Em 1873, um refinado cavalheiro inglês cuja vida era tão certinha quanto chata fez uma aposta com seus companheiros de um clube exclusivo. Ele garantiu que seria possível dar a volta ao mundo em 80 dias. Em troca de 20 mil libras e mais preocupado em honrar sua palavra, Phileas Fogg partiu mundo afora com seu mordomo recém-contratado, Passepartout.
A história, vocês já devem saber, foi contada por Júlio Verne em “A Volta ao Mundo em 80 dias”. O livro deve ser o precursor da vontade de se aventurar pelo globo que desde então afeta muita gente. Pelo menos foi o meu. Eu tinha uma edição ilustrada do livro, que contava histórias dos lugares por onde o personagem passou e ainda tinha fotos lindas.
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Por mais que muita gente já saiba o final do livro, não darei spoilers sobre as aventuras do Phileas aqui. Basta saber que no caminho ele teve problemas com o sistema de trens da Índia, perdeu um barco em Hong Kong, perdeu dinheiro e encontrou o amor da vida dele. Uma aventura cheia de perrengues e boas histórias, como em qualquer volta ao mundo digna.
Infelizmente para eles, correr o mundo em 80 dias não era tarefa fácil, por isso Phileas Fogg e Passepartout não tinham muito tempo para conhecer a fundo os lugares que visitaram. Londres, Suez, Mumbai (na época Bombaim), Calcutá, Yokohama, São Francisco e Nova York. Esse foi o trajeto de “A Volta ao Mundo em 80 dias”. São quase nove mil quilômetros!
Atualmente o mesmo trajeto levaria, segundo o simulador da One World, até 6 dias – se eu partisse na segunda-feira que vem. Mas acredito que planejando com antecedência é possível diminuir esse tempo pela metade. Mas, é claro, essa viagem apressada não teria graça nenhuma.
Já se hoje você tivesse 80 dias para percorrer o mesmo trajeto, daria para aproveitar muito mais cada lugar, praticamente 10 dias por destino, descontando os dias de viagem. Como eu conheci muitas dessas cidades, ficam aqui sugestões do que fazer durante a sua volta ao mundo em 80 dias.
Londres
Fogg não gostava muito de viajar. Ele passava seus dias jogando cartas com seus companheiro do Reform Club. Pois saiba que o tal clube é real. Foi fundado em 1836 e existe até hoje. Como o clube é privado, você provavelmente vai precisar dar um golpe ou entrar pelos fundos para conhecê-lo.
Mas dá para passar na porta: fica na rua Pall Mall, 104 – na região chamada de City of Westminster. Ou seja, uma das áreas mais turísticas de Londres. Ali, você, tal como Phileas, pode ver o Big Ben, a Abadia de Westminster, o Palácio de Buckingham.
Suez
Suez não é exatamente uma cidade turística – mas isso não quer dizer que não seja uma cidade importante. Ali foi construído o famoso Canal de Suez, que liga o Mar Mediterrâneo ao Mar Vermelho, permitindo que o trajeto Europa-Ásia pudesse ser feito sem a necessidade de contornar a África.
Foi exatamente com esse objetivo que o personagem do livro passou pela cidade. Mas, hoje em dia, quem passa pela região Suez, além de ver um canal que foi muito importante para a história da humanidade, pode aproveitar para fazer um cruzeiro pelas águas do Mar Vermelho. Bacana, não?
Foto: TheEgyptian, Creative Commons
Mumbai
Quando Fogg e Passepartout estiveram em Mumbai a cidade ainda se chamava Bombaim e estava sob domínio britânico. Entre as impressões que os personagens tiveram de lá, a mais importante é que Mumbai se trata de um grande caldeirão cultural, cheio de gente usando roupas diferentes e falando línguas, digamos, exóticas. Ou seja, mais ou menos o que você encontra hoje se passear pela região do Colaba.
Pois saiba que os personagens ficaram encantados e até comentaram sobre a Ilha Elephanta e os templos da cidade. Passepartout, inclusive, causou comoção ao entrar num templo usando sapatos. E isso, ainda hoje, não deixou de ser considerado uma grande ofensa aos hindus: sempre fique descalço quando entrar nos templos e respeite a religião deles.
Calcutá
Para chegar em Calcutá, os personagens pegaram um trem que em três dias deveria deixá-los no destino. Mas no meio do caminho eles descobriram que a linha férrea não estava terminada, por isso concluíram o trajeto no lombo de elefantes. No caminho ainda salvaram uma linda jovem viúva da morte (não vou contar como, vale a pena ler no livro).
Em Calcutá ficava um governador-geral inglês, e eles notaram a grande diferença entre as ruas estreitas e sujas, da região “indiana” da cidade, para a grandiosidade das avenidas e construções na área europeia. Nota-se tais contrastes até hoje em Calcutá, que não tem muitos pontos turísticos.
Hong Kong
É engraçado que Passepartout, ao passear por Hong Kong, acha que a metrópole se parece com Bombaim, Calcutá ou Cingapura: ou seja, as grandes cidades inglesas construídas na Ásia e que formavam um enorme mistura de culturas, um caos controlado e ainda funcionavam como portos comerciais. Mais engraçado ainda é pensar como cada uma dessas cidades mudou ao longo dos anos.
Hong Kong só deixou o domínio inglês em 1997, quando a China assumiu o controle. A Hong Kong de hoje, ao contrário da de Verne e seus personagens, é limpa, organizada e magnífica. Apesar da maioria chinesa, tem uma grande diversidade de expatriados e turistas de todo o mundo andando pelas ruas, tal como observou Passepartout durante sua volta ao mundo. Saiba mais sobre Hong Kong nos vários posts que escrevemos sobre o assunto.
Yokohama
Foto: Hiroyuki0904, Creative Commons
Desde a época que Phileas Fogg passou por lá, Yokohama já era a segunda maior cidade do Japão e tinha um porto importante. Mas as semelhanças param por aí. As ruas barulhentas – com cavalos e carruagens e população empobrecida – foram substituídas por uma cidade ultramoderna, com arranha-céus e luzes de LED para todos os lados. Mas ainda é Japão e deve ser possível achar uma casa de chá tradicional por lá.
São Francisco
Passepartout ficou surpreso com a cidade que encontrou ao pisar pela primeira vez no continente americano. Com a cabeça cheia de preconceitos, ele esperava encontrar um universo de Bang Bang e outros personagens que chegaram ali, em São Francisco, Califórnia, durante a corrida do ouro.
Foto: Creative Commons, autor não informado
Ele estava errado. E descobriu uma cidade com ares europeus, que muitas vezes fez com que ele se sentisse em Londres. Hoje em dia a cidade é descrita (por todo mundo que eu conheço que já foi lá) como um das mais bonitas dos Estados Unidos.
Nova York
No caminho de trem entre São Francisco e Nova York, os personagens do livro se envolveram numa tremenda confusão com índios Sioux. Já na cidade, ficam hospedados em um hotel na Broadway antes de seguirem viagem.
Hoje, acredito que o desafio seria conseguir encontrar algum índio de verdade nos Estados Unidos. Se bem que em Nova York tudo é possível. A cidade que nunca dorme é um destino eletrizante para qualquer que seja a viagem ou perfil do viajante. Era assim em 1873 e continua sendo até hoje.
Luiza
Oi, TD bom ?
Eu amei suas informações muito obrigada ❤ tenho prova amanhã desse livro vc me ajudou muito bjs😘 escreva mais resuminhos
Obrigada ❤
Que legal Luiza!
Temos vários textos de livros, dá uma olhada na categoria de Literatura =)
Por Quais Oceanos Os Protagonistas Passaro?
Muito bom. Meus alunos estão lendo o livro “A volta ao mundo de 80 dias”. Assim que terminarem a leitura, indicarei o blog para eles se referenciarem.
Que legal Izildo =D
Olá! Como sempre, ótimo post. Parabéns!
Vocês sabem onde posso encontrar a versão ilustrada do livro?
Obrigado.
Abraços
Ei Murilo,
Taí uma pergunta que eu gostaria de poder responder e se você descobrir, me avisa!
Eu perdi meu livro não sei onde, nem quando. Acho que emprestei para alguém. Fato é que desde então procuro novamente essa versão, mas nunca encontrei =(
Ola Luísa
O meu nome e Cris. Sou moldavo mas tenho dupla nacionalidade em Portugal já sou cidadão português, tenho lido o vosso blog e estou adorar ate porque estou a pensar da volta ao mundo com um colega meu. Eu tenho lido no blog só que não consigo perceber como funciona o bilhete de volta ao mundo como posso comprar como fazer ? será que cá em portugal também há esses bilhetes?
Obrigado pelo blog esta fantástico para conseguir planear um viajem a volta ao mundo
E se me poderes ajudar com a minha duvida agradecia imenso .
Abraços
Oi Cristin,
Fico muito feliz que você tenha gostado do 360meridianos.
Temos alguns posts e um video explicando passo a passo como funciona o bilhete volta ao mundo:
https://www.360meridianos.com/2012/11/como-funciona-a-passagem-de-volta-ao-mundo.html
https://www.360meridianos.com/2014/11/como-comprar-sua-passagem-de-volta-ao-mundo.html
Olá…bem estou dando os primeiros passos nessa direção, o primeiro plano é que a viagem aconteça daqui a dez anos e dure uns dois anos…como tenho um tempo considerável para me preparar gostaria de saber se apenas com o inglês dá pra se virar bem ou seria bom investir em outras línguas?
Att
Oi Iris,
Desculpe não responder antes, estava viajando!
Com inglês dá para se virar bem, em geral, sempre tem alguém que fala o idioma! Espanhol também pode ser uma boa, caso você tenha tempo e disponibilidade para aprender.
Bom dia!
Estou a dias lendo o blog e não me canso, pois as histórias são sensacionais, e as dicas incríveis. To planejando algo semelhante (Viagem de volta ao mundo) Não entendi ou não li bem a parte sobre o RTW bilhete de volta ao mundo, como funciona? Você tem um prazo limite para concluir a viagem? Já deve sair do país de origem com roteiro programado e engessado, tipo já sabendo a quantidade de dias que você quer ficar em cada país?
Abraço e desde já agradeço.
Oi REnan,
Obrigada pelos elogios, fico feliz de você estar aproveitando as nossas dicas.
Quanto ao RTW, fizemos um post bem explicativo a respeito: https://www.360meridianos.com/2012/11/como-funciona-a-passagem-de-volta-ao-mundo.html
Você também pode conferir a nossa seção sobre volta ao mundo, tem muitas coisas: https://www.360meridianos.com/organizar-viagem-volta-mundo
Espero que te ajude.
bjs
Um dos melhores blogs que já vi! Parabéns!
Encontrei hoje e não fico mais sem fazer uma visita.
Um abraço!
Obrigada Juliana! Seu comentário fez meu dia. Com certeza esse feedback dos leitores é mais um motivo para continuarmos escrevendo…e viajando!
bjs