Antes de pisar em Butrint eu não sabia que esse era o lugar mais visitado da Albânia. Pudera, a Albânia não é exatamente um país que nós aprendemos a história na escola e certamente não é um destino turístico muito famoso. A falta de fama, porém, nada tem a ver com as atrações do lugar, que tem belas paisagens de praia e montanha e muitos atrativos culturais. E é ali, a cerca de 15 minutos de uma viagem de ônibus das praias de Ksamil, que você encontra as ruínas da antiga cidade de Butrint.
Indiana Jones não esteve ali, mas bem que poderia. Butrint já era habitada 50 mil anos antes de Cristo. Você não leu errado: foram escavados artefatos da Idade da Pedra nessa região! Levou séculos, porém, até que uma cidade de fato fosse formada. Há evidências sobre sua existência na mitologia clássica: na época chamada de Buthrotum, ela teria sido fundada pelos exilados de Troia, depois da guerra.
O cartão-postal da visita, um batistério do século 6. Infelizmente o mosaico estava coberto de areia para conservação
A porta do leão
Escavações do século 4 a.C. mostram que o assentamento grego era cercado de muralhas defensivas e o interior era focado no culto ao deus da medicina, Asclépio, cujo templo ficava na acrópole (construção típica de cidades gregas, no ponto mais alto da cidade). Descrições de homens cultos da época contam que Buthrotum era um importante porto e centro comercial na rota do mar Adriático.
Mas, infelizmente, não sobraram muitas coisas do período grego, visto que as construções foram convertidas ao padrão romano. É que, em 228 a.C, eles tomaram o poder. No século 1 a.C., Butrint tornou-se parte da província romana da Macedônia, estabelecida por ninguém mais, ninguém menos, que Julio Cesar: a Colonia Iulia Buthrotum. Mas foi no período do sucessor dele, Augusto, que a Colonia Augusta Buthrotum viveu o ápice da prosperidade.
Foi durante o período romano que construções como teatro, banhos públicos, fórum, aqueduto e vilas foram construídas. O Antigo Teatro e as Termas são a primeira coisa que você vê após passar pelo bosque.
Parte da antiga Agora/ Forum Romano
No início da Idade Média, Butrint tornou-se um centro episcopal e estruturas do início do cristianismo surgiram, como uma grande basílica, um batistério e antigos mosaicos e afrescos. Ao todo, foram encontradas oito igrejas, todas construídas por volta dos séculos 5 e 6 d.C.
Ruínas da Grande Basílica do século 6
Depois disso, passaram pelo poder os Bizantinos, os Venezianos e os Otomanos. No século 19, a área acabou sendo abandonada, sobrando apenas uma pequena comunidade de pescadores. E todo o glorioso passado de Butrint ficou esquecido. Foi uma missão arqueológica italiana, entre os anos 1920 e 30, que redescobriu a cidade que é possível de ser visitada hoje.
Torre Veneziana, do século 15
Em 1992, Butrint foi declarada Patrimônio da Humanidade segundo a UNESCO e toda a área natural ao redor das ruínas é parte de um Parque Nacional, importante não só pela relevância histórica e cultural, mas também por conta da diversidade da fauna e da flora.
A visita mistura uma caminhada entre ruínas de diferentes séculos e um passeio entre as árvores e belas vistas do mar que circunda a ilhota. O trajeto é demarcado por números e há totens com explicações em inglês e italiano sobre o que era cada coisa que você está vendo.
Depois de circular por fontes, portões, muros, procurar por mosaicos escondidos e inscrições nas pedras, você chega até a antiga Acrópole, onde encontra um castelo. Ali, há um pequeno museu explicando, em ordem cronológica, a história do lugar, desde a Idade do Bronze até o final da Idade Média.
Mosaicos entre as ruínas
Como visitar o Parque Nacional de Butrint, Albânia
Há ônibus saindo de Saranda e de Ksamil de hora em hora e que deixam em frente à entrada das ruínas. A entrada no parque nacional custa 700 lekes (cerca de 5 euros), incluindo o passeio pelas ruínas e o museu.
Peças do museu arqueológico, incluído na visita
A visita completa dura cerca de três horas. Nos arredores tem um hotel com restaurante e bar.
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