Tá pensando em explorar Cuba de forma independente, autêntica e consciente? Pois você acaba de chegar ao lugar certo. Preparei aqui três opções de roteiro – para quem tem 10, 15 ou 30 dias – com sugestões de cidades, experiências culturais, natureza, praias paradisíacas e passeios que vão fazer você sair de lá com uma visão completamente nova da ilha.
Quando decidi viajar por Cuba, passando três meses no país, fui com a cabeça cheia de ideias prontas: carros antigos, música na rua, rum, salsa. Mas foi ao mergulhar no dia a dia das cidades, na conversa com agricultores no interior e na gastronomia cubana que a ilha se revelou de verdade.
Viajar por Cuba de forma independente permite vivenciar a autêntica cultura cubana e entender melhor sua história e contexto atual, sem deixar de lado as lindíssimas praias caribenhas.
Alguns links úteis para planejar a sua viagem:
- Transfers saindo de Havana pra várias parte do país, incluíndo traslado de e para aeroportos, para Viñales e para Varadero.
- Seguro de viagem para Cuba
- Post com dicas práticas para planejar sua viagem para Cuba
Aproveite esses roteiros de viagem em Cuba para adaptar conforme seu ritmo, adicionando dias de descanso ou explorando mais cada destino. Bora?`
Roteiro de 10 dias em Cuba – Havana, Viñales e Trinidad
Resumo do itinerário: Havana (3 dias) → Viñales (2 dias) → Trinidad (3 dias) → Havana (retorno).

Este roteiro foca no oeste e centro de Cuba, combinando a vida agitada da capital, um vale rural ecológico e uma cidade colonial histórica, cobrindo bem cultura, natureza e música.
Caso você também queira ver praia nessa curta estadia, sugiro trocar os 3 dias em Trinidad por 3 dias em Varadero no fim da viagem. Você pode seguir as dicas do que fazer por lá no roteiro de 15 dias.
Para chegar lá, há ônibus da companhia Viazul, mas com o tempo corrido, pode ser que você percar um dia na estrada (os ônibus intermunicipais lá param bastante e fazem desvios).
Para agilizar, sugiro tanto contratar um transfer de Havana para Varadero, quanto contratar uma excursão até lá. Veja aqui uma boa opção de passeio.
Dias 1 a 3: Havana – Cultura, História e Noites Musicais
Atividades imperdíveis: Explore Habana Vieja (Centro Histórico) caminhando por praças coloniais como Plaza de la Catedral, Plaza Vieja e Plaza de Armas, todas cheias de história. Visite museus emblemáticos, como o Museu da Revolução, para entender a história cubana.
No fim da tarde, passeie pelo Malecón, o famoso calçadão à beira-mar onde locais se reúnem para conversar e tocar música ao pôr do sol. À noite, conheça a Fábrica de Arte Cubano, um espaço cultural em uma antiga fábrica no Vedado que virou galeria de arte e, a noite, se transforma em balada.
Uma ótima opção para ver a cidade é fazendo um free walking tour ao chegar. Assim você cobre os principais pontos e fica livre para gastar seu tempo como mais curtir depois. Você pode reservar um por aqui. Tem um free walking tour de bicicleta também, pra quem curte.
Quem preferir, também tem várias opções de passeios guiados pela cidade. Em geral, os guias reunidos ficam ali no Parque Central e vão insistir muito (mesmo) pra você fechar com eles. Pra evitar assédio, você pode reservar um pela internet. Aqui tem uma boa opção.
Hospedagem: A forma mais autêntica de se hospedar em Havana é em uma casa particular, hospedagem familiar onde você convive com cubanos no dia a dia.
Bairros centrais como Habana Vieja (mais histórico) ou Vedado (mais residencial) têm muitas opções. Particularmente, eu indico ficar no Vedado, porque é mais tranquilo e não é longe do centro, mas há boas opções em Habana Vieja também.
Evite ficar Centro Habana, que é uma região mais feia e degradada. Se quiser conhecer essa região, que muita gente chama de “Havana real”, tem um tour interessante aqui.
Onde comer: Experimente os paladares, restaurantes familiares privados com comida caseira. Eu dou dicas com meus restaurantes favoritos de Havana nesse post e no vídeo abaixo:
Para refeições econômicas, procure os mercados agropecuários e barracas de rua: prove um sanduíche de pernil ou um copo de guarapo (caldo de cana fresco).
Dica: faça um tour de comida de rua pelos mercados de Havana!
Transporte: Dentro de Havana, locomova-se a pé pelo centro histórico e use o aplicativo La Navi ou ônibus locais (guaguas) para outros bairros. O La Nave é tipo um Uber cubano, e o preço da corrida já vem estipulado ali. Dessa forma, você evita pagar preços surreais aplicados para turistas nos táxis comuns.
Para trajetos específicos, os almendrones (táxis antigos coletivos) são baratos e permitem interação com locais.
Para seguir até Viñales (próximo destino), você pode pegar o ônibus de turismo Viazul direto da rodoviária de Havana (aprox. 3h de viagem) ou contratar um táxi coletivo (compartilhado com outros viajantes) – este costuma ser mais rápido.
Como alternativa, você pode contratar um passeio até Viñales saindo de Havana. O valor já inclui transporte e guia.
Alugar um carro é possível, mas difícil! Nem sempre há carros disponíveis. Eu tentei não encontrei nenhum, mas conheci umas gringas em Viñales que estavam viajando com um. Além desse pequeno empecilho, tenha em mente que dirigir em Cuba requer atenção à sinalização e à oferta escassa de combustível.
Dias 4 a 5: Viñales – Natureza e Comunidade Rural
Atividades imperdíveis: Bem-vindo ao Vale de Viñales, um dos destinos mais bonitos de Cuba com suas montanhas de calcário (mogotes) e plantações verdejantes.
Se quiser, em vez de fazer a viagem por conta própria, dá para contratar o passeio completo de dois dias, saindo de Havana.
Aqui, a vida segue em ritmo tranquilo e você pode vivenciar a rotina dos agricultores. Para ter uma visão geral da região, que tal contratar um passeio guiado de bicicleta pelas paisagens verdes?
Se quiser poupar as pernocas, tem também a opção de fazer o roteiro básico na cidade de carro clássico.
Faça um tour até uma finca de tabaco (fazenda familiar) para aprender sobre o processo tradicional de cultivo e secagem das folhas e a confecção dos famosos charutos cubanos.
Muitas dessas visitas são guiadas pelos próprios camponeses, gerando renda comunitária. Você pode reservar seu lugar por aqui.
Explore também a Cueva del Indio, uma caverna onde você caminha e faz um curto passeio de barco por um rio subterrâneo dentro da montanha. Outra atração peculiar é o Mural da Pré-História, um enorme mural colorido pintado em um paredão rochoso que representa a evolução da vida e é obra de artistas locais.
Aproveite para fazer caminhadas ou cavalgadas pelo vale, passando por roçados de tabaco, plantações orgânicas e lagos: além da beleza cênica, é uma oportunidade de conversar com moradores e entender a relação deles com a terra.

Viñales é um ótimo lugar para aulas de salsa improvisadas: muitos guias locais ou famílias oferecem sessões de dança nas casas, ou você pode curtir música ao vivo à noite na Praça de Viñales, onde todos se reúnem para dançar.
Hospedagem: Em Viñales, praticamente toda casa é uma casa particular pronta para receber hóspedes.
Ficar em uma casa de família rural torna a experiência mais rica. Muitas oferecem quartos simples, limpos e refeições caseiras feitas com ingredientes da região.
Uma boa ideia é buscar casas nos arredores do centro da vila, com vista para os mogotes e talvez um terraço onde pela manhã você toma um café cubano olhando a névoa subir das montanhas. É bem bonito!

Os preços costumam ser acessíveis e dá pra negociar incluindo café da manhã e jantar. Recomendo essa opção se quiser provar a comida caseira (como frango guisado, arroz e feijão, banana frita).
Aliás, Viñales é também um polo gastronômico em Cuba e onde eu melhor comi na ilha.
Onde comer: Não deixe de conhecer a Finca Agroecológica El Paraíso, um restaurante-fazenda orgânica nas colinas de Viñales famoso por servir um banquete de produtos locais orgânicos.
Lá você prova desde salada de vegetais cultivados na hora até porco assado e sucos naturais, com uma linda vista do vale (experiência farm-to-table sustentável muito elogiada por viajantes).
No centro da vila, há pequenos paladares familiares. Experimente a ropa vieja (carne desfiada ao molho) ou o criollo, prato cubano tradicional, no Paladar Buena Vista. Lembre-se: Viñales é também terra do café e do mel.
Transporte: Para conhecer os arredores de Viñales, use bicicletas alugadas ou caminhe com um guia. Você pode usar táxis locais para se locomover até as atrações mais distantes.
Para viajar de Viñales até Trinidad (no centro de Cuba), a opção mais prática é retornar via Havana e de lá tomar um ônibus Viazul para Trinidad. Porém, isso pode consumir quase um dia inteiro de deslocamento (3h Viñales→Havana + 6h Havana→Trinidad).
Uma alternativa é contratar um táxi compartilhado privado direto Viñales –> Trinidad, que sai mais caro porém economiza tempo e pode incluir paradas turísticas no caminho, por exemplo Cienfuegos e de la para a Praia de Girón.
Essas caronas pagas (uma forma de “carona” organizada) são comuns em Cuba e fazem parte da economia local. Ali, a prática é conhecida como “hacer botella”, e é amplamente praticada e segura graças ao baixo índice de criminalidade. Você vai ver até mesmo trabalhadores de colete amarelo organizando essas caronas na estrada.
Se você se sentir aventureiro, pedir carona pode ser uma experiência única de contato com cubanos, mas sempre ofereça uma ajuda em dinheiro aos motoristas, já que é costume dar uma contribuição pela carona.
Dias 6 a 8: Trinidad – Patrimônio Colonial, Música e Praia
Atividades imperdíveis: Trinidad é uma joia colonial de ruas de pedra e casas em tons pastéis, congelada no tempo. Que tal começar sua estadia com um free walking tour para conhecer melhor essa história? Ou quem sabe, um tour de bicicleta?
Dedique um dia a caminhar sem rumo pelo centro histórico (Plaza Mayor e arredores), entrando em museus como o Museu de História Municipal. Da torre desse edifício, você consegue ter uma vista panorâmica da cidade.
Visite também a Iglesia de la Santísima Trinidad, igreja imponente que domina a praça central.
No final da tarde, a cidade ganha vida com música: suba a Escalinata da Casa de la Música, uma escadaria ao ar livre onde bandas tocam salsa e son cubano todas as noites.
Ali mesmo ou em alguma Casa de la Trova local, arrisque uns passos de salsa: os moradores e professores de dança adoram ensinar os visitantes, e mexer as cadeiras em Trinidad é quase obrigatório para se integrar na cultura local.
Considere fazer uma aula de salsa para aprender alguns passos. Dá pra reservar uma por aqui.
A cena musical dali é riquíssima, e dançar sob as estrelas em um pátio colonial será uma memória inesquecível.

No dia seguinte, aproveite as belezas naturais próximas. Faça um passeio até o Valle de los Ingenios (Vale dos Engenhos), a poucos quilômetros, para conhecer antigas fazendas de açúcar e aprender sobre a história escravista e a riqueza colonial que moldaram Trinidad.
Outra possibilidade visitar a Torre Manaca Iznaga ou fazer uma trilha pelo Parque Natural Topes de Collantes, na Serra do Escambray: uma caminhada popular é até a cachoeira Salto del Caburní, passando por floresta tropical e piscinas naturais onde dá pra dar um mergulho. Se quiser ir com guia, contrate um aqui.
Há também excursões guiadas a cavalo ou de jipe até cachoeiras menores como El Nicho (um pouco mais distante) ou Parque El Cubano, com direito a mergulho em rios cristalinos no meio da mata.
Por fim, reserve umas horas para relaxar na Playa Ancón, a 12 km da cidade, uma praia de areia clara e mar azul-turquesa considerada uma das melhores da costa sul de Cuba. Que tal ir em grande estilo, à bordo de um carro clássico?
Você pode alugar uma bicicleta ou pegar um táxi coletivo para passar a manhã na praia, fazer snorkel (os corais ali perto são bonitos) e retornar a Trinidad à tarde. Esse equilíbrio de cultura e natureza faz Trinidad ser tão especial.
Hospedagem: Trinidad oferece muitas casas particulares charmosas em casarões coloniais. Hospede-se próximo ao centro para ir a pé aos pontos turísticos e bares de música.
Outra opção sustentável é checar se há pousadas comunitárias ou fincas nos arredores que hospedam viajantes e usam a renda para apoiar comunidades camponesas.
Reserve com alguma antecedência, pois Trinidad é muito procurada e as melhores casas lotam na alta temporada.
Onde comer: Uma dica especial é jantar no Paladar Sol Ananda, restaurante cubano com um toque gourmet que funciona em uma casa colonial em frente à Plaza Mayor, decorado com móveis de época.
Outra opção legal é o Restaurante San José, conhecido pelos preços justos e pratos bem servidos (experimente a lagosta grelhada, especialidade cubana, por um valor acessível).
Para lanchar, procure as senhoras que vendem cucuruchos, cones de folha de palma recheados com doce de coco, mel e frutas. Esse é um um docinho típico de Baracoa que aparece em Trinidad também.
E não vá embora sem provar o “canchánchara”, drinque típico de Trinidad feito com mel, limão e aguardente, servido em copo de barro. No bar La Canchánchara você aprecia a bebida com música ao vivo tradicional no ambiente rústico.
Transporte: Trinidad → Havana: Na hora de se despedir de Trinidad, você pode retornar a Havana de ônibus Viazul (são mais ou menos 6 a 7 horas de viagem; saídas diárias pela manhã).
Para quebrar o trajeto longo, considere parar em Santa Clara no caminho. Alguns ônibus ou táxis coletivos fazem essa rota com escala. Santa Clara fica vale meia-dúzia de horas para conhecer seu valor histórico: foi aqui que Che Guevara venceu uma batalha decisiva da Revolução.
A principal atração é o Mausoléu do Che Guevara, complexo onde estão os restos de Che e de combatentes e um museu sobre sua vida.
Também em Santa Clara está o Monumento ao Trem Blindado, um memorial ao trem militar capturado pelos revolucionários. Essas visitas dão uma ótima aula de história cubana em pleno caminho de volta.
Se optar por esse pit-stop, você pode deixar Viñales ou Havana um dia antes para encaixar Santa Clara.
Por fim, há sempre a opção de um voo doméstico de Trinidad (na verdade, via Cienfuegos ou Santa Clara) a Havana, mas a disponibilidade é limitada. Confirme os horários caso queira ganhar tempo voando.
Roteiro de 15 dias – Explorando Cuba do Oeste ao Centro
Resumo do itinerário: Havana (4 dias) → Viñales e arredores (3 dias) → Península de Zapata (1 dia) → Cienfuegos (1 dia) → Trinidad (3 dias) → Santa Clara (0,5 dia) → Varadero (2 dias) → Havana (retorno).
Em duas semanas, você conseguirá conhecer os principais destinos do oeste e centro de Cuba, em um ritmo mais relaxado.
Dias 1 a 4: Havana e arredores – Imersão Cultural e Social
Aproveite quatro dias na capital para aprofundar experiências que vão além do básico. Além das atividades já citadas no roteiro de 10 dias (Habana Vieja, museus, Malecón, Fábrica de Arte Cubano etc.), com tempo extra você pode descobrir facetas mais locais de Havana.
Faça um tour guiado por Centro Habana para ver a “Havana real”: mercados de rua, oficinas de artistas e escolas, conhecendo projetos comunitários como o Jardín de los Artistas de Hamel, um beco no bairro de Cayo Hueso todo decorado com murais e sucata pelo artista Salvador Gonzáles, onde aos domingos rola rumba afro-cubana ao vivo.

Se quiser uma escapada natural sem sair muito longe, faça um bate-volta até a Comunidade de Las Terrazas, a 75 km de Havana: é uma ecovila sustentável dentro de uma reserva da biosfera da UNESCO.
Lá você pode caminhar por trilhas ecológicas, nadar em rios e cachoeiras de água cristalina e visitar ateliês de artistas locais que se inspiraram no projeto comunitário de reflorestamento e desenvolvimento sustentável iniciado nos anos 1960. Aqui tem um passeio completo que inclui uma parada em Soroa também.
Almoce no café da comunidade, prove o delicioso café orgânico produzido ali e conheça as antigas ruínas de fazendas de café restauradas.
Voltando a Havana, use o fim de tarde para curtir as Playas del Este (praias a leste de Havana, como Santa María del Mar) se quiser um banho de mar rápido. Elas são acessíveis de ônibus público, lotam de cubanos nos finais de semana e são uma opção mais local que Varadero.
Dicas de transporte local: Para ir de Havana a Las Terrazas, você pode fechar um táxi por um dia (negocie com motoristas particulares credenciados; muitos fazem bate-volta por preço fixo) ou pegar um ônibus de excursão que sai do Hotel Habana Libre.
Já para as Playas del Este, há ônibus turísticos dedicados saindo do centro (ônibus T3 da HabanaBusTour) que custam barato e você pode descer e subir em diferentes praias ao longo da costa. Outra opção é pegar um ônibus de linha local até a praia.
Dias 5 a 7: Viñales e Cayo Jutías – Agroecologia e Praia Virgem
Com 3 dias em Viñales, você tem tempo de explorar com calma e incluir um paraíso escondido.
Siga as dicas do roteiro de 10 dias para as atividades rurais em Viñales (fazenda de tabaco, trilhas, caverna) e, em um dos dias, faça um passeio até Cayo Jutías, um cayo (ilha) acessível por estrada que oferece uma das praias mais bonitas e tranquilas de Cuba.
Cayo Jutías é um banco de areia branca praticamente virgem, cercado por manguezais e banhado por águas azul-turquesa incríveis. A praia é conhecida pelos moradores como “Playa de las Estrellas” pela quantidade de estrelas-do-mar visíveis na água cristalina.
Passe o dia ali, fazendo snorkel nos corais próximos à costa, caminhando pelos 3 km de praia deserta e contemplando um pôr do sol espetacular em que o mar fica com tons rosados.
Há apenas uma infraestrutura simples (um restaurante rústico que serve pescados frescos e um barzinho), e isso garante o clima sossegado e pouco turístico.

Como chegar a Cayo Jutías: agências locais em Viñales organizam excursões de dia inteiro em táxi ou micro-ônibus (cerca de 1h30 de viagem), mas você também pode ir de táxi ou mototáxi: a estrada termina direto na praia. Pra garantir, contrate um transfer com antecedência por aqui.
De volta a Viñales, use a noite para conhecer a Casa de la Cultura da cidade. Frequentemente há apresentações de música guajira (campesina) e dança tradicional cubana, onde os visitantes são convidados a participar.
Transporte: Depois de aproveitar Viñales, prepare-se para atravessar Cuba em direção ao sudeste. Para ir de Viñales à região central, você retornará via Havana obrigatoriamente se estiver de ônibus.
Caso consiga um táxi compartilhado, pode descer direto rumo à Baía dos Porcos (Playa Larga) economizando tempo.
Outra opção é contratar transporte coletivo turístico que segue para Ciénaga de Zapata (Pantanal). Algumas operadoras oferecem traslado Viñales → Playa Larga para turistas que vão mergulhar.
Avalie seu meio de transporte e logística, pois o próximo destino propõe natureza e história na metade do caminho até Trinidad.
Dia 8: Península de Zapata (Playa Larga/Girón) – Ecoturismo e História
No oitavo dia, conheça a Península de Zapata, ao sul de Matanzas, a maior área de pântano do Caribe, rica em biodiversidade. Ali está Playa Girón (Baía dos Porcos), palco da famosa invasão frustrada de 1961.
Atividades: Visite o Museu da Invasão de Playa Girón, pequeno mas impactante, que conta a história da batalha através da perspectiva cubana, com fotos, objetos e até um avião exposto.
Depois, aproveite as belezas naturais do parque nacional: você pode fazer observação de aves nas trilhas de Santo Tomás, onde vive o precatório (ave endêmica) e outros pássaros raros.
Outra opção é mergulhar ou fazer snorkel na Cueva de los Peces, uma caverna inundada de águas transparentes repleta de peixes coloridos. A experiência é a de estar uma piscina natural em meio à floresta.
Próximo dali está a praia Caleta Buena, enseada de rochas com piscinas naturais de água do mar, ótima para relaxar e almoçar (há um centro ecológico que serve almoço buffet cuja receita gerada nele ajuda na conservação local).
Hospedagem: Passe a noite em Playa Larga, vila simples de pescadores com várias casas particulares. Fique em alguma casa de frente para a praia. A estrutura é modesta porém a hospitalidade é grande.
Essa parada é excelente para turismo de natureza e comunitário. A interação com guias locais e famílias ajuda a economia da região, e você terá visto um lado de Cuba diferente das cidades.
Transporte: Para seguir viagem, no dia seguinte pegue um ônibus Viazul ou táxi de Playa Larga até Cienfuegos (várias rotas de Havana a Trinidad passam por Playa Larga/Girón).
Caso consiga um carro, a estrada é direta (aprox. 2h até Cienfuegos). Antes de partir, não deixe de experimentar um prato local em Playa Larga: muitos moradores servem peixe grelhado na folha de banana ou arroz com lagostim por preços camaradas. Comida fresca do dia para se despedir do litoral sul.
Dia 9: Cienfuegos – “Pérola do Sul” e Charme Francês
Cienfuegos, apelidada de Pérola do Sul, recebe o viajante com uma atmosfera elegante à beira da baía. Fundada por franceses no século 19, a cidade exibe arquitetura neoclássica e ruas reticuladas únicas em Cuba.
Atividades: Comece conhecendo a cidade, quem sabe participando de mais um free tour. Dá para reservar seu lugar por aqui.
Passeie pelo boulevard do Paseo del Prado, uma das avenidas mais bonitas do país, repleta de edifícios históricos. Repare na estátua de bronze de Benny Moré, famoso músico, saudando quem passa.
Visite o Parque José Martí, a praça central rodeada de joias arquitetônicas: o Teatro Tomás Terry (teatro do século 19 com belos mosaicos na fachada) e a Catedral de la Purísima Concepción.
Entre no Palacio de Valle, mansão de arquitetura eclética com influências mouriscas e hoje um restaurante/museu, onde subir ao terraço rende vista panorâmica da baía.
Se quiser aprofundar a ligação de Cienfuegos com o mar, vá até a Punta Gorda, uma península ao final da cidade, com casarões de veraneio e um mirante ótimo para fotos do entardecer.

Hospedagem: Como a estadia é breve (uma noite), opte por uma casa particular central para otimizar o tempo.
Muitas ficam em edifícios antigos lindos. Pelo tamanho menor da cidade, é tranquilo caminhar à noite nas áreas centrais, então aproveite para tomar um sorvete na Coppelia local (sorveteria estatal famosa, idealizada por Fidel porque ele amava sorvete e queria mostrar para o mundo que Cuba tinha se tornado autossuficiente em leite) e ver o cotidiano dos cienfuegueros.
Onde comer: Para jantar, um restaurante recomendado é o Paladar Las Mamparas, conhecido pelo ambiente caseiro e pratos crioulos bem servidos. Ele fica na Calle 37, e é elogiado por moradores e turistas.
Peça a garopa em molho de coco ou a tradicional ropa vieja, que aqui são preparados com um toque especial.
Outra pedida é o Doña Nora, restaurante num terraço com vista para a baía, ótimo para frutos do mar. Cienfuegos também é famosa por seu café. Procure o Cafe Teatro Terry ao lado do teatro para um espresso cubano forte.
Transporte: Cienfuegos → Trinidad: A distância até Trinidad é de apenas 85 km. Há ônibus Viazul que ligam as duas cidades em cerca de 1h30.
No entanto, uma sugestão mais interessante é fazer como muitos viajantes: contrate um táxi e peça para o motorista parar no caminho na Praia Rancho Luna para um mergulho rápido.
Essa praia, a 18 km de Cienfuegos, não é tão famosa quanto outras, mas tem águas calmas e um recife raso, bom para snorkel. Um par de horas ali cai bem para refrescar.
Chegando a Trinidad no final do dia 10, você já pode dar uma volta inicial pela cidade ou simplesmente descansar na sua casa particular pois nos próximos dias, conheceremos.
Dias 10 a 12: Trinidad – Mergulho Cultural e Natural
Os dias em Trinidad neste roteiro de 15 dias seguem as mesmas sugestões do roteiro de 10 dias acima, porém agora você tem 3 dias inteiros. Volte lá em cima para detalhes de atividades, hospedagem e restaurantes.
Com um dia extra aqui, aproveite para fazer tudo com mais calma: um dia para a cidade e cultura (museus, música), um dia para praia Ancón e mergulho scuba se quiser (há centros de mergulho que levam a recifes próximos), e outro para ecoturismo nas montanhas de Topes de Collantes.
No terceiro dia, você pode até visitar a comunidade vizinha de La Boca (na foz do rio, caminho de Ancón) para um almoço em paladar frente ao mar.
Transporte: Trinidad → Santa Clara → Varadero: No dia 13, parta cedo de Trinidad rumo a Varadero, já pensando no descanso de praia.
A rota sugerida passa por Santa Clara para visita rápida (caso não tenha passado por lá antes). Muitos táxis coletivos e ônibus Viazul saem de Trinidad de manhã, chegando a Santa Clara ao meio-dia, tempo suficiente para pegar um táxi da rodoviária até o Mausoléu do Che, visitar e almoçar.
Depois, continue viagem para Varadero (há transfer direto de Santa Clara a Varadero no início da tarde).
Se estiver de carro, o desvio até Santa Clara é simples e depois a estrada via Matanzas te leva a Varadero.
Uma alternativa é não passar por Santa Clara e ir direto de Trinidad a Varadero com um transfer turístico (existem rotas diretas Trinidad-Varadero operadas algumas vezes por semana – verifique o calendário atual).
Chegando a Varadero no final do dia, prepare-se para dois dias de puro relax.
Dias 13 a 14: Varadero – Relaxamento de Praia com Toque Local
Depois de tanto explorar, nada como Varadero para recarregar as energias. Varadero é o balneário mais famoso de Cuba e possui quilômetros de praias paradisíacas de areias finas e mar incrivelmente azul.
Apesar de conhecida pelos grandes resorts, é totalmente possível curtir Varadero de forma independente, ficando em hospedagens locais e frequentando os cantinhos tranquilos frequentados pelos cubanos.
Foi o que eu fiz! Fiquei em uma casa de temporada por lá, com saída para a praia. Mostro tudo no vídeo abaixo:
Atividades: Tire o dia para simplesmente aproveitar a praia. Escolha um trecho mais sossegado como a região da Playa 13 (perto do centro de Varadero, frequentada por locais) ou vá até a ponta da península em Punta Hicacos, onde o mar é ainda mais cristalino e calmo.
Você pode alugar caiaque ou equipamento de snorkel em pontos da praia; alguns recifes próximos permitem ver peixinhos coloridos. Uma dica diferente é fazer um passeio de catamarã até Cayo Blanco, uma ilhota próxima com praias intocadas.
Muitos consideram um dos melhores passeios de Varadero, com direito a almoço a bordo e snorkel em alto-mar. Você pode contratá-lo por aqui.
Se quiser explorar além da praia, visite a Reserva Ecológica Varahicacos, na ponta leste: há trilhas curtas pela vegetação costeira que levam a uma caverna com pinturas rupestres aborígenes e mirantes naturais, um lembrete de que Varadero não é só resorts, mas tem sua própria história e natureza.
À noite, para um pouco de agito, vá ao Centro Cultural Casa de la Música de Varadero, que costuma ter apresentações de salsa e rumba ao vivo (e aulas de dança improvisadas, sempre divertidas).
Hospedagem: Dá pra fugir dos grandes hotéis all-inclusive e opte pelas casas particulares em Varadero, que além de mais econômicas proporcionam contato direto com os residentes.
No entanto, sei que a oportunidade de ficar em um all inclusive por diárias tão baixas são tentadoras. Eu fiquei em um em Cayo Santa Maria e adorei a experiência.
Se for optar por um all inclusive, ajuste as expectativas. O preços são mais baixos ali que em outros lugares do Caribe, sim, mas o padrão do serviço pode ser mais baixo também, especialmente no que diz respeito à disponibilidade de produtos inclusos. Afinal, esse é um problema do país e não necessariamente do estabelecimento em si. Eu fui sabendo disso e adorei a experiência.
Onde comer: No centro de Varadero, há vários paladares onde você terá pratos cubanos autênticos. Uma excelente opção é o Paladar Don Alex, que funciona na varanda de uma casa e serve pratos caseiros deliciosos num ambiente simples e agradável.

Outra sugestão é o Salsa Suárez, paladar com clima um pouco mais sofisticado, ideal para um jantar caprichado. Ele é famoso por seus pratos fusion e coquetéis, mas ainda assim gerido por cubanos e com ingredientes locais frescos.
Transporte: Varadero possui um ônibus turístico hop-on/hop-off que percorre toda a península; por 5 dólares, você sobe e desce o dia inteiro, ótimo para conhecer diferentes praias e o centrinho. Dá pra pagar no cartão direto no ônibus.
Para chegar de Varadero de volta a Havana (Dia 15), utilize os ônibus Viazul que saem em vários horários (aprox. 3 horas de viagem), ou contrate um táxi coletivo com outros viajantes direto para o aeroporto de Havana se já for dia de embarque.
Como Varadero está a apenas 140 km de Havana, muitos optam por agendar um traslado privado no último dia – em 2h a 2h30 você chega ao destino final sem stress. Minha família fez isso quando foi me visitar, o motorista levou direto para o aeroporto e deu super certo!
Você pode agendar um transfer por aqui. Eles também fazem o serviço de Havana a Varadero, caso precise.
Combine isso antecipadamente com seu anfitrião da casa particular ou em alguma agência local de Varadero.
Chegando a Havana, se tiver tempo antes do voo, passe no Mercado de Artesanato de San José para comprar lembranças (artesanato local, pinturas, instrumentos musicais).
Roteiro de 30 dias – Cuba de Leste a Oeste (Experiência Completa)
Resumo do itinerário: Havana (5 dias) → Soroa/Las Terrazas (1 dia) → Viñales (3 dias) → Cienfuegos (1 dia) → Trinidad (3 dias) → Camagüey (1 dia) → Santiago de Cuba (3 dias) → Baracoa (4 dias) → (retorno via Santiago/Holguín de avião, ou por terra parando em Santa Clara/Varadero se preferir).
Um mês em Cuba permite conhecer todo o país de ponta a ponta, incluindo o longínquo oriente cubano, berço de tradições afro-cubanas e natureza exuberante.
Este roteiro prioriza um ritmo imersivo, com pernoites mais longos e imersão cultural em várias regiões. É a chance de vivenciar Cuba de forma profunda e sustentável, contribuindo economicamente em diversas comunidades ao longo do caminho.
Dias 1-5: Havana e arredores – Vivência urbana e sustentável
Nos primeiros cinco dias, siga as sugestões do roteiro de 15 dias para Havana e proximidades. Com o mês inteiro pela frente, você pode se aprofundar mais: que tal participar de um curso de espanhol intensivo de uma semana em Havana?
Existem escolas de idiomas que funcionam dentro de centros culturais, onde seu investimento ajuda a financiar atividades para jovens. Ou então, envolver-se como voluntário por alguns dias em um projeto local, por exemplo, algumas hortas urbanas comunitárias em Havana (organopônicos) aceitam estrangeiros para ajudar a plantar e colher, trocando experiências sobre agricultura orgânica urbana.
Aproveite também para conhecer os mercados agroecológicos de Havana, como o do bairro Vedado aos sábados, onde produtores vendem vegetais, uma iniciativa que incentiva a produção sustentável e oferece uma janela para a vida cotidiana.
Para isso, considere fazer um tour de comida de rua pelos mercados de Havana!
À noite, explore a diversidade musical: além da salsa, Havana tem jazz (no clube La Zorra y el Cuervo), rock (no Submarino Amarillo) e hip-hop (em festas itinerantes).
Dias 6-8: Soroa e Viñales – Aventuras na natureza
Saindo de Havana, dedique 1 dia a Soroa, parada conhecida como “Arco-íris de Cuba” pela cascata e jardins. Veja aqui um passeio fechado de um dia pra lá.
Visite o Orquidário de Soroa, um belíssimo jardim botânico com centenas de espécies de orquídeas, mantido por biólogos locais; faça a trilha até o Salto de Soroa, cachoeira de 22 metros onde você pode se banhar nas piscinas naturais.
Soroa e Las Terrazas ficam na mesma região montanhosa da Sierra del Rosario, então você pode combiná-las se preferir pernoitar em uma delas antes de seguir a Viñales.
Chegando a Viñales (siga o roteiro de 15 dias aqui), use três dias para curtir tudo sem pressa.
Se você estiver viajando em janeiro ou fevereiro, pode ter a sorte de participar das parrandas campesinas, festivais rurais com música guajira e competições de décima (poesia cantada) que ocorrem nas comunidades agrárias em torno de Viñales.
Informe-se com os campesinos sobre eventos na época. No mais, revise as dicas de Viñales dos roteiros anteriores para atividades, e não hesite em contratar guias locais para caminhadas diferentes (há trilhas mais longas que vão a cavernas remotas ou mirantes espetaculares).
Dia 9: Santa Clara (parada estratégica)
Ao deixar Viñales, atravessando de volta pelo centro de Cuba, inclua Santa Clara como ponto de apoio antes de ir mais para leste. Aproveite e faça um free walking tour pela cidade.
Aqui é imperdível o Conjunto Memorial Ernesto Che Guevara. Passe algumas horas no memorial e museu.
Santa Clara também tem um ambiente jovem por causa da universidade. Se pernoitar aqui, vá à El Mejunje, um centro cultural alternativo famoso por suas noites de rock, teatro e inclusive por abrir espaço à comunidade LGBT cubana.
É um lugar único onde todos são bem-vindos, representando o lado vanguardista de Santa Clara.
A hospedagem em Santa Clara segue o modelo de casas particulares; como a cidade não é tão turística, é fácil conseguir um quarto no próprio dia. Dali, siga viagem de ônibus ou carro para a próxima grande etapa: o leste cubano.
Se tiver com dias sobrando aqui, inclua uma parada de descanso nas belas praias de Cayo Santa Maria. Veja no vídeo abaixo:
Se não for passar por Santa Clara, mas quiser conhecer o Cayo mesmo assim, tem transfer saindo direto de Havana pra lá.
Tá com pouco tempo? Então dá pra encaixar esse bate-volta até o Cayo Santa Maria, com traslado de ida e volta a partir de Santa Clara. Você terá 5 horas para se refrescar nas águas azul turquesa do Caribe.
Dias 10-12: Camagüey – Labirinto de Arte
A cidade de Camagüey muitas vezes é apressada pelos viajantes, mas vale a pena passar um dia completo para conhecer seu centro histórico, caracterizado pelo traçado labiríntico de ruas (diferente de todas as outras cidades coloniais cubanas).
Essa peculiaridade histórica (diz-se que foi feita assim para confundir piratas) rendeu a Camagüey o título de Patrimônio da Humanidade pela UNESCO.
Atividades: Visite a Plaza San Juan de Dios, com seus edifícios coloridos e uma bela igreja, e a Plaza Agramonte, coração da cidade onde está a casa natal do General Ignacio Agramonte (herói da independência).
Repare nos tinajones, enormes talhas de barro espalhadas pelas ruas e pátios. Eles são símbolo de Camagüey, usadas antigamente para armazenar água da chuva.

Uma atração singular é o Museu Casa da Danza (Casa da Trova camagüeyana), se quiser ouvir um pouco de música local. Mas principalmente, aprecie a cena artística: Camagüey é berço de muitos pintores e escultores contemporâneos.
Entre em ateliês abertos, os artistas adoram conversar. Um exemplo é a galeria do artista Martha Jiménez na Plaza del Carmen, onde estão expostas esculturas e quadros maravilhosos (há inclusive esculturas de bronze de moradores em tamanho real sentados na praça!).
Hospedagem e gastronomia: Camagüey tem menos infraestrutura turística, então ficar em casa particular é a melhor (e praticamente única) escolha. Seus anfitriões vão lhe mostrar os melhores lugares para comer um arroz congrí com pernil ou o famoso queso helado (sorvete artesanal com gostinho de queijo doce, sobremesa típica da cidade).
À noite, se estiver no humor, procure por um casino (que na verdade não é um cassino, é tipo uma balda de salsa) que os moradores frequentam. Dançar com camagüeyanos é garantia de diversão genuína.
Transporte: Prosseguindo rumo ao extremo leste, você pode pegar um trem ou ônibus de Camagüey a Santiago de Cuba (são 6-7h de viagem).
A viagem de trem em Cuba é lenta mas pitoresca. Se você é um viajante paciente e nostálgico, o trem No. 1 Havana-Santiago passa por Camagüey; informe-se sobre horários (lembrando que atrasos são frequentes).
De ônibus (Viazul), reserve com antecedência pela popularidade. Se alugou carro, abasteça em Camagüey (posto CUPET) e prepare-se para longos trechos com paisagens rurais planas até começar a subir as montanhas de Santiago.
Dias 13 a 15: Santiago de Cuba – Calor Humano e História Revolucionária
Chegamos ao oriente! Santiago de Cuba, a segunda maior cidade do país, dança em um ritmo próprio.
Conhecida como o “berço da Revolução”, foi aqui que Fidel Castro anunciou o triunfo revolucionário em 1959 na varanda da Prefeitura, e muito antes, no século 19, a região foi foco de guerras de independência. Esse é um bom lugar para fazer um tour guiado temático e aprender mais sobre a revolução.
Santiago também ostenta forte influência afro-cubana, presente na música e na religião (é o coração do son, gênero musical tradicional de Cuba que mistura elementos da música africana e espanhola, e da tumba francesa, e lar do famoso Carnaval de Santiago).
Atividades: Visite o imponente Castillo de San Pedro de la Roca (Castillo del Morro) na entrada da baía – um forte do século 17, patrimônio da UNESCO, com vistas maravilhosas do mar. Dá pra reservar um passeio até lá por aqui.
No centro, vá ao Museu 26 de Julio, instalado no antigo Quartel Moncada. Ver os buracos de bala nas paredes e a exposição interna sobre o ataque de 1953 lhe dará uma compreensão profunda do início da Revolução.
Homenageie os heróis cubanos no Cemitério de Santa Ifigenia, onde ocorrem a cada meia hora a troca de guarda no mausoléu de José Martí; ali também estão os túmulos de Fidel Castro e outros.
Caminhe pelo Parque Céspedes, praça central onde fica a Catedral de Nuestra Señora de la Asunción e o Ayuntamiento.
É um ótimo lugar para sentir o dia a dia santiaguero. Sempre há gente tocando música, crianças brincando e vendedores de raspadinha.
Falando em música: não perca a Casa de la Trova tradicional. Sente-se para ouvir um son cubano autêntico ou até arriscar uns passos de dança junto com os moradores.
Santiago respira música; outros locais emblemáticos são o Casa de las Tradiciones no bairro Tivolí e, para ver algo diferente, uma cerimônia de Tumba Francesa (baile afro-haitiano) no Museu do Carnaval (se houver apresentação, geralmente anunciada nos jornais locais).
Se sua viagem for em julho, o Carnaval de Santiago será um dos pontos altos: desfiles de congas de rua, comparsas e muita energia. É uma experiência comunitária incrível, mas reserve hospedagem com muita antecedência!

Hospedagem: Existem bons hotéis em Santiago (como o tradicional Hotel Casa Granda ou o Meliá Santiago), porém para uma vivência independente sugiro também as casas particulares, que se concentram nos bairros centrais.
Onde comer: Dois paladares merecem destaque: o Restaurante El Palenquito, conhecido pelo ambiente familiar e comida criolla saborosa, incluindo pratos como lechón assado e frutos do mar frescos.
E o Restaurante Aurora, que oferece pratos muito fartos a preços justos, bom para provar masitas de cerdo (pedaços de porco fritos) e congrí sem gastar muito.
À noite, passe no Bar San Basilio para um mojito ou um Ron Santiago 11 años, além de drinques, costuma ter um grupo tocando trova ou bolero, ótimo para fechar a noite.
Transporte: Santiago → Baracoa: Há duas maneiras principais: via terrestre (uma aventura de 5-6 horas pela sinuosa estrada La Farola atravessando as montanhas) ou de avião (voos curtinhos de Santiago a Baracoa operam algumas vezes por semana).
Se você preza por vistas espetaculares e interação local, vá de ônibus ViAzul ou táxi compartilhado pela rodovia La Farola. A estrada é uma obra da engenharia cubana e corta a densa floresta tropical, com mirantes onde moradores vendem cocadas e cucuruchos.
Combine com o motorista paradas seguras para fotos. Lembre-se de que Baracoa é remota, então planeje a viagem diurna (não viajar à noite nessa serra).
A alternativa aérea pode economizar tempo se o seu roteiro estiver corrido, mas quem dispõe de um mês geralmente prefere o trajeto terrestre para curtir o percurso.
Dias 16 a 19: Baracoa – Natureza Exuberante e Tradições Comunitárias
Bem-vindo a Baracoa, a cidade mais antiga de Cuba (fundada em 1511) e talvez a mais singular.
Escondida entre montanhas e mar, Baracoa oferece um ecoturismo autêntico e uma cultura culinária única no país.
Aqui, a influência indígena e afro-caribenha se misturam, resultando em sabores e modos de vida próprios dali.
Atividades: O símbolo de Baracoa é El Yunque, uma montanha de topo plano que domina a paisagem.
Fazer a trilha até o cume do El Yunque é quase obrigatório para amantes da natureza. A caminhada de 2 horas (ida) atravessa plantações de cacau e coco nas partes baixas e depois uma floresta úmida cheia de espécies endêmicas.
Sempre vá com guia oficial (obrigatório para preservar a reserva), que além de garantir sua segurança, vai mostrando curiosidades: pássaros como o tocororo (ave nacional de Cuba) e lagartos verdes como o chipojo nas árvores, e oferecendo frutas da estação pelo caminho.

Do topo, a vista compensa: você vai ver a cidade de Baracoa entre a foz dos rios e o imenso Parque Nacional Alejandro de Humboldt ao longe, um dos ecossistemas mais ricos de Cuba. Aliás, Baracoa é uma boa base para vistar o parque. Tem uma excursão saindo de lá nesse link aqui.
No dia seguinte, refresque-se explorando os rios e praias. Baracoa é cercada por vários rios caudalosos de águas limpas.
Você pode fazer um passeio de barco pelo Rio Toa (o mais largo de Cuba) ou pelo Rio Yumurí. Neste, há um canyon estreito lindíssimo; os barqueiros, que são moradores locais, remam contanto lendas do lugar enquanto você aprecia a mata intocada e pode nadar em piscinas naturais. Reserve seu lugar aqui!
Visite também a Playa Maguana, a cerca de 20 km da cidade, acessível de táxi ou bici-táxi adaptado: é uma praia de areias douradas e mar verde-esmeralda, praticamente deserta, com apenas um pequeno rancho onde uma família vende peixe frito na hora e cocos gelados.
Essa sensação de praia isolada paradisíaca faz muitos viajantes elegerem Maguana como a favorita de Cuba.
Você pode, ainda, visitar uma finca de cacau administrada por cooperativa familiar. Eles mostrarão o processo artesanal desde a colheita até a fermentação e torragem das amêndoas de cacau.
No final, você pode provar o chocolate caseiro e comprar barras diretamente dos produtores.
Ainda sobre sabores, não deixe de provar o Bacán, prato típico baracoense: uma massa de banana verde ralada misturada com peixes ou carne, leite de coco e temperos, tudo embrulhado em folha de bananeira e cozido, uma iguaria que remonta à herança indígena.
E o cucurucho de Baracoa (doce de coco, mel, goiaba e frutas secas enrolado na palha) é o melhor de Cuba, vendida em cada esquina por vendedoras locais (excelente para levar de lembrança gastronômica).
Outra iniciativa comunitária bacana é o Projeto Kiribá e Nengón, um pequeno centro cultural onde senhores e jovens tocam e ensinam esses ritmos musicais tradicionais da região (precursores do son cubano).
Assistir a uma roda de kiribá ali, dançando com moradores ao som do tres e do bongo, é mergulhar na cultura de Baracoa e contribuir para a preservação desse patrimônio imaterial.
Hospedagem: Baracoa tem poucas opções de hotéis, e a graça é mesmo ficar em casas particulares. Muitas estão localizadas de frente para o mar ou nos altos com vista para a baía.
Onde comer: A culinária de Baracoa é frequentemente citada como a melhor de Cuba pela sua originalidade.
Além do bacán e do cucurucho mencionados, prove a leche de coco em preparações salgadas: peixe com leite de coco é o prato-símbolo local.
No Paladar El Buen Sabor, um restaurante familiar numa casa simples, fazem um peixe em molho de coco divino e também um calalú (guisado de vegetais e folhas verdes de origem afro-caribenha) sensacional.
Para um café ou chocolate, vá à Casa del Chocolate na praça central, onde você pode tomar uma xícara de chocolate quente espesso feito do cacau baracoense, perfeito após um dia de trilhas.
Lembre que a energia elétrica em Baracoa pode ser instável; alguns restaurantes a la luz de velas acontecem não só por charme mas por necessidade, o que acaba tornando a experiência mais autêntica ainda.
Transporte: Retorno de Baracoa: Estando no extremo leste, a forma mais rápida de voltar a Havana é voar.
Baracoa possui um pequeno aeroporto (Aeródromo Gustavo Rizo) com voos regulares para Havana e ocasionalmente para outras cidades.
Se o orçamento permitir, pegue um voo Baracoa→Havana no final do dia 19 ou dia 20 e você estará de volta à capital em ~2h, comparado a 24h via estrada.
Caso prefira retornar por terra aproveitando ainda mais do interior cubano, siga de Baracoa de ônibus para Holguín (6h) ou Santiago (4-5h) e quebre a viagem em etapas: por exemplo, conheça Holguín (a “Cidade dos Parques”, com lindas praças e o mirante da Loma de la Cruz) por um dia, ou passe em Gibara, vilarejo de pescadores em Holguín que hoje desponta como sede de um festival de cinema alternativo.
Dias 20 a 30: Extras e flexibilização do roteiro
Os dias restantes até completar 30 podem ser distribuídos conforme seu interesse e logística. Uma opção popular é incluir 3 ou 4 dias em Varadero e o restante em algum Cayo (ilhota). Algumas sugestões de acréscimo ou ajuste:

- Mais praia nas ilhas: Se você ama praias e quer conhecer um cayo caribenho quase intocado, voe de Havana para Cayo Largo del Sur e passe 2-3 dias. Cayo Largo é acessível só de avião e tem praias irreais (Playa Sirena, Playa Paraíso), sem população local, apenas resorts pequenos. Alternativamente, na rota terrestre do leste, inclua Guardalavaca (praia famosa em Holguín) ou Cayo Saetía (ilha-parque natural na costa de Holguín com safari de animais exóticos trazidos décadas atrás).
- Outra opção de Cayo para visitar é o Santa Maria, considerada uma das praias mais bonitas de Cuba, por sua natureza intocada e por ser referência em ocupação sustentável na costa. O lugar era completamente desabitado até o início dos anos 90, quando Fidel abriu para exploração turística. Hoje, só se entra no Cayo com reserva em um dos pequenos resorts instalados ali. Para chegar lá, você precisa ir até Santa Clara e de lá pegar um taxi até o Cayo, que é ligado à ilha principal por terra.
- Isla de la Juventud: a misteriosa Ilha da Juventude, segunda maior de Cuba, é um destino para os verdadeiramente aventureiros. Poucos turistas vão, mas ela guarda histórias de piratas, a prisão Presidio Modelo (onde Fidel ficou preso) e ótimos pontos de mergulho. A logística é complexa (voo de Havana ou barco de Batabanó), mas se decidir ir, reserve uns 3 dias e espere imprevistos, pois a ilha tem infraestrutura limitada. Se conseguir, verá um lado de Cuba como se estivesse parado nos anos 1950, com praias sem ninguém e comunidades de pescadores.
- Mais tempo em Havana ou outras cidades: Você também pode optar por voltar alguns dias antes a Havana e curtir a capital com calma, revisitando seus cantos favoritos ou fazendo aquele programa que faltou (como uma noitada na Fabrica de Arte ou um jogo de baseball no Estádio Latinoamericano, se for temporada. Os cubanos são apaixonados por baseball! Dá pra assistir uma partida acompanhado de um Cubano nesse passeio aqui). Ou, quem sabe ainda, passar uma noite em Matanzas, cidade próxima a Varadero, conhecida como berço da rumba e do poema Afrocubanismo.
Apesar das dificuldades econômicas que enfrenta (inflação alta em 2024 e 2025, por exemplo, que encareceu vários serviços), Cuba permanece extremamente acolhedora e segura para viajar.
Prepare-se para eventuais imprevistos: falta de algum produto e atrasos de transporte, por exemplo, com paciência e mente aberta. Leve dólares ou euros em espécie para trocar por pesos, já que cartões podem não ser aceitos em muitos lugares, e tenha um seguro de viagem obrigatório em mãos.
Nem todos têm cobertura em Cuba. Verifique antes de contratar. Aqui no blog, indico esse aqui da Civitatis, que é uma empresa espanhola e por isso não tem problemas para operar na ilha.
E saiba que ao escolher essa viagem, você estará embarcando em uma experiência intensa. Ao final desses roteiros, seja de 10, 15 ou 30 dias, você terá feito amigos, aprendido passos de salsa, saboreado comidas únicas e entendido um pouco da complexa história desta ilha que desperta tantas paixões (para o bem e para o mal).
Como dizem por lá, “Cuba te espera” de braços abertos. Boa viagem!