Reggiano, quase trago na mala, mas fiquei com receio da alfândega pegar e jogar fora, achei melhor não arriscar; comi outros queijos também, mas este é incomparável. Lá custa bem mais barato que aqui, aqui é uma fortuna.Também queria ser jornalista, mas por amar a língua italiana terminei formada em Letras, Língua Portuguesa e Língua Italiana.
    Escrevo crônicas e aprendo a escrever poesia e conto. Visite meu blog se desejar.
    Aproveite e tente viajar o resto do mundo até os 50. Abraços, Alba.

    1. Oi Alba,

      Eu tenho um verdadeiro amor pelo parmigiano reggiano! Eu trouxe um pedaço enorme para o Brasil e fiquei morrendo de medo da alfândega também, mas não tive problemas!

      Adorei suas crônicas, vou tentar acompanhar mais!

  3. Ola Luiza.
    Por acaso vc tem o endereço ou contato de algum lugar desses em Parma???
    Vou para Italia no próximo 22 de junho. Chego em Veneza e viajo ate o sul em positano. Minha viagem termina dia 24 de julho.
    Tenho bastante dias e se vc tiver alguma dica de lugares de comida eu adoraria.
    Ah, esqueci de falar. Sou cozinheiro aqui no Brasil

    Muito obrigado

    Aluisio

2018. 360meridianos. Todos os direitos reservados. UX/UI design por Amí Comunicação & Design e desenvolvimento por Douglas Mofet.