Diário de Viagem: primeiras semanas em Portugal

Há quase 20 dias cheguei em Portugal, mas minha sensação é que estou vivendo aqui há bem mais tempo. São tantas coisas acontecendo ao mesmo tempo, tantas pessoas que conheci e novidades que aprendi que deixam a minha cabeça com aquela confusão gostosa do início de viagem.

Esse é o terceiro país para o qual eu me mudei nos últimos sete anos, e, sem dúvida, é o que menos me fez sentir o famoso choque cultural. Pudera, Portugal tem muito mais semelhanças que diferenças com a cultura brasileira. E, várias vezes, subindo e descendo as ladeiras sem-fim de Coimbra, eu me lembro de Diamantina ou Ouro Preto.

Por exemplo, ontem só tinha Pepsi no restaurante na hora do almoço, mas, ao contrário do que normalmente ocorre no exterior, tinha a opção do Guaraná Antártica para me salvar. Além disso, a simpatia dos portugueses já me conquistou. Esse era um dos meus maiores medos antes de vir para cá. Que talvez eles seriam frios, distantes. Ou teriam preconceito contra brasileiras. Mas se têm, pelo menos não aconteceu comigo.

Desde o primeiro dia, quando desembarquei em Lisboa, só encontrei gente boa e adorável. Todos dispostos a me ajudar, como o velhinho na estação de trem que me levou até o elevador para eu não ter que carregar minha mala escada acima. Ou as gerentes do banco que me cumprimentaram com dois beijinhos e ficam batendo longos papos comigo quando tenho que ir à agência resolver pendências chatas. Me explicaram que quanto mais ao norte em Portugal, mais abertas e simpáticas são as pessoas. Ainda não visitei o sul, mas a afirmação sobre o norte, para mim, é 100% verdadeira.

A minha maior dificuldade tem sido as ladeiras de Coimbra, hahaha. É assim, eu moro no alto de um dos morros da cidade. Para chegar em qualquer lugar, como o supermercado, os bares ou a Universidade, tenho que descer uma ladeira e depois subir outra. Na primeira semana, quando tive que subir as Escadas Monumentais (foto abaixo) – um monumento importante de Coimbra que te leva da Praça da República (onde ficam muitos bares) à Praça Dom Dinis (onde é a Universidade) e que tem cinco longos lances de 25 degraus cada – quase morri quando cheguei ao fim.

Também quase morri quando tive que voltar do supermercado carregando as sacolas morro acima. Ou quando voltei para casa a pé às três da manhã com as minhas colegas de casa. Agora estou mais acostumada, mas, ainda assim, todos esses momentos de academia involuntária me deixam bastante exausta. Então, fica a dica aos amigos e leitores: se vierem a Coimbra (ou Portugal, em geral), tragam bons tênis e nada de salto alto.

A língua também tem sido um exercício interessante. Para começar, tenho a impressão que falo mais inglês em Portugal do que nos Estados Unidos ou na Índia, os outros países onde morei. Eu moro com duas estrangeiras (uma grega e uma tcheca), então o inglês é atualmente a língua oficial da casa. Além disso, 15% dos estudantes de Coimbra vem do Erasmus, um programa europeu de mobilidade estudantil. Então, mesmo com os 9% de estudantes brasileiros e todo o resto de portugueses, fala-se muito inglês na cidade.

Eu já fiz aloka várias vezes e falei em inglês com portugueses porque me confundi depois de conversar com as minhas colegas de casa. Além disso, tem as enormes diferenças entre o português de Portugal e o português brasileiro. Sem dúvida, isso vai render um post inteiro, devido às confusões que já me meti por desconhecer as expressões e palavras completamente diferentes entre os dois.

Estou melhorando, mas ainda tenho muita dificuldade de entender portugueses que falam muito rápido. Felizmente, meus professores não fazem parte dessa categoria. Mas algumas vezes já sorri e acenei quando alguma colega de mestrado portuguesa fez um comentário que não entendi nada. Eu, em geral, peço para repetirem, mas me sinto um pouco rude fazendo isso mais de uma vez.

Tenho achado o custo de vida aqui razoavelmente barato. Pago 2,5 euros por semana pela internet e telefone no celular que é tão maravilhosamente rápida que quase chorei de alegria quando usei pela primeira vez – adeus Tim do capeta! O aluguel da casa, que inclui todas as contas, até o aquecimento, é metade do preço que eu pagaria em São Paulo. O supermercado também não sai caro. Também ando pesquisando preços de compras por aqui para fazer um post sobre o que vale a pena comprar em Portugal numa viagem – Spoiler Alert: muita coisa!

Mas o melhor de tudo, isso provavelmente por Coimbra ser uma cidade universitária, é o preço da cerveja. Em geral, custa 1 euro. Mas já achei por 0,70 centavos. Ainda não consegui descobrir o que as pessoas não-universitárias e maiores de 21 anos fazem em Coimbra e nem quais são os preços nesses lugares. Então, se alguém puder indicar opções nos comentários, ficarei imensamente satisfeita.

Também é engraçado que a maioria dos portugueses que estuda aqui, incluindo todo mundo do meu mestrado, não é de Coimbra e por isso não fica na cidade no final de semana. Sendo assim, os eventos costumam ser na terça e na quinta. Na sexta e sábado tudo fica mais vazio, Ó:

No mais, tenho aproveitado que minhas aulas são só na sexta e no sábado (eu sei, morram de inveja, haha), para planejar muitas viagens pelo país. Já tenho uma lista de daytrips programadas aqui no centro de Portugal e algumas viagens maiores sendo planejadas para os próximos meses (Porto, Ilha da Madeira, Serra da Estrela, Lisboa). Ou seja, esperem muito conteúdo fresquinho e fotos de paisagens lindas daqui para frente (já nos segue no Instagram? Lá posto tudo em tempo real).

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Luiza Antunes

Luiza Antunes é jornalista e escritora de viagens. É autora de mais de 800 artigos e reportagens sobre Viagem e Turismo. Estudou sobre Turismo Sustentável num Mestrado em Inovação Social em Portugal Atualmente mora na Inglaterra, quando não está viajando. Já teve casa nos Estados Unidos, Índia, Portugal e Alemanha, e já visitou mais de 50 países pelo mundo afora. Siga minhas viagens em @afluiza no Instagram.

Ver Comentários

  • Quase choro quando vejo minha Coimbra amada. <3

    Já conheceu os bares da Sé Velha? Os melhores da cidade. Principalmente o Cabido, minha casa. rsrs

    Onde estão os maiores de 21 anos: Docas. Rock Café e Irish Pub, com preços um pouco maiores, mas vale a pena ir de vez em quando. Já te adianto: vai dar preguiça e vc vai ficar pela alta mesmo. hahahahah

    Tá chegando a Latada. Não perca. É uma oportunidade incrível de conhecer a praxe académica no seu auge.

    Pra não perder: Portugal dos Pequenitos. É um museu a céu aberto com miniaturas de construções do país inteiro. Geralmente os estudantes não ligam mt, mas é imperdível. Fica logo depois da ponte de Santa Clara, a esquerda.

    Aproveita cada segundo. Coimbra é mágica!

    • Oi Bia,

      Não tem como não conhecer o Cabildo e o Bigorna hahaha grandes instituições da cidade.

      Eu fui ao Irish Pub sábado passado (esse post já estava pronto), e a música era maravilhosa, mas como você bem disse, é bem longe e caro em comparação com as outras opções.

      E valeu pela dica do Portugal para Pequenitos, eu estava refletindo se valia a pena ir lá ou não, e acabei colocando os outros pontos turísticos na frente da lista. Agora com a sua indicação, vou ir lá mais rápido!

      bjs

  • Que delicia! Ainda estamos esperando a data do estagio do Ro. Mas estou louca pra irmos logo. O que eu quero averiguar para comorar sao as porcelanas! Estou louca por um aparelho de jantar novo!
    Bjs,

    • Ei Jackie,

      Vocês vem para Coimbra ou outra cidade de Portugal? Eu dei uma olhada no preço de porcelanas só em lojinhas de suvenir, mas nesses lugares é muito caro, não costuma valer a pena. Se eu ver alguma coisa em uma loja legal eu anoto o preço, pode deixar.

      bjs

    • Eu conheço ela Alambique! Vi uma entrevista dela uma vez na Globo e aí descobri que ela fez show aqui em Coimbra na queima das fitas do ano passado! Se tiver show por aqui eu vou sim

  • Luizaaaa, adoreiii o post!!
    Posso te abusar um pouquito? Então, estou pertinho de formar e quero fazer mestrado ai em Portugal ou na Espanha. Esse que você está fazendo na Universidade de Coimbra é muito caro? Eu estou a pesquisar universidades que possuem bolsas para brasileiros (na Espanha tem algumas) e também irei esperar o ciências sem fronteiras, enfim irei tentar de todas as maneiras. Se não conseguir bolsa terei que trabalhar para pagar e me sustentar em outro país...UFAAA falei demais hahahahahahaha
    adorooo o blog de vocês!!
    E espero mais post de Portugal!!

    Beijãooooooo

  • Que sonho! Eu amo Portugal, tenho dupla cidadania e família paterna no Porto. Desde 2012 que não visito minha segunda nação... Saudades, muitas. O norte de Portugal eh mesmo mais bonito e com gente mais simpática. A região do Douro eh belíssima, minha família vem de São João da Pesqueira, região do alto Douro, produtora de excelentes vinhos. A serra e parque Peneda-Gerês rende um belo fim de semana, com passeios, trilhas e banhos nas termas. Aveiro e Viana do. Castelo são duas jóias do norte. Como pode um pais tão pequeno ter tantos e tão bons lugares? Aproveita bastante a terrinha. Vou aguardar teus relatos e lê-los com imenso carinho.

    • Oi Cândida,

      Eu estou bem empolgada com tantos lugares para conhecer aqui. Ainda bem que é um país pequeno e diverso, assim dá para eu viajar bastante sem gastar muito tempo =)

      bjs

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Luiza Antunes

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